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6.2 ANÁLISE DOS TEXTOS

6.2.6 Análise da unidade intitulada Denunciando injustiças (CORDEIRO, s/d)

O próximo conjunto de textos encontra-se na coleção Língua Portuguesa em Contexto, em páginas conjugadas, abrem a primeira unidade do livro. Nessa abertura, há uma imagem representando a pobreza e sofrimento vivenciado por muitas famílias no mundo que está sendo ancorada pelo título “Denunciando injustiças”. Além do título, há mais três boxes falando acerca dos conhecimentos prévios, das características do gênero que será estudado e o que será estudado neste capítulo, como podemos ver na imagem que segue.

Abaixo do título, no primeiro boxe diz assim: 1. Neste capítulo, trabalharemos um gênero textual que possui uma função importante para a sociedade: o conto social. Qual é essa função? 2. Que problemas sociais normalmente chamam a sua atenção? 3. Para você, é possível uma pessoa sozinha mudar a sociedade?

No boxe mais abaixo diz o seguinte: Caracterizando o gênero. A literatura sempre é vista como uma forma de entretenimento, de beleza, de sentimentos amorosos, etc. Mas pode ser também uma importante forma de denúncia de injustiças. Neste capítulo, vamos estudar o conto social, um gênero textual narrativo em que o autor procura chamar a atenção do leitor para um problema social e, a partir disso, sensibilizá-lo e até mobilizá-lo na busca pela transformação social.

O boxe que se encontra do lado direito e abaixo da imagem apresenta o que será estudado no capítulo: * Características e funções do conto social; * Período composto por coordenação; * Período Composto por Subordinação; *Uso de algumas palavras e expressões: ao encontro de/ de encontro a; acerca de/ há cerca de/ cerca de; afim/ a fim.

Como o exemplar analisado é voltado para o docente, há ainda uns boxes explicativos que só aparecem nesse manual, apresentando os objetivos pedagógicos, dialogando com o professor w sugestões de abordagem, como pode ser visto a seguir:

Objetivos Pedagógicos – Ao final deste capítulo, o aluno deve ser capaz de: * Demosntrar conhecimento básico sobre o gênero e suas funções sociais: o que é um conto social? Para quem é escrito? Por quê? Para quê? E como é feito?; * Expressar-se de forma oral e escrita sobre os temas abordados nos textos; * Reconhecer mais de um tipo textual em um mesmo texto; * Realizar leituras inferenciais; *Identificar fenômenos da linguagem, ambiguidades, aspectos da narração, informações implícitas e explícitas e o valor semântico de algumas palavras no texto; * Reutilizar prática e análise linguística, observando as distinções estruturais e funcionais dos períodos compostos por coordenação e subordinação; * Empregar adequadamente as expressões ao encontro de/ de encontro a; acerca de/ há cerca de; afim/ a fim; *Planejar, produzir e avaliar um conto social.

Diálogo com o professor: Como sabemos, trabalhar habilidades de leitura, compreensão e produção de textos significa lançar mão de inúmeros recursos linguísticos necessários à eficiente produção de sentido em situações reais de uso da língua. O conto é um gênero narrativo cuja riqueza consiste no infinito imaginário humano, que é muito presente no uso da língua.

Sugestões de abordagem – Antes de apresentar aos seus alunos os textos, aproveite a oportunidade para checar o que eles conhecem, suas próprias histórias pessoais, etc. Enredo, tempo, narrador, personagem e clímax são conceitos que eles, certamente, já dominam, mas de forma intuitiva e inconsciente. Nosso papel é aprofundar e expandir o domínio consciente e desenvolver a habilidade e o uso reflexivo da língua.

Logo, pode-se notar que a parcela visual do conjunto de textos apresenta em primeiro plano a imagem de uma criança rodeada de muita pobreza que aparenta estar comendo lixo. Atrás dela, há a presença de uma mulher que tapa o sol com a mão no rosto e que nos faz pensar que pode ser a mãe desta criança. Existe aqui uma espécie de ancoragem do visual à temática presente na unidade, de injustiças.

O título da unidade faz com que os leitores ativem, por meio de inferências, os conhecimentos prévios acerca desse tipo de injustiças para trazer uma complementaridade àquilo que está sendo visto, ou seja, é, também, na mostração dos objetos discursivos que os conhecimentos extratextuais são resgatados da memória. Além disso, a imagem está em uma relação paratextual (GUIMARÃES, 2013) com as informações que a norteiam.

Assim, a condição para que se interprete o visual é ter conhecimento prévio sobre a realidade de algumas pessoas em vários lugares do mundo, inclusive no Brasil. O boxe sobre conhecimentos prévios traz alguns questionamentos para que o docente, junto aos alunos, reflita sobre a grande desigualdade social que há na sociedade, assim a partir desses questionamentos apresenta o gênero que será estudado, o conto social.

Nesse exemplo, partindo da temática, temos uma relação no eixo na coordenação classificada como aditiva tautológica, já que nos parece que ela apenas repete a informação essencial no título, entretanto, se partirmos da imagem primeiro, podemos afirmar haver uma relação de subordinação alicerçada, em que o visual se torna mais informativo que o verbal, tendo com o verbal uma relação de sustentação. Consequentemente, é o visual que introduz esses objetos discursivos e não só os qualifica como também localiza e situa acerca dos acontecimentos que são mostrados na imagem, é o visual que „choca‟ e faz com que pensemos mais sobre essa real injustiça.

Apesar de as informações para auxiliar os professores serem de grande valia por indicar objetivos, falar sobre as habilidades de leitura e até expor sugestões de abordagem sobre o capítulo e sua apresentação, a leitura do que é visual fica de lado, nem sendo mencionado em momento algum, o que comprova a “irrelevância” do visual para alguns autores de livros didáticos.