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CoMo Metodologia de enSino

ANÁLISE DA EJA NO BRASIL

Aqui será apresentada, de uma maneira geral, uma análise sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil, tentando destacar as origens dessa modalidade de ensino e as dificuldades encontradas tanto por parte dos alunos como dos professores.

Segundo Silva (2007), para entender como se deu a implantação da EJA no Brasil, deve-se fazer uma investigação desde o período colonial. Em síntese, esse processo começou quando os jesuítas, através da catequese infantil, tentavam levar algum conhecimento aos pais dos alunos.

Pode-se ver em Gentil (2005) que a educação de jovens e adultos passou por vários processos e durante muito tempo foram desenvolvidos projetos para a alfabetização de alunos fora da idade escolar regular. Como exemplo, podem-se citar as primeiras escolas noturnas para adultos, que não obtiveram êxito; o Método Paulo Freire (conjunto de procedimentos pedagógicos), que influenciou os principais programas de alfabetização e de educação popular; o Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização); dentre muitos outros.

Com todos esses projetos e com o desejo de uma educação para todos, surgiu a EJA. Ela se apresenta como uma modalidade de ensino ofertada em diversas escolas públicas e privadas do Brasil, vista como uma forma de alfabetizar quem não teve oportunidade de estudar na infância ou aqueles que, por algum motivo, tiveram de abandonar a escola, tendo seu surgimento grande importância na educação brasileira. Maiores detalhes podem ser vistos em Silva (2009).

Segundo Porto e Carvalho (2000), as maiores dificuldades dos jovens e adultos estão relacionadas ao não aprendizado dos conteúdos do ensino fundamental e a relação entre o professor ensinar e o aluno aprender. Ainda pode-se ver, neste trabalho, que existem outros fatores que agem no ensino e no resultado da aprendizagem, como o conhecimento já trazido pelo aluno; a percepção que o aluno tem da escola, do professor e das atuações; o que o aluno espera do ensino; suas motivações e expectativas quanto ao ensino; dentre outras coisas.

No caso das mulheres, além de trabalharem fora, são mães e donas de casa, o que causa ainda mais dificuldade para dar continuidade ou retomarem os estudos. Há também os casos em que as mulheres são proibidas pelos maridos de frequentarem o ambiente escolar.

O rendimento em Matemática, tanto no ensino médio regular quanto na EJA, é sempre inferior em relação às outras disciplinas. Os motivos desses índices tem sido objeto de estudo de muitos pesquisadores, porém, a cada ano, o quadro é repetido.

Conforme Migliorini e Salles (2007, p.5), “uma vez que matemática é considerada difícil por todos, saber matemática parece um privilégio de poucos”. Na realidade, os que fracassam na disciplina o fazem por diversos fatores, de ordem social, econômica principalmente, e que, em

geral, extrapolam as paredes da sala de aula e ultrapassam os muros da escola. Ao que parece, não há muita continuidade entre o que se aprende na escola e o conhecimento que existe fora dela. Dificilmente se mostra para o aluno a relação direta e óbvia que há entre escola e vida, o que explica a resistência por certos conteúdos. Migliorini e Salles (2007, p.5) ainda afirmam que “o saber da escola, ao que parece, anda na contramão do saber da vida”.

Segundo Migliorini e Salles (2007), esses fracassos possuem causas diversas, entre elas as psicológicas, como o preconceito em relação às dificuldades no aprendizado da disciplina. Há ainda quem atribui o fenômeno às causas sociais. Outros enfatizam problemas cognitivos de aprendizado, os conteúdos abstratos dentro da disciplina e a idade cronológica do adulto.

Um problema existente é a escassez e a deficiência de materiais didáticos de qualidade que possam dar apoio tanto ao professor quanto ao aluno da modalidade de ensino EJA.

Incentivos e uma boa relação entre professor e aluno são essenciais para facilitar o processo de ensino-aprendizagem. Migliorini e Salles (2007, p.6) afirmam que “o problema pode estar no estabelecimento de relações, quanto ao ensino ou transmissão, deixando privilegiar a investigação e a reflexão tudo pode melhorar”.

O déficit de atenção por parte dos alunos é um dos fatores que pode gerar dificuldades no processo de aprendizagem da Matemática. Pedagogia aplicada juntamente com materiais e textos específicos faz com que sejam superadas essas dificuldades. Migliorini e Salles (2007, p.6) defendem que “há que se substituir a abordagem educacional tradicional por uma abordagem que desenvolva competência, como aprender a buscar informações, compreendê-la e saber utilizá-la na resolução de problemas”.

Segundo Migliorini e Salles (2007), as condições sociais, a família, a organização das escolas, a prática docente na sala de aula e a disposição do aluno para a aprendizagem, o trabalho, o cansaço, não são fatores isolados. O caso da disposição do aluno é um bom exemplo desse modelo explicativo de caráter interativo. Sua falta de motivação ou de interesse não se deve simplesmente a responsabilidade (ou não) do próprio aluno. Deve-se, também, tanto aos contextos social, cultural e familiar nos quais vive quanto ao funcionamento do sistema educacional, da escola e do trabalho dos professores. O resultado é desinteresse pela aprendizagem formal.

A escola é um elo importante entre o sujeito e o mercado de trabalho. É necessário um conhecimento científico mais elaborado em relação aos estudantes e sua história pessoal, ao seu saber, ao seu grupo social, profissional e familiar, à sua relação com a própria escola e ao mundo das mudanças no qual está inserido. O papel do professor é criar situações de ensino-aprendizagem, buscando novas maneiras de desenvolver habilidades que poderão ser úteis aos jovens e adultos em qualquer situação da vida.

Enfim, como já citou Migliorini e Salles (2007, p. 9) “vencer o fracasso escolar é desmistificá-lo”.