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“O CONTROLO DE QUALIDADE DA AUDITORIA EM PORTUGAL”

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“O CONTROLO DE QUALIDADE DA AUDITORIA EM PORTUGAL”

Mariana Filipa Ferreira de Lima

Dissertação apresentada ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave para obtenção do Grau de Mestre em Contabilidade e Finanças

Orientada pela Professora Doutora Sara Serra

Esta dissertação inclui as críticas e sugestões feitas pelo Júri

Barcelos, 26 de fevereiro de 2018

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“O CONTROLO DE QUALIDADE DA AUDITORIA EM PORTUGAL”

Mariana Filipa Ferreira de Lima

Orientadora: Professora Doutora Sara Serra

Barcelos, 26 de fevereiro de 2018

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v AGRADECIMENTOS

Aos meus pais e irmão, que sempre me acompanharam em cada percurso da minha Vida e, sem eles, nada disto era possível.

Ao meu namorado, André, que tem sido um grande apoio nos últimos seis anos.

Aos colegas do IPCA, pois cada um deles marcou a minha passagem pela vida académica.

À minha orientadora, Professora Doutora Sara Serra, que sempre se mostrou disponível em cada fase desta dissertação.

Aos professores do IPCA, por todo o conhecimento que me transmitiram.

A todos os serviços do IPCA, que sempre me atenderam de forma educada e simpática.

Em geral, à Comunidade IPCA, que é uma Instituição dedicada, bem formada e sempre mostrou companheirismo.

Obrigada!

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vii RESUMO

A auditoria financeira tem como principal finalidade verificar se as demonstrações financeiras contêm distorções, provocadas por erros e/ou fraudes, devendo cumprir todas as normas e regulamentos da auditoria em vigor. O cumprimento dos normativos legais está associado à qualidade da auditoria. Porém, há autores que consideram que a qualidade de uma auditoria está mais relacionada com as qualidades pessoais dos auditores ou com as características da empresa de auditoria. Pese embora existam diferentes definições, para que uma auditoria seja executada com qualidade, os organismos profissionais impõe que todos os Revisores Oficiais de Contas (ROC) e as Sociedades de Revisores Oficiais de Contas (SROC) sejam sujeitos a um controlo de qualidade da sua auditoria, que inclui um controlo interno e um controlo externo. O controlo de qualidade interno tem como objetivo a aplicação de políticas e procedimentos para que sejam eliminadas quaisquer ameaças à qualidade da auditoria. Por sua vez, o controlo externo assegura o cumprimento de todas as normas e regulamentos de auditoria, bem como a verificação de que os relatórios e pareceres emitidos coincidem com as conclusões extraídas, com a supervisão da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A obrigatoriedade do controlo de qualidade na auditoria visa, essencialmente, melhorar a qualidade das auditorias e, consequentemente, o processo de decisão dos stakeholders, que utilizam o Relatório de Auditoria como certificado de garantia (Mulyadi e Budiawan, 2018) das demonstrações financeiras. Face à importância desta temática, a presente dissertação pretende estudar o controlo de qualidade da auditoria, em Portugal. Para o efeito serão analisados os Relatórios Anuais de Controlo de Qualidade da Auditoria, no período compreendido entre 2008 e 2016, publicados no website da Ordem Revisores Oficiais de Contas (OROC) e da CMVM, que prezem nove relatórios. Este estudo permitirá identificar as deficiências apontadas nos controlos de qualidade da auditoria realizada em Portugal e verificar como estas foram eliminadas.

Os resultados desta dissertação demonstram que as principais deficiências na qualidade da auditoria são, ao nível do controlo horizontal, a má implementação de um sistema interno de qualidade e, ao nível do controlo vertical, a má execução dos trabalhos de auditoria. Conclui-se, ainda, que os processos que apresentam observações de relevância nos controlos de qualidade são acompanhados num período máximo de um ano e que a maioria deles são encerrados satisfatoriamente, o que revela a importância deste controlo.

Este estudo contribuiu, essencialmente, para a perceção dos principais fatores que influenciam a qualidade da auditoria e como estes devem ser eliminados, bem como demonstrar todo o procedimento dos processos que são remetidos para Conselho Disciplinar.

Palavras-chaves: Auditoria Financeira, Qualidade da Auditoria, Controlo de Qualidade, Relatórios de Controlo de Qualidade da Auditoria

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ix ABSTRACT

The main purpose of a Financial Audit is to reduce the occurrence of errors and failures in the financial statements and it must comply with all the rules and regulations of the current audit.

Compliance with legal regulations is associated with the quality of the audit. However, some authors consider that the quality of an audit is more related to the personal qualities of the auditors or to the characteristics of the audit firm. Although different definitions exist, for the quality of a review / audit to be carried out rigorously, professional entities require all Official Reviewers of Account (ROC) and Official Reviewers of Account Societies (SROC) to be subjected to audit quality controls, which include an internal control and additionally an external control. Internal quality control aims at the implementation of policies and procedures to eliminate any threats to the quality of the audit. In its turn, external control ensures compliance with all the audit standards and regulations, as well as verification that all reports and feedback issued comply with the drawn conclusions, with the supervision of the CMVM.

The obligation of quality control in auditing essentially aims to improve the quality of audits and, consequently, the stakeholder decision-making process, which use the Audit Report as a warranty certificate (Mulyadi and Budiawan, 2018) of the financial statements. In view of the importance of this theme, this dissertation intends to study the quality control of auditing in Portugal.

For this purpose, the Annual Audit Quality Control Reports will be analyzed, from 2008 to 2016, published on the website of the Order of Official Auditors (OROC) and CMVM, which value nine reports. This study will identify the deficiencies pointed out in the quality controls of the audit carried out in Portugal and verify how they were eliminated.

The results of this dissertation demonstrate that the main deficiencies in the quality of the audit are the bad implementation of an internal system at the level of horizontal control and the bad execution of the audit work in the vertical control.It is also concluded that the processes that show relevant observations in the quality controls, are monitored in a maximum period of one year, and most of them are closed satisfactorily.

This study mainly contributed to the precepting of the main factors that influence the quality of the audit and how they should be eliminated, as well as to demonstrate the entire procedure of the processes that are referred to Disciplinary Council.

