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Ambos os clusters possuem aspectos particulares apesar de serem da mesma indústria, por questões que envolvem diferentes esferas de influência. Com isso, o modo de inserção na cadeia global de valor das empresas destes clusters, assim como as decorrentes estratégias e especialização produtiva adotadas foram distintas. As empresas do Vale dos Sinos, por exemplo, iniciaram sua inserção de modo subordinado, produzindo calçados principalmente aos EUA. A mudança de foco principalmente para a produção americana, levou empresas que possuíam marca própria e trabalhavam o seu design próprio nos calçados a deixarem estas atividades de lado e realizarem a manufatura de calçados para o mercado americano.

Atualmente, a maioria das empresas tanto no Vale dos Sinos como em Fermo e Macerata reconhece o valor do cluster a partir de sua estrutura local, isto é, toda a cadeia produtiva presente na região, sendo um fator de vantagem competitiva internacional. Portanto, a localidade possui sua força e ainda é relevante estrategicamente, mesmo quando se analisa sob a ótica internacional. Ou seja, não se trata apenas de estar em um cluster, mas os recursos disponíveis, e como são utilizados, impactam na competitividade e estratégias da coletividade do cluster. Para melhor compreensão, o Quadro 9, que está a seguir, analisa os recursos para a internacionalização em ambos os casos.

Com base no Quadro 9, com relação aos recursos financeiros, principalmente na Itália, diversos entrevistados apontaram a falta de incentivos financeiros como um elemento crítico. Entretanto, dada a crise mundial, a disponibilidade de recursos financeiros, tornou-se escassa em âmbito mundial, impactando governos mundialmente. Assim, percebe-se que os recursos financeiros não são em nenhum dos dois casos investigados recursos estratégicos ao cluster, pois não são fonte de vantagem competitiva.

Em termos de recursos físicos/operacionais, a localização geográfica é um ponto forte em ambos os casos pois permite o acesso rápido a qualquer tipo de necessidade produtiva que os fabricantes podem possuir. Não somente a localização, mas principalmente a cadeia produtiva ser completa e consolidada, capaz de produzir todas as partes do calçado no padrão de qualidade de cada cluster é extremamente relevante para a competitividade das empresas. Cabe destacar que, no Vale dos Sinos, a proximidade facilitou a homogeneidade de conhecimentos no cluster (MENZEL; FORNHAL, 2010), também pela cultura da imitação das coleções europeias, pois poucas empresas possuem um design próprio ou um design brasileiro.

193 A isto pode ser atrelada a cultura imediatista, observada por alguns entrevistados, que inibe o investimento em P&D a longo prazo. Percebe-se que há esforços para o desenvolvimento do design brasileiro nos produtos e também para um salto de qualidade da indústria. Por fim, outro aspecto positivo em ambos os clusters são as empresas especializadas em transporte de mercadorias, infraestrutura que se consolidou nos clusters ao longo de suas trajetórias. Neste caso, as transportadoras não chegam a ser um elemento de vantagem competitiva, mas sim um elemento necessário na operação das empresas. Contudo, os recursos físicos/operacionais são estratégicos ao se analisar a cadeia produtiva de ambos os clusters, que não pode ser imitada, nem facilmente instalada em outra localidade.

Ao observar os recursos tecnológicos, Fermo e Macerata possui maior desenvolvimento em termos de design, porém, também devido ao tamanho menor das firmas, o investimento em P&D não é uma prática recorrente em todas as empresas. Nota-se, de um modo geral, que não há pesquisas conjuntas por parte das empresas locais. No Brasil, dentre os entrevistados há exceções, como as empresas que realizam P&D em parceria com fornecedores e centros de pesquisa, como o IBTeC. Na Itália, não foi identificada esta prática na localidade, apenas parcerias no exterior, conforme relatado por um dos entrevistados. A prática de P&D com universidades ainda é bastante incipiente, assim, perdem-se oportunidades em pesquisas mais avançadas e de longo prazo. Assim, embora não haja atividades intensivas em P&D e a presença de poucas instituições voltadas para tal, a região possui instituições voltadas principalmente para o design e que impacta no desenvolvimento de novos materiais, além disso, destaca-se o padrão de qualidade dos calçados do cluster italiano como um diferencia. Entretanto, o padrão de qualidade e o desenvolvimento tecnológico realizados no cluster não são recursos que impõem barreiras difíceis de superar aos competidores. Sendo assim, não são considerados recursos estratégicos.

