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Análise da criança 8:

No documento MARCIA LUIZA TRINDADE CORRÊA (páginas 104-108)

CONCEITO DEFINIÇÃO

VIII. RESULTADOS E ANÁLISE

8) Análise da criança 8:

A criança 8 é do sexo masculino, tem 7 anos de idade e estava acompanhado pela mãe. Foi também diagnosticado com pneumonia.

8.1) Entrevista Semi-estruturada:

Na entrevista semi-estruturada, não falou muito, deu respostas curtas o tempo todo. Disse que estava com pneumonia.

Já esteve em outros hospitais, mas esse é diferente porque tem brinquedo, tem a praça (jardim) e a sala de brincar.

Disse que gosta mais da sala de brincar e que desenhou “as meninas superpoderosas”. Copiou o desenho de uma revista. Lá também fez pinturas e cortou papel.

Foi no jardim uma vez, e disse que brincou. Ao ser perguntado sobre as brincadeiras que fez lá, disse que ficou correndo, conversando. Disse que mexeu nas plantas.

Sobre o que mais gostou no jardim, a criança 8 relatou ter gostado mais do banco para sentar. Disse que gostaria de andar de bicicleta no jardim. Quanto ao sentimento, disse que se sentiu bem em ter ido lá.

Se pudesse, tiraria a cesta de basquete e colocaria “aquele negócio que joga água para as plantas”.

A criança 8 concordou em ir no jardim naquele momento e fomos para lá logo em seguida.

Apesar das respostas curtas, já foi possível constatar que a criança tem sua percepção do jardim e já faz críticas sobre o que poderia ser colocado e tirado dali. Interessante que foi mais uma criança relatando ver as plantas muito secas e apresentando vontade de regá-las.

8.2) Observação no jardim do hospital:

Ao chegar no jardim do hospital, a mãe e o filho foram se sentar no banco que fica no canto esquerdo. Ficaram lá por mais de dez minutos, sem fazer nada, sem falar nada um com o outro. As vezes olhavam para cima. Ainda passou um avião e a criança 8 colocou a mão no ouvido por conta do barulho. Depois que passou o avião começou a andar pelo jardim. A mãe foi andar junto dele.

Figura 9: Mapeamento da criança8 no jardim do hospital no período de observação.

Quando começou a andar pelo jardim, a mãe o acompanhou de mãos dadas a ele. Ele sorriu para ela, aparentemente gostando da companhia da mãe durante o passeio. Pararam onde o canteiro de baixo com pedrinhas faz uma curva e ele tocou na planta que cobre o canteiro. Depois foram até a pintura da casa na parede e disse que era a casa da mãe dele. A mãe disse que a casa dela era bonita e ele concordou. Depois andaram até o canteiro superior, mas não tocaram em nada, continuaram andando, a mãe parou e o filho entrou no canteiro, tocando no vaso de planta, deu uma volta e depois saiu, dando a volta por fora do canteiro, sempre tocando nas plantas, até chegar de volta onde a mãe

ficou parada, pegou na mão dela e pediu para voltar para o banco e os dois voltaram de mãos dadas para o banco e sentaram-se novamente.

A criança 8 disse que não queria fazer mais nada no jardim. Quando foram feitas as últimas perguntas da entrevista semi-estruturada, falou do que ele queria colocar - “aquele negócio para jogar água nas plantas”, disse que as plantas estavam um pouco murchar e que querem mais água.

Podemos destacar que ele demonstrou interesse em ver as plantas aguadas, denotando uma preocupação direta com os elementos naturais contidos no jardim, que foram constantemente tocados por ele, e, talvez pela sensação que teve ao tocá-las concluiu que deveriam ser regadas. Parece que, para as crianças, ver as plantas secas, mesmo estando bem verdes, é como se elas estivessem precisando de mais água.

Além disso, a criança demonstrou estar feliz em caminhar de mãos dadas a mãe pela praça, interagindo com ela e utilizando a pintura da casa na parede para brincar, dizendo que era a casa da mãe.

Essa criança também não quis desenhar o jardim como gostaria que ele fosse, dizendo que do jeito que está já está bom.

8.3) Resultados da Escala de Qualidade de Vida:

Sobre os exemplos que foram dados pela criança, disse que fica “muito infeliz” com o nariz escorrendo quando chora, e quando fura o dedo. Disse que fica “infeliz” quando a mãe diz que vai dar algo e esquece. Fica “feliz” quando ganha presentes e fica “muito feliz” quando vai sair com a tia.

Nos quatro fatores (autonomia, lazer, funções e família) mostrou-se bem equilibrado, colocando sempre “feliz” com alguns “muito feliz” e apenas 3 respostas como “infeliz”, não disse ficar “muito infeliz” para nenhuma questão. Disse ficar “infeliz” quando fica internado no hospital mas pediu para ficar no meio, entre infeliz e feliz, porque não é tão ruim. Os outros dois “infeliz” marcados por ele foram quando os amigos falam dele e quando toma remédios.

No total o escore dele ficou em 55, o que é considerado como boa qualidade de vida.

Na questão referente ao jardim disse que fica “feliz”.

8.4) Análise geral da criança 8:

A criança 8 foi uma criança que apresentou algumas características que devem ser destacadas. São características variadas, relacionadas a diversos aspectos do hospital (não só do jardim – onde foi feita a observação).

Na entrevista já foi possível denotar uma satisfação em estar na sala de recreação. Mesmo com as respostas curtas relatou algumas das atividades feitas lá. Foi assim também quando falava sobre o jardim, ele dava respostas curtas, mas conforme ia sendo questionado respondia o que havia feito e do que gostava.

As respostas da entrevista foram complementadas pelo que foi visto no jardim. Em relação ao jardim demonstrou alguns aspectos de identificação com o espaço e desejo de ação/transformação em querer aguar as plantas, denotando apropriação do espaço.

A escala de qualidade de vida teve respostas equilibradas, sem nenhum “muito infeliz”. Durante a aplicação da escala se reteve em responder as questões sem fazer comentários, voltando a ficar mais fechado, como estava na entrevista inicial. Apesar de, aparentemente, não ter demonstrado interesse pela pesquisa, mostrou um interesse pelos elementos naturais contidos no jardim e uma preocupação em cuidar deles.

No documento MARCIA LUIZA TRINDADE CORRÊA (páginas 104-108)