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Após a explanação dos resultados dos itens anteriores, pelos quais se pode vislumbrar o cenário das duas unidades de conservação, sob os aspectos dos problemas enfrentados, das potencialidades existentes, bem como das oportunidades e ameaças que envolvem as atividades desenvolvidas no perímetro e no entorno das APAs, em especial o turismo, pretendeu-se nas propostas de atividades apresentadas no mapa 02, apresentar as geofácies componentes das unidades, sua situação ambiental e o disciplinamento das atividades visando à sua sustentabilidade, conforme a metodologia explicada em seu capítulo específico.

Para essa apresentação preferiu-se a forma de quadro para aperfeiçoar a visualização das informações, facilitando a comparação. Desta forma, elaboraram-se quatro quadros: dois relativos às geofácies componentes das UCs em correlação ao mapa 01, nas quais se apresentam a situação ambiental, a geofácie – unidade natural, ocupação, potencial, impactos e problemas; e outros dois relativos às propostas de atividades em cada UC, correlacionadas ao mapa 02, nas quais se abordam as áreas de situação, o regime de uso, as características e as medidas pretendidas à sustentabilidade, pelo menos enquanto não acontece a avaliação jurídica das unidades de conservação, pelo que se entende que são propostas preparatórias à redefinição das unidades de conservação.

Ressalte-se que além das situações ambientais resultantes da aplicação metodológica explicada, apresentaram-se as áreas de entorno das APAs por se entender que as atividades têm repercussão para fora do perímetro das unidades, bem como existem oportunidades e ameaças que vêm de fora do perímetro das unidades, como antes abordado.

FIGURA 38 - Situação ambiental das unidades naturais – APA das Dunas da Lagoinha. Situação

Ambiental

Unidade Natural Ocupação Potencial Ações/

Impactos

Problemas

MUITO CRÍTICA

Topo e borda de Falésias (com praia

estreita fora do perímetro da APA das Dunas da Lagoinha).

Ocupação irregular por 7 pousadas, 4 restaurantes, 8 barracas, lojinha, mirante e presença de vários acessos.

Muito alto potencial paisagístico

(um dos cartões postais do Ceará)

Infra-estrutura de saneamento básico e energia.

Construção irregular de muros, edificações e acessos; operação irregular de estabelecimentos, atividade turística intensa e desregulada.

Socioeconômicos e ambientais de muito forte intensidade:

voçorocas, ressacas, deposição de lixo, derrubada de edificações, artificialização da paisagem e perda de identidade cultural da população.

CRÍTICA Encostas de Falésias

(com dunas móveis e praia dentro do perímetro da APA das Dunas da Lagoinha).

Ocupação por propriedades e empreendimento tipo

resort ainda em

construção, duas pousadas e casas que não atendem aos padrões de habitação.

Alto potencial paisagístico, porém sem infra-estrutura de saneamento básico e energia.

Demarcação irregular de

propriedades, construção com licença de instalação vencida, operação irregular de estabelecimentos, e passeios turísticos de bugre, de quadriciclos e a pé.

Socioeconômicos e ambientais de forte intensidade:

voçorocas, desmatamentos deposição de lixo, lançamento de efluentes na praia, artificialização da paisagem, disputa dos bugueiros com os pretensos proprietários de terra.

SATISFA- TÓRIA

Dunas móveis, semi-

fixas e reliquiárias (com praia dentro do perímetro da APA das Dunas da Lagoinha).

Sem ocupação ou parcelamentos do solo aparentes (existência de comunidades no entorno).

Alto potencial paisagístico, alta retenção hídrica e fluxo de biodiversidade.

Passeios turísticos de bugre, de quadriciclos e a pé. Abertura de acessos para a praia e para a Lagoa das Almécegas que não está dentro do perímetro da APA das Dunas da Lagoinha.

Ambientais devido a possíveis desmonte de dunas; de pouca intensidade.

FIGURA 39 - Propostas de atividades para a APA das Dunas da Lagoinha e seu entorno.

