• Nenhum resultado encontrado

No presente estudo, a análise das pessoas estomizadas intestinais estudada no aspecto da caracterização sócio demográfica e clínica revelou que a média de idade do grupo de estomizados intestinais em razão do CCR foi de 58,72±12,56 anos. Este resultado corrobora outros estudos que indicam prevalência de CCR na faixa etária superior a 50 anos, constatando-se que mais de 90% dos cânceres colorretais incidem em indivíduos com idade superior a 50 anos (FORTES et al., 2012; BRASIL, 2012).

A análise demonstrou que houve um predomínio do sexo feminino, o que vai ao encontro dos estudos realizados pelo INCA no Brasil, em 2012, no qual as estimativas indicadas para o mesmo ano seriam válidas também para o ano de 2013. As expectativas dão conta do surgimento de 14.180 casos novos de CCR, em homens e 15.960, em mulheres. As estimativas de número de casos novos de CCR, no Distrito Federal são de 510, sendo destes, 220 em homens e 290 em mulheres, com taxas brutas respectivas de 16, 89% e 20,50% (BRASIL, 2012).

Em relação às co-morbidades com o CCR, a análise demonstrou que os estomizados intestinais em razão do CCR, são diabéticos do tipo II, isto é, 34,1% (n=41), assim a referida análise confirma os estudos de Seow etal. (2006) e Chang e Ulrich (2003) que apresentam a Diabettes Mellitus de tipo II como um maior risco de CCR, em virtude do estado de hiperinsulinêmica que caracteriza os estádios iniciais desta neoplasia.

A análise indicou que 43,3% (n= 52) dos estomizados intestinais em razão do CCR são tabagistas. Segundo Stürmer et al. (2000) embora o colón não seja atingido diretamente pela composição do tabaco, as substâncias carcinogênicas transportadas pela corrente sanguínea tem um impacto negativo no que se refere ao risco do desenvolvimento do CCR. Além disto, a quantidade de maços/ano e a duração do hábito contribuem para o desenvolvimento de adenomas, consequentemente aumentam o risco do CCR.

Segundo identificado, no grupo de estomizados intestinais por outras causas, os traumas abdômino perineais tiveram um predomínio em relação às demais causas da estomia intestinal, sendo que o acidente automobilístico obteve maior percentual, isto é, 20,8% (n= 22), seguido de PAF 18,9% (n= 20) e PAB 6,6% (n= 7), totalizando 46,3% (n=49).

A partir da década de 80, houve um crescimento na taxa de mortalidade por causas externas, representando a segunda causa de morte no Brasil. Observou-se que, em sua maioria, as mortes eram ocasionadas por acidentes automobilísticos e PAF. Deste modo, os acidentes e os homicídios são os maiores responsáveis por este aumento (CYRILLO et al., 2009; FREIRE, 2001).

A média da idade dos estomizados intestinais por outras causas foi de 42,54 ± 11,47 anos de idade, destacando-se que as faixas etárias mais prevalentes foram de 20 a 29 anos de idade34% (n=36) e 30 a 39 anos de idade 26,4% (n= 28). Estes achados corroboramos estudos do Departamento de Prevenção de Violência, Injúrias e Deficiência da Organização Mundial de Saúde, que indicam que a maioria dos acidentes automobilísticos ocorrem entre 15 a 44 anos de idade (OMS, 2011). Ainda alguns estudos demonstram que a faixa etária da população acometida por PAF e PAB, é composta por indivíduos entre 20 e 40 anos (CYRILLO et al., 2009).

Destacam-se dentre as causas externas de estomias intestinais, os acidentes automobilísticos em decorrência da violência no trânsito, PAF e PAB, decorrente de maior suscetibilidade e exposição à violência urbana (MENEZES et al., 2013; PINTO et al., 2006). Ainda, Pinto et al. (2006) descrevem que a violência urbana é apontada como a causa mais comum da procura de atendimento em serviços de urgência e emergência, sendo considerada fator de crescimento em pessoas com estomias intestinais.