Keywords: Financial Audit, Quality Audit, Quality Control, Audit Quality Control Reports

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xi RESUMEN

La auditoría financiera tiene como principal objetivo verificar si los estados financieros contienen distorsiones, provocadas por errores y / o fraudes, debiendo cumplir todas las normas y reglamentos de la auditoría en vigor. El cumplimiento de las normativas legales está asociado a la calidad de la auditoría. Sin embargo, hay autores que consideran que la calidad de una auditoría está más relacionada con las cualidades personales de los auditores o con las características de la empresa de auditoría. A pesar de que existen diferentes definiciones, para que una auditoría sea ejecutada con calidad, los organismos profesionales impone que todos los Revisores Oficiales de Cuentas (ROC) y las Sociedades de Revisores Oficiales de Cuentas (SROC) estén sujetos a un control de calidad de su auditoría que incluye un control interno y un control externo. El control de calidad interno tiene como objetivo la aplicación de políticas y procedimientos para que se eliminen cualquier amenaza a la calidad de la auditoría. Por su parte, el control externo asegura el cumplimiento de todas las normas y reglamentos de auditoría, así como la verificación de que los informes y dictámenes emitidos coinciden con las conclusiones extraídas, con la supervisión de la Comisión del Mercado de Valores Mobiliarios (CMVM).

La obligatoriedad del control de calidad en la auditoría tiene por objeto, principalmente, mejorar la calidad de las auditorías y, consecuentemente, el proceso de decisión de los stakeholders, que utilizan el Informe de Auditoría como certificado de garantía (Mulyadi y Budiawan, 2018) de los estados financieros. Dada la importancia de este tema, esta tesis tiene como objetivo estudiar el control de calidad de la auditoría en Portugal. Para ello se analizarán los Informes anuales de control de calidad de la auditoría, en el período comprendido entre 2008 y 2016, publicados en el sitio web de la Orden Revisores Oficiales de Cuentas (OROC) y de la CMVM, que recuerdan nueve informes. Este estudio identificará las deficiencias detectadas en los controles de calidad de la auditoría realizada en Portugal y comprobar la forma en que se han suprimido.

Los resultados de esta disertación demuestran que las principales deficiencias en la calidad de la auditoría son, a nivel del control horizontal, la mala aplicación de un sistema interno de calidad y, al nivel del control vertical, la mala ejecución de los trabajos de auditoría. Se concluye, además, que los procedimientos que presentan observaciones de relevancia en los controles de calidad se acompañan en un período máximo de un año y que la mayoría de ellos se cierran satisfactoriamente, lo que demuestra la importancia de este control.

Este estudio contribuyó esencialmente a la percepción de los principales factores que influencian la calidad de la auditoría y cómo éstos deben ser eliminados, así como demostrar todo el procedimiento de los procesos que se remite al Consejo Disciplinario.

Palabras clave: Auditoría Financiera, Calidad de la Auditoría, Control de Calidad, Informes de Control de Calidad de la Auditoría

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xiii ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ...v

RESUMO ... vii

ABSTRACT ... ix

RESUMEN ... xi

ÍNDICE GERAL ... xiii

ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS... xv

LISTA DE ABREVIATURA/SIGLAS ... xvii

INTRODUÇÃO ... 1

CAPÍTULO I: A AUDITORIA E A SUA QUALIDADE ... 5

1.1. ENQUADRAMENTO DA AUDITORIA ... 5

1.2. A AUDITORIA EM PORTUGAL ... 9

1.3. QUALIDADE DA AUDITORIA ... 10

CAPÍTULO II: O CONTROLO DE QUALIDADE DA AUDITORIA ... 15

2.1. CONTROLO DE QUALIDADE INTERNO ... 15

2.1.1. Responsabilidades de Liderança na Qualidade de Auditorias ... 17

2.1.2. Requisitos éticos relevantes ... 18

2.1.3. Independência ... 21

2.1.4. Aceitação e continuação de relacionamentos de clientes e trabalhos específicos . 23 2.1.5. Recursos Humanos ... 24

2.1.6. Desempenho do Trabalho ... 24

2.1.7. Monitorização ... 26

2.1.8. Documentação do Sistema de Controlo de Qualidade ... 27

2.2. CONTROLO DE QUALIDADE EXTERNO ... 27

2.2.1. Entidades de interesse público ... 28

2.2.2. Metodologia do Controlo de Qualidade ... 29

2.3.3. Supervisão ... 31

2.3.4. Regulamentação ... 33

2.3.5. Regime Sancionatório ... 33

2.4. CONSELHO DISCIPLINAR ... 34

CAPÍTULO III – ESTUDO EMPÍRICO... 37

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3.1. METODOLOGIA ... 37

3.2. OBJETIVOS DO ESTUDO ... 37

3.3. AMOSTRA ... 38

3.4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 41

CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E INVESTIGAÇÕES FUTURAS ... 55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 59

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xv ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1: Fases da Auditoria Financeira ... 6

Figura 2: Ameaças à Independência……….……… 17

Figura 3: Evolução do Controlo Horizontal ... 42

Figura 4: Evolução do Controlo Vertical ... 46

Tabela 1: Ameaças à Independência ... 22

Tabela 2: Entidades e Dossiês Controlados ... 39

Tabela 3: Controladores/relatadores selecionados... 40

Tabela 4: Controlo Horizontal ... 42

Tabela 5: Insuficiências/Deficiências no Controlo Horizontal ... 44

Tabela 6: Controlo Vertical ... 45

Tabela 7: Insuficiências/Deficiências no Controlo Vertical ... 47

Tabela 8: Ações de Acompanhamento ... 49

Tabela 9: Intervenções Pontuais ... 51

Tabela 10: Processos de inquérito ... 52

Tabela 11: Processos Disciplinares ... 53

Tabela 12: Penas Aplicadas ... 53

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xvii LISTA DE ABREVIATURA/SIGLAS

CCQ – Comissão do Controlo de Qualidade CLC – Certificação Legal das Contas

CGSA – Conselho Geral de Supervisão da Auditoria CNSA – Conselho Nacional de Supervisão da Auditoria CMVM – Comissão do Mercado de Valores Mobiliários EIP – Entidades de Interesse Público

EOROC – Estatuto da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas IFAC – International Federation of Accountants

ISA – International Standard on Auditing

ISQC – International Standard on Quality Control Nº – Número

OROC – Ordem dos Revisores Oficiais de Contas PD – Processo Disciplinar

ROC – Revisor Oficial de Contas

RQC – Regulamento do Controlo de Qualidade SROC – Sociedade de Revisores Oficiais de Contas

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1 INTRODUÇÃO

Um dos objetivos principais da auditoria financeira, doravante designada apenas de auditoria, é verificar se as demonstrações financeiras de uma empresa apresentam uma imagem verdadeira e apropriada, ou seja, se contêm distorções e estão de acordo com os princípios e técnicas contabilísticas. Sendo assim, a auditoria irá contribuir para prevenir e detetar a ocorrência de erros e fraudes, para a boa imagem da empresa no mercado e para apresentar fiabilidade na informação financeira da empresa. Para isso, o auditor deverá respeitar determinados requisitos, para que seja realizada uma auditoria com qualidade numa entidade.