No caso do Vale dos Sinos, o projeto Future Footwear, através do concurso FF Enterprise, buscou atingir dois gaps do cluster: primeiro, a criação de novos modelos de negócio e segundo a aproximação com o meio acadêmico, pois competem ideias de negócio de alunos de graduação e pós-graduação em universidades. A primeira edição do FF Enterprise ocorreu em 2016, uma nova edição para 2017 será realizada, mas ainda não foi anunciada nova data. Além disso, ambos os casos investigados possuem universidades e parques tecnológicos próximos fisicamente, mas com baixo nível de interação em termos de geração de conhecimentos para o ambiente do cluster. É necessário que se aumente a interação entre as

194 empresas e estes atores. Afinal, as universidades poderiam ser parceiras relevantes no desenvolvimento tecnológico, em design e em gestão e marketing das localidades, trazendo maior heterogeneidade de conhecimentos e possibilidades de inovações de caráter disruptivo. Isto é bastante necessário, principalmente para as empresas de componentes, que podem guiar avanços tecnológicos que posteriormente serão adotados pelos calçadistas

Quadro 9 - Análise das sete categorias de recursos dos casos investigados

Categoria Vale dos Sinos Fermo e Macerata

Recursos Financeiros

Subsídios via projetos Apex-Brasil para ações no exterior. O restante não é identificado como relacionado ao cluster.

Subsídios, principalmente para ações no exterior. Estes recursos, porém, são de baixa relevância para as empresas.

Recursos

Físico/Operacionais

A cadeia produtiva é o principal aspecto destacado, assim como a qualidade dos serviços de transportadoras.

Desvantagens geográficas em modais rodoviários e a distância e ineficiência do aeroporto local, sanadas pelas transportadoras; proximidade da cadeia produtiva, que é ampla e completa e propicia maior competitividade para as empresas.

Recursos Tecnológicos

Baixa interação com atores de formação tecnológica e P&D. Poucas empresas realizam iniciativas efetivas com atores em decorrência do medo em compartilhar informações. IBTeC e SENAI são os principais atores e há projetos para estimular a inovação e o salto de qualidade da indústria como o Future Footwear e o By Brasil.

O maior investimento na região é voltado para calçados, principalmente em relação à design e materiais. Faltam iniciativas para a indústria de componentes, talvez pela baixa atuação da UNAC na região. A interação com universidades e centros de pesquisa é baixa. Destaca-se a proximidade com a cadeia como um modo de evoluir tecnologicamente e em design.

Recursos Humanos Mão de obra qualificada, mas há escassez de mão de obra especializada em algumas funções; presença de instituições de qualificação e excelência e projetos de capacitação e inserção profissional como Jovem Aprendiz.

Apesar da cultura individualista local e da escassez de mão de obra especializada em algumas funções, o senso de identidade com o calçado ainda é forte na região e a ideia da qualidade do artesão é central para sua competitividade. Percebe-se iniciativas para a capacitação de mão de obra e sua inserção nas empresas, principalmente nas fábricas calçadistas. Recursos

Mercadológicos

A imagem do país é um recurso dada a associação da cultura brasileira com os produtos, que é bem aceita no exterior.

Reputação italiana no exterior (Made in Italy), presença de marcas de renome internacional na região agrega valor para a localidade.

Gestão Interna Diversos atores compõem a governança do cluster para atender as necessidades das empresas e estimular a cultura colaborativa. Uma cultura de colaboração, ainda incipiente, está se formando.

Confindustria e CNA são os principais atores, porém, não existe direção estratégica no cluster. As ações são isoladas e voltadas para públicos específicos. São destacados seminários e reuniões coletivas para associados das instituições. A adesão das empresas é baixa e isso reflete no impacto deste recurso no cluster.

