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Aminoglicosídeos

No documento Tathiana Mourão dos Anjos (páginas 39-44)

3.5 FÁRMACOS NÃO RECOMENDADOS OU CAPAZES DE CAUSAR REAÇÕES ADVERSAS EM GATOS

3.5.4 Antibióticos

3.5.4.1 Aminoglicosídeos

Todo aminogliosídeo possui um espectro de toxicidade similar, sendo notável a ototoxicidade, afetando tantos componentes auditivos quanto vestibulares. Também ocorrem neurotoxicidade, revelada em insuficiência respiratória e nefrotoxicidade. O gato é particularmente sensível aos efeitos ototóxicos destes antibióticos (EVANS, 1994). Segundo Boothe (1990 c), a via de administração de escolha para aminoglicosídeos em felídeos é a subcutânea.

Estreptomicina e diidroestreptomicina em doses terapêuticas podem causar em gatos náusea, salivação, vômito e ataxia. Em doses elevadas inquietude, dispnéia e perda da concentração. Em tratamento prolongado há lesão no 8º nervo, resultando em nistagmo e desequilíbrio, usualmente reversíveis, entretanto a surdez é irreversível. Essa droga não é contra- indicada para gatos, porém seu uso deve ser feito em casos essenciais, tomando-se cuidado redobrado em filhotes, idosos e nefropatas (EVANS, 1994). Segundo Boothe (1990 c), a estreptomicina pode causar também bloqueio neuromuscular em gatos, por isso, sua utilização deve ser evitada (BOOTHE, 1990 c). A dose de estreptomicina para gatos é de 20 mg/kg a cada

6 horas, por via oral ou 10-15 mg/kg a cada 8-12 horas administradas pelas vias intramuscular ou subcutânea (VIANA, 2007).

Gentamicina e amicacina em altas doses podem levar a ototoxicidade. Esse risco é provavelmente aumentado com a aplicação tópica, principalmente se houver perfuração de tímpano (BOOTHE, 1990 c). Gentamicina quando usada em dose acima da recomendação pode implicar em ataxia, nefrotoxicidade e morte (EVANS, 1994). Segundo Viana (2007), a dose de gentamicina para gatos, para administração pelas vias intravenosa, intramuscular ou subcutânea é de 2-4 mg/kg a cada 8-12 horas ou 6-8 mg/kg em dose única diária. Não muito diferente de Viana (2007), de acordo com Papich (2009), a dose de gentamicina para gatos é de 3 mg/kg a cada 8 horas ou 5-8 mg/kg a cada 24 horas, podendo ser administrada pelas vias subcutânea, intramuscular e intravenosa. A administração diária é preferida segundo Papich (2009).

3.5.4.2 Betalactâmicos

A associação de ácido clavulânico com amoxicilina é aprovada para uso em gatos, porém houve descrição de reações adversas como febre (41,1ºc) e vasculite sistêmica (BOOTHE, 1990 c). Segundo Viana (2007) a dose de amoxicilina com ácido clavulânico para gatos é de 10-20 mg/kg a cada 12 horas, para administração pelas vias intramuscular, subcutânea ou oral (VIANA, 2007).

3.5.4.3 Cefalosporinas

A primeira geração das cefalosporinas tem sido usada extensivamente em gatos. Contudo, cefalexina pode causar vômito, diarréia, febre (BOOTHE, 1990 c) e necrose epidérmica tóxica nestes animais (VIANA, 2007). A posologia da cefalexina é de 20-30 mg/kg a cada 8-12 horas, por via oral (VIANA, 2007).

