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Capítulo 5 Estudo de caso com projetos reais

5.3 Preparação

5.3.2 Análise da Variação do Indicador de Desempenho de Custo

Para testar a variação do IDCAcum, foram adotadas as premissas de CHRISTENSEN et al. (1998), que afirma que o IDCAcum é considerado estável se não houver uma variação superior a mais ou menos 10% sobre o IDCAcum, a partir de um determinado momento, até o término da execução do projeto. Assim, se em um dado momento durante a execução de um projeto, o IDCAcum é igual a 0,87, ele é considerado estável se não variar mais que algo entre 0,78 e 0,96 até o final de sua execução. Essa premissa foi adotada somente para comparar os resultados obtidos nesse estudo com os obtidos nos estudos de (CHRISTENSEN et al., 1998; ZWIKAEL, 2000; LIPKE, 2006a; HEDERSON e ZWIKAEL, 2008).

Na Tabela 5.1, a coluna “Estabilidade” mostra o momento no qual os projetos apresentaram e mantiveram a estabilidade do IDCAcum até o término de sua execução, ou seja, o momento no qual não houve variação maior que mais ou menos 10% em relação ao IDCAcum medido.

Em muitos projetos o IDCAcum permaneceu estável momentaneamente (durante um curto intervalo de tempo, durante a execução de um conjunto de atividades, por exemplo entre as atividades 2 a 7 da Figura 5.1), entretanto, não permaneceu estável até o final da execução do projeto. Em grande parte desses projetos, a desestabilização ocorreu logo após o inicio da execução de uma próxima fase do ciclo de vida, ou seja, após o inicio da execução de uma fase diferente, com desempenho distinto das anteriores (veja a Figura 5.1 a qual mostra as medidas do IDCAcum de um projeto real). A instabilidade do IDCAcum dos projetos analisados pode-se dar em função da variação no IDCAcum apresentada pelas fases, conforme indica a Tabela 5.2.

A Tabela 5.1 mostra que a estabilidade foi alcançada mais rapidamente no projeto 07, após 32,76% de execução. Por outro lado, no projeto 15 ela foi atingida após 95,34% de execução. O tempo médio para a estabilização do IDCAcum dos projetos foi de 66% de execução, confirmando as observações de (ZWIKAEL, 2000; LIPKE, 2006a; e HEDERSON e ZWIKAEL, 2008).

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Tabela 5.1 – Análise da Estabilidade do IDCAcum e Ganho de Desempenho do IDCAcum Próximo

do Término da Execução do Projeto

Projeto Estabilidade Desempenho

Projeto 01 55,54% 13,45% Projeto 02 59,01% -9,32% Projeto 03 74,19% 13,20% Projeto 04 83,01% 20,93% Projeto 05 83,52% -69,65% Projeto 06 68,70% 2,91% Projeto 07 32,76% -0,90% Projeto 08 52,51% 4,55% Projeto 09 98,88% -44,89% Projeto 10 91,22% -37,74% Projeto 11 77,59% 17,70% Projeto 12 87,10% 20,06% Projeto 13 90,05% 25,40% Projeto 14 72,14% -24,40% Projeto 15 95,34% -25,79% Projeto 16 70,43% 8,04% Projeto 17 85,06% 21,07% Projeto 18 50,41% 11,65% Projeto 19 36,85% 10,33% Projeto 20 89,70% 26,07% Projeto 21 36,30% 5,16% Projeto 22 54,17% 8,30%

A Figura 5.1 mostra um projeto com o IDCAcum instável. A variação do IDCAcum do projeto é exibida no eixo “Y” e as atividades do projeto são exibidas no eixo “X”. Os limites superior e inferior da Figura 5.1 e 5.2, representam o intervalo definido por (CHRISTENSEN et al., 1993), ou seja, o limite superior equivale a 10% acima do IDCAcum quando o projeto havia sido 20% executado, e o limite inferior equivale a 10% abaixo do IDCAcum quando o projeto havia sido 20% executado.

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Nessa mesma Figura, é possível notar a influência da execução de uma nova fase sobre o comportamento do IDCAcum. Quando uma nova fase inicia a sua execução, o IDCAcum tende a mudar sua tendência, ainda que momentaneamente, como ilustrado pelas setas na Figura 5.1.

Figura 5. 1 – Projeto Com IDCAcum Instável

A Figura 5.2 mostra um projeto com o IDCAcum estável. Entretanto, é possível notar que o projeto só se torna estável próximo de 20% de execução. Antes disso é possível notar uma grande variação no inicio do projeto, como reportado por (CHRISTENSEN et al., 1998; ZWIKAEL, 2000; LIPKE, 2006a; HEDERSON e ZWIKAEL, 2008).

