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Análise da criança 5:

No documento MARCIA LUIZA TRINDADE CORRÊA (páginas 92-96)

CONCEITO DEFINIÇÃO

VIII. RESULTADOS E ANÁLISE

5) Análise da criança 5:

A criança 5 tem 9 anos e é do sexo feminino. Estava acompanhada pela mãe e foi internada com pneumonia. Pneumonia é um diagnóstico muito recorrente no hospital, segundo as enfermeiras.

5.1) Entrevista Semi-estruturada:

A criança disse que está no hospital porque pegou uma gripe muito forte que acabou virando pneumonia. Já esteve em outro hospital e disse que esse é muito diferente. É mais colorido e as pessoas são mais animadas. A.C.N. percebe as caracterizações do hospital humanizado em que se encontra.

Gosta de ir na maternidade ver os bebês, mas nem sempre tem alguém lá. Também gosta do painel com desenhos das crianças do corredor que liga o hospital infantil a primeira pediatria (que fica no hospital geral).

Disse que participa de todas as atividades que tem no hospital. Lembrou de falar da salinha de recreação como um dos lugares do hospital que mais gosta de ficar.

No hospital já fez aula de nutrição e o que mais gostou foi do “tio dos canudinhos”, que ensina as crianças a montar figuras com palitinhos de sorvete.

Foi no jardim do hospital uma vez e achou lindo. Mas queria que tivessem outras flores e que o jardim fosse maior também.

Quando foi ao jardim brincou de casinha e disse que tem vontade de voltar lá para continuar a brincadeira. Ficou feliz em saber que voltaria e quis que a pesquisa continuasse no mesmo dia para ir ao jardim.

Não lembra de nada que gostaria de fazer no jardim que não possa, mas gostaria que fosse mais colorido.

Disse também que se sentiu muito bem em ter ido ao jardim. Disse que até tinha esquecido que estava no hospital, parecia que estava no pátio do colégio. Esse é um fator interessante a ser destacado, pois ela fez referência a outro espaço aberto que conhece, no caso o pátio do colégio que estuda, e o jardim teve esse efeito de transportá-

la do ambiente hospitalar, a princípio desagradável, para o ambiente agradável que é o pátio da escola.

5.2) Observação no jardim do hospital:

A pedido da própria paciente, a observação foi realizada no mesmo dia da entrevista, logo após a entrevista semi-estruturada. Para o jardim a menina levou uma boneca de pano, e dizia que a boneca era a filha dela. Quando chegamos ao jardim ela já iniciou a brincadeira, dizendo chegamos na minha casa. Ao contrário da criança 4, esta já chegou se apropriando do espaço do jardim.

Figura 6: Mapeamento da criança5 no jardim do hospital no período de observação.

A mãe foi para o banco à esquerda da entrada e sentou-se ali enquanto a filha brincava. Ela começou passando pelo canteiro e passando a mão pela grade azul. Antes de chegar ao final do portão foi em direção ao banco e sentou-se ali por poucos minutos. Levantou-se e foi até a lixeira e fingiu que jogava algo fora. Depois disse pronto, agora está tudo limpo. Continuou caminhando pelo canto, tocando as flores que ficam na

parede onde tem uma casa pintada. Disse que ali era a casa dela e que estávamos no quintal. Falou que vai colocar mais flores para a casa ficar mais bonita.

Continuou andando até chegar ao outro canteiro de flores que fica no canto do jardim. Disse que aquelas flores eram lindas. Cheirou as flores e disse que eram muito cheirosas e que ia fazer um perfume com aquele cheiro para ela.

Continuou andando pelo jardim, sorriu e acenou para a mãe que estava no banco e foi até o outro canteiro de pedrinhas. Lá disse que o lenhador cortou a árvore que ela tinha ali, bem no meio do canteiro. Disse que faltava a árvore no jardim. É possível que no pátio do colégio onde estuda haja árvores, uma vez que, na entrevista, relacionou o jardim do hospital a ele e sentiu falta deste elemento.

Foi até a mãe e apresentou a “filha” (a boneca) para a “avó” (sua mãe). Sentou-se ao lado dela e disse que era o fim da história.

Foi pedido que desenhasse como gostaria que fosse o jardim, mas a criança disse não estar com vontade de desenhar nada. Foi pedido então que me mostrasse no mapeamento do jardim o que gostaria de acrescentar, e desenhou a árvore no meio do canteiro de plantas e pedrinhas, com o lápis que estava na mão da pesquisadora, mesmo esta oferecendo lápis de cor.

5.3) Resultados da Escala de Qualidade de Vida:

A aplicação do inventário de qualidade de vida foi feita no dia seguinte à observação. A paciente não estava tão bem-humorada quanto o dia anterior. Disse que se lembrava da pesquisadora e perguntou o que tinha que fazer. Foi explicado como deveria responder à escala de qualidade de vida.

Todos os exemplos dados por ela tinham relação direta com a sua internação, disse que fica “muito infeliz” quando fica doente e tem que ir no hospital. Fica “infeliz” quando fica gripada. Fica “feliz” quando a mãe dela está junto dela no hospital e fica “muito feliz” com os médicos e palhaços do hospital que brincam com ela.

A escala de qualidade de vida dessa criança foi bem variada. Em relação ao primeiro fator (autonomia) ela demonstrou ficar “feliz” na maioria das respostas que envolviam atuar sozinha ou com amigos.

O fator 2 (lazer), também foi completado por respostas positivas, “feliz” e “muito feliz”.

No fator 3 (funções) foram dadas poucas respostas que referiam-se a “infeliz”, como quando faz as lições de casa ou quando vai a uma consulta médica. Mas sobre ficar internada no hospital relatou ficar “feliz”. Acrescentou que gosta do hospital que está e que “não dá para ficar infeliz aqui”.

O fator 4 (família) também foi marcado por respostas positivas.

O total de pontos dela foi de 53, denotando boa qualidade de vida, segundo o instrumento aplicado.

Em relação à questão 27, disse ficar “muito feliz” no jardim do hospital.

5.4) Análise geral da criança 5

Na entrevista e enquanto estava no jardim do hospital, a criança 5 apresentou sensações de bem-estar em relatar como gostava do hospital, dos locais que já havia ido, sempre sorrindo, e no jardim, enquanto brincava na sua casa, limpando o quintal, e até mesmo falando da árvore que deveria estar no canteiro.

Na entrevista, valorizou as brincadeiras dos médicos (que no caso inclui as funcionárias da recreação e enfermeiras) e dos Doutores da Alegria e também a presença da mãe ao lado dela durante a internação. Ao falar da internação na escala, relatou que não era possível ser infeliz ali, valorizando novamente os aspectos particulares do hospital humanizado em que se encontrava.

Disse ter ficado muito feliz no jardim do hospital, denotando novamente um bem- estar percebido por ela em estar num ambiente diferenciado, embora não ideal para ela, por não ter árvores.

No documento MARCIA LUIZA TRINDADE CORRÊA (páginas 92-96)