Relações Externas Ações coletivas como feiras, eventos, missões comerciais e definição de marcados-alvo. Destaca-se o programa Brazilian Footwear.

Ações coletivas como feiras, promoção no exterior e missões comerciais. Acredita-se que poderia trazer mais benefícios do que de fato traz, necessitando maior colaboração para a concretização de algo direcionado para as necessidades da coletividade.

Fonte: Elaborado pela autora

Com relação à inovação, por uma característica da indústria mundial, os calçados tradicionais não passam por mudanças radicais. No caso dos clusters estudados, as inovações

195 são basicamente incrementais e em design e no caso dos componentes, inovação principalmente em materiais. As instituições estão fazendo ações buscando um salto tecnológico nos dois clusters investigados, porém, no caso italiano, trata-se de iniciativas em nível nacional, não voltadas especificamente para o setor calçadista. No caso brasileiro, a iniciativa é do cluster, com especial destaque para o projeto Future Footwear, cujo Grupo Futuro, que busca discutir o futuro do setor e proporcionar interação entre as empresas, é parte. Caso sejam bem- sucedidos, os projetos trarão nova heterogeneidade de conhecimentos. Neste caso, o projeto ainda é insipiente e não sendo considerado como recurso estratégico.

Quanto aos recursos humanos, em que pesa a perda de empresas e empregados nas regiões, percebe-se o surgimento de novos modelos de negócio. Em ambos os casos não surgem novas fábricas, também pela saturação do mercado, mas sim marcas ou empresas especializadas em outras áreas da cadeia produtiva, como o design, por exemplo. Isto indica que também o modelo atual de indústria calçadista poderá se modificar no futuro, com menos empresas no modelo tradicional de fábricas e mais empresas que são marcas e terceirizam sua produção. Quanto a cultura local em ambos os casos, a cooperação se configura entre as firmas e sua cadeia de fornecimento, a propensão à cooperação entre concorrentes não foi identificada nem no mercado interno e nem no mercado externo. Há cooperação em nível institucional, porém mais consolidada no caso do Vale dos Sinos, devido a atuação das instituições em projetos e ações para fortalecer tanto o setor e o cluster, como as firmas individualmente. Também se destaca em ambos os casos a qualificação da mão de obra local, que mais do que produtiva, é voltada para desenvolvimento.

Além disso, em ambos os casos, o fato de serem clusters antigos faz com que a mão de obra já seja familiarizada com a produção de calçados e capaz realizar seu papel no processo produtivo conforme os padrões de qualidade desejados. Contudo, o a migração de plantas produtivas para o Nordeste brasileiro destacou a importância da região mais do que em termos de produção, mas principalmente para o desenvolvimento dos calçados. Sendo assim, há diversas empresas sediadas na região que ou produzem em pouca quantidade na localidade, ou apenas mantém as atividades de desenvolvimento de produto. No caso de Fermo e Macerata, além da qualidade da mão de obra, um dos elementos centrais é o artesão de calçados, ou seja, a referência do valor agregado no produto através do trabalho do artesão. Com isso, considera-se que os recursos humanos são estratégicos para os dois clusters. Sendo para o Vale dos Sinos a mão de

196 obra voltada para desenvolvimento e para Fermo e Macerata o conhecimento produtivo e a arte de fazer calçados do artesão.

Em termos de recursos mercadológicos, no caso de Fermo e Macerata, o Made in Italy é um recurso valioso. No caso do Vale dos Sinos, o principal recurso mercadológico também é a origem do país, contudo o Brasil não possui uma etiqueta. Poderia haver uma etiqueta sob a qual os projetos de imagem de toda a cadeia do setor fossem realizados, como By Brasil ou

