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1.2 MATERIAL E MÉTODOS

1.2.2 Amostra

A amostra desta pesquisa foi composta por terapeutas e pacientes que,

respectivamente, atuavam e frequentavam o Serviço de Atendimento

Fonoaudiológico - SAF, da Universidade Federal de Santa Maria. Tal participação foi relativa ao período do segundo semestre de 2014 e primeiro semestre de 2015.

1.2.2.1 Amostra de terapeutas

A amostra de terapeutas foi composta por acadêmicos que estavam cursando no segundo semestre de 2014 e primeiro semestre de 2015, o Estágio Curricular de Fala ou de Linguagem Oral e Escrita e/ou de Habilitação e Reabilitação Auditiva, do Curso de Fonoaudiologia, da Universidade Federal de Santa Maria. Os atendimentos nos referidos estágios ocorreram durante os meses de agosto a dezembro do ano de 2014 e março a julho de 2015. Ao longo da pesquisa foram convidados 69 terapeutas para participar da investigação, porém colaboraram efetivamente 62 terapeutas. Um terapeuta não quis participar; três terapeutas extraviaram o material da coleta; um terapeuta aceitou o convite, porém não fez o preenchimento do material solicitado; o material entregue por uma terapeuta estava ilegível; por fim, uma terapeuta somente avaliou o paciente que estava atendendo durante o período da pesquisa.

1.2.2.2 Amostra de pacientes

A amostra de pacientes foi composta por crianças, com idades entre 2 anos e 9 anos e 11 meses e, adolescentes, com idades entre 10 anos e 17 anos e 11 meses, esta classificação foi definida com base nos critérios propostos pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 2006). Tais pacientes apresentavam alterações da linguagem oral e/ou escrita que serão citadas e caracterizadas no Quadro 2.

Acredita-se que a diversidade dos diagnósticos e idades não comprometeu ou gerou viés na pesquisa realizada, uma vez que os objetivos do estudo voltam-se à apreciação da configuração da terapia e os resultados em si, em termos de desempenhos observados pelos terapeutas, compreendidos a partir dos tipos de inteligências. Em contrapartida, pensa-se que os diagnósticos se configuram como uma variável muito interessante, que pode ser investigada em pesquisas posteriores, por exemplo, com comparação de desempenho em relação às inteligências contempladas, entre os pacientes que apresentam os diagnósticos com maior frequência nesta pesquisa. Ainda, a divisão da amostra entre todos os diagnósticos e/ou em faixas etárias mais detalhadas poderia trazer perda ao poder estatístico de análise.

O Quadro 2 contém a caracterização quanto às patologias apresentadas pelos pacientes e a frequência de cada uma. Este foi organizado com base na patologia principal, uma vez que a maioria deles manifestava outros fatores associados, por exemplo, alteração de motricidade orofacial. Os diagnósticos apresentados pelos pacientes, citados no Quadro 2, foram transcritos tal qual estavam registrados nos prontuários dos mesmos, portanto, não foram elaborados pela pesquisadora.

Quadro 2 – Número de pacientes e definição dos diagnósticos da amostra

Diagnóstico Definição Número de

pacientes

Desvio fonológico

Os desvios fonológicos são alterações de fala que se caracterizam pelo apagamento, substituições, inserções e/ou reordenamentos de sons no sistema fonológico da criança, fazendo com que a fala torne-se incompreensível para o ouvinte (PAGLIARIN, KESKE-SOARES, 2007, p.1).

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Distúrbio Específico de

Linguagem

O distúrbio específico de linguagem (DEL) é caracterizado por importantes prejuízos, que se configuram como atrasos e alterações persistentes na aquisição da linguagem, na ausência de patologia que desencadeie tal atraso ou alteração (CRESTANI et al., 2012, p. 228).

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Distúrbio de linguagem decorrente de Perda auditiva

A perda auditiva é uma doença de alta prevalência, variando de 1 a 3: 1.000 indivíduos, e este número aumenta na presença de indicadores de risco para deficiência auditiva. Sua principal consequência, especialmente na criança, reside no impacto causado pela privação sensorial no desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem e na aprendizagem. Qualquer grau de deficiência auditiva pode acarretar prejuízos importantes, já que interfere na percepção e na compreensão dos sons da fala (PENNA et al., 2015, p.149).

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Dificuldades de aprendizagem

Dificuldades de aprendizagem referem-se a alterações no processo de desenvolvimento do aprendizado da leitura, escrita e raciocínio lógico- matemático, podendo estar associadas a comprometimento da linguagem oral (SCHIRMER, FONTOURA, NUNES, 2004, p. 5).

18 Distúrbio de linguagem decorrente de Síndrome de Down

A síndrome de Down (SD), descrita pela primeira vez em 1866 por John Langdon, é uma das causas mais conhecidas da deficiência intelectual e caracteriza-se por um material extra no cromossomo 21 (VITAL et al., 2015, p. 1).

Em relação ao desenvolvimento da linguagem verbal, estudos apontam que essas crianças emitem as primeiras palavras com quatro meses de atraso em relação à criança com desenvolvimento típico. Porém, não se verificou diferença na fase de aquisição de frases, que geralmente inicia- se com o uso de palavras soltas, emitindo as primeiras frases com duas palavras; entretanto, após essa fase, apresentam dificuldades crescentes na aquisição das regras gramaticais e na construção de sentenças, podendo apresentar dificuldades articulatórias que persistem na vida adulta (VITAL et al., 2015, p. 1).