No que concerne ao sexo, houve uma prevalência do masculino, o que vai ao encontro dos estudos pelos autores CYRILLO et al.(2009), que mostram que o trauma físico é composto, em sua maioria, por homens de classe e escolaridade baixas. Este perfil levantado e a expectativa média de vida da população brasileira instigaram o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística a estimar, detalhadamente, o número de mortes por causas externas, a fim de determinar o impacto social causado por esses eventos (CYRILLO et al., 2009).

A associação frequente de doenças crônicas acarreta demanda expressiva por serviços de saúde e medicamentos, predispondo a inúmeros riscos. Também a associação entre Doença de Chagas e outras doenças crônicas, por exemplo, hipertensão e diabetes podem incrementar a morbimortalidade e piorar a QV daqueles que se encontram nessa condição desfavorável (KAMIJI; OLIVEIRA, 2005).

As DII estão relacionadas a diversos fatores e segundo Blumberg (2010), inclui-se, entre estes fatores, o tabagismo. Dentre os fatores de risco para a Síndrome de Fournier destacam-se diabetes mellitus, desnutrição e obesidade, entre outros (BATISTA et al., 2010; CAVALINI et al., 2002).

Foi verificado na pesquisa que 17,9% (n= 19) são diabéticos, sendo que sete estomizados intestinais do sexo masculino estão realizando o tratamento de Síndrome de Founier. Além disto, 39,7% (n= 42) são tabagistas, observado que 15,1% (n= 16) dos estomizados intestinais possuem DII.

Na amostra estudada, para ambos os grupos, a religião predominante foi a católica, seguida da evangélica, isto é56, 7% (n=68) eram católicos e 30,9% (n=37) evangélicos, atinente aos pacientes estomizados em razão do CCR. Por sua vez, nos pacientes estomizados por outras causas, está análise indicou que 54% (n=58) eram católicos e 25,4% (n=27) evangélicos.

Em relação à prática da religião dos grupos dos pacientes estomizados em razão do CCR e estomizados por outras causas, concomitantemente, verificou-se que a maioria prática a religião mencionada, ou seja, 77,5% (n=93) e 73,6% (n=78).

Com efeito, estes resultados corroboram o estudo do Gomboski, realizado em Viamão e Santa Maria, Porto Alegre em 2010, com 215 estomizados, no qual se verificou que a religião predominante dos sujeitos de pesquisa era a católica, ou seja, 71,2% eram católicos, além disto, detectou-se que 72,6% praticavam a religião.

Deste modo, a enfermidade pode representar uma oportunidade de crescimento espiritual, uma vez que lembra ao sujeito sua fragilidade e traz questões sobre o propósito das

coisas. Nesta perspectiva, Saad e Nasri (2008) sugerem que bem estar espiritual esteja associado não apenas com estados físicos e psicológicos, mas também formação cultural.

Na amostra da variável estado civil dos grupos dos pacientes estomizados em razão do CCR, evidenciou-se que 62,5% (n=75) dos pacientes eram casados e 10,8% (n=13) tinham união estável e, na análise dos pacientes estomizados por outras causas, verificou-se que 53,8% (n=57) dos pacientes eram casados e 15,1% (n=16) tinham união estável. Estudos internacionais (MOHLER et al. 2008; SCHNEIDER et al. 2007) com pessoas com neoplasia de colorretal apontam que 60% das pessoas são casadas e 95% vivem com companheiro, além disto, alguns estudos nacionais com indivíduos estomizados indicam que a maior parte é formada por casados, totalizando um percentual entre 61,9% a 87,5% (FORTES et al., 2012; MICHELONE; SANTOS, 2004).

Ainda por esta vertente, a análise dos dados indicou que 14,2% (n=17) dos pacientes eram divorciados, 10% (n=12) eram viúvos e 2,5% (n=3) eram solteiros, dados referentes aos estomizados intestinais em razão do CCR. Em relação aos estomizados intestinais por outras causas, demonstraram que 17% (n=18) dos pacientes eram divorciados, 3,8% (n=4) eram viúvos e 10,3% (n=11) eram solteiros.

