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A PNPIC determina, em suas diretrizes, que os gestores municipais regulamentem, viabilizando ampliação e acesso às práticas integrativas nela elencadas, Medicina Tradicional (MT), Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e Medicina Complementar (MC).

A regulamentação deve se fazer por lei que garanta: ampliação e acesso às práticas integrativas e complementares no SUS, motivando o conhecimento transdisciplinar; direito integral de saúde no âmbito do SUS; direito dos terapeutas de terem a atividade regulamentada para sua segurança e dos pacientes; sustentabilidade cultural.

O direito dos cidadãos ao acesso às Práticas Integrativas e Complementares no SUS deve ser implementado como prevê a política pública e uma das formas possíveis é por lei municipal que regulamente a atividade dos terapeutas naturistas. Por esse motivo, criou-se um projeto de lei que deve ser de competência do Poder Executivo Municipal − prevê dotação orçamentária−, para que o mesmo possa cumprir as diretrizes traçadas pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde, como gestor municipal.

Projeto de Lei Ordinária62

SÚMULA: Dispõe sobre normas gerais e critérios básicos a implantação das Terapias Naturais no Município de Caxias do Sul, e dá outras providências. (AMORIM, 2009)

62Projeto de Lei, apresentado em audiência pública no dia 4 de junho de 2009, na Câmera de Vereadores de

Caxias do Sul. A autora é advogada, especialista em Direito Civil e Processual Civil pela Faculdade IDC; Mestranda em Direito Ambiental pela UCS-RS; bolsista da Capes.

Estabelece normas gerais e critérios básicos à implantação das Terapias Naturais no Município e dá outras providências.

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º O município implementará as Terapias Naturais para o atendimento da população da sua jurisdição.

§ 1º Entendem-se como Terapias Naturais todas as práticas de promoção de saúde e prevenção de doenças que utilizem basicamente recursos naturais.

§ 2º Dentre as Terapias Naturais destacam-se modalidades, tais como: massoterapia, fitoterapia, terapia floral, acupuntura, hidroterapia, cromoterapia, aromaterapia, geoterapia, quiropraxia, ginástica terapêutica, iridiologia, reiki, práticas corporais (lian gong, chi gong, tui-ná, tai-chi-chuan); práticas mentais (meditação, yoga); terapias de respiração.

Art. 2º Para o exercício da atividade, os profissionais aptos a exercer as terapias naturais citadas no artigo 1º§§ deverão estar habilitados por cursos de terapeutas nas modalidades prevista nesta lei, em escolas particulares ou públicas, de nível técnico ou superior, ou com prática terapêutica incontestável de mais de cinco anos, a partir desta lei, e inscritos em associações, conselhos ou órgãos de classe existentes no Município, Estado ou País.

Art. 3º Para o disposto nesta lei, o Município poderá celebrar convênios com órgãos federais e estaduais, escolas de terapias, bem como com entidades representativas de terapeutas naturistas.

Art. 4º As despesas decorrentes da execução desta lei correrão por conta de dotações orçamentárias próprias.

Art. 5º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Exposição de Motivos

Esse projeto de Lei Ordinária visa à inclusão da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, na rede municipal de saúde do Município de Caxias do Sul.

Considerando os ditames da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC) implantado pela Portaria Ministerial nº 971, em 3 de maio de 2006;

Considerando a composição tripartite da saúde no Brasil;

Considerando a responsabilidade do Gestor Municipal de dar sustentabilidade aos programas de saúde;

1- elaborar normas técnicas para inserção da PNPIC na rede municipal de saúde;

2- definir recursos orçamentários e financeiros para a implementação desta Política;

3- promover articulação intersetorial para a efetivação da Política;

4 - estabelecer mecanismos para a qualificação dos profissionais do sistema local de saúde;

5- estabelecer instrumentos de gestão e indicadores para o acompanhamento e avaliação do impacto da implantação/ implementação da Política;

6- divulgar a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS;

7- realizar assistência farmacêutica com plantas medicinais; fitoterápicos e homeopáticos, bem como a vigilância sanitária no tocante a esta Política e suas ações decorrentes na sua jurisdição;

8- apresentar e aprovar proposta de inclusão da PNPIC no Conselho Municipal de Saúde;

9- exercer a vigilância sanitária no tocante à PNPIC e ações decorrentes, bem como

incentivar o desenvolvimento de estudos de farmacovigilância e farmacoepidemiologia, com especial atenção às plantas medicinais e aos fitoterápicos, no seu âmbito de atuação

Considerando que normas técnicas é a normalização da atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem em um dado contexto, os objetivos

da normalização de critérios básicos a implantação das Terapias Naturais na Secretaria

Municipal de Saúde, para a inserção da PNPIC na rede municipal de saúde são:

− proporcionar a redução de agravos da saúde brasileira através de práticas e procedimentos naturais de uso comum da comunidade;

− proporcionar meios mais eficientes na troca de informação entre o terapeuta e o cliente, melhorando a confiabilidade das relações de serviços de saúde;

− proteger a vida humana e a saúde;

− prover a sociedade de meios eficazes para aferir a qualidade dos serviços terapêuticos naturais oferecidos.

Como já exposto, as políticas públicas são o reflexo do desejo do legislador, tanto em nível constitucional como no caso das voltadas à saúde e ao meio ambiente, quanto às voltadas a assuntos regulados por leis infraconstitucionais; logo, são a cristalização ou a materialização do desejo do cidadão, motivo que impõe a seus gestores que as cumpram na integralidade, e, não sendo possível que se implemente de imediato, que viabilizem condições de implementação e de acesso à comunidade.

Ora, ampliar o número de terapeutas, para que se possam dar acesso às práticas ressalvadas na PNPIC, é uma questão de regulamentação de lei. Lei municipal, do Executivo já que altera dotação orçamentaria. Portanto, basta conhecimento e vontade do gestor municipal para ampliar o acesso às práticas integrativas no SUS.

3 INTERFERÊNCIAS E EXPERIÊNCIAS À AMPLIAÇÃO AO ACESSO A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS

Nesse tópico, analisar-se-ão algumas formas de interferência à ampliação das Práticas Integrativas e Complementares no SUS: interferência legal (positiva) e interferência de terceiros (negativas).

Ainda far-se-á uma seleção de casos já publicados, que relatam o uso de Práticas Integrativas de Medicina Tradicional, que foram bem-sucedidas no âmbito do SUS. Por fim, apresentam-se relatos de obreiras (médica, enfermeiras), que contribuem com à ampliação e ao acesso a Práticas Integrativas e Complementares no SUS.