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2.3 SOBRE A ESTOMIA INTESTINAL

2.3.3 Um pouco da legislação da pessoa com estomia intestinal

Pensar em estomizado intestinal nos remete à reflexão sobre a sua nova condição e a forma como os seus direitos são assegurados para que este possa alcançar a reabilitação. O estomizado possui necessidades maiores que ultrapassam os limites da técnica cirúrgica. Ele necessita de conhecimentos sobre o seu problema de saúde, com ensino individual para que as ações de autocuidado tenham sucesso.

Inicialmente, convém aprofundarmos a compreensão em relação à condição de estomizado como pessoa com deficiência.

A assembleia Mundial de Saúde, em maio de 2011 aprovou a International

Classification of Functioning, Disability and Health – Classificação Internacional de Fiuncionalidade, capacidade e Saúde (CIF), que representou uma evolução na abordagem com mudanças importantes em termos conceituais, políticos, filosóficos e metodológicos, na medida em que a concepção considera a capacidade de pessoas com deficiência e não a incapacidade ou a questão da doença ou a situação que causou a sequela, mas ampliou coma inclusão de outros fatores como a qualidade do indivíduo em se relacionar com o seu ambiente de vida (OMS, 2013).

A deficiência passou a ser compreendida como arte ou expressão de uma condição de saúde e não uma indicação específica da presença de uma doença ou de uma situação que o indivíduo deve ser considerado doente (OMS, 2013).

No Brasil, pelo Decreto n. 3,298, de 20 de dezembro de 1999, deficiência é definida como:

Toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica o anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e incapacidade - uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidades de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho da função ou atividade a ser exercida.

Neste sentido, o Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência, pelo seu Decreto nº. 5.296, de 02 de dezembro de 2004, ao determinar que sejam garantidas condições gerais às pessoas com deficiência, possibilita a acessibilidade em condições para utilização com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, serviços de transporte, dispositivos, sistemas, meios de comunicação e informação, e inclui a pessoa com estomia nessa condição.

Portanto, as legislações configuram-se como importantes meios para as garantias dos direitos das pessoas com deficiências, principalmente, no que se refere à inserção ao mundo do trabalho, à saúde, à educação, dentre outros direitos sociais necessários para a reparação das desigualdades daqueles que experimentam a deficiência no nascimento; no curso da vida ou durante o processo de envelhecimento. A deficiência, ao se libertar da autoridade biomédica, seria retratada como uma questão de justiça social e não como uma tragédia pessoal (DINIZ, 2007).

Por sua vez, de acordo com BRASIL (2013), o Decreto n. 5.296, de 02 de dezembro de 2004, pessoas com deficiência são aquelas que possuem limitações ou incapacidades para o desempenho de atividades. As limitações são enquadradas tecnicamente nas seguintes categorias:

a) deficiência física: sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo e membros com deformidade congênita ou adquirida;

b) deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total da audição; c) deficiência visual: cegueira e baixa visão;

d) deficiência mental: funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação; cuidado pessoal; habilidades sociais; utilização dos recursos da comunidade; saúde e segurança; habilidades acadêmicas; lazer e trabalho;

e) deficiência múltipla: associação de duas ou mais deficiências.

Assim, o Decreto n.º 5.296/04, de 2/12/04, considera ostomizado2 uma pessoa com deficiência física, ou seja, possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade.

Diante do exposto, o cuidado à pessoa comestomia intestinal, considerando o processo de reabilitação e acessibilidade, necessita ser norteado pelos princípios do SUS, descritos segundo Machado et al. (2007) como: descentralização, regionalização e hierarquização dos serviços. Logo, compreende desde as unidades básicas de saúde, os centros de atendimento em reabilitação – públicos ou privados – e as organizações não governamentais até os Centros de Referência de maior nível de complexidade.

Segundo BRASIL (2008), a Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora com Deficiência, (2008) seu principal objetivo se configura na reabilitação da pessoa deficiente com foco na sua capacidade funcional e no desempenho humano. Desta maneira, esta política contribui para a inclusão social, previne os agravos, os quais podem ser influenciados pelo ambiente econômico e social.

A Portaria nº 400, de 16/11/09 estabelece diretrizes nacionais para atenção à saúde das pessoas ostomizadas no âmbito do SUS, a serem analisadas em todas as unidades federadas,

respeitadas as competências das três esferas de gestão. Deste modo, exige estrutura especializada, com área física adequada, recursos materiais específicos e profissionais capacitados. Considera ainda, a necessidade de organização das unidades de saúde que prestam serviços às pessoas estomizadas em definir fluxos de referência encontrar referência com as unidades hospitalares. Além das ações de orientação para o autocuidado, prevenção de complicações nas estomias e fornecimento de equipamentos coletores e adjuvantes de proteção e segurança e capacitação dos profissionais (BRASIL, 2009).