Antibiótico polipeptideo, imunossupressor que tem várias indicações terapêuticas em pequenos animais, como por exemplo, no tratamento de anemia hemolítica imunomediada, doença inflamatória intestinal, adenite sebácea, ceratoconjuntivite seca, entre outras (PAPICH, 2009). Em gatos, a ciclosporina demonstrou possuir efeitos benéficos no tratamento do complexo granuloma-eosinofílico, da dermatite atópica, da estomatite e das doenças das vias aéreas respiratórias (asma felina) (PAPICH, 2009). Diferentemente de outras medicações imunossupressoras, a ciclosporina não causa mielossupressão (PAPICH, 2009). Efeitos adversos como infecções secundárias, neoplasias e toxoplasmose foram descritas em gatos após o uso crônico da ciclosporina (PAPICH, 2009). Segundo Viana (2007), pode haver crescimento dos pêlos nos gatos.

A dose de ciclosporina recomendada para felinos é de 5-10 mg/kg/dia/vo, de acordo com Viana (2007). Segundo Papich (2009), a dose varia de 3 a 5 mg/kg/dia/vo. Doses mais altas, de 5 a 10 mg/kg/dia/vo, em dias alternados, tem sido utilizadas em diversos felinos.

3.5.4.5 Cloranfenicol

É um antibiótico predominantemente bacteriostático de amplo espectro, com ação contra Chlamydophilas, Mycoplasmas e Ricketsias (VIANA, 2007). Atualmente, o cloranfenicol é provavelmente o fármaco de primeira escolha apenas contra infecção bacteriana nas câmaras oculares em pequenos animais. Há opiniões mistas quanto ao fato de o cloranfenicol ser o fármaco de escolha contra infecções no SNC, mas ele atinge altas concentrações neste sistema (CHANDLER, 2006). Este fármaco é uma boa alternativa contra infecções anaeróbias, no entanto, muitos outros fármacos também cruzam efetivamente a barreira hematoencefálica na presença de meningite e podem ser mais efetivos e com ação bactericida (CHANDLER, 2006). O cloranfenicol é eliminado principalmente por meio de conjugação de glicuronato hepático em cães e apenas 5 a 10% dele é excretado de forma inalterada na urina. Embora a meia-vida de eliminação do cloranfenicol seja semelhante em ambas as espécies (4 horas após administração intravenosa, 7 a 8 horas após administração oral), contrariamente aos cães, mais de 25% do fármaco é excretado inalterado na urina do gato, em decorrência da capacidade reduzida

dos gatos de realizar a glicuronidação. Essa diferença no metabolismo resulta em esquema de dosagem bem diferente em gatos, sendo administrado para estes, 50 mg/gato, a cada 12 horas, enquanto que para cães a posologia é de 50 mg/kg a cada 12 horas (CHANDLER, 2006). Portanto, deve ser utilizado com muita cautela em felídeos. A toxicidade do cloranfenicol, ao contrário do observado em humanos, é baixa em animais domésticos adultos e normalmente só se manifesta com tratamentos prolongados ou doses altas (VIANA, 2007), mas pode ocorrer mielossupressão e anemia não regenerativa reversível, tanto em cães, quanto em gatos, além de anorexia, vômito, diarréia e depressão em gatos (CHANDLER, 2006). Os gatos são deficientes na fase 1 do metabolismo do cloranfenicol, além disso, esse antimicrobiano é excretado conjugado à via do glicuronato também deficiente nessa espécie, por isso a concentração plasmática com uma única dose de cloranfenicol é elevada nos felinos (SOUZA, 2003).