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Figura 5.2 – Projeto Com IDCAcum Estável

O comportamento do IDCAcumpróximo do término do projeto também foi analisado. Para tanto, foi avaliado o valor do IDCAcum próximo de 80% de execução e no término do projeto, afim de identificar ganho ou perda do seu desempenho de custo. O resultado obtido com essa análise é expresso na coluna Desempenho da Tabela 5.1. Valores positivos indicam ganho de desempenho do IDCAcum no final da execução e valores negativos indicam perda de desempenho do IDCAcum no final da execução dos projetos. Dos 22 projetos avaliados em 15 ocorreu ganho de desempenho e em 7 houve perda de desempenho. Considerando a média entre os projetos houve perda de desempenho de 0,27% sobre o indicador. Ainda que na maioria dos projetos tenha ocorrido ganho de desempenho próximo ao final de sua execução, nos poucos projetos que houve perda de desempenho, ela foi acentuada (vide projetos 05 (-69,65%), 09 (-44,89%), 10 (-37,74%), 14 (-24,40%) e 15 (-25,79%) da Tabela 5.1).

Em muitos projetos o ganho de desempenho no final da execução dos projetos se deu em função deles não terem nenhum defeito. É importante destacar que grande parte dos projetos avaliados eram projetos pequenos, de menor complexidade, e menos sujeitos a terem defeitos.

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O IDCAcum apurado ao final da execução de cada fase do ciclo de vida dos projetos, bem como o período de execução de cada projeto é exibido na Tabela 5.2.

Tabela 5.2– Informações dos Projetos Utilizados nos Estudos de Casos

Projetos IDCAcum das Fases Períodos

ECU(*) IMP(*) TES(*) COR(*)

Project 01 2,02 1,9 1,62 2,95 11/03/09 a 01/04/09 P1 Projeto 02 2,48 4,46 3,43 2,98 16/03/09 a 06/04/09 Projeto 03 1,84 1,3 2,71 1,53 23/03/09 a 16/04/09 Projeto 04 1,75 1,14 1,85 7,05 26/03/09 a 17/04/09 Projeto 05 3,90 4,30 1,06 1,06 20/04/09 a 19/05/09 Projeto 06 1,54 1,6 1,50 1,85 20/04/09 a 19/05/09 Projeto 07 1,46 1,22 1,08 1,61 20/04/09 a 13/06/09 Projeto 08 1,98 1,61 1,81 2,17 29/04/09 a 15/05/09 Projeto 09 2,12 2,43 1,43 1,00 29/04/09 a 20/05/09 Projeto 10 1,98 1,77 2,39 2,14 21/05/09 a 09/06/09 P2 Projeto 11 2,20 1,67 2,20 10,0 15/06/09 a 30/06/09 P3 Projeto 12 1,19 1,23 4,34 2,50 29/06/09 a 10/07/09 Projeto 13 3,31 2,32 3,10 N.D. 29/07/09 a 10/08/09 P4 Projeto 14 2,24 4,37 2,40 1,85 11/08/09 a 20/08/09 Projeto 15 1,01 1,48 2,21 1,54 12/08/09 a 20/08/09 Projeto 16 2,26 1,90 5,25 3,44 21/08/09 a 04/09/09 P5 Projeto 17 3,78 1,33 3,08 2,57 01/09/09 a 18/09/09 Projeto 18 2,93 2,26 2,45 2,63 14/09/09 a 30/09/09 Projeto 19 3,61 1,21 2,41 2,89 19/10/09 a 16/11/09 P6 Projeto 20 1,42 2,54 1,79 2,94 01/12/09 a 31/12/09 P7 Projeto 21 3,09 1,56 1,89 1,75 04/01/10 a 20/01/10 P8 Projeto 22 1,35 2,03 1,07 2,6 19/01/10 a 03/02/10

(*) Nota: dados do IDCAcum de: (i) Elaboração de Casos de Uso (ECU), (ii) Implementação dos Casos de Uso (IMP) , (iii) Teste dos Casos de Uso (TES) e (iv) Correção dos Defeitos (COR).

(**) Nota: Não Definido (N.D.) Não ocorreram defeitos nesse projeto.

A técnica proposta utiliza dados históricos para a realização de projeções mais seguras do IDCAcum. Os projetos que participaram do estudo foram executados em diferentes datas, e por isso, foram considerados diferentes períodos para a realização das

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projeções da Estimativa No Término (ENT) realizadas pela técnica proposta. Durante o estudo, cada período específico utilizou o IDCAcum médio das fases do ciclo de vida dos projetos executados anteriormente.

As técnicas apresentadas no Capítulo 3 foram avaliadas através de um estudo de caso com projetos reais, no qual o objetivo era medir a precisão e a exatidão de ambas as técnicas e compará-las com a tradicional.

A seguir a questão de pesquisa e as hipóteses desse estudo são apresentadas e avaliadas para a primeira técnica apresentada no capítulo 3.