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7.3 O turismo nas APAs e a relação com o turismo nas praias

7.3.1 O perfil do turista/excursionista nas APAs

7.3.1.1 O turista/excursionista na APA do Estuário do Rio Curu,

Inicialmente tratou-se do perfil do turista para, ao final, revelar o seu conhecimento e opinião quanto às questões que interessam à pesquisa, ou seja, seu conhecimento sobre a área protegida e seu estado de conservação.

Quando das visitas de campo realizadas em 04.02.06 e em 07.09.06, estimou-se cerca de 280 visitantes, sendo que na média estação - primeira visita - foram em torno de 80 e na alta estação, ou seja, na segunda visita aproximadamente 200. Portanto, pode-se dizer que a visitação na alta estação supera mais que o dobro em relação à média. A composição desses 280 visitantes pode ser demonstrada no gráfico a seguir, a partir da amostragem de 170 componentes dos grupos entrevistados:

21% 23% 3% 53% crianças jovens adultos idosos

FIGURA 36 - Perfil do turista por faixa etária - APA do Estuário do Rio Curu. Fonte: Pesquisa (2006)

Da análise do gráfico, percebe-se que a maioria absoluta dos turistas é composta por adultos, seguida pelas crianças, pelo que se deduz, inclusive pela formação dos grupos que responderam ao questionário, que a barra do rio Curu é freqüentada por visitantes adultos, geralmente acompanhados de seus filhos, ou crianças com outro grau de parentesco; seguidos pelos jovens e em menor escala é visitada pelos idosos.

A origem desses grupos tem peso maior na cidade de Fortaleza, que chega a ter mais de 60%, seguida pelo próprio município de Paracuru, com mais de 20%. Na média estação, a porcentagem dos visitantes com origem de Paracuru, tem maior peso, superando os 30%. E na alta estação, divide seu peso com aproximadamente 9% de turistas de outros estados brasileiros.

O grau de escolaridade desses visitantes adultos é fortemente representado pelos graduados em nível superior, seguidos dos pós-graduados, e uma pequena parcela dos formados em nível médio.

Quanto à renda familiar, tem-se que a maior parte dos visitantes, mais de 50%, que ganha entre dois e cinco salários, uns 40% ganha acima de cinco salários e uma porcentagem bem pequena ganha até dois salários. Resultado que identifica turistas com uma média de renda familiar superior à média brasileira.

Correspondem a essa realidade os custos nas viagens que são em maior parte no intervalo de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais), em porcentagem superior a 60%, seguida pelo custo de até R$ 100,00 (cem reais), e numa menor parcela os gastos acima de R$ 500,00 (quinhentos reais).

A permanência dessas pessoas, independentemente da estação, em sua maior parte, isto é, mais de 60%, é superior a um dia, o que as caracteriza como turistas. Os excursionistas têm representatividade em torno dos 30%, sendo maior na média estação, pois no feriado de 7 de Setembro em 2006 (quinta-feira, sexta-feira, sábado e domingo) os turistas com permanência por todo esse período foi de quase 69%.

As viagens à barra do rio Curu e circunvizinhança, ao contrário do estilo da visitação de segunda à sexta-feira na praia da Lagoinha, ocorrem em 100% dos casos por organização própria, independentemente de agentes de viagem. São feitas também na sua grande maioria em veículos próprios, e em menor escala em veículos alugados, ou em ônibus de linha.

Com essas indicações, conclui-se que o turista/excursionista na barra do rio Curu está perfilado com boas condições financeiras, que pode programar uma viagem para compor as atividades de lazer e com um grau de formação elevado, sempre em comparação à media nacional. Deduz-se, portanto, que são cidadãos com possibilidades de bem avaliar o local e os serviços prestados, bem como manifestarem-se sobre a preservação ambiental dos ecossistemas.

Antes, porém, de tratar desses temas, é muito importante saber que esses mesmos turistas, em sua grande maioria, mais de 60%, não sabe o que é uma APA, nunca ouviu falar na APA do Estuário do Rio Curu, e mesmo os que sabem o que significa uma área de proteção ambiental e conhecem a APA em referência, em sua totalidade, não se dirigiram ao lugar influenciados por seu conhecimento ou pela proteção ambiental.

A preferência de atividades na barra do rio Curu é pela praia do rio, em segunda opção pelo passeio de barco. Numa parcela muito pequena vem a pescaria. As opções de trilhas e festas não foram informadas em nenhuma ocasião.

A atenção para a praia, barracas e seus serviços é destacável, o que resulta em opiniões mais firmes com relação a esses itens. Considere-se que o item que eleva sempre as porcentagens é o do local, ou seja, da praia do rio, pois se sabe que a infra-estrutura é quase inexistente na prestação dos serviços. Quase 50% consideram o conceito bom para o binômio local e serviços, o que seria o termo médio de satisfação do turista para que ele escolha novamente esse tipo de lazer. Em torno de 30% atribui o conceito ótimo, o que realmente é destacável para um lugar sem saneamento e sem energia. Uma porcentagem menor considera regular; outra ainda menor diz ser excepcional e ninguém revelou serem ruins o local e seus serviços. As porcentagens quanto ao estado de conservação da natureza não são tão positivas, pois se dividem quase igualmente entre bom e regular, e apenas na segunda visita, apareceu o conceito ruim, não ultrapassando 20%.

68% dos que responderam aos questionários estariam dispostos a pagar por uma taxa com objetivo de manutenção da APA se o preço fosse razoável e se realmente fossem destinados os valores para tal fim, contra 32% que entendem que o pagamento dos demais tributos já deveria servir para a manutenção e melhoramento das condições da APA, pelo que disseram não estar dispostos para pagar uma taxa exclusiva para esse fim.