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Análise conjunta sobre a percepção dos usuários nos espaços EA

4.2 Comportamento e percepção do usuário

4.2.2 Percepção do Usuário

4.2.2.3 Análise conjunta sobre a percepção dos usuários nos espaços EA

A análise conjunta dos dados de percepção obtidos nas entrevistas, demonstra que, de forma geral, os usuários do EA 02 percebem o seu espaço de trabalho mais claro e estão mais satisfeitos com a iluminação disponível para a realização das tarefas do que os usuários do EA 01. A percepção dos usuários é coerente com as características lumínicas verificadas através dos levantamentos lumínicos dos espaços, onde verificou-se que o EA 02 apresenta níveis de iluminância maiores que o EA 01.

Com relação à percepção de conforto, os usuários do EA 02 consideram seu ambiente mais confortável que os usuários do EA 01, porém em ambos os espaços a maioria dos usuários percebem a ocorrência de desconforto por incidência de brilhos e reflexos. Esta percepção também está de acordo com o levantamento lumínico, uma vez que em todas as bancadas foram verificadas luminâncias excessivas nas visuais das janelas e luminárias, sendo que as janelas são apontadas pelos usuários como a maior causa dos incômodos visuais.

O desconforto pela luz natural ao longo das diferentes estações do ano, nas diferentes condições de céu e no decorrer das horas do dia é percebido de forma diferente pelos usuários dos dois espaços. A maior parte dos usuários do EA 01 percebe diferenças de conforto visual e considera pior o verão e o período da manhã devido ao excesso de radiação direta, e a condição de céu encoberto por baixar os níveis de iluminância no interior do ambiente. Já no EA 02, a grande maioria manifestou não perceber pior ou melhor o desconforto em nenhuma das condições mencionadas, justificando que as cortinas permanecem muito tempo fechadas restringindo o contato visual com o exterior. A importância do contato visual com o exterior é unanimidade nas duas salas, porém, a maioria dos usuários manifestam não estar satisfeitos com o contato existente, principalmente devido a altura do

peitoril da janela que limita a visual do exterior e o constante fechamento das persianas. Percepção que condiz com as características físicas verificadas nos ambientes.

Como sugestões de melhorias e alterações nas condições lumínicas dos espaços, em ambos os espaços, a maioria dos usuários manifesta necessidade de melhorias, sendo que no EA 01 estão relacionadas a um melhor aproveitamento da luz natural, funcionamento das persianas, distribuição das luminárias e às cores do ambiente enquanto no EA 02 dizem respeito, principalmente, ao sistema de iluminação artificial, indicando a necessidade de um ambiente mais iluminado e com maior individualização do sistema de acionamento.

De um modo geral, destaca-se que, as entrevistas permitiram uma grande aproximação com os usuários, fortalecendo o entendimento de como o espaço é percebido por cada um, e possibilitando um entendimento mais amplo do todo. As falas dos usuários demonstraram-se ricas de informações, coerentes com os dados lumínicos verificados nos espaços, revelando usuários conscientes das limitações dos espaços e das necessidades lumínicas para melhora nas condições de conforto visual, aproveitamento da luz natural e economia de energia em cada um dos espaços.

4.3 Avaliação da eficiência energética do sistema de iluminação

A avaliação da eficiência energética do sistema de iluminação foi realizada conforme procedimento de cálculo do RTQ-C, pelo método da área do edifício, apresentado em 3.5.

O sistema de iluminação é semelhante em ambas as salas do estudo, apresentando os mesmos tipos de luminárias, lâmpadas e reatores. As luminárias são do tipo calha refletora com aletas, com 2 lâmpadas do tipo fluorescente tubular - T8 - 32W e 1 reator eletrônico - 64W, conforme ilustrado na figura 73.

Figura 73 - Fotos dos modelos de luminária e reator presentes no sistema de iluminação das salas.

A tabela 56 e a tabela 57 apresentam os resultados obtidos para a densidade de potência de iluminação e o nível de eficiência atingido para os espaços administrativos 01 e 02, respectivamente, considerando-se, inicialmente, apenas o cálculo pelo método da área do edifício, sem a aplicação dos pré-requisitos.

Tabela 56 - Densidade de potência de iluminação instalada no EA 01.

Nível A Nível B Nível C Nível D

EA 01 (DPIL – W/m²) 9,70 11,20 12,60 14,10 Área Iluminada 98,21 98,21 98,21 98,21 Potência Limite 952,64 1099,95 1237,45 1384,76 Potência Instalada (W) 1024 Classificação NÍVEL B

Tabela 57 - Densidade de potência de iluminação instalada no EA 02.

