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Procedimento e instrumentos de coleta dos dados

1.2 MATERIAL E MÉTODOS

1.2.6 Procedimento e instrumentos de coleta dos dados

1.2.6.1 Detalhamento das terapias

Foram coletados os dados de todas as terapias, não importando se foram individuais ou realizadas em grupo. As sessões de avaliação ou reavaliação não foram consideradas.

O tempo de coleta envolveu o total de 12 meses, a contar de julho de 2014 a julho de 2015. Pensou-se neste tempo para, quando possível, obter dados de atendimentos de dois terapeutas diferentes, no intuito de ampliar as possibilidades de versatilidade da contemplação das inteligências, dentre outros.

Dessa forma, o novo terapeuta, no início do semestre letivo do ano seguinte, poderia utilizar estratégias diferenciadas do antigo, porém nestas sessões também poderiam ser identificadas as inteligências que foram contempladas. Também, cada terapeuta que atendeu o mesmo paciente poderia ter um perfil distinto de inteligência(s) preferencial(is). Tais critérios e observâncias tinham intuito de contemplar a variabilidade nas terapias, aspecto de estudo essencial para esta pesquisa. Ainda, a relação entre a contemplação na terapia das diferentes inteligências, preferencial(is) ou não e o desempenho do paciente foi buscada em cada dia de atendimento.

1.2.6.2 Instrumentos de coleta

1.2.6.2.1 Elaboração do perfil das inteligências preferenciais dos pacientes

Após o aceite para a participação na pesquisa, bem como tendo sido atendidos os critérios esclarecidos em 1.2.2, 1.2.3, 1.2.4 e 1.2.5, iniciou-se a coleta de dados. Todos os instrumentos elaborados e utilizados na investigação seguiram o princípio da homogeneidade (BARDIN, 2011), que diz respeito à observação dos critérios de escolha dos seus componentes e equidade na sua aplicação, garantindo que os resultados sejam homogêneos, permitindo tanto a visualização dos dados globais, quanto a comparação dos resultados individuais entre si.

Iniciou-se com a aplicação de um questionário com os pais ou responsáveis (ANEXO B) dos pacientes que aceitaram que estes participassem da pesquisa, para formulação do perfil da(s) inteligência(s) preferencial(is) de cada sujeito. Este questionário continha perguntas abertas e fechadas a respeito de atividades e áreas de interesse ou não dos pacientes.

O referido instrumento foi elaborado com base nos estudos de Armstrong (2001) e Shearer (2012), a partir do entendimento de que esse necessitava apresentar um número considerável de questionamentos que contemplassem cada uma das oito inteligências. As perguntas relativas a cada inteligência foram

misturadas aleatoriamente no questionário para não gerar viés sobre as respostas. Assim, fez-se um questionário referência, utilizando uma cor para representar cada inteligência, para que depois fosse possível analisar em bloco as perguntas relativas a cada inteligência, que, no questionário entregue aos pais ou responsáveis, estavam misturadas e impressas na cor preta.

Além disso, foi realizada uma pesquisa documental nos prontuários, no período de abrangência da coleta, para busca e análise dos relatórios semestrais de atendimento, como no trabalho de Danzer et al. (2012). Tem-se um exemplo de relatório em anexo (ANEXO D). Os dados buscados e analisados nestes relatórios diziam respeito às descrições das estratégias terapêuticas e dos recursos utilizados que eram e que não eram do interesse do paciente e/ou geravam melhores resultados na terapia.

Ao realizar a análise combinatória dos dados obtidos nestas diferentes coletas, elaborou-se o perfil de inteligência(s) preferencial(is) de cada paciente. Inicialmente, fez-se a análise do conteúdo das questões abertas do questionário e a contagem e comparação das respostas fechadas (objetivas) obtidas nas perguntas relacionadas a cada inteligência. Em caso de empate nos resultados da contagem de duas ou mais inteligências, a análise das questões abertas (dissertativas) era acessada para definir o desempate. Por fim, para finalizar o perfil, associaram-se a estes dados àqueles advindos da análise documental dos relatórios.

Este perfil não foi informado aos terapeutas para não ocorrer um direcionamento consciente das atividades, comprometendo o rigor da pesquisa. Foi feito um cálculo amostral para que os dados do perfil de inteligências preferenciais de alguns pacientes fossem repassados a três juízes, de diferentes áreas (Fonoaudiologia, Educação e Psicologia), doutores e com conhecimento da Teoria

das Inteligências Múltiplas, para que fossem analisados e julgadospor estes, com a

finalidade de garantir a confiabilidade e a fidedignidade do referido perfil. O percentual de concordância entre a análise da pesquisadora e das juízas, sobre os perfis dos pacientes, foi de 89%. Este perfil, para análise quantitativa dos dados, foi codificado em números.

