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2.5 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2.5.8 Ambientes Virtuais na Área Médica

O aprendizado através de ambientes virtuais vem crescendo com a evolução do poder computacional e das tecnologias da informação e comunicação. Porém, a tecnologia por si só não faz a educação melhor ou mais eficiente. Os projetos que tratam do aprendizado por meio digital, denominado e-learning, possuem a capacidade de um acesso remoto e de construção de redes que permitem o desenvolvimento de novas propostas para a educação médica. A rede pode ser utilizada para ampliar habilidades e competências, como a capacidade de gerenciamento para a busca, seleção e síntese de informações, podendo ampliar essas habilidades nos alunos. No entanto, as mudanças na educação médica nem sempre são fáceis, nem mesmo quando as vantagens parecem bem claras (GOTTHARDT et al., 2006). A seguir serão apresentados alguns exemplos de sistemas de ensino virtuais na área médica.

Os sistemas de ensino on-line normalmente possuem a forma de cursos, fóruns de comunicação, páginas com questões de múltipla escolha e sistemas de auxílio à tomada de decisão (GOTTHARDT et al, 2006).

Em Omã, no Oriente Médio, na Sultan Qaboos Universtity, o ensino médico por meio da abordagem e-learning e telemedicina vem se desenvolvendo como parte integrante do curso de medicina. Segundo o pesquisador que avaliou a experiência (ALRAWAHI, 2006), a informática acarreta benefícios ao treinamento e à pesquisa, permitindo o acesso, o desenvolvimento e a implementação de novas tecnologias para suporte na área da saúde dos profissionais médicos e cientistas da

área biomédica. O estudo mostra que a utilização de suportes on-line no aprendizado resguarda o paciente de inconvenientes, possibilitando a criação de pacientes virtuais para o treinamento de estudantes no atendimento clínico.

A simulação de estações de trabalho (workstations) no campo da radiologia é utilizada no sistema TEMPO (KAHN et al, 2007), que dispõe de módulos de educação com testes de múltipla escolha, para acesso instantâneo à aprendizagem, em um conceito denominado de just-in-time learning. O sistema utiliza o contexto clínico radiológico da visualização das imagens, como idade, sexo e parte do corpo visualizada e sugere aos usuários módulos apropriados para o aprendizado. O projeto utilizou um banco de artigos, módulos de aprendizagem e busca das imagens dependentes dos dados anteriores.

Em MN, o estudo de casos é importante na parte do treinamento do médico. Contudo, os casos disponíveis ou até mesmo os bancos de imagens possuem limitações. Normalmente as instituições que não possuem programas de residência não disponibilizam imagens dos pacientes para o ensino médico. O projeto TF-Web do Mallinckrodt Institute of Radiology da Washington University, em Saint Louis (WALLIS, et al., 1995), é uma iniciativa que busca utilizar a capacidade local e remota de acesso à rede para ampliar a visualização de casos de MN, acessando diversas bases de dados e criando uma grande base de imagens para o ensino médico.

O projeto NUCLEONICA consiste em um ambiente integrado e uma plataforma de colaboração pela Internet (bancos de dados, aplicativos de softwares e cursos de treinamento). No curso proposto são abordados os conceitos básicos da ciência nuclear e sua tecnologia, adequados para o pessoal da indústria nuclear, organizações de pesquisa nuclear, universitários, autoridades regulatórias e institutos de medicina nuclear. Os tópicos abordados são: a história da radioatividade, tabelas de nuclídeos, proteção radiológica e saúde em relação ao armazenamento e transporte de materiais radioativos (MAGILL et al., 2007).

Existem outras iniciativas na área de ensino a distância, como os dois projeto EMERALD e EMIT (JÖNSSON et al., 2005), que promovem educação e treinamento na área da física médica, financiado pela EFOMP (European Federation

of Organizations for Medical Physics). O programa possui hospitais e universidades

radiologia, MN, ressonância magnética, ultrassom e radioterapia. Cada área é separada e inclui 50 módulos de treinamento, com tarefas em livro de atividades, textos e um banco de imagens. Atualmente, 65 países utilizam o programa de treinamento, que foi sendo desenvolvido entre físicos médicos europeus.

Uma iniciativa de programa de treinamento a distância para tecnólogos em MN (PATTERSON, 2002) foi financiada pela IAEA (International Atomic Energy Agency) e foi desenvolvida e coordenada pelo Westmead Hospital, de Sydney, denominado DAT (Distance Assisted Training Programme for Nuclear Medicine

Technologists). O material distribuído, na forma de módulos de estudo, era enviado

aos estudantes pelo correio, que eram orientados em seus locais de trabalho. A estrutura básica do curso envolvia unidades que variavam de 1 a 4 unidades por módulo. Cada módulo exigia em média 35 a 40 horas de estudo e o curso total exigia 500 horas, necessitando de 4 a 5 horas de estudo por semana por 2 anos. Os temas básicos e avançados eram apresentados em uma sequência lógica de aprendizagem começando pela física básica e proteção radiológica, imagens clínicas até tomografia de emissão e revisão da literatura médica. O projeto vem sendo ampliado, com a inserção de aquivos de filmes e links de referência, acessíveis pela rede e em versões em CD-ROM.

A iniciativa mais recente neste âmbito foi desenvolvida pela Sociedade Americana de Físicos em Medicina (American Association of Physicists in Medicine -

AAPM), juntamente com a Sociedade Norte Americana de Raidiologia (Radiological Society of North America – RSNA) em Maio de 2009. Foram criados módulos online de física no site13 da AAPM para educar os radiologistas e residentes em

radiologia sobre conceitos relevantes de física, como descrito no currículo14 disponibilizado no site. Os módulos são auto - explicativos e incluem auto – avaliação, buscando a compreensão e aquisição de experiências por parte dos usuários. Cada módulo foi desenvolvido por grupos individuais, sempre incluindo um físico e um radiologista, e vêm sendo revisados em relação ao conteúdo e qualidade. Os módulos proporcionam uma compreensão básica dos seguintes tópicos: imagens em geral, radiologia, mamografia, fluoroscopia, radiologia

13 http://www.aapm.org/education/webbasedmodules.asp. Acesso em 12/12/2010. 14 http://www.aapm.org/education/documents/Curriculum.pdf. Acesso em 12/12/2010.

intervencionista, tomografia computadorizada (TC), e processamento de imagens. Porém, para a interação com os módulos, os usuários autorizados são os membros pertencentes às sociedades da AAPM e RSNA.

Assim, concluí-se que os projetos para o ensino on-line, em sua maioria, são cursos em módulos, bancos de dados de imagens, bancos de artigos científicos e sistemas de buscas avançadas de casos. O presente estudo pretendeu ampliar a concepção de uma formação continuada para profissionais da área da MN utilizando um ambiente colaborativo, aliado a um poder computacional, ampliado o conceito de

e-learning, no qual a preposição “e” passa a ter o sentido de “enhanced” ou ensino

ampliado, pois utiliza todas as ferramentas de tecnologia da informação e comunicação disponíveis (OLABARRIAGA et al., 2007).

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Nesse capítulo será descrita a modelagem do Ambiente Colaborativo em Medicina Nuclear realizada nesse trabalho, incluindo informações como, requisitos, restrições, funcionalidades e implementações. Também serão abordados os conteúdos desenvolvidos e disponibilizados no ambiente, assim como sua metodologia para o teste de interação e análises empregadas na validação.