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Dentre as 10.096 empresas existentes no Estado de Roraima em 2009, 98,83% eram de porte micro ou pequeno, totalizando 9.978 empresas. Dentre essas empresas, 6.808 não tinham nenhum funcionário registrado, representando 67,43% de todas as empresas formais existentes no estado. Esses casos, mesmo não sendo empreendimentos geradores de emprego, geram ocupação e uma fonte de renda para os sócios ou empreendedores e para empregados informais. A maior parte das empresas concentra-se nos setores incluídos no Setor Terciário: comércio (55% das empresas) e serviços (30% das empresas). O setor de serviços absorve 70% do emprego formal do estado. Nele se incluem as atividades da administração pública. Somente 2% das empresas (235 estabelecimentos) são agropecuárias e 13% das empresas atuam no setor secundário (639 indústrias e 670 construção civil).

O Estado de Roraima contribuiu, em 2009, com 0,15% do ICMS arrecadado em todo o Brasil, sendo o estado de menor participação no país. Existe correspondência direta entre a participação da arrecadação de ICMS e o número de empresas, já que 85,54% das empresas pertencem ao setor terciário, que arrecada 86,60% do ICMS e gera 75% do PIB. O setor secundário, que concentra 12,14% das empresas, participacom13,37% do ICMS arrecadado e gera 11% do PIB. A produção agropecuária encontra-se mais distribuída ao longo do território do Estado, apesar da concentração dos empreendimentos desse setor na capital. Em Boa Vista concentram-se 67% das empresas agropecuárias, que geram 15% do PIB agropecuário, indicando que o tamanho desses estabelecimentos é menor que nos demais municípios. Nos setores secundário (indústria) e terciário (comércio e serviços), as atividades concentram-se fortemente na capital, Boa Vista. Verificou-se que 85,53% das empresas realizam atividades de comércio ou serviços, 12,14% atividades industriais e apenas 2,31% dos estabelecimentos são agropecuários.

A maioria dos municípios se aproxima da distribuição média do estado. Os municípios de Pacaraima e Caracaraí apresentam proporções de empresas no setor terciário superiores à média, enquanto os municípios de Cantá e Bonfim apresentam maior peso dos setores primário e secundário, respectivamente.

Como existem diferenças de população entre os municípios e a quantidade de empresas deveria guardar relação com a população atendida, criou-se o indicador número médio de habitantes por empresa.

No Estado de Roraima, existem, em média, 42 habitantes para cada empresa formalmente constituída. Essa relação média, no Brasil é de 26 habitantes por empresa. Entretanto, Roraima não é o estado com maior indicador. Na região Norte, quatro estados têm maior indicador, assim como outros 7 estados da região Nordeste.

Nas atividades dos setores secundários e terciários, o índice na capital é sempre menor que nos municípios do interior do estado, por concentrar mais as empresas existentes no estado do que a população: Boa Vista abriga 81% das empresas e 63% da população.

Ao comparar os municípios, observa-se que nos setores secundário e terciário a variabilidade do índice habitante por empresa é bastante maior que no setor primário. A quantidade de empresas por habitante no setor secundário oscila fortemente entre os extremos de Boa Vista (257) e Uiramutã (7.934).

No setor terciário, a oscilação varia entre os extremos de Boa Vista (38) e Uiramutã (882). Em ambos os casos, o indicador de Uiramutã é mais de 30 vezes o de Boa Vista. No setor primário, o indicador de Uiramutã é apenas 5 vezes o de Boa Vista. O setor primário inclui atividades agrícolas, pecuárias, de produção florestal, pesca e aqüicultura e caça.

As atividades de agricultura e pecuária predominam entre as atividades do setor primário, em quase todos os municípios. O município de São Luiz não tem empresas agrícolas e Uiramutã não tem nenhuma empresa no setor primário.

As atividades de produção florestal concentram os empreendimentos na capital e ocorrem em outros poucos municípios, assim como a pesca e aqüicultura. Em todos os municípios registra-se mais empresas com relação à população nos ramos da agricultura e pecuária, dada a escassez de estabelecimentos nos demais ramos do setor primário.

Entretanto, entre os municípios existe grande variabilidade desse indicador. Em vista de que as atividades do setor primário dependem diretamente da aptidão do solo, não é possível identificar potencialidade em atividades unicamente pelo fato de não existirem empresas no ramo.

