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CAPÍTULO I: A AUDITORIA E A SUA QUALIDADE

1.3. QUALIDADE DA AUDITORIA

Em 8 de junho de 2017, encontravam-se registados, na OROC, 1835 ROC e 320 SROC.

1.3. QUALIDADE DA AUDITORIA

A qualidade da auditoria baseia-se no cumprimento de todas as normas e regulamentos de auditoria em vigor, de modo a que os relatórios e pareceres emitidos pela firma ou pelos sócios responsáveis pelo trabalho de auditoria sejam apropriados nas circunstâncias (ISQC1). A qualidade de uma auditoria aumenta a eficiência no trabalho do auditor e reforça a imagem e confiança dos serviços de auditoria. É fundamental que o auditor consiga demonstrar e convencer o mercado e os agentes económicos que é independente, profissional, íntegro, credível, que defende a transparência e que atua com rigor, para isso, é necessário o cumprimento de todas as normas profissionais da auditoria (Rodrigues, 2010). Vários autores consideram como fatores importantes da qualidade da auditoria os requisitos éticos, a experiência, o conhecimento, a independência e o valor dos honorários.

A qualidade da auditoria mede-se, essencialmente, pelo conhecimento ou capacidade técnica e pela independência. Houshmand e Mahdavi (2012) mencionam os atributos pessoais dos auditores, o nível de formação e os padrões éticos como principais condicionantes para a qualidade da auditoria. Para estes autores estas características, juntamente com a formação, são fatores essenciais para um serviço de auditoria de qualidade. Bekiaris e Tasios (2012) consideram que a relevância, representação fiel, comparabilidade, verificabilidade, oportunidade e compreensibilidade têm maior impacto na qualidade da auditoria. O estudo dos supracitados autores concluiu que os auditores consideram a representação fiel como a característica mais importante para a qualidade dos relatórios financeiros. Em concordância com o Código de Ética da OROC, os auditores devem apresentar uma conduta pessoal e profissional no seu trabalho de auditoria, cumprindo os seguintes princípios fundamentais:

Integridade: os auditores deverão ser corretos e honestos nos relacionamentos

profissionais, não devendo ficar associados a quaisquer informação falsa ou com falta de clareza capaz de induzir os stakeholders em erro;

Objetividade: o auditor tem a obrigação de recusar um trabalho quando existem situações

que prejudiquem a qualidade do serviço de auditoria, o preconceito, conflitos de interesses ou influência de terceiros que poderão comprometer o seu julgamento profissional;

Competência e zelo profissional: a formação contínua é um fator importante nesta

profissão, portanto, o auditor além de aplicar as normas técnicas e profissionais de auditoria, deverá manter os seus conhecimentos e competências profissionais, para que o seu cliente receba um serviço de qualidade;

Confidencialidade: a informação recolhida, proveniente de relacionamentos profissionais,

não poderá ser divulgada a terceiros a não ser que exista um direito ou dever legal de a divulgar ou, então, haja autorização por escrito da entidade a que respeita a informação. O auditor não pode utilizar a informação recolhida para vantagem pessoal ou de terceiros;

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Comportamento profissional: o auditor deverá cumprir todas as leis e regulamentos

profissionais, ser verdadeiro e nunca pôr em causa o bom nome da profissão.

Um dos fatores que eleva a qualidade da auditoria é a experiência do auditor. Felo et al. (2003) verificam que os relatórios financeiros terão maior qualidade numa empresa de auditoria em que, grande parte dos colaboradores tem experiência em contabilidade ou administração financeira. Frederick e Libby (1990) afirmam que o auditor com maior conhecimento e experiência deteta, com maior facilidade possíveis erros nas demonstrações financeiras, permitindo obter uma conclusão apropriada mais rapidamente do que os menos experientes e potenciando a qualidade do trabalho do auditor. De acordo com Carcello et al. (1992), a experiência das equipas de auditoria, o conhecimento da indústria/sector, a capacidade de resposta às necessidades do cliente e, ainda, a atuação em conformidade com as normas de auditoria, são apontados como fatores determinantes para a qualidade da auditoria. O estudo destes autores destacou a experiência dos membros da equipa de auditoria como um atributo importante na auditoria. Costa e Moreira (2010) chegaram à conclusão que, para um mesmo nível de experiência, os auditores individuais tendem a desenvolver auditorias de maior qualidade, que os auditores que pertencem a firmas de auditoria, incluindo as Big 4.