A qualidade numa auditoria passa essencialmente pelo cumprimento das normas legais, sobretudo o Código de Ética da OROC, que preconiza valores como a integridade, a independência, a transparência e a experiência. Aliás, são vários os autores que mencionam estas características como fatores importantes a ter em conta numa auditoria às demonstrações financeiras da empresa.

Houshmand e Mahdavi (2012) são de opinião que as qualidades pessoais de um auditor, juntamente com a formação contínua são requisitos fundamentais numa auditoria. No entanto, Frederick e Libby (1990) e Carcello et al. (1992) destacam o conhecimento e a experiência como elementos de relevância para um trabalho eficiente na auditoria. Todavia, García et al. (1999), Felo et al. (2003) e Alsaqqa e Sawan (2012) enumeram, não só os requisitos pessoais, mas também aspetos como o tamanho, a imagem, a modernidade, o sucesso e os honorários da empresa, como características importantes numa auditoria.

A qualidade de uma auditoria, sendo um fator relevante para a credibilidade das demonstrações financeiras de uma entidade, necessita de exames periódicos, independentes e documentados das atividades, registos, processos e outros elementos do sistema de qualidade, para que determine a sua conformidade com as normas e regulamentos da auditoria. O controlo de qualidade de auditoria, imposto pelos organismos profissionais, é direcionado a todos os ROC e SROC, sendo estes obrigados a efetuar, permanentemente, um controlo qualidade interno e adicionalmente, um controlo de qualidade externo. De acordo com o Estatuto da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (EOROC), da International Standards on Auditing (ISA) 220 - “Controlo de Qualidade para Auditorias de Informação Financeira Histórica” e da International Standard on Quality Control (ISQC) 1 - “Controlo de qualidade para firmas que executem auditorias e revisões de demonstrações financeiras e outros trabalhos de garantia de fiabilidade e de serviços relacionados”, o controlo de qualidade interno tem como finalidade aplicar políticas e procedimentos, de modo a evitar qualquer tipo de ameaça à qualidade do trabalho de auditoria. Por conseguinte, os ROC e SROC devem aplicar políticas e procedimentos que abranjam elementos como as responsabilidades de liderança pela qualidade, requisitos éticos relevantes, aceitação e continuação de relacionamentos de clientes e trabalhos específicos, recursos humanos, desempenho do trabalho e monitorização.

O controlo externo consiste na realização de inspeções a todos os ROC e SROC sobre o seu trabalho de auditoria, que passa por verificar se todas as normas e regulamentos de auditoria foram cumpridos, se os relatórios e pareceres foram emitidos corretamente e ainda, avaliar os

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2 recursos humanos utilizados, o sistema de controlo interno implementado e os honorários praticados.

Atualmente, de acordo com a Lei nº 148/2015, que aprova o Regime Jurídico da Supervisão de Auditoria, cabe à CMVM o controlo de qualidade dos ROC e das SROC de Entidades de Interesse Público (EIP), e a supervisão do controlo de qualidade dos ROC e das SROC que não realizem revisão legal de contas a EIP. Face ao exposto, a presente dissertação tem como objetivo analisar o controlo de qualidade externo, realizado em Portugal, baseando-se nos Relatórios de Controlo de Qualidade da Auditoria, publicados, anualmente, no website da OROC e da CMVM. Os Relatórios de Controlo de Qualidade da Auditoria demonstram a atividade desenvolvida pela Comissão do Controlo de Qualidade (CCQ), a qual consiste em realizar controlos de qualidade, destinados aos ROC e SROC, relativamente aos seus exames de demonstrações financeiras, bem como controlos solicitados pelo Conselho Diretivo. Inicialmente é realizado um controlo horizontal, que incide sobre as entidades selecionadas e foca-se no sistema interno de controlo de qualidade, nos princípios éticos, nos recursos humanos utilizados e no relatório de transparência e um controlo vertical, que incide nos dossiês das entidades selecionadas e se concentra no planeamento e execução do trabalho, no relato de reservas e ênfases e nos honorários praticados. Seguidamente, é efetuado um acompanhamento de processos em que, em exercícios anteriores se detetaram observações e recomendações de relevância. Caso as recomendações e observações não sejam implementadas corretamente ou os controlos de qualidade tenham tido resultados insatisfatórios, estes processos serão remetidos ao Conselho Diretivo. Os Relatórios de Controlo de Qualidade da Auditoria estudados nesta dissertação correspondem ao período compreendido entre 2008 e 2016, perfazendo nove relatórios. Nesta dissertação, mediante uma análise de conteúdo, serão abordados todos os pontos referidos nos Relatórios de Controlo de Qualidade da Auditoria e, com esta informação, será possível avaliar as principais deficiências apontadas no controlo de qualidade e verificar como estas têm sido corrigidas ao longo dos anos.

A presente dissertação encontra-se dividida em três capítulos. No primeiro capítulo apresentamos uma breve descrição das fases de auditoria e como esta é realizada em Portugal.

Adicionalmente, investigamos alguns fatores determinantes da qualidade da auditoria. No capítulo 2 estudamos o controlo da qualidade de auditoria, que se encontra dividido em controlo interno e controlo externo, apoiando-nos nas normas e regulamentos de auditoria em vigor. O capítulo 3 versa sobre o estudo empírico. Como tal, numa primeira fase descrevemos o objetivo, a metodologia e a amostra do estudo e, seguidamente, serão apresentados e discutidos os resultados. Por fim, serão relatadas as respetivas conclusões.

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CAPÍTULO I:

A AUDITORIA E A SUA

QUALIDADE

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5 CAPÍTULO I: A AUDITORIA E A SUA QUALIDADE

Na auditoria financeira, o auditor, baseado na prova de auditoria suficiente e apropriada obtida, exprime a sua opinião sobre se as demonstrações financeiras apresentam, ou não, distorções materialmente relevantes (Pinto, 2016). Todavia, para que o auditor apresente qualidade no trabalho de auditoria é obrigatório que este cumpra todas as normas legais de auditoria, sobretudo o Código de Ética da OROC, que enfatiza alguns princípios fundamentais que o auditor deve seguir para que mantenha uma conduta pessoal e profissional, prestigiando a sua profissão.

