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3 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA

3.3 Amostragem, Entrevistas e Técnicas de Pesquisa

Finalmente, antes de se passar à analise dos resultados deste trabalho, cabe um breve comentário acerca do método de amostragem, da condução das entrevistas e das técnicas de pesquisa empregadas no trabalho.

Por tratar de fenômenos contemporâneos e pouco documentados na literatura acadêmica e jornalística o exame dos casos focalizou-se primordialmente em fontes primárias de dados. Foram utilizados basicamente três fontes de evidências nessa pesquisa: entrevistas das pessoas que ocupavam postos-chave no processo de formulação e implementação dos sistemas de avaliação estudados; observação direta de eventos relacionados com a implementação dos sistemas de avaliação e com os processos de controle democrático das políticas avaliadas; e, análise da documentação referente ao decurso de implementação dos sistemas de avaliação e dos relatórios de apresentação dos resultados das avaliações.

A escolha dos atores entrevistados deu-se por meio da posição que ocupavam no processo de formulação e implementação dos sistemas de avaliação, na gestão das políticas avaliadas ou nos mecanismos de controle e fiscalização relacionados e essas políticas. Ou seja, optou-se por uma amostragem etnográfica, cujo critério de seleção foi a posição dos indivíduos dentro da rede organizações governamentais ou não- governamentais envolvidas ou interessadas na gestão, na avaliação ou no controle da política de educação básica e do programa de DST/AIDS no estado de São Paulo. Secundariamente, fez-se uso também do método bola de neve ; pois, durante a fase de coleta de dados foi sugerido ao pesquisador (algumas vezes, por meio de respostas estimuladas, outras de maneira espontânea) que conversasse com a pessoa X ou entrevistasse o indivíduo Y. Por meio das entrevistas procurou-se captar as preferências dos indivíduos (ou das organizações por eles representadas) e reconstruir sua trajetória ao longo do processo de formulação e implementação dos sistemas de avaliação; isto é,

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buscou-se identificar as idéias e os interesses de que são portadores e como essas preferências motivaram ou constrangeram o curso de ação desses atores. Todas as entrevistas foram realizadas entre março e outubro de 2005, gravadas e depois transcritas. Para o caso do SARESP, os principais atores entrevistados foram:

membros da SEE e da FDE, especialmente aqueles diretamente envolvidos com o SARESP;

Ex-secretária da educação, durante o primeiro mandato do governador Mário Covas, idealizadora e formuladora do SARESP;

presidente da APEOESP (Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo)

diretor educativo da APEOESP

professor-coordenador de avaliação de uma Diretoria Regional de Ensino;

professores e diretores de escolas públicas (estaduais) de ensino fundamental e médio.

Não foi possível, ainda, a realização de entrevistas com o atual secretário estadual de educação ou com seu adjunto, que não se disponibilizaram a receber o autor. E tampouco com o representante para a área de educação básica do Conselho Estadual de Educação que não respondeu aos insistentes contatos e pedidos de entrevista do autor.

Já para o caso do SMA do programa estadual de DST/AIDS os principais atores entrevistados foram:

membros da coordenação estadual e nacional do programa (coordenadores estaduais, gerentes de avaliação, de planejamento e de projetos, bem como outras pessoas diretamente envolvidas com a implantação da Política de

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Incentivo e do SMA tanto do ministério da saúde como da secretária estadual de saúde);

membros da ONGs ligadas a defesa dos direitos, ao apoio e ao tratamento de pessoas vivendo com HIV/AIDS;

coordenadores municipais dos programas de Ribeirão Preto e São Paulo;

consultora do CDC (Center for Diseases Control and Prevention) no Brasil, que auxiliou o ministério da saúde na formulação e na implementação do SMA;

secretário estadual de saúde adjunto;

secretário municipal de saúde de Ribeirão Preto;

ex-coordenador nacional do programa de DST/AIDS, responsável pela formulação e implementação da Política de Incentivo e pelo SMA;

membro do Conselho Estadual de Saúde.

Já a observação direta de eventos restringiu-se à investigação do SMA do programa de DST/AIDS; pois durante investigação desse caso específico pôde-se assistir a vários eventos e reuniões ligados tanto a implantação do SMA no estado de São Paulo como também de outros acontecimentos vinculados especialmente ao controle social e a fiscalização do programa de DST/AIDS. Nesse sentido, vale destacar, a assistência do I Seminário Estadual de Controle Social patrocinado pela coordenação estadual do programa de DST/AIDS; e do II Encontro Estadual de Gestores também patrocinado pela coordenação estadual do programa e destinado à discussão com os coordenadores municipais da implantação do SMA. É digno de nota também que houve a oportunidade de assistir e participar de algumas reuniões do Fórum de ONGs/AIDS do Estado de São Paulo.

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A análise de documentação referente aos processos de formulação, implantação e funcionamento do SARESP e do SMA do programa de DST/AIDS, não se limitou exclusivamente, mas concentrou-se em grande medida à análise da legislação relativa à implantação dos sistemas de avaliação, das atas de reuniões e documentos (quando disponíveis, evidentemente) dos organismos governamentais responsáveis pela formulação e pela implantação dos sistemas de avaliação ou pelo controle e fiscalização das políticas de educação básica e do programa de DST/AIDS; e, finalmente, aos relatórios de apresentação dos resultados das avaliações. O exame dessa documentação forneceu não apenas uma cisão mais ampla e compreensiva das escolhas metodológicas e administrativas que se fizeram na formulação e implantação do SARESP e do SMA, mas também e, sobretudo, do arcabouço político e institucional no qual essas escolhas se deram.

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