Além disso, a todos aqueles que realizam trabalhos de auditoria é exigido pelo Código de Ética da OROC, que sejam independentes dos clientes. Por conseguinte, o auditor deve apresentar uma conduta profissional, não sendo influenciado por situações ou terceiros que possam comprometer os seus princípios éticos e que levem a um julgamento profissional errado. De acordo com o nº 3 do 71º do EOROC, os ROC e as SROC não podem realizar trabalhos de auditoria quando existem ameaças de autor-revisão, interesse próprio, representação, familiaridade ou intimidação, criadas por relações pessoais ou profissionais entre o ROC ou SROC e a entidade a ser auditada. O estudo de Aderin et al. (2013) enuncia que a independência é um determinante significativo para a qualidade da auditoria. Porém, Ball (2013) não evidenciou a relação auditor-cliente como capaz de afetar a independência do auditor e com isso diminuir a qualidade da auditoria. Contudo, os resultados do estudo de Enofe et al. (2013) constaram que o aumento da independência dos auditores aumenta a qualidade da auditoria. Todavia, aumentando a independência do Conselho de Administração e da estrutura da empresa, a qualidade poderá diminuir. Santos (2009) e Pereira (2015) compararam a independência da auditoria entre as Big 4 e as pequenas empresas, o primeiro estudo revelou que os auditores das Big 4 tendem a apresentar uma opinião limpa e as pequenas empresas tendem a apresentar uma opinião modificada, existindo, assim, uma relação com a qualidade da auditoria. No segundo estudo, o autor encontrou indícios de que as pequenas empresas são mais independentes do que as Big 4. É, igualmente, exigido às empresas de auditoria a rotação obrigatória dos auditores externos, depois de um determinado número de anos. Nas EIP o período máximo de execução de auditoria é de sete anos, que poderá excecionalmente ser prorrogado até um máximo de dez anos mediante a aprovação do órgão competente (nº 2 e 3 do artigo 54º da EOROC). Todavia, existe uma relação negativa entre a rotação obrigatória dos auditores e a qualidade da auditoria (Erah et al., 2012).

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O decreto-lei n.º 225/2008, de 20 de novembro, obriga os ROC, que realizam auditorias de EIP, a publicar, no seu sítio de Internet, o relatório anual de transparência, no prazo de três meses, a contar do fim de cada exercício financeiro. Cular e Pivac (2012) analisaram o arquivo de relatórios de transparência publicados e realizaram pesquisas com especialistas de auditoria relevantes, os resultados do estudo indicam que, as empresas de auditoria não são totalmente transparentes, pois apresentam deficiências nos seus relatórios. Torna-se fundamental avaliar estes relatórios, com o fim de proporcionar melhor transparência e qualidade nos relatórios financeiros.

O tamanho da empresa também foi apontado como um fator significativo na qualidade da auditoria. Os estudos de Felo et al. (2003), Alsaqqa e Sawan (2012) e Hussein e MohdHanefah (2013) concluíram que as maiores empresas de auditoria proporcionam maior qualidade na auditoria, porque oferecem mais credibilidade às demonstrações financeiras dos clientes, têm maior capacidade para se especializarem e maior inovação tecnológica, podendo detetar, com maior facilidade, erros ou manipulação, sendo, também, da opinião que trabalham com maior independência.

Não são só os aspetos técnicos, como a organização, competência e o carácter informativo e crítico, que levam um cliente a escolher a empresa de auditoria. Martinez e Moraes (2014) afirmam que a aplicação de honorários anormais tende a influenciar a opinião do auditor e, com isso, afetar a qualidade do trabalho de auditoria, pois o facto de serem aplicados honorários excessivamente baixos poderá originar uma situação de pressão para a não execução do trabalho de auditoria de acordo com as normas e regulamentos em vigor. Pelo contrário, Ball (2013) acha exagerada a preocupação dos honorários de auditoria prejudicar a qualidade desta. García et al (1999) verificaram que aspetos, como a imagem, modernidade e sucesso da empresa são características de qualidade, bem como a sua dimensão internacional, em que alguns destes, não levam à satisfação dos clientes nas pequenas empresas. Não só na atividade de auditoria, como em outras, a reputação da empresa é uma característica de qualidade. Portanto, Aronmwan et al. (2013) recomendam que as empresas devem contratar os serviços das empresas de auditoria com histórico comprovado de qualidade e reputação da auditoria.

Mediante o que foi referido, e uma vez que a qualidade da auditoria é um fator essencial para a imagem verdadeira e apropriada das demonstrações financeiras de uma entidade, é importante efetuar controlos de qualidade aos ROC e SROC que realizem revisão legal de contas. O controlo de qualidade da auditoria visa verificar se todas as normas e regulamentos de auditoria em vigor estão a ser cumpridos de forma idónea, sem nunca prejudicar a qualidade do trabalho de auditoria.

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CAPÍTULO II:

O CONTROLO DE QUALIDADE

DA AUDITORIA

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