Felídeos são mais sensíveis aos efeitos hematopoiéticos do cloranfenicol. Anemia arregenerativa está associada à hipocelularidade na medula óssea, sendo que ambas são passíveis de reversão com a descontinuidade do tratamento. Esses sinais se desenvolvem com dosagens de 60mg/kg/dia (BOOTHE, 1990 c). No sangue periférico evidencia-se diminuição no número de neutrófilos, linfócitos, reticulócitos pontilhados e plaquetas. O desenvolvimento de discrasias sanguíneas é menos provável se a duração do tratamento não ultrapassar 7 a 10 dias (SOUZA, 2003). Em doses mais altas de 120 mg/kg, administrado por via oral, durante 14 dias foram encontrados sinais como depressão no SNC, desidratação, vômito, inapetência e perda de peso. Em formulações amargas podemos perceber salivação, vômito, e inapetência (BOOTHE, 1990 c). Segundo Souza (2003), por seu efeito na medula óssea do gato, o cloranfenicol deve ser utilizado com cautela, inclusive quanto ao uso de pomadas oftálmicas, pois, segundo o autor, há evidências de que quantidades significativas são absorvidas. O autor afirma ainda que o emprego do cloranfenicol nessa espécie deva ser reservado a infecções que comprometam o SNC, pois esse agente antimicrobiano penetra nas membranas lipídicas rapidamente. A dose do cloranfenicol para felídeos é de 50 mg/kg, pelas vias oral ou subcutânea, a cada 12 horas (CHANDLER, 2006). A incidência de intoxicações é maior em gatos por serem animais mais susceptíveis e também devido ao uso do cloranfenicol nesta espécie com o mesmo esquema de dosagem canino, que é aproximadamente 5 vezes mais alto por quilograma (WATSON, 1991).

3.5.4.6 Fluorquinolonas

A enrofloxacina é uma fluorquinolona de segunda geração, bactericida, predominantemente contra bactérias gram-negativas, que tem sido utilizada amplamente e com sucesso para cães e gatos. Esse fármaco tem um amplo espectro de ação, distribuição tecidual favorecida e baixa toxicidade, sendo o fármaco de escolha para tratamento de várias doenças (WIEBE e HAMILTON, 2002).

Segundo Wiebe e Hamilton (2002), há revisões de literatura que sugerem a predisposição de degeneração (atrofia) de retina induzida por fluorquinolonas em gatos. Dentre os sinais de degeneração de retina estão midríase, ausência de reflexo à ameaça, reflexos pupilares lentos e cegueira aguda (GELATT et al., 2001). Segundo Viana (2007), essas alterações oftálmicas ocorrem quando os felídeos recebem altas doses de enrofloxacina. Wiebe e Hamilton (2002) afirmam que os fatores de risco da utilização de enrofloxacina são altas doses ou altas concentrações plasmáticas, infusão endovenosa rápida, curso prolongado de tratamento, idade, longa exposição a raios UVB durante a administração do antibiótico, interação com outros fármacos e acúmulo de fármaco ou metabólito por metabolismo alterado ou alimentação reduzida.

Segundo Messinger (1995), hipersalivação e diarréia têm sido notadas em gatos ao uso de enrofloxacina. O autor afirma também que se deve ter cuidado com o uso de fluorquinolonas em animais jovens devido à possibilidade de danos na articulação em altas dosagens (MESSINGER, 1995).

A dose de enrofloxacina para gatos é de 2,5-5,0 mg/kg a cada 12 horas (VIANA, 2007).

3.5.4.6.2 Ciprofloxacina

Assim como a enrofloxacina, a ciprofloxacina também é uma fluorquinolona de segunda geração, bactericida, predominantemente contra bactérias gram-negativas, e que pode ser usada para várias dermatoses felinas. Esse fármaco em altas doses pode causar eritema de pina, vômito, espasmos musculares clônicos e anorexia em gatos (PAPICH 1997).

Há recomendação tanto de enrofloxacina quanto de ciprofloxacina de 5mg/kg a cada 12 horas para dermatoses bacterianas em gatos e de 12mg/kg de 12 em 12 horas em caso de infecção por Pseudomonas (Messinger, 1995).

A dose de ciprofloxacina pode variar de 5 a 15 mg/kg a cada 12 horas, por via oral, segundo Viana (2007). De acordo com Papich (2009), a dose para gatos pode variar de acordo com a via de administração, sendo de 20 mg/kg/24 hs por via oral e de 10 mg/kg/24 hs por via intravenosa.

No documento Tathiana Mourão dos Anjos (páginas 39-44)

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