Nesta perspectiva, constatou-se que a QV dos estomizados divorciados ou desquitados, estava prejudicada, pois a pesquisa sugere que independentemente da qualidade conjugal, o fato de não estar casado é um fator de risco para a saúde física, especialmente, para os homens. Indivíduos separados ou divorciados têm pior saúde física e mental que os casados, viúvos ou solteiros. As pessoas casadas têm maiores níveis de bem-estar físico e psicológico que os solteiros, separados ou divorciados (KAUFMAN; TANIGUCHI, 2006; HAWKINS; BOOTH, 2005).

Verificou-se que a variável convívio familiar foi predominante em ambos os grupos estudados, isto é 93,3% (n=112) do grupo de estomizados intestinais em razão do CCR e 87,8% (n=93) do grupo de estomizados intestinais por outras causas. Assim, os dados tornam- se relevantes quando se fala em convívio familiar, uma vez que a família é vista como o ponto de apoio, que cuida da pessoa com estomia na desordem física e emocional, sendo todos, envolvidos pelo vínculo da afetividade (FORTES et al., 2012).

No tocante à renda e ao grau de instrução dos grupos de estomizados intestinais em razão do CCR e estomizados intestinais por outras causas, os índices foram relativamente baixos, configurando-se a renda familiar média de 2,25 salários mínimos e de 2,57 salários mínimos, e quanto ao grau de instrução houve predomínio de 46,7% (n= 56) com até o ensino fundamental e de 54,8% (n= 58) de ensino médio, respectivamente. Esses dados enfatizam a

relevância da assistência governamental a esta clientela. A baixa escolaridade, bem como a renda familiar, pode ser um fator para a não prevenção do CCR, devido ao esclarecimento precário acerca dos fatores que desencadeiam essa doença, incluindo a dieta que tem como recomendação a base em alto consumo de frutas, vegetais frescos, cereais e peixes, além da prática de exercício físico (FORTES et al., 2012; BRASIL, 2012).

Ainda, os estudos de Fortes et al. (2012) descrevem a existência da relação do grau de escolaridade com a QV, ou seja, graus escolares mais elevados tendem a ter melhor QV. Neste aspecto, observou-se que nos dados do grau de instrução e da renda familiar de ambos os grupos, existe uma relação proporcional com a QV, ou seja, os estomizados que tinham o grau de instrução e a renda mais elevados apresentaram melhor QV. Sobretudo os resultados do estudo de Dabirian et al. (2011) ressaltam que os problemas econômicos podem afetar a QV de pessoas estomizadas.

Diante do exposto, a análise dos dados revelam a formação e a renda da clientela, confirmando a necessidade de orientação clara e objetiva – devido à baixa renda e à formação educacional limitada para o tratamento e, principalmente, para o autocuidado, uma vez que os estomizados intestinais em razão do CCR 67,5% (n= 81) e 52,8% (n= 56) estomizados intestinais por outras causas, apresentam estomia intestinal definitiva. Além disto, o baixo nível sócio educacional restringe as oportunidades de inserção no mercado de trabalho com maiores salários.

Na variável frente ao trabalho, dos grupos de estomizados intestinais em razão do CCR e estomizados intestinais por outras causas, respectivamente, houve predomínio de 65,8% (n=79) de aposentados e 17,5 % (n=21) afastados pelo INSS e de 50% (n=53) de aposentados e 26,4 % (n=28) afastados pelo INSS, com maior percentual de aposentados nas pessoas com estoma definitivo e com idade maior que 60 anos, motivo pelo qual o estomizado é considerado um portador de necessidades especiais, de acordo com o Decreto Nº 5.296 de 02 de dezembro de 2004 (FORTES et al., 2012).

O predomínio de pessoas, com faixa etária acima de 50 anos, configura uma situação que caracteriza maior vulnerabilidade social, pois nesta fase da vida há dificuldade para inserção no mercado de trabalho, além do fato dessas pessoas necessitarem de um seguimento ambulatorial para consultas e tratamentos, resultando em afastamentos por saúde, que agravam ainda mais a possibilidade da manutenção de uma atividade laboral.

