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ACADÊMICO

No ano de 2007, a partir de uma necessidade de regulamentação de ações referentes ao processo de inovação tecnológica desenvolvidas por organizações da administração pública estadual e dos pesquisadores a elas vinculados, bem como objetivando estabelecer medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica nos ambientes acadêmico e empresarial, o Governo da Bahia elaborou a primeira proposta de uma Lei de Inovação do Estado (FAPESB, 2007).

A elaboração da proposta da referida legislação foi desenvolvida com uma parceria entre a Fapesb, a SECTI e a Casa Civil do Estado e submetida a um processo de legitimação junto à sociedade. A primeira minuta foi submetida aos

dirigentes de universidades, centros de pesquisa e instituições de apoio e submetida à consulta pública, através do portal da Fapesb, à comunidade acadêmica, empresarial e sociedade civil, com vistas ao recebimento de contribuições para consolidação de uma versão final. No momento de finalização deste estudo, o processo se encontrava em fase de consulta pública junto à comunidade (FAPESB, 2007).

Ao realizar uma análise técnica da proposta desta lei, contrapondo-a com o potencial que esta pode apresentar em relação à geração de inovação e mais especificamente sobre os incentivos à proteção e exploração econômica por parte das universidades, foco deste estudo, algumas conclusões podem ser obtidas.

No seu capítulo de estímulo à construção de ambientes especializados e cooperativos de inovação, é posto:

O Estado da Bahia, seus Municípios e as agências de fomento poderão estimular e apoiar a constituição de alianças estratégicas e o desenvolvimento de projetos de cooperação em todo o território nacional envolvendo empresas nacionais ou internacionais, Instituições Científicas e Tecnológicas, públicas ou privadas, e organizações de direito privado sem fins lucrativos, voltadas para atividades de pesquisa e desenvolvimento que objetivem a geração de produtos, processos ou serviços inovadores.

Ainda neste capítulo é permitido às ICTs públicas estaduais o compartilhamento de sua infra-estrutura, de forma remunerada e por prazo determinado, por empresas e organizações de direito público e privado voltadas para atividades de pesquisa e/ou inovação.

Analisa-se, a partir destas questões, que tais medidas favorecem e facilitam a integração entre as organizações acadêmicas e outras organizações, incluindo as empresas, à medida que são estimulados os projetos cooperativos e o compartilhamento de infra-estrutura, inclusive mediante remuneração.

O capítulo que trata da participação das ICTs no processo de inovação dispõe de diversas medidas que, ao analisadas à luz da revisão da literatura estudada, fornecem indícios que o governo, através das suas agências de fomento tendem a facilitar a participação dessas organizações na geração das inovações tecnológicas. As principais medidas com potencial de impacto relacionado ao objeto deste estudo podem ser resumidas nos seguintes tópicos, referentes às ICTs públicas estaduais:

a) deverão estabelecer suas políticas de estimulo à inovação e à proteção dos resultados das pesquisas;

b) deverão ser incorporados aos objetivos e finalidades dessas organizações, a implantação de sistema de inovação, a proteção ao conhecimento inovador, a produção e licenciamento de tecnologias; c) as organizações poderão celebrar acordos de parceria para

realização de atividades conjuntas para desenvolvimento de tecnologia, produto ou processo, com outras instituições públicas e privadas. Define-se ainda, sobre os acordos de parceria, que estes deverão prever a titularidade da propriedade intelectual e a participação dos resultados da exploração, assegurado aos signatários o direito ao licenciamento, além de possibilitar que os pesquisadores públicos envolvidos nas atividades de inovação de tais acordos, recebam bolsas de inovação tecnológica oriundas de fundações de apoio ou agências de fomento;

d) faculta-se às organizações prestar a instituições públicas ou privadas serviços vinculados a atividades voltadas à inovação e à pesquisa científica e tecnológica;

e) permite-se que tais organizações protejam diretamente ou em parceria com outras organizações os resultados das pesquisas;

f) permite-se também que tais organizações celebrem acordos de transferência de tecnologia e de licenciamento para outorga de direito de uso ou de exploração de criação, protegida ou não, por elas desenvolvidas, a título exclusivo ou não exclusivo, inclusive sendo dispensadas de licitação, neste processo de licenciamento;

g) proíbe-se que dirigentes, criadores, servidores, empregados, prestadores de serviços ou alunos divulguem, noticiem ou publiquem qualquer aspecto de criações de cujo desenvolvimento tenha participado diretamente ou tomado conhecimento por força de suas atividades, sem antes obter expressa autorização das organizações; h) as referidas organizações deverão criar núcleo de inovação

tecnológica próprio ou em cooperação com organizações congêneres, com a finalidade de implantar e gerir suas políticas de inovação.

No que tange ao capítulo de estímulo aos pesquisadores públicos, entendendo estes como aqueles vinculados às ICTs públicas estaduais, algumas medidas devem ser destacadas como possíveis influenciadoras da geração, proteção e exploração de inovações.

Assegura-se ao pesquisador público ou aluno, que seja criador, participação mínima de cinco por cento e máxima de um terço nos ganhos econômicos, auferidos pela ICT, resultantes de contratos de transferência de tecnologia e de licenciamento para outorga de direito de uso ou de exploração de criação protegida da qual tenha

participado da criação. A referida participação poderá ser, inclusive, compartilhada entre todos os membros participantes da criação.

Ressalta-se também a possibilidade conferida aos pesquisadores públicos de se afastaram da sua instituição de origem com fins de prestar colaboração a outra ICT do Estado. Percebe-se que esta medida está de acordo com as tendências de desenvolvimento de pesquisas através de formação de redes interinstitucionais.

Além disso, outra medida de incentivo ao pesquisador público relaciona-se ao fato do pesquisador público deste obter licença sem remuneração para constituir, individual ou associadamente, empresa com a finalidade de desenvolver atividade empresarial relativa à inovação (FAPESB, 2007).

Avalia-se que esta medida favorece o processo de empreendedorismo e criação de empresas inovadoras.

Ressalta-se que a minuta de lei em questão contempla outras medidas voltadas à consolidação de um ambiente de inovação no Estado, incluindo incentivos a inventores independentes; estímulo à inovação nas empresas; participação do Estado em empresas de inovação e fundos de investimento; bem como incentivos à parques tecnológicos e incubadoras de base tecnológica. Entretanto, tais aspectos não foram avaliados por não fazerem parte do foco de análise deste estudo.

3.4 ANÁLISE DAS POLÍTICAS E NORMAS E A CONTRIBUIÇÃO PARA A