Os dados mostram que os municípios que dispõem de menos empresas industriais encontram-se na região norte do estado (Uiramutã, Normandia, Amajari e Bonfim). As empresas do setor secundário encontram-se concentradas na capital (85% das empresas) e são, principalmente, do ramo da construção civil (56% das empresas do setor secundário no estado e 59% das empresas do setor secundário da capital). Somente Amajari não dispõe de empresas de construção civil. Rorainópolis é o segundo município em quantidade de empresas, após Boa Vista (4,16% das empresas do setor secundário).

Dentre as empresas dedicadas à indústria de transformação, predomina a fabricação de produtos alimentícios, dentre as quais 84% encontram-se em Boa Vista. Em segundo lugar, em quantidade de empresas, encontra-se o ramo da fabricação de produtos de madeira, atividade que apresenta maior distribuição nos municípios do estado, estando presente em 10 dos 15 municípios.

As empresas dos ramos de energia e gás encontram-se unicamente na capital, assim como a fabricação de celulose e papel, fabricação de equipamentos de informática, fabricação de veículos, metalurgia, produtos de borracha e plástico, fabricação de couro e artefatos e produtos do fumo. As empresas desses ramos produzem na capital e atendem à demanda da população dos demais municípios. Como a capital Boa Vista, concentra fortemente a população, é relevante analisar o indicador de número médio de habitantes por empresa, para cada um dos ramos incluídos entre as atividades do setor secundário.

A inexistência de empresas industriais de todos os ramos em todos os municípios não caracteriza necessariamente potencialidade para a abertura de novos negócios nesses ramos, já que a produção realizada na capital costuma abastecer os municípios do interior do estado.

Alguns setores da produção de bens de consumo final oferecem potencialidade de abertura de novas empresas para atender à demanda regional. Para identificá-los, levou-se em conta uma alta relação população/número de empresas, que indica que existem relativamente poucas empresas para atender o potencial de demanda local.

A seleção desses setores leva em conta também a potencialidade de abrir pequenas empresas no setor, para concorrer com as empresas existentes no setor. Em alguns setores, grandes empresas, sediadas em qualquer região, possuem a escala de produção e a logística suficiente para atender às demais regiões do estado.

Alguns setores de atividade industrial concorrem fortemente com os produtos industrializados importados de outros estados do país, especialmente em Boa Vista que, por ser Área de Livre Comércio, apresenta condições favoráveis de importação, com isenção de tributos. Por isso, a escolha de um setor industrial para a abertura de uma nova empresa não depende unicamente da disponibilidade de empresas na região onde será implantada, mas da análise do mercado estadual como um todo. Esse critério é válido, inclusive para ramos de atividade em que em algumas regiões possa não existir nenhuma empresa.

A distribuição das empresas existentes no setor terciário mostra forte concentração no setor Comércio (63% das empresas do setor terciário), especialmente do Comércio varejista, para o qual há empresas em todos os municípios e 78,5% das empresas se encontram em Boa

Vista. Nos municípios de Amajari, Caroebe e Uiramutã não há nenhuma empresa atacadista, já em Amajari, Bonfim, Normandia e Uiramutã não se encontram empresas de comércio de veículos. Somente em Boa Vista e Cantá existem imobiliárias e os organismos internacionais se encontram todos na capital.

Observa-se que em diversas áreas do comércio e, em especial, da prestação de serviços, em vários municípios existe apenas uma empresa formal, caracterizando mercados sem concorrência, pouco favorável à escolha dos demandantes.

As atividades do setor terciário direcionam-se mais ao consumo final das famílias, devendo existir em número crescente à medida que a população aumenta. As empresas localizadas na capital apresentam maior capacidade de atender à população, mesmo que esta também se concentre na capital. Ainda, a pesquisa de campo realizada no interior do estado, permitiu verificar que as empresas existentes na capital atendem às necessidades, não somente da população local, mas também daquelas radicadas em municípios do interior, às vezes nem tão próximos que, na falta do comércio ou serviço demandado, se deslocam até a capital ou mesmo o encomendam para ser enviado desde a capital. Existe assim, na realidade, uma sobrecarga de demanda nas empresas localizadas na capital. Entretanto, percebe-se que a população do interior aceita essa situação com resignação e não apresentam fortes pretensões de mudanças.

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