Brazilian Footwear. Assim, para o cluster de Fermo e Macerata, o estilo italiano de fazer

calçados, embora seja alvo de inspiração para a indústria mundial, é um recurso atrelado à cultura italiana de fazer calçados, o que torna mais difícil sua imitabilidade. Neste caso, as empresas do cluster de Fermo e Macerata se beneficiam no mercado internacional através da ideia de design italiano de fazer calçados, através do country-of-orign effect (MARINO; MAINOLFI, 2013) no consumo dos produtos, sendo um recurso estratégico para o cluster, mas que também é um Country Specific Resource (CSR) (FAHY, 2002), ou seja, as empresas calçadistas italianas que produzem calçados no padrão Made in Italy também se beneficiam deste recurso. Além disso, a presença de marcas de renome internacional que produzem e/ou estão sediadas no cluster, impacta positivamente as empresas da região. O Brasil, por sua vez, não possui uma reputação consolidada como a dos italianos no mercado de calçados mundial. Contudo, há aceitação positiva no mercado mundial para calçados com identidade brasileira, ou seja, cores, estampas e materiais relacionados com o aspecto alegre vinculado ao país. Sendo assim, a imagem do Brasil no mercado de consumo de moda é um recurso estratégico para as empresas do cluster do Vale dos Sinos, na mesma ideia de CRS’s de Fahy (2002).

A gestão interna é um recurso crítico. Emerge, assim, a importância da governança dos atores do cluster, que trabalhem conjuntamente para que haja direcionamento estratégico do cluster, gerando externalidades para as firmas. Com isso, os recursos do cluster para a internacionalização importam, mas aumentam em relevância se houver uma governança que realmente crie a direção estratégica que auxiliará a estratégia individual das marcas. Ademais, percebe-se um acirramento da competição por preços tanto nos clusters como na indústria de um modo geral. Segundo Morosini (2004), o modo como ocorre as interações no cluster é importante para que as relações competitivas não se tornem nocivas para as empresas e levem o cluster a uma trajetória de declínio. Assim, é importante que no caso italiano se inicie um trabalho de governança dos atores. O que dificulta esta tarefa é que, ao contrário do cluster do Vale dos Sinos, as instituições voltadas especificamente para o setor não estão localizadas na região e não possuem um contato próximo com a localidade. Assim, as instituições

197 locais, não conseguem realizar esforços tão direcionados como uma instituição voltada apenas para o setor. Além disso, a alta taxa de insatisfação das empresas de componentes é compreensível, uma vez que a proximidade em termos de relacionamento da entidade de componentes com as empresas deste segmento no cluster Fermano-Maceratese, conforme os resultados desta pesquisa, é praticamente inexistente. Quanto a isto, cabe ressaltar que a maior parte das empresas entrevistadas no cluster italiano são do segmento de componentes, assim, podem haver recursos competitivos relacionados mais especificamente com as fábricas de calçados que não foram detectados. No caso Fermano- Maceratese, há pouca interação entre as empresas de modo geral e também entre as instituições, o que dificulta a realização da governança dos atores. Apesar disso, existem ações realizadas pelas instituições que visam atender as necessidades das empresas. Assim, a autora não percebeu a gestão interna como um recurso estratégico pois não há governança dos atores e há baixa adesão das empresas às ações e atividades em nível de cluster, devido ao caráter individualista da localidade relatado nas entrevistas. Isto limita o potencial do recurso da aglomeração.

No caso do Vale dos Sinos, há ações que busquem a modificar a cultura local para uma cultura de interação e cooperação, assim como de inovação. Além disso, existem instituições envolvidas com a governança dos atores. Embora o cluster não passe por um momento favorável, percebe-se, tanto nas entrevistas, como na pesquisa histórica, a relevância da gestão interna para a competitividade de grande parcela das empresas da região. Inclusive, chegou-se a admitir em uma entrevista que certamente a situação do cluster seria pior sem a atuação institucional. Com isso, considera-se a gestão interna como um recurso estratégico do cluster do Vale dos Sinos.