Na senda deste pensamento, segundo Monteiro (2008), cada auditor deve contribuir para ajudar as empresas a introduzir maior veracidade nas informações financeiras que divulgam. Por conseguinte, os auditores devem ser capazes de melhorar a qualidade das auditorias a realizar, apresentando mais rigor nas conclusões extraídas. O mesmo autor refere que o auditor deverá reforçar a sua integridade, salvaguardar a sua independência e melhorar a sua competência para que o trabalho de auditoria seja credível.

Cientes desta realidade, neste capítulo faremos uma breve descrição das fases da auditoria que os auditores devem respeitar e como esta é realizada em Portugal. Serão, também, abordados os principais fatores que poderão influenciar a qualidade da auditoria.

1.1. ENQUADRAMENTO DA AUDITORIA

A auditoria financeira consiste num exame às demonstrações financeiras da entidade, do qual resulta a expressão de uma opinião do auditor sobre se as demonstrações financeiras estão preparadas, em todos os aspectos materiais, de acordo com uma estrutura conceptual de relato financeiro aplicável (§ 3 da ISA 200).

Este tipo de auditoria tem vindo a tornar-se um elemento fundamental nas empresas portuguesas. Uma entidade auditada transmite uma maior qualidade e transparência da informação financeira aos seus stakeholders1 contribuindo, assim, para a boa imagem da empresa no mercado.

Zagonov (2011) afirma que a auditoria representa, de forma geral, um instrumento para assegurar a confiabilidade do processo de divulgação financeira, sendo uma referência para que os utilizadores das demonstrações financeiras, em especial os investidores, possam tomar suas decisões. A auditoria, também, é definida como um processo de acumulação e avaliação sobre certa matéria financeira ou não financeira da empresa, procedimentos, conduta das operações, resultados das operações ou o cumprimento das leis, regulamentos e ordens (Alves, 2015). Como tal, a auditoria financeira consiste num processo de recolha, atualização e análise financeira da entidade, com o objetivo de adotar decisões, retirar conclusões e emitir uma opinião de auditoria, tendo por base os princípios e técnicas contabilísticas. Por conseguinte, o auditor deve estar adequadamente

1Pessoa, grupo ou organização que tem interesse numa outra organização. As partes interessadas podem afetar ou ser afetadas pelas ações, objetivos e políticas da organização.

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6 qualificado para realizar o trabalho de auditoria, atendendo aos requisitos éticos. Na figura seguinte apresentamos as etapas fundamentais para a boa execução de um trabalho de auditoria.

Figura 1: Fases da Auditoria Financeira

Fonte: European Court of Auditors (2012:23)

1.1.1.Planeamento

O planeamento de uma auditoria implica recolher e avaliar informações, bem como tomar decisões acerca do âmbito, método e recursos da auditoria. De acordo com o nº A1 da ISA 300 –

“Planear uma auditoria de Demonstrações Financeiras”2, planear uma auditoria envolve

“estabelecer a estratégia global de auditoria que fixe o âmbito, a tempestividade e a direção da auditoria, e que oriente o desenvolvimento do plano de auditoria”. A mesma norma refere, ainda, que o planeamento beneficia a auditoria, ajudando o auditor a prestar atenção na áreas importantes da auditoria, a identificar potenciais problemas de uma forma tempestiva, bem como a organizar o seu trabalho para que este seja eficaz e eficiente.

O auditor deve, segundo o nº 9 da ISA 300, “desenvolver e documentar um plano global de revisão/auditoria que descreva o âmbito e a condução esperados, suficientemente pormenorizado para orientar o desenvolvimento do respetivo programa de trabalho”. Na elaboração do plano global de revisão/auditoria, o auditor deve ter em consideração alguns aspetos, seguidamente indicados:

Conhecimento do Negócio: O auditor deverá ter um conhecimento preliminar dos fatores económicos, do sector e da entidade em que opera. De acordo com a ISA 315 – “Identificar e Avaliar os Riscos de Distorção Material por Meio da Compreensão da Entidade e do seu Ambiente”, diversas características da entidade devem ser tidas em conta para uma auditoria eficaz, tais como a gestão e os detentores de capital, os negócios e estratégias, o desempenho financeiro e influência externas que afetam o órgão de gestão na preparação

2A InternationalFederationofAccountants (IFAC) tem como objetivo emitir normas internacionais de auditoria, com o intuito de melhorar e uniformizar as práticas de auditoria em todo mundo, entre as quais estão as ISA. A OROC representa Portugal na IFAC.

• Avaliar os riscos materiais através do conhecimento do ambiente de auditoria

• Conceber procedimentos de auditoria PLANEAMENTO

• Executar procedimentos de auditoria

• Avaliar os resultados em comparação com as expetativas

OBTENÇÃO DA PROVA DE AUDITORIA

• Formular uma conclusão e/ou opinião de auditoria

• Redigir o relatório de auditoria ELABORAÇÃO DE

RELATÓRIOS

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7 das demonstrações financeiras (legislação, fiscalidade, ambiente regulamentador e requisitos).

Sistema Contabilístico e Controlo Interno: As normas contabilísticas e de auditoria, tais como todas as tarefas realizadas para manter os registos financeiros da entidade, são informações importantes para o auditor. O sistema de controlo interno engloba todas as políticas e procedimentos adotados pela gestão da entidade que contribuem para a condução eficiente do negócio, a salvaguarda de ativos, a prevenção e deteção de fraude e erros, o rigor dos registos contabilísticos e o cumprimento das leis e regulamentos (ISA 315).

Risco e Materialidade: De acordo com a ISA 320 – “Materialidade no Planeamento e Execução de uma Auditoria” um assunto é material se a omissão ou distorção das demonstrações financeiras influenciar as decisões económicas de um utilizador. No plano global de auditoria deve estar estabelecido o nível de materialidade aceitável para que seja possível detetar distorções materialmente relevantes. O risco de auditoria, segundo o nº A1 da ISA 320, “é o risco de o auditor expressar uma opinião não apropriada quando as demonstrações financeiras estejam materialmente distorcidas”. O risco de auditoria tem três componentes: risco inerente3, risco de controlo4 e risco de deteção5. A materialidade e o risco de auditoria têm uma relação inversa, ou seja, quanto mais baixo for o nível de materialidade, maior o risco de auditoria e vice-versa.

Natureza, Tempestividade e Extensão dos Procedimentos: Variam de acordo com a dimensão e complexidade da entidade auditada, a anteriores experiências com a entidade dos principais membros da equipa de trabalho e outras circunstâncias que ocorram durante o trabalho (nº A2 da ISA 300)

Coordenação, Direção, Supervisão e Verificação: Deve ser tida em conta a dimensão e complexidade da entidade, assim como a capacidade e competência do ROC.

