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CAPÍTULO 3 METODOLOGIA

3.6 ANÁLISE DOS DADOS

Marconi e Lakatos (2003) defendem que a análise e a interpretação dos dados se constituem no núcleo central da pesquisa, sendo duas atividades distintas, porém intimamente relacionadas, que envolvem duas operações:

1. Análise - é a tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenômeno estudado e os outros fatores.

2. Interpretação – atividade intelectual que procura dá um significado mais amplo às respostas, vinculando-as com outros conhecimentos. Geralmente, esta operação esclarece o significado do material apresentado e faz conexão lógica entre as partes mais amplas dos dados discutidos.

Já os estudos de R.S., por sua vez, exigem a construção de categorias, uma das bases das estruturas cognitivas. Essa construção exige que os elementos que a constituem sejam similares entre si, diferenciando-se claramente dos elementos das outras categorias e possuindo algo que as caracterize (CAMARGO, 2005).

Sá (1998) informa que a prática mais comum de pesquisa em RS combina a coleta de dados através de entrevistas individuais com a técnica para o seu tratamento conhecida como “análise de conteúdo”, recomendando Bardin como uma referência útil e importante, somando-se a este Jorge Vala.

Bardin (2008, p.42) define a análise de conteúdo como

[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando obter por procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

Para o autor, esta abordagem tem a finalidade de efetuar deduções lógicas e justificadas, referentes às origens das mensagens consideradas, a saber, o emissor e o seu contexto, ou, eventualmente, os efeitos dessas mensagens. Para tanto, diz Bardin (2008, p.43), “a análise de conteúdo trabalha a palavra, quer dizer, a prática da língua realizada por emissores identificáveis”, considerando as significações (conteúdo), esporadicamente a sua forma e a distribuição destes conteúdos e formas (índices formais e análise de co-ocorrência).

Nesse entendimento, para o conteúdo das entrevistas elaborei um plano de análise, a partir da constituição do corpus seguindo as etapas sugeridas por Bardin (2008) e Vala (2001), para a organização dos dados (Figura 1).

Posteriormente, após desdobramento, codificação das unidades de análise por similaridade, as áreas temáticas foram agrupadas em subcategorias e categorias, se constituído nas bases para análise. Para este etapa, a análise quantitativa foi realizada a partir da atribuição da unidade de enumeração às unidades de análise para a indicação das freqüências absoluta e relativa correspondentes a cada subcategoria e suas respectivas categorias.

A análise qualitativa foi efetivada a partir da análise temática de conteúdo (BARDIN, 2008; VALA, 2001). Fazer uma análise temática “consiste em descobrir os núcleos de

sentido que compõem a comunicação e cuja presença, ou freqüência de aparição, podem

significar alguma coisa para o objectivo analítico escolhido” (BARDIN, 2008, p.105). Informa este autor, ser o tema a unidade de significação que emerge de um texto analisado segundo critérios estabelecidos relacionados à teoria que serve de guia a leitura, enquanto a unidade de registro corresponde a uma regra de recorte do sentido, utilizado para estudar motivações de opiniões, de atitudes, de valores, de crenças, de tendências, entre outros.

FIGURA 1 Plano de Análise: Organização dos Dados

Para a análise dos dados obtidos através do TALP, utilizei a análise fatorial de correspondência (AFC), uma técnica estatística descritiva multivariada que evidencia as afinidades entre linhas e colunas de uma matriz de dados, baseando-se na hipótese da independência entre as linhas e as colunas de uma tabela. Destas, a mais utilizada são as de freqüências, onde se representa nas colunas uma ou mais variáveis independentes que caracterizam os sujeitos, e nas linhas, as variáveis dependentes que se pretende pesquisar - palavras ou frases ditas pelos sujeitos do estudo (OLIVEIRA; AMÂNCIO, 2005).

Segundo estes autores,

Os resultados de cada AFC são representados em factores que facilitam a interpretação das suas propriedades estruturais e significantes, definindo relações de proximidade e de oposição entre os pontos (palavras ou outras variáveis). Atribuem-se significados aos factores, também designados por eixos factoriais ou de inércia, de acordo com as suas propriedades (ou as variáveis) que os explicam. Seguidamente, as oposições e proximidades entre os diferentes elementos são interpretadas tendo em conta o significado atribuído ao eixo. (OLIVEIRA; AMÂNCIO, 2005, p.334-5).

Os processos estatísticos permitem obter de conjuntos complexos, representações simples, e constatar se estas verificações simplificadas têm relação entre si. Desse modo, o método estatístico reduz fenômenos sociológicos, políticos e econômicos, dentre outros, a termos quantitativos e a manipulação estatística, permitindo comprovar as relações dos fenômenos entre si, e obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou significado. O

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seu papel principal é fornecer uma descrição quantitativa da sociedade, considerada como um todo organizado, constituindo-se, também, em um método de análise (MARCONI; LAKATOS, 2003).

Os dados foram processados no Software Tri-Deux Mots, versão 2.2, (Cibois, 1991), o qual permite verificar correlações entre grupos, bem como visualizar as relações de atração e de afastamento entre os elementos do campo representacional a cerca de determinado objeto (NÓBREGA; COUTINHO, 2003).

Ainda para estes dados, utilizei o Software EVOC - Ensemble de programmes permettant l’analyse d’évocations - (VERGÈS, 1999), o qual calcula a freqüência simples de ocorrência de cada palavra evocada, a média ponderada de ocorrência de cada palavra em função da ordem de evocação e a média das ordens médias ponderadas do conjunto de termos evocados. Este Software faz cálculos estatísticos e a construção de matrizes de co-ocorrência, os quais embasam a construção do Quadro de Quatro Casas (Quadro 4).

A partir deste quadro, discriminou-se o NC, os elementos intermediários e os elementos periféricos, portanto a estrutura da RS de enfermeiras sobre o trabalho noturno. A distribuição dos termos produzidos nos quatro quadrantes, feito comparando-se a freqüência e o valor médio da ordem de evocação de cada termo, com os valores de corte dos quadrantes, valores esses definidos pelo pesquisador, trouxeram informações importantes para a análise da representação.

Após a construção dos quatro quadrantes, o pesquisador deve considerar as informações para construir o sistema de categorias, as quais serão definidas pela freqüência dos termos e do universo que as mesmas abrangem (OLIVEIRA et al, 2005; SÁ, 1996).

A seguir, apresentamos os resultados deste estudo, iniciando com a caracterização sócio-demográfica dos participantes desta pesquisa, seguida da estrutura das representações sociais das enfermeiras de um hospital de ensino sobre o trabalho noturno, da análise fatorial de correspondência e da análise de conteúdo temática.

4 CAPÍTULO 4 - RESULTADOS

Neste capítulo apresentarei os resultados deste estudo. Inicio apresentando a caracterização sócio-demográfica dos participantes6 deste estudo, seguido dos dados obtidos através do TALP e aqueles oriundos das entrevistas. Em seguida, farei a análise e discussão dos resultados, utilizando como suporte teórico a Teoria das Representações Sociais e a Teoria do Núcleo Central, entendendo que no TN as enfermeiras, dentro de um contexto social especifico, elaboram e compartilham as representações sociais, um conhecimento a cerca de um objeto social - o trabalho noturno da enfermeira, a partir de saberes científico e do senso comum, num processo dinâmico de comunicação e interação social, o que lhes permite vivenciar esta realidade, a partir da produção de sentido, situando-as neste espaço social cotidiano.