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Análise das necessidades dos processos e cálculo do potencial de utiliza-

5.4 Análise de processos seguindo o modelo SCOR

5.4.2 Análise das necessidades dos processos e cálculo do potencial de utiliza-

Nesta subsecção serão analisadas de forma mais aprofundada as categorias dos processos e os processos subjacentes com vista a concluir sobre as suas dificuldades e necessidades.

Nas tabelas seguintes, são enumeradas, ao lado esquerdo, em forma de lista, algumas das propriedades que a implementação da tecnologia blockchain pode trazer a um sistema. Na parte superior, estão apresentados, com a simbologia utilizada no modelo SCOR (AnexoA), as catego- rias (Nível 2) pertencentes a cada nível de processo (Nível 1). Na matriz interior da tabela estão assinaladas com um “X” as propriedades que são importantes e a ter em conta no processo corres- pondente, onde um traço (-) significa a inexistência de dificuldade e/ou de necessidade, um “X” indica que a categoria apresenta apenas algumas e por fim a utilização de “XX” indica que essa propriedade é uma forte dificuldade e/ou uma necessidade para a categoria em questão.

É importante reforçar a ideia que foram analisados os processos que compõe as categorias assinaladas. Por exemplo, a categoria sP1 (Plan Supply Chain) é composta por quatro processos (Figura5.4).

Figura 5.4: Processos pertencentes à categoria sP1 (Plan Supply Chain) [72]

Plan Plan sP1 sP2 sP3 sP4 sP5 Verificabilidade Pública XX XX XX XX XX Integridade X X X X X Imutabilidade X X X X X Redundância X X X X X Hierarquia X X X X X Transparência - - - - - Privacidade XX XX XX XX XX

Tabela 5.1: Dificuldades e necessidades inerentes ao nível Plan

sP1 - Plan Supply Chain: Responsável pelo desenvolvimento e planeamento de alternativas de ação em períodos de tempo especificados, tendo em conta os recursos, os requisitos e as restrições da suplly chain.

5.4 Análise de processos seguindo o modelo SCOR 63

sP2 - Plan Source: Responsável pelo desenvolvimento e planeamento de alternativas de ação em períodos de tempo especificados, tendo em conta os recursos materiais necessários para satisfazer os requisitos da supply chain.

sP3 - Plan Make: Responsável pelo desenvolvimento e planeamento de alternativas de ação em períodos de tempo especificados, tendo em conta os recursos de produção necessários para satisfazer os requisitos de produção.

sP4 - Plan Deliver: Responsável pelo desenvolvimento e planeamento de alternativas de ação em períodos de tempo especificados, tendo em conta os recursos de entrega necessários para satisfazer os requisitos de entrega.

sP5 - Plan Return: Responsável pelo planeamento estratégico ou tático das alternativas de ação ou tarefas de tempo especificados, tendo em conta os recursos de retorno e os ativos necessários para satisfazer os retornos sejam eles imprevistos ou não.

Source Source sS1 sS2 sS3 Verificabilidade Pública X X X Integridade XX XX X X Imutabilidade XX XX XX Redundância - - - Hierarquia X X X Transparência X X X Privacidade X X X

Tabela 5.2: Dificuldades e necessidades inerentes ao nível Source

sS1 - Source Stocked Product: Engloba os processos de pedido, de receção e de transferên- cia de matéria-prima, sub-conjuntos, produtos e/ ou serviços com base nos requisitos de procura agregados. O objetivo do "source-to-stock"é manter um nível pré-determinado de stock para de- terminados materiais e/ou produtos.

É importante salientar que em nenhum dos processos inerentes a esta categoria são trocadas informações ou detalhes acerca do cliente ou do pedido do mesmo. O pedido do cliente nunca é

trocado com o fornecedor, anexado ao pedido geral, ao produto ou a qualquer plataforma de gestão de produção.

sS2 - Source Make-to-Order Product: Engloba os processos de pedido, de receção e de trans- ferência de matéria-prima que são solicitados apenas quando existe um pedido por parte de um cliente. A intenção de produzir para satisfazer as encomendas (make-to-order) é manter o stock solicitado (e/ou configurado) apenas e só para satisfazer pedidos específicos de clientes.

O produto é pedido, recebido e identificado em stock usando a referência do pedido do cliente. Para além disso o produto é, através da referência antes referida, rastreável ao longo de todos os processos de abastecimento.

sS3 - Source Engineer-to-Order Product: Responsável pela identificação e seleção das fontes de abastecimento, pela negociação, validação, programação, pedido e receção de peças, montagens, produtos ou serviços especializados, que são projetados, solicitados e/ou construídos com base nos requisitos ou especificações de um determinado pedido do cliente.