6 Distúrbio de linguagem decorrente de Deficiência intelectual

A deficiência intelectual é definida como uma condição de desenvolvimento interrompido ou incompleto da mente, que é principalmente caracterizado pelo comprometimento de habilidades manifestadas durante o período de desenvolvimento, que contribuem para o nível global de inteligência, isto é, cognitivas, de linguagem, motoras e habilidades sociais (OMS, 1996).

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Desvio fonético

O desvio fonético consiste-se em uma alteração na mecânica da produção articulatória, em outras palavras, erros de articulação que resultam na produção de sons não padrão da fala, mesmo que essa ainda mantenha a contrastividade do sistema de sons. Esta produção apresenta distorções relativas ao padrão de fala esperado (COSTA, MEZZOMO, KESKE-SOARES, 2013).7

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Disfluência/ Gagueira

A gagueira destaca-se como um transtorno da fluência que se manifesta por rupturas involuntárias no fluxo do discurso. Do ponto de vista motor, é uma desordem que afeta as características temporais de um ou mais subsistemas - respiração, fonação e articulação - envolvidos na produção da fala, ou das relações entre os mesmos (ARCURI et al., 2009, p.46)

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Quadro 2 – Número de pacientes e definição dos diagnósticos da amostra

(conclusão)

Diagnóstico Definição Número de

pacientes Fissura lábio

palatina

As fissuras labiopalatinas são malformações congênitas que podem acometer diferentes estruturas (lábios e/ou palato duro e /ou mole) de forma isolada ou combinada (ALTMANN, 1997; JESUS et al. 2009). Pacientes com fissura lábio palatina apresentam desvios fonéticos 8 na fala, com destaque para a hipernasalidade (JESUS, et al., 2009).

2 Distúrbio de linguagem decorrente de Síndrome de Coffin-Siris

A síndrome de Coffin-Siris é uma doença genética rara [...] é definida por características faciais grosseiras, cabelo esparso com hirsutismo corporal, hipoplasia do dedo mínimo e atraso do mental [...]. (ARAVENA C, CASTILLO T, VILLASECA G, 2001, p.1, tradução nossa).

Observa-se nos pacientes com Síndrome de Coffin-Siris atraso significativo no desenvolvimento da linguagem e déficit no interesse em comunicar-se (SWILLEN et al.,1995).

1 Distúrbio de linguagem decorrente de Síndrome de Turner

As características da Síndrome de Turner (ST) foram descritas inicialmente por Bonnevie (1934) e Ullrich (1930), e Rossle em 1922 relatou a síndrome como nanismo de origem sexual. Em 1938, a mesma condição foi descrita por Henry Turner, porém, com caracterização mais detalhada. A expressão clínica da ST é variável, mas as alterações mais frequentes são: a baixa estatura, imaturidade do desenvolvimento sexual, pescoço curto na infância, anomalias renais e cardiovasculares (MANDELLI, ABRAMIDES,, 2011, p.1).

As principais dificuldades de linguagem verbal dos pacientes com Síndrome de Turner são relativas: à nomeação espontânea, ao conhecimento lexical e à fluência oral (MANDELLI, ABRAMIDES, 2011).

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Fonte: Elaborado pela autora.

A partir do aceite dos terapeutas, foram selecionados 107 pacientes para participarem da pesquisa. Somente a mãe de uma paciente não autorizou a participação da filha na investigação. Informou-se apenas o número total de pacientes, pois alguns tiveram continuidade do atendimento no segundo semestre da pesquisa e outros não, bem como outros foram incluídos somente no segundo semestre.

Esses estavam em atendimento nos já referidos estágios e período, no Serviço de Atendimento Fonoaudiológico- SAF, do Curso de Fonoaudiologia, da

Universidade Federal de Santa Maria –UFSM. A escolha dos pacientes destes

setores justifica-se no fato de que o trabalho desenvolvido com eles tem como um dos seus principais objetivos a aquisição e o desenvolvimento da linguagem verbal, ou seja, a promoção da inteligência linguística.

Escolheu-se esta amostra, porque não foi o pesquisador que realizou os atendimentos dos sujeitos, então não aconteceria a sua interferência na elaboração e execução da terapia. Em virtude disso, acreditou-se que a confiabilidade dos

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dados fosse ampliada, pois não existiu a possibilidade do direcionamento do atendimento em função da investigação. Sistematizou-se desta maneira porque se pretendia estudar e comparar a variabilidade existente nas terapias, em diferentes aspectos.

Ainda, como a realização das terapias aconteceu em estágios curriculares obrigatórios, teve-se maior controle quanto à padronização da organização do atendimento. Dentre os aspectos considerados estão: tempo padrão da sessão (50 minutos) e o preenchimento da evolução do paciente como um pré-requisito do estágio, item essencial para o desenvolvimento deste estudo.

A amostra selecionada foi de conveniência, uma vez que a pesquisadora era pós-graduanda na mesma instituição onde foi realizada a investigação, sendo que todos os pacientes que atendiam aos critérios de inclusão foram convidados a participar da pesquisa. Ainda, é importante destacar que esses chegam ao serviço por conta própria, logo não existiu interferência da pesquisadora na sua seleção. Em pesquisa nos prontuários do serviço, estima-se que a cada semestre letivo são atendidos em torno de 110 pacientes, somando-se os três estágios.