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Para a análise dos dados foi utilizado o delineamento de sujeito único, que segundo Cosby (2003), é uma técnica especialmente útil para verificação de mudança de comportamentos em ambientes escolares-ambientes naturais, em Linha de Base Múltipla, por permitir uma análise da relação de cada um dos aspectos motrizes abordados em relação à formação de conceitos. A análise do desenvolvimento foi intra- sujeito.

A análise dos dados foi separada em três estudos, uma vez que o objetivo de análise é intra-sujeito e não se tem o objetivo de comparar um aluno com o outro. No entanto, para os três estudos foram considerados os mesmos aspectos a serem verificados.

Se a avaliação inicial do esquema corporal e percepção espacial indicou uma idade motora deficitária de três anos ou mais, foi considerado como objetivo a aquisição de habilidades referentes a duas idades motoras. Sendo assim, se o participante tivesse uma IC de nove anos e uma IM de seis anos para qualquer dos aspectos motores, se considerou como objetivo a IM de oito anos.

Após cada uma das etapas foram reaplicadas as avaliações conceitual e motora sendo então possível analisar a modificação em cada um dos aspectos motores, a influência da intervenção em um dos aspectos motores sobre o outro e verificar a relação entre uma possível modificação nos aspectos motores e a expressão gráfica dos conceitos ligados ao esquema corporal e as noções espaciais de direita e esquerda, totalizando quatro avaliações motoras e conceituais.

Através da Escala de Desenvolvimento Motor (ROSA NETO, 2002), das folhas de registro e das filmagens, foi verificado se houve modificações no comportamento do esquema corporal do participante, representado por modificação na IM deste aspecto,

após a primeira etapa da intervenção e após a segunda etapa, analisando se houve modificação apenas quando se interveio neste aspecto diretamente, ou se houve modificação durante a intervenção do outro aspecto (percepção espacial).Também foi examinado o comportamento da percepção espacial durante a intervenção no esquema corporal (primeira etapa) e na intervenção quanto a percepção espacial (segunda etapa). Também foi acurado se houve um desenvolvimento mais acentuado em alguma das duas fases da intervenção e em qual delas isso ocorreu

As informações referentes às modificações ou não do nível conceitual gráfico foram analisadas através da análise do escore apresentado pelas crianças nas avaliações com o IAR ao longo das quatro avaliações. Para cada item respondido corretamente foi atribuído 1 ponto, totalizando 10 pontos. Para a análise dos dados, foi considerado o escore bruto do aluno. Além disso, cada área motora foi avaliada pelos seguintes critérios: Acerto Total- AT (100%); Alguma dificuldade- AD (até 50% de erro); Muita Dificuldade- MD (mais de 50% de erro).

Após esta análise das áreas motoras e conceitual separadamente, foi efetuada a relação entre ambos os dados. Para tal, foi realizado um estudo dos resultados apresentados no final de cada etapa da intervenção, verificando as possíveis alterações no comportamento conceitual gráfico da criança após as etapas de aplicação de atividades referentes ao esquema corporal e percepção espacial.

Os dados foram analisados descritivamente e apresentados por meio de tabelas e gráficos.

Para uma maior fidedignidade da análise foi considerado as informações obtidas através do questionário aplicado aos pais e o questionário sócio-econômico, uma vez que é variável relevante no desenvolvimento dos aspectos pretendidos, assim como as informações obtidas através do Diário de Campo, sendo esta relação feita de forma qualitativa.

Considerando que o delineamento de sujeito único analisa os dados do indivíduo de forma individual, os resultados serão apresentados e discutidos separadamente, em três estudos, onde o Estudo 1 se refere ao participante A1, o Estudo 2 ao participante A2 e o Estudo 3 ao participante A3.

CAPÍTULO 5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

ESTUDO 1

O período da intervenção e avaliações, conforme descrito anteriormente, foi composto de três fases de intervenção com 4 avaliações intercaladas. A duração de cada etapa foi segundo a aprendizagem do aluno, ou seja, não houve uma duração pré- determinada para cada uma das etapas. Assim, a primeira avaliação ocorreu no final do mês de março e a última avaliação ocorreu na metade do mês de setembro. A distribuição das sessões ao longo da coleta de dados pode ser melhor visualizada no Quadro 11.

Quadro 11- Etapas da Intervenção e Avaliação- A 1 ETAPAS DA INTERVENÇÃO E AVALIAÇÃO Av. 1 Sondagens/ Linha de Base Av. 2 Intervenção Esq. Corp. Av. 3 Intervenção Perc. Esp. Av. 4 Nº de sessões 1 5 1 10 1 12 1

Como verificado no quadro acima, ao longo da coleta ocorreram 22 encontros para intervenção, entre esquema corporal e percepção espacial, 4 encontros para avaliações motoras e o teste IAR e, 5 encontros para sondagem inicial, como estabelecimento da linha de base, totalizando 31 encontros.

Entre a 1ª avaliação e a 2ª avaliação, o que corresponde ao período denominado Linha de Base Inicial, foram realizadas apenas as sondagens, sem intervenção alguma. Entre a 2ª e a 3ª avaliação foram realizadas atividades para desenvolvimento do esquema corporal e, entre a 3ª e a 4ª avaliação, foram realizadas atividades para desenvolvimento da percepção espacial.

Assim, as sondagens aplicadas na Linha de Base inicial aconteceram no intuito de verificar se as respostas da aluna nas avaliações motoras condiziam com a realidade e se eram estáveis (sempre a mesma resposta) ou se eram dadas ao acaso. Estas mesmas sondagens foram aplicadas ao longo da intervenção como critério de mudança na ênfase nas intervenções de um aspecto motor para outro.

O A1 foi submetido a cinco sondagens na fase inicial, englobando todos os aspectos motores e a partir do início das intervenções em relação ao esquema corporal,

as sondagens se delimitaram a área enfatizada na intervenção e à idade na qual houve diferença entre o proposto como objetivo e o resultado apresentado pelo aluno, uma vez que em relação as idades anteriores as sondagens foram feitas com êxito.

Alguns fatores como feriados no primeiro semestre (3 encontros), férias escolares (3 encontros) e ausência da aluna (13 encontros), totalizando 19 encontros/ sessões impedidas de acontecerem dificultaram/ atrasaram a coleta dos dados.

Em relação a esta aluna, os encontros aconteceram duas vezes na semana. No entanto, em razão das ausências, por vezes as atividades aconteceram apenas uma vez por semana. Cabe explicar que a aluna apenas conhece alguns símbolos gráficos e algumas palavras, mas não consegue compreendê-las no contexto de uma sentença, por mais simples que seja. Assim, toda a avaliação conceitual foi realizada com tradução para a Libras e, em razão disto, algumas atividades foram prejudicadas, pois na Libras, alguns sinais não são conceituais, não assumem a representação de determinada coisa ou situação apenas, como acontece na fala. Ao contrário, por ter movimento o gesto representa a situação real. Assim, alguns dos aspectos avaliados como os segmentos corporais não avaliam a real abstração conceitual da aluna, que seria possível apenas se a aluna pudesse ler e compreender a questão sem auxílio.