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CAPÍTULO IV VECTORES DA CAPACIDADE MILITAR

4.1. Estrutura da Força

O conceito de Estrutura da Força utilizado para realizar este trabalho é baseado na presente Joint Publication (JP) 1-02 (2009), que a define como a composição, em termos de efectivos e tamanho, das força integrantes na componente de defesa militar de um país. Neste subcapítulo iremos analisar as forças com a capacidade de realizar missões de combate ao terrorismo e as forças que constituíram a QRF/FND/ISAF.

Como é possível observar no CJSOR da ISAF e na Directiva nº 170/CEME/07, são exigidas determinadas capacidades à Força que ocupar o lugar da QRF. Destacam-se entre estas capacidades: a necessidade de C2 descentralizado até ao nível pelotão, capacidade de planeamento e controlo de operações até ao nível Companhia; capacidade de conduzir operações em todo o espectro das operações militares; ser dotada de mobilidade terrestre; ser auto-sustentável por 72 horas; auto-suficiente de comunicações e segurança no TO; e, ainda, ter NTM de 60 minutos para um Pelotão e de 90 a 120 minutos para a Companhia. Estas capacidades exigem uma força com alta mobilidade, independência e prontidão para actuar em qualquer situação.

Decorrente do SFN (2004), a única Brigada da Força Operacional Permanente do Exército (FOPE) onde é referido o combate às ameaças terroristas é a BRR. São parte integrante desta Brigada, como já foi referido anteriormente, as Forças Pára-quedistas, Forças Comando e FOEsp, sendo estas designadas por Forças Especiais50 e constituindo as unidades de manobra da BRR.

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- Estas são ”Forças organizadas, treinadas e equipadas para conduzir operações especiais com ênfase nas capacidades de guerra não-convencional.” (Joint Chiefs Of Staff 1-02, 2009, p. 510).

Tendo por base o SFN (2004), são aprovados em 2005 os novos Quadros Orgânicos de Pessoal para a FOPE. Neste documento são referidas, como possibilidades de emprego dos três tipos de Forças Especiais, a participação em operações de combate ao terrorismo e de redução de ameaças assimétricas e, como possibilidade das Forças Comando, a participação em operações em ambiente de contra-insurreição, enquanto força de intervenção.

A 28 de Outubro de 2007, foi realizado um estudo pela Divisão de Planeamento de Forças do Estado-Maior do Exército (EME), onde se focava o âmbito de actuação, missões e tarefas das unidades de Tropas Especiais. Este estudo procura “…clarificar e delimitar as capacidades destas forças no contexto do SFN 04-COP, nomeadamente nas áreas da organização, formação e emprego operacional” (EME, 2008). É referido o conceito de emprego de cada uma das Forças Especiais, ou seja, como estas devem ser empregues, de modo a tirar todo o partido das suas capacidades, sem se desviarem das suas missões principais.

No conceito de emprego relativamente às FOEsp51, o estudo do EME (2008) refere que estas são preferencialmente empregues em operações com pequeno efectivo para cumprir as suas missões específicas52. Contudo, podem ser utilizadas, como já referimos, em Operações de Combate ao Terrorismo, especificamente de Contra-terrorismo.

É importante referir que, segundo o EME (id), as Forças Comando possuem a capacidade de projecção imediata e encontram-se vocacionadas para se constituírem como unidades de intervenção. O emprego destas forças foi avaliado na tipologia de Operações OTAN no âmbito do Artigo 5º e Não Artigo 5º. De destacar que, no contexto de Operações OTAN no âmbito Artigo 5º, estas forças podem serem empregues em situações onde a possibilidade de ameaça terrorista, guerrilhas ou tropas especiais inimigas seja vigente, designadamente na SAR (tanto em Operações Defensivas como Ofensivas), na Defesa de Pontos Sensíveis e, ainda, em Operações de “Marcha para o Contacto, nomeadamente nas Operações de “Busca e Ataque” (vulgo “nomadização”), no contexto de contra-guerrilha, num ambiente de Contra-Insurreição.” (EME, 2008).

As Forças Pára-Quedistas, assim como as Forças Comando, foram avaliadas segundo a tipologia de Operações OTAN no âmbito do Artigo 5º e Não Artigo 5º. No conceito de emprego a que o EME (2008) chegou, e ao contrário das anteriores forças, não há referência específica de actuação em situações onde estejam presentes ameaças terroristas ou de forças guerrilha. No que concerne às Operações no Âmbito do Artigo 5º, encontram-

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- De referir que no Centro de Tropas de Operações Especiais existe um curso de Prevenção e Combate à Ameaça terrorista. Este é orientado para Oficiais e Sargentos do QP e tem como objectivo final o desempenhar de funções de Comando e EM, no âmbito da Prevenção e Combate a Ameaças Terroristas, de acordo com as missões específicas que lhe venham a ser atribuídas, dentro do enquadramento legislativo em vigor.

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se primariamente vocacionadas para a realização de Operações Aerotransportadas (id). Em termos de Operações Ofensivas, são preferencialmente empregues em Golpes de Mão, Fintas e Demonstrações, apoio a Contra-Ataques e Ataques Deliberados. Relativamente a Operações Defensivas e de Transição, estas forças encontram-se aptas para efectuar qualquer tipo de missões de forças de Infantaria Ligeira.

Observámos no capítulo anterior qual o tipo de missões que a QRF/FND/ISAF realizava no TO do Afeganistão e a forma como contribuíam para o Combate ao terrorismo. As Forças Especiais que foram empregues enquanto QRF/FND/ISAF53possuem capacidades e formas de emprego diferentes. As possibilidades presentes nos Quadros Orgânicos de Pessoal destas unidades tornam possível o cumprimento das missões atribuídas enquanto QRF/FND/ISAF. No entanto, e baseando-nos no estudo realizado pelo EME (2008), as especificidades das forças Comando aplicam-se melhor ao ambiente presente no TO do Afeganistão.

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