*

A idéia de proteção estrita se estende a todas as outras áreas, independente da situação sempre que se tratar de áreas de preservação permanente, definidas legalmente pelo Código Florestal Federal ou Estadual.

situação Atividades ou manter da situação ambiental

Muito crítica Turismo regulado

Área com grande intervenção humana pela ocupação e uso da principal falésia da praia de Lagoinha por construções de residências e hotéis, permanência e acesso de pessoas nativas e turistas, pelo que deveria

ser incluída na APA, para facilitar as medidas corretivas, e por representar a área de maior utilização turística que capta

desenvolvimento para as demais áreas.

Alteração do decreto estadual n°25.417/99 para inclusão da praia da Lagoinha na APA e definir sua sinalização; retirada ou recuo das construções irregulares, principalmente as do terço superior da falésia alta (permitindo que a ocupação ocorra em lugares apropriados); estabilização do acesso dos pescadores à praia;

educar ambientalmente os turistas e nativos através dos estabelecimentos turísticos, associação dos bugueiros, colônia

dos pescadores e do C.P.T.A. Crítica Turismo

controlado

Área com intervenção humana pela construção e funcionamento irregular de estabelecimentos e falta de infra-estrutura, mas com suporte de carga para desenvolvimento do turismo controlado, o que é

possível fazer porque ainda não está massificado, conforme os números apresentados.

Regularização das construções, em respeitando às áreas de influência marinha, especialmente dunas e falésias, inscrição das

ocupações permitidas na Secretaria do Patrimônio da União e dotar a área de saneamento básico, para que a atividade turística possa ser controlada, através de intervenções administrativas na

propriedade privada. Satisfatória Proteção

estrita*

Área com pouca intervenção antrópica, com uso quase exclusivamente para caminhadas, banhos e passeio em bugres e quadriciclos.

Proibição conforme disposição legal da realização de trilhas sobre APPs, através de sinalização e fiscalização. Definição de

trilhas que sejam adequadas para os passeios de bugre, quadriciclos, jumentos etc.

Entorno Urbanas regulamen-

tadas, em especial no Plano Diretor.

Área em franca expansão a sul e leste da APA, com certa tradição em suas relações sociais e econômicas, um tanto quanto modificada após o

acesso pela Rodovia Estruturante. A cidade de Lagoinha também deveria pertencer ao perímetro da APA para justificar sua categoria de área de conservação de grande extensão e para melhor regulação dessa

expansão urbana.

Alteração do decreto estadual n°25.417/99 para inclusão da cidade da Lagoinha na APA e sua sinalização. Intensificação para o comércio local da pesca e desenvolvimento do artesanato. Destaque das festas religiosas como atrativo para o turismo, bem como resgate da formação social como uma cultura de povos do

mar. Entorno Rurais

regulamen- tadas.

Área com bastante diversidade de culturas, especialmente no perímetro irrigado do Vale do Rio Curu, com predominância do cultivo do coco. Atividade primária como principal da economia, seguida da indústria e

pesca.

Fortalecimento da atividade primária, considerando que a maior parte da população de Paraipaba ainda é rural. Cuidar para não

desvirtuar sua vocação para o desenvolvimento do turismo, através de seu despontar como atrativo também para essa

FIGURA 40 - Situação ambiental das unidades naturais – APA do Estuário do Rio Curu.

Ambiental Impactos

CRÍTICA

Planície Fluvial:

com leito do rio Curu estreito e assoreado em vários trechos, com barragens e sua vegetação ciliar parcialmente conservada. Ocupação na parte mais próxima da APA do Estuário do Rio Curu por fazendas de cultivo de camarão e construção de píer. Médio potencial hídrico: consumo humano, pesca e irrigação do perímetro irrigado do Vale do Rio Curu. Construção de barragens, construção irregular de tanques criatórios de camarão e pesca predatória.

Socioeconômicos e ambientais de forte intensidade:

conflitos de uso da água e do píer pelas comunidades vizinhas de Paraipaba e Paracuru, diminuição do pescado, não navegabilidade do rio, assoreamento do leito do rio e desmatamentos.