Além desses fatores, percebe-se, também, que as pessoas estomizadas têm dificuldade em reintegrarem-se ao trabalho. Geralmente, aqueles que possuem vínculo empregatício preferem aposentar-se e se afastar em definitivo e os desempregados não conseguem se inserir

no mercado formal de trabalho (STUMM et al. 2008; SOUZA et al. 2007; SILVA; SHIMIZU, 2006).

Em relação aos resultados do caráter da estomia intestinal, identificou-se que houve uma preponderância da estomia definitiva, isto é, 67,5 % (n=81), referente aos estomizados intestinais em razão do CCR. No tocante aos estomizados intestinais por outras causas, destaca-se que houve um leve predomínio da estomia intestinal definitiva, 52,8 % (n=56), em comparação a estomia temporária, ou seja, 47,2 % (n=50).

Assim, a cirurgia da confecção da estomia intestinal ocasiona uma série de adaptações devido às modificações na vida, resultando no detrimento da QV, independente do caráter temporário ou definitivo da estomia (FORTES et al., 2012; DABIRIAN et al., 2010; CASCAIS et al., 2007). De tal modo, independente deste aspecto anterior, a QV da pessoa estomizada é prejudicada, em várias dimensões, a saber: física, psicológica, relações sociais e meio ambiente.

Embora, em ambos os grupos, tenha sido observado um número reduzido de pessoas que utilizam a irrigação, isto é, 5,9% (n=7) estomizados intestinais em razão do CCR e 8,5% (n=9) estomizados intestinais por outras causas, detectou-se a utilização deste mecanismo. Portanto mesmo diante da pouca representatividade, torna- se necessária a disseminação da técnica de irrigação, bem como, do conhecimento e do ensino, por iniciativa dos profissionais de saúde (MARUYAMA et al., 2009).

O uso de irrigação apresenta-se como uma técnica sem efeitos colaterais, que permite o controle intestinal e ainda beneficia as relações sociais e familiares, promovendo a QV da pessoa com estomia (CESARETTI et al., 2010). Além disto, a irrigação auxilia na diminuição frequente da flora bacteriana colônica e, ainda, acarreta a redução da formação de gases (MARTINS; ALVIM, 2011; MARUYAMA et al., 2009).

No tocante às co-morbidades, em ambos os grupos estudados, verificou-se que a diabetes e a hipertensão arterial tiveram um percentual significativo, ou seja, no grupo de estomizados intestinais em razão do CCR 56,7% (n= 68) relataram ser hipertensos e diabéticos 34,1% (n=41) e, em relação ao grupo de estomizados intestinais por outras causas, 30,1% (n= 32) relataram ser hipertensos e diabéticos 17,9% (n=19).

Estudos epidemiológicos indicam que diabetes e hipertensão são condições comumente associadas. A prevalência de hipertensão é de, aproximadamente, o dobro entre os diabéticos, em comparação com os nãos diabéticos. Ademais, a hipertensão afeta 40,0% ou mais dos indivíduos diabéticos (FREITAS; GARCIA, 2012). Tais estudos ainda indicaram que todas as regiões do Brasil apresentaram aumento, estatisticamente, significativo do

coeficiente padronizado de diabetes+hipertensão, destacando-se as regiões Centro-Oeste e Nordeste pelo aumento mais acentuado do coeficiente padronizado, de 1,3% em 1998 para 2,4% em 2008, em ambas as regiões (FREITAS; GARCIA, 2012).

Estudos estimam a prevalência padronizada por sexo e idade de diabetes, tendo como referência a população mundial de 2010, e obtiveram projeções para 2030 em diversos países do mundo, entre eles o Brasil (SHAW et al., 2010). De acordo com essas estimativas, entre 2010 e 2030, haverá um aumento de 69% no número de adultos, na faixa etária de 20-79 anos, com diabetes nos países em desenvolvimento (FREITAS; GARCIA, 2012).

5.2 COMPARAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA ENTRE OS GRUPOS E A