Utilização de Tecnologias de Informação pelo Auditor e/ou pela Entidade: A complexidade das operações efetuadas pela entidade, através do computador, a extensão em que o computador é usado em cada aplicação contabilística, a disponibilidade dos dados.

Outros Assuntos: O auditor deve verificar todos os papéis de trabalho, as demonstrações financeiras e a CLC/Relatório de Auditoria do exercício anterior. A possibilidade de o princípio da continuidade ser posto em causa.

3Suscetibilidade de um saldo de conta ou classe de transações conter uma distorção materialmente relevante, assumindo que não existem os respetivos controlos internos.

4Suscetibilidade de uma distorção não vir a ser prevenida ou detetada e corrigida pelo sistema de controlo interno.

5Suscetibilidade dos procedimentos substantivos, executados pelo auditor, não virem a detetar uma distorção.

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8 1.1.2.Prova de Auditoria

O auditor tem como objetivo apresentar o seu parecer profissional sobre a informação financeira de determinada empresa, desse modo, é necessário recorrer a inspeções, observações, indagações, confirmações, cálculos e procedimentos analíticos. O nº A10 da ISA 500 – “Prova de Auditoria” menciona dois tipos de testes: (i) os testes de controlo, que são utilizados para obter prova de auditoria sobre os sistemas contabilísticos e de controlo interno e (ii) os procedimentos substantivos (testes de detalhe e procedimentos analíticos), que são realizados para detetar distorções materialmente relevantes nas demonstrações financeiras. A prova de auditoria deverá ser apropriada (qualidade e relevância) e suficiente (quantidade), para que permita ao auditor formar a sua opinião, devendo tal prova ficar documentada nos seus papéis de trabalho.

1.1.3.Relatório de Auditoria

Os relatórios de auditoria apresentam a opinião do auditor sobre se as demonstrações financeiras têm, ou não, distorções materialmente relevantes (nº 6 da ISA 700 – Relatório de Auditoria). Existem diferentes relatórios, nomeadamente:

Certificação Legal das Contas (CLC), que é emitida após uma revisão legal de contas, nos termos legais e regulamentares (nº 1 do artigo 45º do EOROC)

Relatório de Auditoria, que difere do anterior apenas pelo facto de não ser imposto por lei, ou seja, este documento é emitido sequência do exercício da revisão voluntária (nº 9 do artigo 45º do EOROC).

No caso das demonstrações financeiras não necessitarem de qualquer reparo, o auditor emite uma opinião sem reservas e sem ênfases. No entanto, poderão existir matérias que afetam as demonstrações financeiras, mas não a opinião do auditor, neste caso, é emitido um relatório com ênfases, denominado por opinião não qualificada (ISA, 700).

De acordo com o previsto na ISA 705, as matérias que afetam a opinião do auditor (opinião qualificada) dão lugar a:

Opinião qualificada, se, por algum motivo, o auditor não conseguir fazer todo o trabalho que considera necessário (reservas por limitação de âmbito), ou então, situações de erros, omissões ou discordância das políticas e princípios contabilísticos (reserva por desacordo).

Escusa de opinião, quando os efeitos das limitações de âmbito forem muitos significativos e o auditor não tem condições para expressar uma opinião sobre as demonstrações financeiras;

Opinião adversa, se o auditor considerar que as demonstrações financeiras induzem em erro os utilizadores.

O auditor deverá recusar-se a emitir um Relatório de Auditoria se concluir que não tem matéria suficiente para apreciação.

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9 1.2. A AUDITORIA EM PORTUGAL

A Lei nº 140/2015, de 7 de setembro, que aprovou o novo EOROC, estabeleceu o regime jurídico de criação, organização e funcionamento das associações públicas profissionais. De acordo com o artigo 6º do EOROC, é da responsabilidade da OROC:

“Regular o acesso e o exercício da profissão em todo o território nacional;

Supervisionar a atividade de auditoria às contas e serviços relacionados;

Conceder o título profissional de ROC e de especialidade profissional;

Zelar pela função social, dignidade e prestígio da profissão e promover o respeito pelos princípios éticos e deontológicos;

Promover e contribuir para o aperfeiçoamento e a formação profissional dos seus membros;

Entre outros.”

Os ROC e as SROC têm como principais funções a auditorias às contas e o exercício de quaisquer outras funções sobre determinados factos patrimoniais de empresas ou de outras entidades (artigo 41º do EOROC). Como disposto no artigo 48º do EOROC, o ROC também pode exercer outras atividades fora do âmbito das funções de interesse público, como a “docência, membros de comissão de auditoria e de órgãos de fiscalização ou de supervisão de empresas ou outras entidades, consultoria e outros serviços no âmbito de matérias inerentes à sua formação e qualificação profissional, Administrador da insolvência e liquidatário e Administrador ou gerente de sociedades participadas por SROC”. Estas funções podem ser desempenhadas a título individual, como sócio de uma SROC ou sob contrato celebrado com um ROC, a título individual ou com uma SROC (artigo 49º do EOROC).

Em conformidade com o artigo 81º do EOROC, o ROC ou a SROC que realize a revisão legal de contas deve comunicar às autoridades competentes pela supervisão de interesse público qualquer informação que possa influenciar a auditoria das contas, tais como uma violação material das disposições legais, uma ameaça ou dúvida em relação à continuidade das operações da EIP ou uma escusa de opinião sobre as contas, a emissão de uma opinião adversa ou com reservas, ou a impossibilidade de emitir o relatório.

O novo EOROC introduz melhorias no regime de acesso à profissão, eliminando a nacionalidade e a formação de base especializada. Segundo o artigo 148º do EOROC, no acesso à profissão de ROC o candidato deverá cumprir certos requisitos e, ainda, obter aproveitamento no exame de admissão à OROC e no estágio profissional, que só deve ser concluído após a aprovação no exame. Os principais requisitos de inscrição como ROC são os seguintes:

“Apresentar idoneidade e qualificação profissional adequadas para o exercício da profissão;

Estar no pleno gozo dos direitos civis e políticos;

Ser titular de um grau académico de licenciado pré-Bolonha, mestre ou doutor, ou de um grau académico superior estrangeiro que tenha sido declarado equivalente a um daqueles graus ou reconhecido como produzindo os efeitos de um daqueles graus.”

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10 Em 8 de junho de 2017, encontravam-se registados, na OROC, 1835 ROC e 320 SROC.