SATISFATÓRIA

Planície Fluvio- marinha: foz do rio

Curu com bastante alternância em seus contornos, por causa da movimentação eólica na praia (mar e rio), com presença de mangue. Compõe praticamente todo o perímetro da APA do Estuário do Rio Curu. Ocupação irregular por 3 barracas, sem infra-estrutura de energia elétrica e saneamento básico. Ocupação pelo Centro Turístico de Produção Ambiental – atualmente restaurante “Buena Vista Social Clube” em suas proximidades. Alto potencial paisagístico, com elevado fluxo de biodiversidade, pesca e criatório natural de frutos do mar. Operação irregular de estabelecimentos, passeios turísticos de barco a motor, uso desordenado pelos turistas e moradores locais, com o banho e som de carros com volume fora dos padrões. Recentemente desativado o serviço de reboque e conserto de barcos de pesca que ali ancoravam.

Construção do CTPA sem utilidade e de uso público cedido ao restaurante

Socioeconômicos e ambientais de pouca intensidade:

desmatamentos, deposição de lixo, lançamento de efluentes no rio, artificialização da paisagem, impermeabilização do solo e afugento da fauna local.

FIGURA 41 - Propostas de atividades para a APA do Estuário do Rio Curu e seu entorno.

*

A idéia de proteção estrita se estende a todas as outras áreas, independente da situação, sempre que se tratar de áreas de preservação permanente, definidas legalmente pelo Código Florestal Federal ou Estadual. Ou seja, o destaque das cores é pela predominância do uso.

situação Atividades Características ou manter da situação ambiental

Crítica Atividades primárias controladas.

Área com intervenção humana pela construção de barragens e píer, desenvolvimento de agricultura irrigada, aqüicultura e

pesca.

Regularização das construções, respeitando as áreas de influência marinha, especialmente dunas e falésias, inscrição da ocupação na Secretaria do Patrimônio da

União e dotar a área de saneamento básico. Satisfatória Proteção estrita e

turismo controlado*.

Área com pouca intervenção antrópica, dedicada ao lazer, com desenvolvimento de vendas em barracas, e pesca.

Recuo das barracas para locais mais adequados e instalação de equipamentos de infra-estrutura na nova

localização.

Alteração do decreto estadual n°25.416/99 para inclusão dos ambientes naturais existentes entre o perímetro da

APA do Estuário do Rio Curu e a APA das Dunas da Lagoinha. Desenvolver a educação ambiental para o

turismo ecológico, conforme referido decreto. Entorno Urbanas

regulamentadas, especialmente no

Plano Diretor.

Área em franca expansão residencial ao sul e leste da APA, com certa tradição em suas relações sociais e econômicas. A

cidade sede de Paracuru dista do perímetro da APA do Estuário do Rio Curu e tem suas relações menos estreitadas com aquela região do que a Comunidade do Poço Doce, pelo

que não implicaria a sua inclusão no perímetro proposto.

Intensificação do comércio local de produtos da pesca e desenvolvimento do artesanato. Destaque das festas carnavalescas como atrativo para o turismo, bem como resgate da formação social como uma cultura de povos

do mar. Entorno Rurais

regulamentadas.

A atividade terciária é a base da economia, e no setor rural destacam-se a agropecuária e a pesca.

Fortalecimento das atividades primárias, considerando o êxodo rural para a Sede de Paracuru. Considerar a sua

8 AVALIAÇÃO INTEGRADA DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

As unidades de conservação do município de Paraipaba, a APA das Dunas da Lagoinha e do Estuário do Rio Curu, sobre as quais se concentrou esta pesquisa, são avaliadas neste capítulo sob dois aspectos, o da gestão e o jurídico. No primeiro aspecto para analisar se a gestão vem sendo desenvolvida de acordo com a categoria que corresponde à sua classificação como APA; no segundo aspecto para avaliar se a dita categoria de APA corresponde com a figura de proteção mais adequada aos ecossistemas protegíveis, para propor uma redefinição das unidades de conservação estudadas.