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Dada atenção especial aos sistemas Ford, Volvo, Toyota, Hyundai e Indústria 4.0, foi pos- sível identificar as diferenças de cada um, apresentando na Figura 9 uma análise crítica destes Sistemas.

O Fordismo ou produção em massa como também é conhecido é orientado para produtos com alta escala de produção, devido a padronização e intercambialidade dos componentes dos automóveis, porém uma das suas limitações é a falta de flexibilidade e atendimento a lotes de produção pequenos. Os veículos são montados em esteiras rolantes que se movimentavam, os operadores realizavam atividade específicas o que não requer qualificação generalista, apenas na atividade que realiza, limitando-se a tarefas rotineiras e especializadas sem envolvimento para melhoria do processo, tendo como orientação Top-Down - (de cima para baixo), sendo formada uma visão geral do sistema organizacional, onde cada nível é detalhado do mais alto ao mais baixo para chegar nos níveis mais básicos do elemento abordado.

Constantemente os sistemas de produção estão sendo recriados, desde a produção arte- sanal, passando pela produção industrial clássica no início do século XX, depois pela pro- dução enxuta (Lean Manufacturing) e a produção adaptável, crescente nos últimos dez anos

Figura 9: Análise Crítica dos Sistemas

Fonte: Elaborado pelo autor

(RAUCH, 2013). Bem conhecido, TPS, proposto por Womack, Jones e Roos (1990), foi sis- tematicamente adotado em todo o mundo, com suas ferramentas e técnicas para apoiar na melhoria operacional. Sua difusão pode ser atribuída a seu foco na redução de desperdício, produzindo somente se houver demanda evitando estoques, utilizando Just-In-Time que é ca- racterizado por produção conforme demanda, aumentando a velocidade de entrega, reduzindo custos e melhorando a qualidade de produtos e serviços, fazendo do Lean uma referência em gestão de operações (SAMUEL; FOUND; WILLIAMS, 2015). A produção enxuta, como também é conhecido, favorece fortemente a melhoria contínua, pois atrela a responsabilidade

de todos os funcionários envolvidos no processo. É um sistema criticado pela exigência forte ao ritmo de trabalho imposto ao operadores, além de limitar a autonomia dos operadores frente a investimentos altos. Pode ser caracterizado também como um sistema flexível, ágil e inovador, frente ao seu dinamismo e foco na melhoria contínua. A automação e tecnologia dos processos são auxiliares, uma dinâmica oposta à rígida automação fordista decorrente da inexistência de escalas que viabilizassem a rigidez.

No entanto, nem todas as empresas fabricantes de automóveis tomaram o mesmo caminho para desenvolver seus sistemas de produção, por exemplo, a Volvo e a Hyundai (NETLAND; ASPELUND, 2013). O Volvismo ou reflexivo como também é conhecido, reforça a impor- tância do aspecto humano do trabalho, desenvolvendo fábricas com processos ergonomica- mente corretos, para favorecer o bem estar das pessoas, promover especialização de funções ao mesmo tempo em que se dissemina o conhecimento. Dos sistemas apresentados é o que mais possibilita o envolvimento dos funcionários na produção de bens manufaturados e que mais exige capacitação técnica dos operários, ao contrário do fordismo em que os produtos se movimentavam, no Volvismo o produto fica estático e os operários que se movem.

O Sistema Hyundai despertou o interesse de outras empresas e do meio acadêmico devido aos resultados significativos que foram alcançados (LEE; JO, 2007). A Hyundai se diferencia pelas característica de modularização, automação, Just in Sequence (JIS), Supply Chain Ma- nagemente sistemas flexíveis de manufatura (LEE; JO, 2007). Devido a razões socioeconômi- cas relacionadas com um contexto específico de relações laborais precárias, rígida legislação trabalhista, e acesso à tecnologia estrangeira, parecia mais provável para a Hyundai Motor Company (HMC) investir em máquinas, automação e soluções de engenharia flexíveis em vez de usar máquinas simples e empoderando empregados do chão de fábrica. Planejamento centralizado e as decisões de produção, assim como o JIS, parecem ter partido dessa esco- lha anterior como forma de gerenciar informações complexas sobre as operações da empresa (NUNES; VACCARO; ANTUNES, 2017). O Hyundaismo, tem maior flexibilidade possibili- tando a produção de alta variedade de produtos respondendo mais rapidamente às mudanças na demanda de mercado. Utiliza o MRP, para planejar todos os recursos da manufatura, como disponibilidade de matéria prima e as etapas dos processos produtivos. Diferente da Toyota que procura ao máximo manter o seu quadro de funcionários, visto que a perda dos mesmos é caracterizada como perda de experiência e conhecimento, para a Hyundai os trabalhadores possuem outro papel, justificada pela crise trabalhista dos anos 80, forçando-a buscar outras maneiras de ser produtiva e mais competitiva, eliminando funcionários por meio da automação dos processos produtivos e da modularização dos produtos.

com tecnologias para tornar a produção altamente flexível e eficiente (KAGERMANN et al., 2013; PORTER; HEPPELMANN, 2015). A Indústria 4.0, um projeto futuro na estratégia de alta tecnologia do governo federal alemão, é uma possível abordagem para atingir esses objetivos. Esta tendência também pode ser observada em outros países e em todo o mundo (LONG; ZEILER; BERTSCHE, 2016). As abordagens mais tradicionais focam no fluxo do produto e em como os elementos de produção são organizados. As abordagens mais modernas valorizam a importância da flexibilidade na organização dos processos, beneficiando-se dos avanços das novas tecnologias para atender demandas cada vez mais individualizadas (NOF, 2013). Indústria 4.0 ou manufatura avançada, como também é conhecida destaca-se como um sistema inteligente de manufatura permitindo a automação das operações e até mesmo inclusão destas nos produtos, favorecendo a uma operação autônoma e com pouca influência humana, na análise crítica realizada esse sistema se aproxima com muita semelhança co sistema de produção Hyundai. Na próxima seção será caracterizado a Indústria 4.0, dando ênfase aos elementos que impulsionam este sistema.