1.2.6.2.2 Elaboração do perfil das inteligências preferenciais dos terapeutas

Para a formulação do perfil de inteligência(s) preferencial(is) dos terapeutas foi feita a aplicação e análise de um questionário (ANEXO C), que continha perguntas abertas e fechadas, a respeito de atividades e áreas de interesse e de não interesse dos mesmos. Este instrumento foi elaborado nos mesmos moldes do questionário para a elaboração do perfil de inteligência(s) preferencial (is) dos pacientes, a descrição de tal elaboração consta no item 1.2.6.2.1. A entrevista não foi cogitada em função de a pesquisadora conhecer a todos e, poder causar algum constrangimento quanto às respostas das perguntas abertas, uma vez que essas eram pessoais.

A formulação do perfil cumpriu os seguintes passos: análise do conteúdo das questões dissertativas do questionário e contagem e comparação das respostas objetivas obtidas nas perguntas relacionadas a cada inteligência do questionário, sendo que, em caso de empate nos resultados de duas ou mais inteligências, a análise das questões dissertativas era acessada para definir o desempate. Os resultados deste questionário também foram avaliados pelos mesmos três juízes, a sistematização desta etapa também já foi descrita no item 1.2.6.2.1. O percentual de concordância, entre a análise da pesquisadora e das juízas, sobre os perfis dos terapeutas foi de 92%.

Elaborou-se este instrumento para poder conhecer as possíveis relações entre a contemplação da(s) inteligência(s) preferencial(is) do terapeuta e/ou do paciente e os resultados da terapia. Além disso, há um item (item 11), no Roteiro Estruturado de Evolução da Terapia (ANEXO A), sobre a participação do terapeuta em cada terapia. Por meio da combinação dos resultados, obtidos no questionário e no roteiro, pode-se observar a variabilidade do trabalho dos terapeutas e como isso se relaciona com o desempenho do paciente.

1.2.6.2.3 Instrumento para acompanhamento da evolução terapêutica

Para obtenção dos dados pertinentes ao objetivo da investigação, elaborou-se o Roteiro Estruturado de Evolução da Terapia (ANEXO A). Com base na Teoria das Inteligências Múltiplas, tem-se que o estudo do perfil de inteligência não pode ser

pontual, por meio de uma avaliação única que descreva o mesmo, mas que mostre as possíveis relações deste com o desenvolvimento de cada pessoa.

Sendo assim, pensou-se na elaboração de um instrumento que possibilitasse a investigação da relação entre a identificação das oito inteligências nas estratégias e recursos utilizados na terapia fonoaudiológica e a evolução do paciente, visualizada no desempenho desse, a cada terapia. Desta forma, acredita-se que este roteiro possibilitou uma visão continuada e processual das inteligências em geral e, da(s) preferencial(is) em relação à suas inferências nos resultados da terapia.

Os terapeutas realizaram a aplicação piloto do instrumento, sendo que cada um respondeu ao roteiro referente a duas terapias, e registraram observações quanto à qualidade e organização dos itens e subitens. Depois deste retorno, a pesquisadora avaliou as observações e efetivou as modificações necessárias no instrumento, observando também os objetivos propostos para o estudo e a contemplação destes na coleta de dados.

O roteiro é composto pelos seguintes itens: objetivo da sessão; descrição da atividade e recursos (materiais) utilizados; comportamento linguístico verbal (expressão); qualificação do desempenho verbal; comportamento linguístico não verbal (expressão); qualificação do desempenho não verbal; compreensão; comportamento linguístico verbal (leitura e escrita); interesse pela atividade; motivação na atividade; envolvimento do paciente na tarefa; o paciente percebeu a sua efetividade na terapia; envolvimento do terapeuta na tarefa e outros resultados. Com exceção dos dois primeiros itens que são dissertativos, os demais são objetivos, compostos por subitens, sendo que cada subitem apresenta diferentes possibilidades de respostas, frente à análise dos resultados da terapia.

Por exemplo, o item comportamento linguístico verbal (expressão) é composto pelos seguintes subitens e possibilidades de respostas: o paciente apresentou intenção comunicativa (1) (2) (3) (4); o paciente utilizou vocalizações (1) (2) (3) (4); o paciente utilizou palavras isoladas (1) (2) (3) (4); o paciente utilizou frases (simples e complexas) (1) (2) (3) (4); o paciente fez relatos (1) (2) (3) (4). As alternativas 1, 2, 3 e 4 correspondem, respectivamente, às opções de resposta frente a observação dos resultados: ―frequentemente‖; ―às vezes‖; ―raramente‖; ―nunca‖ (relação com fatores extra terapia).

O roteiro de evolução não foi formulado na íntegra com questões abertas para facilitar a marcação pelos terapeutas, uma vez que alguns responderam o mesmo sobre três ou mais pacientes, atendidos no mesmo turno por eles, nos diferentes estágios que estavam cursando. O instrumento foi pensado de forma a facilitar e qualificar o registro, proporcionando que as informações fossem mais fidedignas pelo fácil acesso ao conteúdo do instrumento.