Make Make sM1 sM2 sM3 Verificabilidade Pública - - - Integridade X X XX Imutabilidade X X XX Redundância - - - Hierarquia X X X Transparência X XX X Privacidade X XX XX

Tabela 5.3: Dificuldades e necessidades inerentes ao nível Make

sM1 - Make-to-Stock: Esta categoria é responsável por agregar valor a um produto ou serviço, através do fabrico dos mesmos. Por norma os produtos para stock são enviados já acabados ou como "produtos para uso"e, através de uma previsão de vendas, a produção destes produtos é iniciada antes de qualquer pedido.

É importante salientar que em nenhum dos processos inerentes a esta categoria são trocadas informações ou detalhes acerca do cliente ou do pedido do mesmo. O pedido do cliente nunca é trocado com o fornecedor, anexado ao pedido geral, ao produto ou a qualquer plataforma de gestão de produção.

5.4 Análise de processos seguindo o modelo SCOR 65

sM2 - Make-to-Order: Esta categoria é responsável por agregar valor a uma entrega específica, seja ela um produto ou um serviço. Os produtos e/ou serviços são concluídos, construídos ou configurados apenas em resposta a um pedido do cliente. A referência ao pedido do cliente é anexada à ordem de produção / serviço, anexada ou marcada no produto, entregue após a conclusão do processo de fabricação e referenciada ao transferir o produto para entregar.

O produto é rastreável em todo o processo de adição de valor, como feito para um pedido específico do cliente.

sM3 - Engineer-to-Order: Esta categoria é responsável por agregar valor a um produto ou ser- viço, através do fabrico dos mesmos. O Engineer-to-Order requer que as instruções de trabalho sejam definidas ou refinadas, e as instruções de roteamento de material possam ser adicionadas ou alteradas. Deliver Deliver sD1 sD2 sD3 sD4 Verificabilidade Pública X X X X Integridade X X X X Imutabilidade X X X X Redundância - - - - Hierarquia X XX X X Transparência X XX X X Privacidade XX XX XX X

Tabela 5.4: Dificuldades e necessidades inerentes ao nível Deliver

sD1 - Deliver Stocked Product: Responsável pela entrega dos produtos que estavam em stock. O intenção deste tipo de entrega é ter o produto já disponível para entrega ao cliente antes do pedido do mesmo ser recebido e assim proceder a uma entrega muito mais rápida e evitar que o mesmo procure outro lugar.

sD2 - Deliver Make-to-Order Product: Responsável pela entrega de produtos e/ou serviços for- necidos, configurados, fabricados e/ou montados a partir de matérias-primas, peças, ingredientes ou subconjuntos padrão, em resposta a um pedido específico. Ao longo destes processos uma referência ao pedido do cliente é trocada com o processo de fornecimento ou agregação de valor e anexado ou marcado no produto/serviço. Os produtos em stock são rastreáveis pelo pedido do cliente recorrendo a métodos de rotulagem e gestão de inventário.

sD3 - Deliver Engineer-to-Order Product: Engloba os processos de recolha, resposta e armaze- namento de recursos para um pedido que possua requisitos ou especificações exclusivas e entrega de um produto ou serviço que é parcial ou totalmente projetado, redesenhado, fabricado e/ou mon- tado a partir de uma lista de materiais que inclua uma ou mais peças personalizadas.

sD4 - Deliver Retail Product: Responsável por adquirir, vender e realizar merchandise de pro- dutos que se encontram numa loja de retalho.

Return Return sSR1 sSR2 sSR3 sDR1 sDR2 sDR3 Verificabilidade Pública X X X X X X Integridade X X X X X X Imutabilidade XX X X XX X X Redundância - - - - Hierarquia X X X X X X Transparência XX X X XX X X Privacidade XX XX X XX XX X

Tabela 5.5: Dificuldades e necessidades inerentes ao nível Return

sSR1 - Source Return Defective Product: A devolução e a determinação de um produto defei- tuoso é feita conforme definido pelas reivindicações de garantia, através de recall de produtos, produtos em não conformidade com o assinalado no ato de venda, etc. Esta categoria engloba toda esta análise e define a veracidade do pedido de devolução.

sSR2 - Source Return MRO Product: O retorno dos produtos de Manutenção, Reparo e Revisão (Maintenance, Repair and Overhaul (MRO)) ou ativos de empresas para fins de manutenção, reparo ou atualização, conforme definido pelos Planos de Manutenção ou a ocorrência/antecipação de risco de falha.

sSR3 - Source Return Excess Product: Responsável por acompanhara devolução de todo o stock antigo e/ou de produtos obsoletos, conforme definido pelos termos e condições do contrato realizado ente cliente e fornecedor.