Quanto às relações externas, ambos os casos citaram as feiras como a principal oportunidade de acesso a conhecimentos e contatos externos através do cluster. Contudo, na maioria dos casos, afirma-se que o principal modo de acesso a conhecimentos externos e também oportunidades é realizado por networking próprio das firmas. Percebe-se que em relação a busca por diversidade de conhecimentos, as empresas maiores não utilizam o cluster como fonte, provavelmente porque são empresas mais maduras e desenvolvidas em sua rede de contatos e conexões. Esse resultado vai ao encontro a percepção de que o cluster traz mais vantagens e benefícios em seus estágios iniciais (PRESUTTI; BOARI; MAJOCCHI, 2013; AUDRETSCH; FELDMAN, 1996), pois a influência da aglomeração muda em decorrência de fatores envolvendo desde a firma até o ambiente supranacional. Contudo, este comportamento pode ser reflexo da rede de troca e distribuição de conhecimentos ser ainda incipiente em ambos os casos. Caso os clusters possuíssem links externos na ideia da internacionalização de clusters

198 (KÖCKER; MÜLLER; ZOMBORI, 2011; ISLANKINA, 2015), talvez as empresas se utilizassem mais do cluster no acesso a conhecimentos e networking.

Apesar disso, ainda é através das feiras e missões comerciais que a maioria das empresas realiza negócios com o exterior. No caso do cluster do Vale dos Sinos, o projeto Brazilian

Footwear se mostrou crítico para a atuação no exterior de diversas empresas, pois auxilia desde

o norteamento estratégico de países-alvo, como na realização de feiras, também em termos de marketing para as marcas e na aquisição de conhecimento. Igualmente estão os incentivos nesta linha para componentes. Os projetos para internacionalização no âmbito do cluster datam da crise que as empresas sofreram ao perderem market share dos americanos. Sendo assim, a magnitude e o conhecimento adquirido, assim como as práticas realizadas e a rede de contados arquitetada por este projeto não é facilmente replicada por outros competidores. Do mesmo modo destaca-se a infraestrutura da APEX-Brasil no exterior. Assim, considera-se que as relações externas são um recurso estratégico ao Vale dos Sinos.

Quanto a Fermo e Macerata, a inserção na cadeia de valor mundial de calçados pelo país leva as empresas do cluster a possuírem links no exterior mais qualificados. Além disso, há a realização de feiras internacionais mundialmente relevantes tanto em calçados, como em componentes que são organizadas pelo país em detrimento de seu status na cadeia produtiva mundial. Assim, considera-se as relações externas como um recurso estratégico para o cluster.

Embora os recursos estratégicos apresentados também sejam de caráter tangível, conforme afirmam Fensterseifer e Rastoin, (2013), Fahy (2002) e Wernerfelt (1989), os recursos para a internacionalização mais valiosos são aqueles de caráter intangível, pois são de mais difícil imitação. Também é importante destacar a realidade de ter acesso e realidade da utilização de fato dos recursos disponíveis. Nota-se que nem todas as empresas, em ambos os casos, utilizam recursos do cluster que estão disponíveis.

Concluindo, fica evidente a importância dos recursos e a necessidade de sua articulação e manutenção para a competitividade do cluster. Mais do que isso, talvez haja uma relação entre recursos e estágio de CVC, pois dependendo dos recursos que detém, o cluster seria mais resiliente, capaz de responder às mudanças externas e não entraria em declínio.

Ademais, destaca-se, a importância da localidade em um contexto internacional, pois a origem e a reputação do cluster são importantes para as empresas, mas também se evidencia o valor da cadeia produtiva. Pois apesar de ter havido redução de empresas e empregados na trajetória dos dois clusters, que são características de declínio (MENZEL; FORNAHL, 2010),

199 as empresas mantiveram suas raízes conectadas aos clusters, apesar de se esperar um comportamento de dispersão (MARTIN; SUNLEY, 2011; MENZEL; FORNHAL, 2010). A isto se deve a cadeia ampla e especializada de ambos os clusters e os recursos humanos foram importantes presentes na localidade.

Portanto, na mesma lógica em que as capacidades possuem um ciclo de vida (HELFAT; PETERALF, 2003), se os recursos do cluster não são renovados, é provável que o cluster tenha dificuldades em sua capacidade de resposta ao ambiente externo, podendo seguir uma trajetória que leve até o seu fim. Por isso a importância da reconfiguração dos recursos, que permitem a realização de novas ações estratégicas (MELO, 2011), diretamente relacionadas com a governança dos atores, que através de recursos e rotinas gera ganhos de eficiência coletiva no cluster (ERBER, 2008). Além disso, em que pese os diversos fatores que interferiram na

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