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Análise da criança 7:

No documento MARCIA LUIZA TRINDADE CORRÊA (páginas 100-104)

CONCEITO DEFINIÇÃO

VIII. RESULTADOS E ANÁLISE

7) Análise da criança 7:

Esta criança é do sexo masculino, e tem 10 anos.

Estava acompanhado pela mãe e também foi diagnosticado com pneumonia.

A criança 7 logo aceitou participar da pesquisa, mas a mãe fez várias perguntas à pesquisadora, sobre o que seriam feitos com os dados. Tudo foi explicado e a mãe autorizou também e foi iniciada a entrevista.

7.1) Entrevista Semi-estruturada:

A criança 7 disse que estava no hospital porque pegou pneumonia de novo. Disse que já teve pneumonia com 8 anos de idade, mas foi em outro hospital. Achava que o hospital em que estava agora era mais bonito e mais limpo e também maior. Disse que no outro não saiu do quarto até ficar bom e nesse ele podia andar.

Dos lugares que mais gosta no hospital, disse que era o jardim e a sala de recreação. Ele disse que ia ao jardim todos os dias.

Para ele, ir ao jardim e fazer as atividades de recreação ajuda a esquecer que está doente, mas não sabe se fica melhor fazendo essas coisas. Mas gosta muito de desenhar na sala de recreação e gosta quando vão os animais (do projeto PetSmile). Disse que deu cenoura para o coelho e ele comeu.

Sobre o jardim, disse que gosta de brincar lá porque não parece que está no hospital. Gosta de correr ali, mas a mãe reclama quando corre e pede para andar devagar. A mãe interfere e diz que fica preocupada que ele se machuque, disse que pode tropeçar no chão.

Das coisas que queria fazer no jardim e que não pode não lembrou de nada. Mas acha que tem. Disse que depois que vai no jardim se sente bem, mas entra no hospital e lembra que está doente.

Não tiraria nada do jardim, mas colocaria uma árvore e brinquedos “desses de escola”. Perguntando quais, disse que queria um escorregador, e esses de madeira que dá para fazer várias coisas.

Depois da entrevista a sala de recreação já iria abrir e foi combinado que a observação no jardim seria feita no dia seguinte, na parte da tarde (às 16h).

7.2) Observação no jardim do hospital:

Conforme combinado, a pesquisadora passou no quarto da criança no dia seguinte, às 16h e foram com a mãe para o jardim. Antes mesmo de chegar, ao sair do elevador, a criança já foi correndo para lá.

Figura 8: Mapeamento da criança7 no jardim do hospital no período de observação.

Corria por todo o jardim, mas não tocou em nenhuma planta. Começou rodeando o canteiro de plantas e pedrinhas de baixo e sentou-se no banco do canto esquerdo. A mãe foi andando devagar até o banco do lado direito e ali ficou sentada.

O sujeito elogiou a temperatura e disse que aquele era o melhor horário para ir no jardim, quando não está chovendo. De fato a temperatura estava boa e já não fazia sol. A criança já conhecia o jardim e já estava apropriada daquele espaço, já conhecia os tipos de planta que existem nele e o que poderia fazer ali.

As vezes ele andava mais devagar, mas todo o tempo foi correndo pelo jardim. Quando entrou para o canteiro de pedrinhas que tem um vaso de plantas foi chutando as pedrinhas do canteiro. Também não tocou no vaso, apenas andou ao redor dele. Depois foi correndo até o banco onde estava sentada a mãe dele e sentou-se ao lado dela por alguns minutos. Disse ter cansado de correr. Enquanto corria estava o tempo todo sorrindo, diferente da expressão facial que estava na entrevista no dia anterior.

Disse que àquela hora não tinha sol, mas que de dia faz muito sol ali e que ele queria que tivesse uma árvore. Pelo menos uma, para fazer uma sombrinha. Disse que se pudesse plantaria uma árvore ali. Foi perguntado onde exatamente, e ele sugeriu que fosse atrás do canteiro de flores em frente à entrada, apesar de ser “chão”, podia “abrir e colocar uma árvore ali”. Foi oferecido folhas para que desenhasse o jardim com a árvore, mas ele se recusou dizendo que não queria desenhar.

7.3) Resultados da Escala de Qualidade de Vida:

A escala foi aplicada no dia seguinte, na parte da manhã.

Ele exemplificou os quatro sentimentos, mas em nenhum desses momentos fez referência ao hospital. Disse que ficou “muito triste” quando sua avó morreu, e não faz muito tempo. Disse que fica “infeliz” quando a mãe dele briga com ele. Fica “feliz” quando o pai dele vai buscar ele na escola e fica “muito feliz” quando ganha presentes.

O fator 1 (autonomia) não é um ponto que está bem para ele. Não gosta de ir deitar-se, não gosta de fazer as lições de casa, e não gosta de dormir fora de casa.

Em relação ao fator 2 (lazer), já mostrou se sentir bem em todas as questões relacionadas.

O fator 3 (funções) também não é muito bom, não gosta de tomar remédios, disse que fica infeliz porque tem gosto ruim, e odeia injeção, mas sabe que tem que tomar para melhorar.

O fator 4 (família) é um fator muito positivo na vida dele, para todas as questões relacionadas marcou “feliz” e “muito feliz”.

No total completou os 52 pontos que são necessários para considerar que a criança tem uma boa qualidade de vida.

Em relação à questão 27, apesar de ele ter elogiado muito o jardim na entrevista inicial, e de freqüentá-lo desde que foi internado, disse que fica “feliz”. Talvez não tenha marcado “muito feliz” pelas coisas que gostaria que fossem acrescentadas, como a árvore e os brinquedos. Ainda disse novamente que acha bom o jardim, mas que é ruim voltar para o quarto e saber que está doente.

7.4) Análise geral da criança 7

A criança 7 já havia estado em outro hospital, também com pneumonia, quando tinha 8 anos e percebeu as diferenças para o hospital humanizado em que se encontrava. Elogiou o tamanho, a beleza e a limpeza do hospital.

Ele percebe a função das atividades do hospital como atividades de distração, mas não vê relação com a cura. Ao contrário das outras crianças que participaram da pesquisa até agora, ele já conhecia e freqüentava o jardim do hospital, dizendo que ia todos os dias para lá.

Novamente fala da distração, apontando que estar no jardim faz com que ele esqueça que está internado num hospital. Tanto na entrevista, como na observação, foi relatado por ele a vontade de que se tivesse uma árvore, para ter uma sombra no jardim, quando faz muito sol.

De fato, em dias muito quentes, o espaço do jardim fica prejudicado por conta do sol forte. Tanto quanto em dias de muita chuva. Fica muito difícil a permanência das crianças no jardim.

Não tocava nas plantas, apesar de ser um local muito bem conhecido por ele, que já freqüentava o jardim.

A Escala AUQEI apontou um fator de descontentamento quando se tratava de atividades relacionadas à autonomia, ter que fazer coisas sozinho, ou responsabilidades como o dever de casa, o que ainda não havia sido constatado anteriormente. Nos demais fatores obteve resultados positivos.

No documento MARCIA LUIZA TRINDADE CORRÊA (páginas 100-104)