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2.3 INCENTIVOS GOVERNAMENTAIS À INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E À

2.3.1 Os incentivos nacionais à inovação tecnológica

Na última década, a experiência internacional de estímulo à inovação nas empresas e a percepção da oportunidade de reproduzi-la no Brasil para elevar a produtividade e capacidade produtiva da indústria, ensejaram importante mudança na agenda política de ciência e tecnologia nacional. Isso acarretou em novos instrumentos que buscavam incentivar a adoção de estratégias empresariais de inovação, da instituição de mecanismos mais efetivos entre as esferas pública e privada, do reforço de externalidades positivas, da redução do custo de capital e da diminuição de riscos associados às atividades inovativas (ARRUDA; VERMULM; HOLLANDA, 2006).

Ao analisar em que medida a inovação estaria contribuindo para ganhos de competitividade global da indústria brasileira, Arruda, Vermulm e Hollanda (2006) consideram o cenário pouco alentador, uma vez que no Brasil a inovação está vinculada principalmente à atualização de produtos e processos e, como tal, não enseja uma liderança competitiva a médio e longo prazos, com base no

conhecimento, que permita a diferenciação das empresas no processo de concorrência.

O primeiro instrumento de alcance geral foi instituído em 1993 pela Lei n 8.661, destacando-se deduções de despesas de P&D do imposto de renda. Em contrapartida, as empresas deveriam apresentar ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), programas de desenvolvimento tecnológico industrial ou agropecuário. Os investimentos foram pouco efetivos, principalmente após restrições fiscais impostas em 1997, as quais ampliaram as dificuldades que as empresas já encontravam para usufruir os benefícios previstos. A partir da Lei 10.637, de 2002, regulamentada em 2003, os incentivos fiscais previstos na legislação do imposto de renda foram ampliados, permitindo às empresas em geral que deduzissem do seu lucro líquido despesas de custeio associadas a pesquisas tecnológicas e ao desenvolvimento da inovação, sendo a novidade que, quando fosse gerado o depósito da patente, a dedução ocorreria em dobro das despesas de custeio de capital (ARRUDA; VERMULM; HOLLANDA, 2006).

Entre 1999 e 2002, foram criados os fundos setoriais e novos instrumentos para a subvenção econômica, a equalização da taxa de juros e os mecanismos de provisão de liquidez aos investimentos em fundos de investimento em empresa de base tecnológica (ARRUDA; VERMULM; HOLLANDA, 2006).

À exceção dos incentivos fiscais, os demais instrumentos estão relacionados a programações do orçamento e por estarem submetidos às regras de execução orçamentária ou por dificuldades de gestão, tiveram seu impacto reduzido em seu pouco tempo de existência. Além disso, nesse período, as políticas tecnológicas ressentiam-se de isolamento da política econômica e da ausência de estratégias

mais amplas de desenvolvimento da indústria. A intenção de criar marco institucional mais adequado para a coordenação das ações governamentais nessa área levou ao desenvolvimento observado no período mais recente (ARRUDA; VERMULM; HOLLANDA, 2006).

Assim, embora desde o início dos anos 90 o discurso governamental incorpore a preocupação com o estímulo ao desenvolvimento tecnológico, foi apenas mais recentemente que essa preocupação passou a orientar o estabelecimento de novas políticas e instrumentos de fomento a investimentos empresariais em P&D (ARRUDA; VERMULM; HOLLANDA, 2006).

No final de 2003, foi estabelecida a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE), a qual declara como objetivo o incentivo à mudança do patamar competitivo da indústria brasileira com base na diferenciação e inovação de produtos, identificando-se como eixos horizontais, além da inovação e desenvolvimento tecnológico, a inserção externa e modernização industrial. São apontadas ainda pela política opções estratégicas, representadas por semicondutores, software, fármacos e medicamentos e bens de capital, bem como destacadas as áreas portadoras de futuro – Biotecnologia, Biologia e Biomassa, identificadas com potencial de gerar oportunidades para a indústria num longo prazo, com base nas competências científicas acumuladas pelo país em áreas correlatas (BALANÇO DA PITCE, 2005).