1.3. QUALIDADE DA AUDITORIA

A qualidade da auditoria baseia-se no cumprimento de todas as normas e regulamentos de auditoria em vigor, de modo a que os relatórios e pareceres emitidos pela firma ou pelos sócios responsáveis pelo trabalho de auditoria sejam apropriados nas circunstâncias (ISQC1). A qualidade de uma auditoria aumenta a eficiência no trabalho do auditor e reforça a imagem e confiança dos serviços de auditoria. É fundamental que o auditor consiga demonstrar e convencer o mercado e os agentes económicos que é independente, profissional, íntegro, credível, que defende a transparência e que atua com rigor, para isso, é necessário o cumprimento de todas as normas profissionais da auditoria (Rodrigues, 2010). Vários autores consideram como fatores importantes da qualidade da auditoria os requisitos éticos, a experiência, o conhecimento, a independência e o valor dos honorários.

A qualidade da auditoria mede-se, essencialmente, pelo conhecimento ou capacidade técnica e pela independência. Houshmand e Mahdavi (2012) mencionam os atributos pessoais dos auditores, o nível de formação e os padrões éticos como principais condicionantes para a qualidade da auditoria. Para estes autores estas características, juntamente com a formação, são fatores essenciais para um serviço de auditoria de qualidade. Bekiaris e Tasios (2012) consideram que a relevância, representação fiel, comparabilidade, verificabilidade, oportunidade e compreensibilidade têm maior impacto na qualidade da auditoria. O estudo dos supracitados autores concluiu que os auditores consideram a representação fiel como a característica mais importante para a qualidade dos relatórios financeiros. Em concordância com o Código de Ética da OROC, os auditores devem apresentar uma conduta pessoal e profissional no seu trabalho de auditoria, cumprindo os seguintes princípios fundamentais:

Integridade: os auditores deverão ser corretos e honestos nos relacionamentos profissionais, não devendo ficar associados a quaisquer informação falsa ou com falta de clareza capaz de induzir os stakeholders em erro;

Objetividade: o auditor tem a obrigação de recusar um trabalho quando existem situações que prejudiquem a qualidade do serviço de auditoria, o preconceito, conflitos de interesses ou influência de terceiros que poderão comprometer o seu julgamento profissional;

Competência e zelo profissional: a formação contínua é um fator importante nesta profissão, portanto, o auditor além de aplicar as normas técnicas e profissionais de auditoria, deverá manter os seus conhecimentos e competências profissionais, para que o seu cliente receba um serviço de qualidade;

Confidencialidade: a informação recolhida, proveniente de relacionamentos profissionais, não poderá ser divulgada a terceiros a não ser que exista um direito ou dever legal de a divulgar ou, então, haja autorização por escrito da entidade a que respeita a informação. O auditor não pode utilizar a informação recolhida para vantagem pessoal ou de terceiros;

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11

Comportamento profissional: o auditor deverá cumprir todas as leis e regulamentos profissionais, ser verdadeiro e nunca pôr em causa o bom nome da profissão.

Um dos fatores que eleva a qualidade da auditoria é a experiência do auditor. Felo et al.

(2003) verificam que os relatórios financeiros terão maior qualidade numa empresa de auditoria em que, grande parte dos colaboradores tem experiência em contabilidade ou administração financeira.

Frederick e Libby (1990) afirmam que o auditor com maior conhecimento e experiência deteta, com maior facilidade possíveis erros nas demonstrações financeiras, permitindo obter uma conclusão apropriada mais rapidamente do que os menos experientes e potenciando a qualidade do trabalho do auditor. De acordo com Carcello et al. (1992), a experiência das equipas de auditoria, o conhecimento da indústria/sector, a capacidade de resposta às necessidades do cliente e, ainda, a atuação em conformidade com as normas de auditoria, são apontados como fatores determinantes para a qualidade da auditoria. O estudo destes autores destacou a experiência dos membros da equipa de auditoria como um atributo importante na auditoria. Costa e Moreira (2010) chegaram à conclusão que, para um mesmo nível de experiência, os auditores individuais tendem a desenvolver auditorias de maior qualidade, que os auditores que pertencem a firmas de auditoria, incluindo as Big 4.

Além disso, a todos aqueles que realizam trabalhos de auditoria é exigido pelo Código de Ética da OROC, que sejam independentes dos clientes. Por conseguinte, o auditor deve apresentar uma conduta profissional, não sendo influenciado por situações ou terceiros que possam comprometer os seus princípios éticos e que levem a um julgamento profissional errado. De acordo com o nº 3 do 71º do EOROC, os ROC e as SROC não podem realizar trabalhos de auditoria quando existem ameaças de autor-revisão, interesse próprio, representação, familiaridade ou intimidação, criadas por relações pessoais ou profissionais entre o ROC ou SROC e a entidade a ser auditada.

O estudo de Aderin et al. (2013) enuncia que a independência é um determinante significativo para a qualidade da auditoria. Porém, Ball (2013) não evidenciou a relação auditor-cliente como capaz de afetar a independência do auditor e com isso diminuir a qualidade da auditoria. Contudo, os resultados do estudo de Enofe et al. (2013) constaram que o aumento da independência dos auditores aumenta a qualidade da auditoria. Todavia, aumentando a independência do Conselho de Administração e da estrutura da empresa, a qualidade poderá diminuir. Santos (2009) e Pereira (2015) compararam a independência da auditoria entre as Big 4 e as pequenas empresas, o primeiro estudo revelou que os auditores das Big 4 tendem a apresentar uma opinião limpa e as pequenas empresas tendem a apresentar uma opinião modificada, existindo, assim, uma relação com a qualidade da auditoria. No segundo estudo, o autor encontrou indícios de que as pequenas empresas são mais independentes do que as Big 4. É, igualmente, exigido às empresas de auditoria a rotação obrigatória dos auditores externos, depois de um determinado número de anos. Nas EIP o período máximo de execução de auditoria é de sete anos, que poderá excecionalmente ser prorrogado até um máximo de dez anos mediante a aprovação do órgão competente (nº 2 e 3 do artigo 54º da EOROC). Todavia, existe uma relação negativa entre a rotação obrigatória dos auditores e a qualidade da auditoria (Erah et al., 2012).

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12 O decreto-lei n.º 225/2008, de 20 de novembro, obriga os ROC, que realizam auditorias de EIP, a publicar, no seu sítio de Internet, o relatório anual de transparência, no prazo de três meses, a contar do fim de cada exercício financeiro. Cular e Pivac (2012) analisaram o arquivo de relatórios de transparência publicados e realizaram pesquisas com especialistas de auditoria relevantes, os resultados do estudo indicam que, as empresas de auditoria não são totalmente transparentes, pois apresentam deficiências nos seus relatórios. Torna-se fundamental avaliar estes relatórios, com o fim de proporcionar melhor transparência e qualidade nos relatórios financeiros.

