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Os textos, elaborados pelos alunos foram analisados utilizando a técnica de análise de discurso. Foram levantadas as explicitações expostas pelos alunos referentes à percepção que eles têm sobre segurança no trânsito e associadas a seis categorias criadas previamente. De acordo com Bardin (1977) as categorias podem ser definidas como unidades de análise. Para Franco (1994) a categorização é uma operação que tem como objetivo classificar os elementos que compõem um conjunto, esta classificação é feita por diferenciação e seguida de um reagrupamento baseado em critérios definidos. A escolha por fazer a categorização

31 temática baseia-se no que diz Bardin (1977). A autora expõe que a categorização pode ser temática, sintática dentre outras. Foram então criadas as seguintes categorias: “sobre as consequências dos acidentes”, “atenção e cautela no trânsito”, “relacionamento motorista pedestre”, “respeito às regras de trânsito”, “fatores contribuintes para a ocorrência de um acidente” e “medidas para melhorar o trânsito”. Estas categorias foram definidas com base em estudo realizado por FARIA (2006) no Estado do Rio de Janeiro com alunos do ensino fundamental, o autor constatou em pesquisa de campo que os alunos foram capazes de identificar 25 topoi e estes foram reunidos em seis grupos. Para este estudo considerou-se que os alunos são capazes de apontar explicitações que serão associadas às estas categorias, assim, elas forma estabelecidas previamente. Como orientação para elaboração da narrativa foram feitas perguntas cuja intenção foi levar o aluno a apontar explicitações que posteriomente foram associadas às categorias criadas.

A identificação, contagem (frequência) e análises das explicitações foram feitas da seguinte forma: ao ler os textos os problemas apontados pelos alunos foram anotados em seis planilhas do Excel, sendo uma para cada categoria. As explicitações foram associadas às categorias levando em consideração o contexto no qual eles apareceram nas narrativas, por exemplo, a explicitação “alta velocidade” e/ou desrespeito à sinalização, foram associadas à categoria “fatores contribuintes para a ocorrência de um acidente e não na categoria “respeito às regras de transito”. Pois no contexto que elas apareceram nas narrativas elas forma consideradas pelos entrevistados como algo que contribuiu para a ocorrência do acidente. Posteriormente foi feita a compilação das explicitações repetidas em uma expressão única, obtendo assim a sua frequência em cada grupo. Desta forma, foi possível obter seis tabelas, uma para cada categoria. Para facilitar a compreensão e análise algumas categorias foram classificadas em grupos, conforme será mostrado adiante. As explicitações foram analisadas, conforme apresentado na Tabela 3.2.

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Tabela 3.2 - Metodologia de análise das explicitações

Categorias Método de análise

1 Consequência dos riscos Comportamento relatado Sentimento relatado

2 Relacionamento motoristas x pedestres Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) Belo Horizonte 3 Percepção sobre comportamento

Comparação com o ranking de fatores de risco apontados na literatura

4 Fatores contribuintes pra a ocorrência de um acidente 5 Respeito às regras de trânsito

6 Medidas para melhorar o trânsito Comparativo

4 Fatores contribuintes para a ocorrência de um acidente de trânsito Teste de hipótese

As explicitações associadas à categoria “consequência dos riscos” foram analisadas com base no sentimento e no comportamento que os alunos relataram no texto. Não foi inferido nesta categoria nenhum sentimento percebido pelo autor durante as análises.

As explicitações associadas à categoria “relacionamento motorista x pedestre” foram analisadas comparando-as com o Índice de Vulnerabilidade Social – IVS de Belo Horizonte. As explicitações apontadas nos textos para a categoria “consequência dos riscos” foram analisadas levando em consideração o sentimento e o comportamento relatado pelos alunos nos textos. As explicitações associadas à categoria “relacionamento motoristas pedestres” foram comparadas com o Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) de cada unidade de planejamento.

Já as explicitações apontadas, na categoria “fatores contribuintes para a ocorrência de um acidente de trânsito”, foram subdivididas em seis subcategorias, a saber: (i) legislação e fiscalização, (ii) humano - motorista. (iii) humano – pedestres, (iv) veículo, (v) vias, e (vi) meio ambiente. O resultado da soma das frequências dos dois grupos pesquisados foi submetido ao teste estatístico de hipótese com finalidade de averiguar se os alunos que participaram do programa de educação de trânsito têm maior percepção sobre segurança viária.

As explicitações apontadas nas categorias: “percepção sobre comportamento”, “fatores contribuintes para a ocorrência de um acidente” e “respeito às regras de trânsito”, foram agrupados de acordo com os seis fatores de risco associados à ocorrência de um acidente de

33 trânsito, identificados na literatura e foram feitas as comparações dos resultados obtidos na pesquisa em questão com os resultados apontados na literatura.

As explicitações associadas à categoria “Medidas para melhorar o trânsito” foram comparadas com os resultados obtidos na junção das categorias “percepção sobre comportamento”, “fatores contribuintes para a ocorrência de um acidente” e “respeito às regras de trânsito”, com a finalidade de averiguar uma coerência entre os fatores responsáveis pela a ocorrência de um acidente e as medidas para evitá-los.

Todas as análises foram feitas com os resultados dos dois grupos, sempre estabelecendo comparações entre eles, conforme descrito no capítulo 5 desse trabalho.

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4 PESQUISA PILOTO: METODOLOGIA, APLICAÇÃO E ANÁLISE

Neste capítulo será apresentada a pesquisa piloto constituída das seguintes etapas: elaboração dos instrumentos de coleta de dados (questionário e narrativa orientada), o método adotado, a tabulação dos dados, os resultados e as considerações decorrentes do teste piloto realizado com a finalidade de testar a metodologia e verificar a validade dos instrumentos utilizados.