Arruda, Vermulm e Hollanda (2006) analisam que as linhas de ação escolhidas para a política apenas devem ter impacto significativo a longo prazo, mas consideram inegável o caráter estratégico de tais atividades, as quais têm potencial para serem geradoras e transmissoras de progresso técnico para a indústria. No

âmbito institucional, aponta-se, entretanto, que a criação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) aparentemente não foram capazes de responder eficazmente às dificuldades de articulação e coordenação dos atores na formulação e execução da política.

Nos últimos dez anos, o Brasil avançou no aparato institucional de incentivo à inovação, dispondo hoje de vários instrumentos novos, criados segundo boas práticas internacionais. Ressalta-se também que há mudanças mais recentes cujos impactos ainda não são facilmente percebidos. Entretanto, acredita-se que os esforços desenvolvidos pelo país ainda são insuficientes para alterar o cenário atual (ARRUDA; VERMULM; HOLLANDA, 2006).

Os resultados da pesquisa de inovação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - a Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC)- confirmam o conhecido diagnóstico de que, exceto raras exceções, as empresas brasileiras ainda não atribuem valor estratégico à tecnologia. Embora as taxas de inovação tenham aumentado em relação às duas pesquisas realizadas, esse aumento aconteceu basicamente entre empresas de menor porte juntamente com redução das atividades inovativas e dos instrumentos agregados em P&D. Revelou- se, no levantamento deste estudo, que o tamanho da empresa é variável fundamental na explicação das diferentes taxas de inovação, além do setor de atividade, sendo as indústrias mecânica, química e eletro-eletrônica as que apresentam maiores taxas de inovação e maiores investimentos em P&D (ARRUDA; VERMULM; HOLLANDA, 2006).

A partir de 2004, um novo modelo de gestão integrada dos fundos setoriais se constituiu em mecanismo inovador de estímulo ao fortalecimento do sistema de Ciência e Tecnologia nacional, o que possibilitou a integração dos investimentos dos fundos através de ações transversais alinhadas com as prioridades do governo. Isso evitou dispersão das ações e possibilitou maior transparência e eficiência na execução dos recursos (BALANÇO PITCE, 2005).

Em 2004, foi divulgada a Lei de inovação brasileira, representando marco importante no ambiente propício à inovação. A referida Lei, regulamentada em 2005, adota medidas para aumentar a cooperação entre ICTs e empresas, fomento à pesquisa no setor empresarial; criação de estímulos para a instituição de empresas inovadoras por parte dos pesquisadores e a possibilidade de subvenção econômica direcionada às empresas. Esta foi organizada em torno de três eixos: constituição de ambiente propício às parcerias entre universidade, institutos tecnológicos e empresas; o estímulo à participação de ICTs no processo de inovação e o estímulo direto à inovação na empresa (BRASIL, 2004).

Outro marco legal recente também relevante consiste na Lei do Bem (11.196 de 21 de novembro de 2005), regulamentada pelo Decreto 5798 de 07 de junho de 2006, que incentiva o processo de inovação na empresa, entre outras medidas, ao permitir redução do IPI incidente sobre equipamentos importados para P&D e ao assegurar a dedução do imposto de renda em valor equivalente ao dobro investido pela empresa em P&D. Prevê ainda a concessão de subvenção econômica para empresas que incorporem pesquisadores em atividades de inovação, compartilhando custos relacionados à sua remuneração (FINEP, 2007).

O marco legal que possibilitou a concessão da subvenção econômica foi estabelecido a partir das duas legislações citadas, a Lei de Inovação e a Lei do Bem (FINEP, 2007).

A partir de 2004, no âmbito dos incentivos à inovação tecnológica no país, verifica-se que a Finep revisou e ampliou os seus programas de atuação, incluindo incentivos voltados para as empresas (como a subvenção econômica), para infra- estrutura e pesquisa em ICTs e para cooperação entre estes dois agentes, empresas e ICTs (FINEP, 2007).

Segundo Relatório de Gestão 2003-2006 desta agência, a possibilidade de financiar o desenvolvimento tecnológico em empresas, proporciona à Finep grande poder de indução de atividades voltadas para a inovação. Informa-se ainda que, aliado ao papel fundamental como a principal agência federal responsável pelo financiamento da infra-estrutura e capacitação em CT&I, a Finep se torna um importante vetor da coordenação de ações relativas às políticas governamentais de desenvolvimento científico, tecnológico, inovativo e industrial no Brasil (FINEP, 2007).

2.3.2 O papel das agências de fomento à CT&I na proteção e exploração do