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CAPÍTULO 3 METODOLOGIA

3.5 COLETA DE DADOS

Após autorização institucional e aprovação pelo Comitê de Ética, foram contactadas as pessoas responsáveis pelos setores onde a pesquisa foi desenvolvida com a finalidade de me apresentar e informar sobre a mesma. Em seguida, identifiquei as(os) enfermeiras(os) que se caracterizaram como sujeitos deste estudo, considerando os critérios estabelecidos previamente; entretanto, a escolha dos sujeitos foi aleatória, observando-se ainda a disponibilidade de tempo dentro das atividades que desenvolviam para participarem deste estudo.

A coleta de dados foi iniciada em abril de 2008, estendendo-se até o mês de maio do mesmo ano; foi precedida do teste e validação do instrumento de pesquisa - tendo este se mostrado adequado para averiguar o objeto e objetivos propostos-, e atendeu as orientações contidas na Resolução 196/96 do Ministério da Saúde (BRASIL, 1996), tendo sido respeitadas a individualidade, a autonomia dos informantes e a sua anuência à gravação. Os sujeitos foram orientados quanto a sua participação, inclusive a avaliação de riscos e

benefícios, a relevância da pesquisa, a liberdade de participar ou não da mesma, a garantia do sigilo das informações e do anonimato.

Primeiramente, aproximei-me dos sujeitos, explicando-lhe sobre a pesquisa, destacando os objetivos e a metodologia proposta, bem como a relevância do estudo e a importância de sua colaboração. Após o consentimento verbal, agendávamos o encontro e, na oportunidade, eles eram convidados a participar do Teste de Associação Livre de Palavras – TALP. Neste momento apresentava o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (APÊNDICE A) e, após a leitura do mesmo, pedia que assinassem o referido documento.

Para apreensão das concepções das(os) enfermeiras(os) sobre o trabalho noturno, utilizei o conteúdo expresso através da linguagem veiculada no contexto social de inserção do sujeito, vez que essa é responsável pelas formas de construção de conceitos e pela compreensão da experiência profissional projetada na dimensão de um grupo. Para tanto, foi utilizada a técnica da entrevista, a qual consiste numa conversação face-a-face, de maneira metódica, proporcionando ao investigador a informação necessária (MARCONI; LAKATOS, 2003).

Minayo (2000, p.109) defende ser a entrevista instrumento privilegiado de coleta de informações nas ciências sociais pela “[...] possibilidade de a fala ser reveladora de condições estruturais, de sistemas de valores, normas e símbolos (sendo ela mesma um deles) e ao mesmo tempo ter a magia de transmitir, através de um porta-voz, as representações de grupos determinados”.

Assim, a entrevista pode ser considerada como uma conversa com finalidade, direcionada a determinados objetivos da pesquisa, repleta de ambigüidade, de ditos e não- ditos, de versões que são mudadas conforme o momento e a audiência, constituindo-se numa forma singular de interação entre o pesquisador e o interlocutor, em que informações, opiniões, estórias e depoimentos são influenciados pelo tipo de relação que se estabelece entre ambos. Por isso, uma interação num ambiente de confiança e empatia facilita o acesso a informações importantes, geralmente interditas aos interlocutores usuais (MINAYO, 2004).

Marconi e Lakatos (2003) também destacam a importância de manter a conversa numa atmosfera de cordialidade e amizade.

Escolhi a entrevista aberta ou em profundidade, por possibilitar ao sujeito liberdade para falar livremente sobre o tema; as intervenções do pesquisador/entrevistador, quando feitas, buscam apenas dar maior profundidade às reflexões (MINAYO et al, 2006). Abric (1994, p.61) considera este tipo de entrevista como um “[...] método indispensável em qualquer estudo sobre representações [...]”.

Sá (1998) informa ser a entrevista grandemente privilegiada por Jodelet na pesquisa das representações sociais. Esta autora defende a necessidade de se fazer boas perguntas aos sujeitos, sugerindo que se comece com perguntas de caráter mais concreto, factuais e relacionadas às experiências cotidianas dos sujeitos, passando, progressivamente, para as perguntas que envolvam reflexões mais abstratas e julgamentos. Assim, as perguntas foram formuladas para ir além da espontaneidade, em direção ao que, normalmente, por várias razões, não é dito. A entrevista teve duração de 20 a 30 minutos, com média de 25 minutos, e foi gravada, após anuência do informante para a utilização do gravador, sendo, posteriormente, transcrita pela própria pesquisadora.

Utilizei também, o Teste de Associação Livre de Palavras (TALP), originalmente desenvolvido por Jung, o qual se caracteriza como um teste projetivo, originário da Psicologia Clínica, sendo aplicado no campo da TRS como instrumento experimentado e validado desde a década de oitenta (COUTINHO, NÓBREGA; CATÃO, 2003).

O TALP permite a apreensão das projeções mentais de um grupo social de maneira espontânea e descontraída, revelando até os conteúdos implícitos ou latentes que podem estar mascarados nas produções discursivas, possibilitando estudar os estereótipos sociais que são partilhados espontaneamente pelos membros do grupo e a visualização das dimensões estruturantes do universo semântico específico das RS (OLIVEIRA et al, 2005).

Em atendimento às recomendações de Coutinho; Nóbrega; Catão (2003), as quais defendem que, no campo das RS, o TALP apresenta-se como instrumento de investigação aberta que se estrutura na evocação de respostas dadas a partir de um ou mais estímulos indutores pronunciado diante do sujeito, estes foram orientados a verbalizar, o mais rápido possível, as primeiras palavras que lhe vinham à mente, não sendo permitido tempo para a elaboração das respostas, enumerando-as por ordem de importância.

Estas autoras informam que o TALP é um instrumento de aplicação rápida, de fácil compreensão com relação às instruções e operacionalidade de manuseio, sendo recomendado, que o pesquisador ilustre com exemplo semelhante ao que será utilizado no estudo, familiarizando o entrevistado sobre o procedimento de aplicação e adequação de respostas. Deve-se salientar a importância de usar expressões ou palavras isoladas, pois as construções verbais mais elaboradas podem invalidar os resultados da pesquisa. Por isso, o pesquisador deve destacar o tempo: quanto mais ágil e impulsiva for à resposta, maior será sua validade.

O registro dos dados foi feito através de uma ficha (APÊNDICE B) contendo três partes: na parte introdutória, os dados sócio-demográficos que caracterizaram os sujeitos da pesquisa; a segunda, construída para a técnica de associação livre de palavras, a partir dos

estímulos indutores: “trabalho noturno da enfermeira” e “você mesma(o), enfermeira(o) no trabalho noturno”; e a terceira, com o roteiro da entrevista dirigida aos objetivos da pesquisa, formado por duas questões abertas relativas ao trabalho noturno da enfermeira(o).

Madeira (2005) defende que o estudo das RS de um objeto exige uma caracterização dos sujeitos, argumentando que é deles a linguagem a ser estudada. Isto se torna necessário para tornar possível a exploração e a análise da formação e emergência destas representações, articuladas às condições sociais, históricas, culturais, dentre outras.

O TALP foi aplicado individualmente, após treinamento prévio, e, os dados registrados na ficha em espaços reservados, logo abaixo de cada estímulo, em seqüência, preservando o critério de ordem de aparecimento das mesmas, procedimento necessário para identificar a estrutura cognitiva. Foram orientados, ainda, para que enumerassem por ordem de importância suas respostas (NÓBREGA; COUTINHO, 2003).

A coleta de dados foi efetivada pela própria pesquisadora.