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CAPÍTULO III – ESTUDO EMPÍRICO

3.3. AMOSTRA

conclusões extraídas. O controlo da qualidade de auditoria visa, ainda, avaliar se os meios técnicos e humanos utilizados, o sistema interno do controlo de qualidade implementado e os honorários praticados são adequados, face à natureza e dimensão dos trabalhos realizados.

O Relatório Anual do Controlo da Qualidade da Auditoria está dividido em dois tipos de controlo da qualidade: o controlo horizontal e controlo vertical. O controlo horizontal corresponde à avaliação global da atividade, nomeadamente, à análise de questões relativas ao pessoal como a independência, formação, ética e deontologia, a adequação de recursos utilizados e a avaliação do sistema de controlo interno implementado. Por sua vez, o controlo vertical diz respeito ao trabalho executado, à qualidade na documentação, ao relato de reservas e ênfases e aos honorários cobrados.

De acordo com o nº 3 do artigo 2º do Regulamento do Controlo de Qualidade, os ROC poderão estar sujeitos a um controlo, incluindo aqueles que executam revisão legal de contas a EIP, sempre que o Conselho Diretivo o entender e, se no exercício da sua atividade, revelarem desadequação dos recursos humanos e materiais ou haja indícios de incumprimento das normas legais, dos regulamentos ou das normas de auditoria em vigor.

Face ao exposto, o presente estudo tem como principal finalidade verificar se o trabalho de auditoria é elaborado com qualidade e rigor. Mediante a análise dos Relatórios do Controlo de Qualidade da Auditoria, publicados no site da OROC, pretende-se indagar quais as deficiências/insuficiências apontadas nos trabalhos de auditoria, e se estas têm evoluído com o decorrer dos anos. Este estudo pretende, também, aferir as maiores falhas cometidas nos trabalhos de auditoria e o quanto estas afetam a qualidade de um serviço de auditoria. É, também, necessário questionar se as deficiências/insuficiências detetadas no controlo de qualidade são sujeitas a um acompanhamento, com o propósito de melhorar a qualidade do trabalho de auditoria.

3.3. AMOSTRA

O presente trabalho visa analisar os relatórios de controlo da qualidade, divulgados anualmente, pela CCQ, no website da OROC, no período compreendido entre 2008 e 2016. Os supracitados relatórios descrevem as atividades desenvolvidas e as conclusões dos controlos de qualidade.

Os ROC que estão sujeitos a um controlo de qualidade são selecionados anualmente através de sorteio público, devendo a CCQ assegurar que os ROC sejam sujeitos a um controlo de qualidade em cada período de seis anos. Até 30 de junho de 2016, o controlo de qualidade abrangia os ROC e os SROC com EIP, em períodos de três anos. No entanto, com a entrada em vigor da Lei nº 148/2015, de 9 de setembro, o controlo de qualidade exclui estes, identificando-os com base numa listagem que inclua todas as EIP e os respetivos ROC com referência a 31 de dezembro do ano anterior, e passa a responsabilidade para a CMVM.

De acordo com o artigo 13º do RCQ, após a seleção dos ROC a controlar, a CCQ determina o número de dossiês, de cada ROC, que serão examinados, devendo ter em conta a dimensão da carteira de clientes, a relevância individual dos clientes e o risco de execução inadequada da revisão

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legal/auditoria. No período de 2008 a 2016, conforme apresenta a tabela abaixo, foram controlados, consoante a sua categoria, as seguintes entidades e respetivos dossiês:

Tabela 2: Entidades e Dossiês Controlados

SROC/ROC com EIP1) SROC de outras entidades ROC de outras entidades Total de entidades e dossiês Nº de Entidades Nº de Dossiês Nº de Entidades Nº de Dossiês Nº de Entidades Nº de Dossiês Nº de Entidades Nº de Dossiês 2008 13 31 392) 85 75 75 127 191 2009 10 41 25 61 50 50 85 152 2010 24 109 20 37 38 39 82 185 2011 22 105 23 43 36 36 81 184 2012 33 147 19 42 30 30 82 219 2013 27 100 35 62 42 42 104 204 2014 24 863) 47 74 44 44 115 204 2015 39 1243) 28 45 31 31 98 200 2016 33 64 45 45 78 109 Fonte: Elaboração própria com base nos dados da OROC (2009), OROC (2010), OROC (2011), OROC (2012), OROC (2013), OROC (2014), OROC (2015), OROC (2016) & OROC (2017)

1) Em 2008 e 2009 era a totalidade das Sociedades com Valores Mobiliários admitidos à cotação e não SROC e ROC exercendo funções em EIP.

2) Foram sorteados 38 SROC, tendo sido controlada mais uma SROC por ser ROC estatuário de uma sociedade com títulos admitidos à cotação.

3) Inclui cinco EIP sorteadas que tem ROC diferente do Auditor Externo.