O tamanho da empresa também foi apontado como um fator significativo na qualidade da auditoria. Os estudos de Felo et al. (2003), Alsaqqa e Sawan (2012) e Hussein e MohdHanefah (2013) concluíram que as maiores empresas de auditoria proporcionam maior qualidade na auditoria, porque oferecem mais credibilidade às demonstrações financeiras dos clientes, têm maior capacidade para se especializarem e maior inovação tecnológica, podendo detetar, com maior facilidade, erros ou manipulação, sendo, também, da opinião que trabalham com maior independência.

Não são só os aspetos técnicos, como a organização, competência e o carácter informativo e crítico, que levam um cliente a escolher a empresa de auditoria. Martinez e Moraes (2014) afirmam que a aplicação de honorários anormais tende a influenciar a opinião do auditor e, com isso, afetar a qualidade do trabalho de auditoria, pois o facto de serem aplicados honorários excessivamente baixos poderá originar uma situação de pressão para a não execução do trabalho de auditoria de acordo com as normas e regulamentos em vigor. Pelo contrário, Ball (2013) acha exagerada a preocupação dos honorários de auditoria prejudicar a qualidade desta. García et al (1999) verificaram que aspetos, como a imagem, modernidade e sucesso da empresa são características de qualidade, bem como a sua dimensão internacional, em que alguns destes, não levam à satisfação dos clientes nas pequenas empresas. Não só na atividade de auditoria, como em outras, a reputação da empresa é uma característica de qualidade. Portanto, Aronmwan et al. (2013) recomendam que as empresas devem contratar os serviços das empresas de auditoria com histórico comprovado de qualidade e reputação da auditoria.

Mediante o que foi referido, e uma vez que a qualidade da auditoria é um fator essencial para a imagem verdadeira e apropriada das demonstrações financeiras de uma entidade, é importante efetuar controlos de qualidade aos ROC e SROC que realizem revisão legal de contas.

O controlo de qualidade da auditoria visa verificar se todas as normas e regulamentos de auditoria em vigor estão a ser cumpridos de forma idónea, sem nunca prejudicar a qualidade do trabalho de auditoria.

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13

CAPÍTULO II:

O CONTROLO DE QUALIDADE

DA AUDITORIA

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15 CAPÍTULO II: O CONTROLO DE QUALIDADE DA AUDITORIA

A qualidade numa auditoria é um fator relevante para o sucesso desta atividade, refletindo- se na alocação do capital e no processo de tomada de decisão das entidades e dos stakeholders.

Cientes desta realidade são necessários exames periódicos, independentes e documentados das atividades, dos registos, dos processos e de outros elementos do sistema de qualidade, para determinar a sua conformidade com as normas e regulamentos da auditoria. A supervisão da qualidade da auditoria é defendida por Kothari et al. (2012), Stewart (2012), Baylon et al. (2013) e Carson et al. (2013), em que afirmam que a qualidade da auditoria melhora após a supervisão pública e a realização de inspeções, mencionando que as características específicas dos programas de controlo não são tão importantes. Porém, estes programas de avaliação da qualidade devem ser mais rápidos e potenciar a melhoria e desempenho de qualidade da auditoria.

Face ao que foi referido, os organismos profissionais de auditoria impuseram o controlo de qualidade a todos os ROC e SROC. Deste modo, e nos termos da ISA 220 - “Controlo de qualidade para auditorias de informação financeira histórica”, e da ISQC 1 - “Controlo de qualidade para firmas que executem auditorias e revisões de demonstrações financeiras e outros trabalhos de garantia de fiabilidade e de serviços relacionados” e do EOROC, os ROC e as SROC são obrigados a efetuar, permanentemente, um controlo de qualidade interno. Adicionalmente, deverá haver um controlo de qualidade externo, no qual, nos termos do Regime Jurídico de Supervisão de Auditoria, as funções do Conselho Nacional de Supervisão de Auditoria (CNSA), passaram para a alçada da CMVM.

2.1. CONTROLO DE QUALIDADE INTERNO

Os ROC e as SROC são autoridades competentes no controlo da qualidade da auditoria, sendo da sua responsabilidade adotar políticas e procedimentos adequados para uma revisão legal de contas ou auditoria às contas6 eficiente. Para Godinho (2012), a implementação de um sistema de controlo de qualidade interno deverá ser uma "obrigatoriedade" em todas as organizações, independentemente da sua dimensão ou da natureza dos seus clientes. Reforçando esta ideia, Coelho (2010) refere que a aplicação de políticas e procedimentos de controlo interno melhora a qualidade dos trabalhos de auditoria.

O controlo da qualidade da auditoria tem como objetivo evitar que os princípios éticos ou a independência sejam postos em causa no trabalho de auditoria e que todas as normas de auditoria sejam cumpridas. De acordo com o nº 1 do artigo 74º do EOROC, os ROC e as SROC estabelecem procedimentos administrativos e contabilísticos, mecanismos de controlo de forma a garantir o cumprimento do trabalho de auditoria e, ainda, adotam medidas para o controlo e salvaguarda dos sistemas de tratamento de informação. Segundo o mesmo artigo, devem ser aplicados procedimentos que garantam que todos os envolvidos na atividade de revisão ou auditoria tenham

6 A revisão legal de contas é realizada pelos ROC, de acordo com disposições legais e com a obrigatoriedade de emissão da CLC (artigo 44º da EOROC). A auditoria às contas inclui exames e outros serviços relacionados com as contas de empresas ou de outras entidades, efetuados de acordo com as normas de auditoria em vigor (artigo 42º da EOROC).

(34)

16 conhecimentos e experiência apropriados para o desempenho das suas funções. O artigo 74º do EOROC refere, no nº 4, que os ROC e as SROC deverão aplicar políticas e procedimentos na subcontratação de funções de auditoria para que a qualidade da auditoria e a capacidade para supervisionar o cumprimento das obrigações legais da auditoria não sejam prejudicadas. Para o efeito, os ROC e as SROC criam medidas adequadas, de modo a prevenir ou eliminar ameaças à independência e gerir incidentes que possam ter consequências graves para a integridade do trabalho de auditoria. Para assegurar a qualidade da auditoria, deverão ser adotadas políticas de remuneração adequadas, incluindo políticas de distribuição de lucros, que ofereçam incentivos ao desempenho. Porém, as receitas obtidas pela prestação de serviços distintos da auditoria à entidade auditada não podem ser constituídas como critério ou elemento da avaliação de desempenho e da remuneração de qualquer pessoa, que possa influenciar a realização da auditoria.

