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Realizamos a análise a partir da coleta de informações re- alizada no site oficial da Unilab. O primeiro levantamento aqui exposto refere-se aos ingressantes no período letivo 2015.2, mostrando-se a fragmentação das vagas entre ampla concorrên- cia (AC), cotas raciais e sociais.

Gráfico 1 – Quadro de vagas ofertadas e ocupadas no período letivo 2015.2 50% 38% 12% Vagas Ofertadas AC C.Raciais C.Sociais 41% 29% 10% Vagas Ocupadas AC C.Raciais C.Sociais

Fonte: Portal Eletrônico Unilab (2015).

No Gráfico 1, nota-se que o percentual de vagas delegadas à AC segue o definido na Lei nº 12.711, com a reserva de 50% de vagas para cotistas. Nesse cenário, 12% (somente) de vagas foram ofertadas para cotistas sociais, sendo de 10% o percentual de vagas ocupadas; e 38% foram reservadas para cotistas raciais, com efetivação de 29%. Ainda no mesmo período, houve uma reserva de 50% para ampla concorrência, constatando-se uma efetivação de 41% no preenchimento das vagas. Vale ressaltar que, muitas vezes, o percentual de vagas ofertadas não é com- pletamente preenchido, fazendo com que as vagas não ocupadas sejam destinadas aos candidatos de listas de espera.

O gráfico seguinte expõe dados relativos ao período 2016.2:

Gráfico 2 – Quadro de vagas ofertadas e ocupadas no período letivo 2016.2

49% 36% 15% Vagas Ofertadas AC C.Raciais C.Sociais 27% 19% 8% Vagas Ocupadas AC C.Raciais C.Sociais

Fonte: Portal Eletrônico Unilab (2016).

Vagas ofertadas

Vagas ofertadas Vagas ocupadas

Vagas ocupadas Cotas raciais Cotas raciais AC AC AC AC Cotas sociais

Cotas sociais Cotas sociais Cotas raciais Cotas raciais

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Temas contemporâneos em gestão pública e políticas de desenvolvimento

No Gráfico 2, relativo ao período de 2016.2, as reservas fo- ram de 49%, 36% e 15% para ampla concorrência, cotas raciais e cotas sociais, respectivamente. Quanto às vagas ocupadas, tive- mos 27%, 19% e 8%, na mesma ordem. Nesse caso, na perspec- tiva das vagas ofertadas, a porcentagem de cotas raciais perpassa em 11% a determinação cotista, ao mesmo tempo em que as cotas sociais apresentam um percentual 10% abaixo do recomendado.

Vale ressaltar que as vagas a princípio não ocupadas são destinadas àqueles estudantes que declaram interesse em parti- cipar da fila de espera do sistema de seleção unificado (Sisu). De modo geral, podemos inferir que as vagas ofertadas em 2016.2 também coincidem com o referendado nas cotas, com exceção das cotas sociais, que permanecem sendo menos buscadas.

Por fim, apresentamos dados do período 2017.1:

Gráfico 3 – Quadro de vagas ofertadas e ocupadas no período letivo 2017.1

49% 36% 15% Vagas Ofertadas AC C.Raciais C.Sociais 50% 38% 12% Vagas Ocupadas AC C.Raciais C.Sociais

Fonte: Portal Eletrônico Unilab (2017).

Com base no Gráfico 3, identificou-se, no período 2017.1, que os percentuais de vagas ofertadas são equivalentes ao período 2016.2 (Gráfico 2). Em contrapartida, os percentuais de ocupa- ção foram diferentes, verificando-se 50%, 38% e 12% para ampla concorrência, cotas raciais e cotas sociais, respectivamente.

Em vagas ofertadas, constata-se o percentual de 49% para a ampla concorrência. As cotas raciais ultrapassam os 25% suge- ridos, ficando com 36% das vagas, enquanto as cotas sociais não atingem, novamente, seu percentual máximo permitido, ficando com apenas 15% (também por falta de procura na categoria). Os

Vagas ofertadas Vagas ocupadas

percentuais de vagas ofertadas divergem, minimamente, com o de vagas preenchidas, como descrito acima.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dado o exposto, compreendemos que a política de cotas nas universidades exemplifica, positivamente, uma medida do Estado no sentido de proporcionar igualdade entre as oportunidades de ingresso para o ensino superior aos cidadãos brasileiros. Dados da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (BRASIL, 2016) expõem que a Lei nº 12.711/2012 garantiu o in- gresso, entre 2013 e 2015, de cerca de 150 mil negros em uni- versidades, contribuindo, assim, para o aumento do percentual de jovens negros que cursam ou concluem o nível superior.

Além disso, dos resultados alcançados, observamos que a Unilab cumpre, na condição de universidade federal, a obrigação de instituir um sistema de cotas com base na legislação brasileira (Lei nº 12.711). Notamos que, de modo geral, a reserva de cotas é seguida pela instituição, tendo em vista que foram reservadas para cotistas 50% das vagas, no período letivo 2015.2, e 49% das vagas, nos dois períodos seguintes, 2016.1 e 2016.2.

Por fim, compreendemos a existência de fatores que fa- zem com que a porcentagem de cotas, a ser dividida em raciais e sociais, esteja sempre variando. Não há uma porcentagem fixa para cada unidade da federação (25% para cotas raciais e 25% para cotas sociais, por exemplo), ou seja, a proporção para cada tipo de cota será definida de acordo com critérios englobados na população local de cada cenário. Estados com maior número de população negra deverão, assim, contar com um percentual de cota racial também maior, a fim de evitar o número de vagas re- manescentes que, quando existentes, são destinadas a candida- tos oriundos de escolas públicas (sem critério de raça/cor).

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Temas contemporâneos em gestão pública e políticas de desenvolvimento REFERÊNCIAS

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Marianne Silva Freire1

RESUMO

Este artigo objetiva compreender os formatos e circuitos das ações educativo-formativas nas áreas da cultura, idealizadas pelo Centro Cultural Grande Bom Jardim, equipamento gerenciado pelo Instituto Dragão do Mar, ligado à Secretaria de Cultura do Estado do Ceará. A produção de sentidos para a comunidade local e a fun- ção cultural-formativa, sob uma perspectiva de democratização e descentralização da cultura – por meio de projetos e percursos nas áreas do audiovisual, artes cênicas e artes visuais, cultura digital, economia criativa, gastronomia, patrimônio e demais áreas de de- senvolvimento artístico-cultural –, garantem a promoção da cida- dania, dos direitos humanos e a ampliação das habilidades sociais. Este artigo parte de experiências do próprio Centro e de pesquisas bibliográficas e documentais. São referências autores como Pierre Bourdieu e Nestór Garcia Canclini e, tratando das políticas públi- cas para a cultura, Isaura Botelho e Teixeira Coelho. Os resultados da pesquisa mostram bons indicadores de vida cultural no espaço desde a sua fundação, o progresso das ações de formação, difusão e fruição do Centro, consolidando um desenho institucional cultu- ral crescente para o bairro.

Palavras-chave: Consumo cultural. Formação. Centro Cultural

Grande Bom Jardim.

1 Graduanda do 5º semestre de Publicidade e Propaganda do Instituto de Cultura e Arte – Universidade

Federal do Ceará (ICA/UFC). E-mail: mariannefreire05@hotmail.com.

CONSUMO CULTURAL, PARTICIPAÇÃO SOCIAL E PERCURSOS