No ano de 2012 foram controlados 219 dossiês das demonstrações financeiras de 2011, o ano em que mais se selecionou dossiês para serem analisados. No entanto, o ano de 2008 registou o maior número de entidades sujeitas a controlo, com um número total de 127 entidades. Pelo facto de a partir de 30 de junho de 2016 o controlo de qualidade apenas abranger os ROC e SROC que não realizem revisão legal de contas de EIP, o ano de 2016 assinala o menor número de entidades e dossiês controlados, respetivos às demonstrações financeiras de 2015. No período de 2008 a 2016 foram controlados 852 entidades e 1648 dossiês.

Seguidamente, e como previsto no artigo 13º do RQC, a CCQ elege os controladores-relatadores, devendo considerar a experiência destes e a complexidade dos dossiês a controlar. Para controlos de qualidade a ROC de maior dimensão ou com maior complexidade e/ou risco, o mesmo artigo refere que a CCQ pode designar uma equipa de dois ou mais controladores/relatores. Caso seja necessário, para um apropriado controlo de qualidade, a CCQ nomeia especialistas experientes em mercados financeiros, informação financeira ou outros domínios relevantes, para auxiliar o controlador/relatador no controlo dos dossiês. Até ao ano de 2010, inclusive, não é possível apurar qual o número de controladores/relatadores selecionados para o controlo de qualidade dos

ROC e SROC. Nos anos que se seguem foram selecionados os seguintes

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Tabela 3: Controladores/relatadores selecionados

Controladores-relatadores 2011 48 2012 47 2013 45 2014 45 2015 39 2016 40

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da OROC (2009), OROC (2010), OROC (2011), OROC (2012), OROC (2013), OROC (2014), OROC (2015), OROC (2016) & OROC (2017)

No ano de 2011 dois dos controladores/relatadores selecionados, que não se encontravam no exercício efetivo da profissão, procederam ao controlo horizontal de duas SROC com EIP e ao controlo vertical de doze dossiês de EIP. Em 2012, três dos controladores/relatadores, não estando no exercício efetivo da profissão, ficaram responsáveis por cinco processos de ROC/SROC de EIP. Nos três anos seguintes quatro dos controladores/relatadores, não se encontravam no exercício efetivo da profissão e estiveram envolvidos em vinte e quatro processos de ROC/SROC de EIP.

O artigo 13º do RCQ prevê ainda, o prazo de 10 dias, após o sorteio dos dossiês, para o controlador-relatador declarar à CCQ a sua independência em relação ao ROC a controlar. O controlador-relatador deve comunicar, de imediato à CCQ se houver alguma incompatibilidade com o ROC sujeito a controlo, para que seja procedida a sua substituição.

O controlo de qualidade inclui o controlo horizontal, que incide sobre cada entidade selecionada e o controlo vertical incide sobre os dossiês dessas mesmas entidades identificados no sorteio ou escolhidos pela CCQ, a partir dos mapas anuais de atualização profissional submetidos à OROC, pelos ROC e SROC. Os guias de controlo horizontal e controlo vertical são preenchidos pelo controlador e pelo controlado, de modo a aumentar a eficiência e eficácia do controlador, estando alinhados com as normas de contabilidade e relato financeiro, bem como de auditoria em vigor.

Aquando a conclusão do controlo dos dossiês, estes serão entregues à CCQ para serem analisados pelos seus membros. Durante a análise, a CCQ poderá pedir esclarecimentos aos controladores/relatadores que, para este efeito, poderá ter que recorrer ao ROC sujeito a controlo. Após as conclusões retiradas, a CCQ emite um parecer assinado pelo presidente desta e, no prazo de 30 dias, é enviado para o Conselho Diretivo para aprovação (artigo 19º do RCQ).

Conforme o artigo18º do RCQ, os dossiês de controlo devem conter o guia de controlo horizontal (de acordo com o modelo aplicável aos ROC ou às SROC), o guia de controlo vertical, o relatório de conclusões e recomendações, o parecer da CCQ, e outros documentos indicados pela CCQ ou que sejam relevantes para o controlador/relatador.

O Conselho Diretivo, ao verificar o parecer emitido pela CCQ, poderá aprovar o mesmo ou, então, devolve-lo à CCQ para reapreciação. Caso se conclua a violação dos deveres estabelecidos no EOROC ou em outras normas, o Conselho Diretivo deverá aplicar as medidas adequadas, de natureza disciplinar (artigo 20º do RCQ).

De acordo com o artigo 21º do RCQ, caso o controlo de qualidade tenha sido concluído com observações de relevância ou outros deliberados pelo Conselho Diretivo, a CCQ acompanha as

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recomendações que foram implementadas. O ROC deve adotar essas recomendações num prazo de 12 meses e informar a OROC sobre o modo e a forma de como estas foram executadas, que posteriormente serão avaliadas pela CCQ e para homologação do Conselho Diretivo.

O relatório é elaborado no segundo trimestre do ano e, conforme o artigo 23º do RCQ, inclui:

O número de entidades e dossiês controlados;

Conclusões do controlo horizontal e vertical por cada tipo de entidade;

A identificação da natureza das observações relevantes ou de recomendações formuladas;

Ações de acompanhamento desenvolvidas e respetivos resultados;

Informação sobre processos remetidos ao Conselho Disciplinar e sobre as respetivas medidas disciplinares tomadas e sanções impostas por aquele Conselho e;

Outras atividades de controlo de qualidade realizadas.

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