De acordo com o nº 7 do artigo 74º do EOROC, os ROC e as SROC estabelecem sistemas de controlo interno para a adequação da qualidade da auditoria, devendo este sistema de controlo ser realizado por uma pessoa qualificada como ROC. A adequação e a eficácia destes sistemas deverão ser acompanhadas e avaliadas pelos ROC e as SROC, sendo adotados mecanismos de controlo interno e outros dispositivos para corrigir eventuais consequências.

A CMVM tem como responsabilidade garantir que os requisitos referidos anteriormente, são válidos e que todas as políticas e procedimentos estabelecidos são cumpridos e adequados à referida dimensão e complexidade, devendo manter-se registadas as conclusões ou qualquer medida proposta para alterar o sistema de controlo de qualidade interno.

O controlo de qualidade interno do trabalho de auditoria é realizado antes da emissão da CLC, para verificar se o ROC formou a opinião ou as conclusões inapropriadas. O nº 2 do artigo 80º do EOROC refere que o controlo de qualidade interno deverá ser efetuado por:

A. “Um revisor oficial de contas, não envolvido na execução da revisão legal das contas a que respeita o controlo;

B. Um outro revisor oficial de contas exterior à sociedade de revisores oficiais de contas, caso a revisão legal das contas seja realizada por uma sociedade de revisores oficiais de contas cujos revisores oficiais de contas tenham estado, na sua totalidade, envolvidos na realização da revisão legal das contas;

C. Um outro revisor oficial de contas, caso a revisão legal das contas seja efetuada por um revisor oficial de contas a título individual.”

O mesmo artigo, no nº 5, enumera alguns elementos que deverão ser avaliados na revisão de controlo de qualidade interno, tais como:

A. “Da independência do revisor oficial de contas ou da sociedade de revisores oficiais de contas em relação à entidade auditada;

B. Os riscos significativos que sejam relevantes para a revisão legal das contas e que tenham sido identificados pelo revisor oficial de contas ou pelo sócio principal da sociedade de revisores oficiais de contas durante a realização da revisão legal das contas e as medidas que tomou para gerir adequadamente esses riscos;

(35)

17 C. A fundamentação do revisor oficial de contas ou do sócio principal da sociedade de revisores oficiais de contas, nomeadamente no que respeita ao nível da materialidade e aos riscos significativos referidos na alínea b);

D. Qualquer pedido de parecer a peritos externos e o seu impacto no trabalho realizado;

E. A natureza e o âmbito das distorções das contas, corrigidas e não corrigidas, que foram identificadas durante a execução da auditoria;

F. Os assuntos debatidos com os órgãos de fiscalização e de administração da entidade auditada;

G. Os assuntos debatidos com as autoridades competentes e, se aplicável, com outras entidades;

H. Se os documentos e as informações do arquivo de auditoria selecionados para análise pelo revisor oficial de contas do controlo de qualidade interno sustentam a opinião do revisor oficial de contas ou do sócio principal da sociedade de revisores oficiais de contas, conforme expressa nos projetos de certificação legal de contas e de relatório adicional dirigido ao órgão de fiscalização.”

Conforme a ISA 220 – “Controlo de qualidade para auditorias de informação financeira histórica” e a ISQC 17 - “Controlo de qualidade para as empresas que executam auditorias e avaliações das demonstrações financeiras e outras garantias e serviços de serviços relacionados”, a empresa deve aplicar políticas e procedimentos que abordem os seguintes elementos:

Responsabilidades de liderança pela qualidade dentro da empresa;

Requisitos éticos relevantes;

Aceitação e continuação de relacionamentos de clientes e trabalhos específicos;

Recursos humanos;

Desempenho do trabalho;

Monitorização.

2.1.1. Responsabilidades de Liderança na Qualidade de Auditorias

Ao líder de uma equipa de trabalho cabe a responsabilidade de promover a qualidade da auditoria, através de políticas e procedimentos. O nº 6 e 7 da ISA 220 ressaltam a importância da qualidade da auditoria, como um fator relevante para um trabalho de auditoria eficiente. Desse modo, é exigido exercer o trabalho de acordo com as normas e regulamentos profissionais e emitir relatórios de auditoria apropriados.

Os membros de uma equipa de trabalho deverão, também, cumprir todas as políticas e procedimentos de controlo de qualidade, definidas pelo responsável do sistema de controlo de qualidade da firma de auditoria. Segundo o nº 18 e 19 da ISQC 1, o diretor executivo ou o diretor

7A ISQC prevê as responsabilidades de uma firma de auditoria pelo sistema de controlo de qualidade das auditorias e revisões de demonstrações financeiras e outros compromissos de garantia e serviços relacionados.

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18 administrativo estabelece as políticas e procedimentos da firma de auditoria desde que, tenha a experiência, habilidade e autoridade suficientes para assumir a responsabilidade pelo sistema de controlo de qualidade da firma de auditoria.

A qualidade do trabalho de auditoria pode ser promovida através de ações e mensagens integradas na documentação interna, como materiais de formação e procedimentos de avaliação de parceiros e funcionários, não havendo limites de formação, reunião e boletins informativos, de maneira a que seja reconhecida a qualidade da auditoria e como esta deve ser alcançada (nº A4 da ISQC 1).

A liderança de uma firma de auditoria deve reconhecer a qualidade da auditoria, como um requisito principal a atingir, em todos os trabalhos que a firma de auditoria executa. Conforme o nº A5 da ISQC 1, a firma de auditoria pode desenvolver políticas e procedimentos que avaliam o desempenho, compensação e promoção relativamente ao seu pessoal, por forma a incentivar e recompensar o trabalho com qualidade. Questões comerciais não poderão ultrapassar a qualidade do trabalho. Desse modo, deverão ser atribuídas responsabilidades de gestão. O mesmo artigo refere, ainda, que é necessário prestar recursos suficientes para o desenvolvimento, documentação e suporte das políticas e procedimentos do controlo da qualidade.

2.1.2. Requisitos éticos relevantes

A qualidade da auditoria depende, essencialmente, do cumprimento dos seguintes princípios fundamentais, descritos anteriormente e previstos no Código de Ética da OROC:

 Integridade;

 Objetividade;

 Competência e zelo profissional;

 Confidencialidade;

 Comportamento profissional.

O nº A9 da ISQC 1 reforça os princípios fundamentais acrescentando:

A liderança da empresa;

Formação;

Monitorização;

Processo para lidar com o incumprimento.

No entanto, uma circunstância ou relacionamento pode constituir uma ameaça para o cumprimento dos princípios fundamentais. No Código de Ética da OROC estão categorizadas diversas ameaças, as quais expomos na figura abaixo.

Referências

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