Nível A Nível B Nível C Nível D

EA 02 (DPIL – W/m²) 9,70 11,20 12,60 14,10 Área Iluminada 90,42 90,42 90,42 90,42 Potência Limite 877,07 1012,70 1139,29 1274,92 Potência Instalada (W) 960 Classificação NÍVEL B

A avaliação das salas quanto aos pré-requisitos específicos do sistema de iluminação constatou que ambas atendem a questão da divisão dos circuitos, porém não atendem à exigência de acionamento independente da fileira de luminárias mais próxima à abertura no pré-requisito da contribuição da luz natural. Já o pré-requisito de desligamento automático do sistema de iluminação foi considerado como atendido tendo em vista não ser uma exigência para ambientes que possuem área inferior a 250 m². Desta forma ambas as salas tiveram o nível de classificação alterados de B para C.

A tabela 58 apresenta a verificação do atendimento dos pré-requisitos e a classificação final dos ambientes.

Tabela 58 - Síntese da verificação do atendimento dos pré-requisitos e classificação final dos ambientes.

Analisando-se os resultados obtidos pela aplicação do RTQ-C juntamente com os dados de iluminâncias do levantamento lumínico, observa-se que o pré- requisito da contribuição da luz natural, que considera o acionamento independente da fileira de luminárias mais próxima às janelas, é compatível com a área em que há maior contribuição de luz natural dentro dos espaços, e, que de fato, o atendimento a este pré-requisito poderia possibilitar um melhor aproveitamento da luz natural, economia de energia e elevar a classificação da etiqueta dos ambientes.

No entanto, os valores de iluminância apenas pela contribuição da luz natural apresentam-se variados, não sendo suficientes ao longo de todos os horários, nas diferentes condições de céu e nas diferentes épocas do ano, fazendo-se necessário o uso de iluminação complementar até mesmo nas áreas mais próximas às janelas, em determinados horários.

No mesmo sentido, observa-se, ainda, que as duas salas do estudo apresentam diferenças significativas no percentual de janelas em relação à área do piso e também com relação à orientação solar, com que o EA 02 demonstra claramente maiores níveis de iluminância pela luz natural, evidenciando um potencial diferente do aproveitamento da luz natural entre os dois espaços.

Desta forma, seria importante que o regulamento estabelecesse parâmetros de avaliação que levassem em consideração a efetiva contribuição da luz natural nos espaços, e não somente a presença de divisão de circuitos junto às janelas, pois desta forma ambientes que apresentam maior potencial de aproveitamento da luz natural, incluindo maiores valores de iluminância, acabam recebendo o mesmo

EA 01 EA 02

Sim Sim Sim Sim Sim

Sim Sim X Não Não

Nível C Nível C

3 3

Nível A Nível B Nível C Pré-requisitos

Sim

Nível EqNumDPI

Contribuição da luz natural Desligamento automático do

sistema de iluminação Sim X X Sim

CLASSIFICAÇÃO/AMBIENTES

tratamento que ambientes que recebem a contribuição da luz natural de forma insuficiente, fazendo com que seja indispensável o uso da luz artificial.

O tempo de acionamento do sistema de iluminação artificial é outro fator não avaliado pelo RTQ-C, pois este não considera se as lâmpadas estão ou não acessas em áreas e horários que seriam desnecessários, assim como também ignora outros fatores que podem intervir no aproveitamento da luz, como o fechamento das persianas em horários críticos para ocorrência desconforto, como verificado neste estudo. Esta análise vai ao encontro do verificado por Moraes (2012) e recomendado por Warren (2008 apud Moraes, 2012) que sugerem a utilização do watt-hora/m², e não W/m², como forma de considerar o tempo de utilização do sistema como medida para avaliação do uso eficiente de energia.

5 Conclusões

O presente trabalho buscou investigar os fatores que interferem efetivamente no aproveitamento da luz natural, em salas de trabalho de prédio administrativo da Universidade Federal de Pelotas, através de uma metodologia convergente, considerando-se que informações advindas de diferentes ângulos agregam informações e reduzem o risco de conclusões limitadas.

Foram analisados os aspectos físicos e lumínicos do ambiente, o comportamento e a percepção do usuário, à luz dos objetivos propostos, como forma de subsidiar a proposição de melhorias que possam incrementar o uso da luz natural e, assim, a eficiência energética da edificação, objeto deste estudo.