5.4 Análise de processos seguindo o modelo SCOR 67

sDR1 - Deliver Return Defective Product: A devolução e a determinação de um produto de- feituoso é feita conforme definido pelas reivindicações de garantia, através de recall de produtos, produtos em não conformidade com o assinalado no ato de venda, etc. Esta categoria engloba toda esta análise e define a veracidade do pedido de devolução.

sDR2 - Deliver Return MRO Product: O retorno dos produtos de Manutenção, Reparo e Revisão (Maintenance, Repair and Overhaul (MRO)) ou ativos de empresas para fins de manutenção, reparo ou atualização, conforme definido pelos Planos de Manutenção ou a ocorrência/antecipação de risco de falha.

sDR3 - Deliver Return Excess Product: Responsável por acompanhara devolução de todo o stock antigo e/ou de produtos obsoletos, conforme definido pelos termos e condições do contrato realizado ente cliente e fornecedor.

Enable

Enable

sE1 sE2 sE3 sE4 sE5 sE6 sE7 sE8 sE9 sE10 sE11 Verificabilidade Pública XX - XX X - X X - - - - Integridade XX X XX X XX X X X X XX X Imutabilidade XX X XX XX XX XX X X X XX X Redundância X X XX - - X XX X - - X Hierarquia X X XX X X X X X X X X Transparência - - X X - XX X - X X - Privacidade XX XX XX XX XX XX XX XX XX XX XX

Tabela 5.6: Dificuldades e necessidades inerentes ao nível Enable

sE1 - Manage Supply Chain Business Rules: Engloba os processos responsáveis por estabele- cer, documentar, comunicar e publicar regras de negócios relativos à suppy chain. As regras de negócios podem ser aplicadas a pessoas, processos, comportamento corporativo e a sistemas de computação numa organização. São implementadas para ajudar a organização a atingir os seus objetivos e, ao mesmo tempo, manter a conformidade com as políticas e leis internas e externas.

sE2 - Manage Supply Chain Performance: Definição de metas de desempenho para métricas da supply chain. Este processo descreve todos os níveis e versões de gestão do desempenho da cadeia de suprimentos.

sE3 - Manage Supply Chain Data and Information: Engloba os processos de recolha, manu- tenção e publicação de dados e informações necessárias para o planeamento, operação, medição e gestão da supply chain.

sE4 - Manage Supply Chain Human Resources: Engloba os processos responsáveis pelo desen- volvimento, administração e manutenção de uma organização de pessoal permanente, temporária e subcontratando pessoas, com as qualificações certas, em apoio aos objetos de negócios e ob- jetivos da supply chain. Nesta categoria é também realizada uma identificação das habilidades necessárias e disponíveis na organização, determinando as lacunas nas habilidades e nos níveis de competência, identificando as necessidades a melhorar, as lacunas de recursos e os recursos em excesso.

sE5 - Manage Supply Chain Assets: Engloba toda a programação, manutenção e disposição dos ativos da supply chain desenvolvidos para a execução da mesma. Isso inclui a instalação, o reparo, a alteração, a calibração e outras atividades necessárias para sustentar a execução da supply chain.

sE6 - Manage Supply Chain Contracts: Gestão e comunicação de acordos contratuais e não contratuais em apoio aos objetivos de negócios e objetivos da supply chain. Isso inclui todos os contratos relacionados às operações da supply chain, incluindo aquisição de materiais e serviços, níveis e práticas de reposição de stock, metas de desempenho, planeamento e tomada de decisões, logística e entrega, troca de dados e visibilidade.

sE7 - Manage Supply Chain Network: Definir e gerir a pegada geográfica e de atividade da supply chain. Define a localização das instalações e as atribuições de recursos, redes de distribui- ção, fornecedores, clientes, materiais, produtos, capacidades e/ou capacidades para estes mesmos locais.

sE8 - Manage Supply Chain Regulatory Compliance: Engloba os processos de identificação, colheita, avaliação e integração de requisitos de conformidade normativa em processos, políticas e regras de negócios padrão da supply chain. Também inclui gerir o cumprimento voluntário de padrões e certificações.

sE9 - Manage Supply Chain Risk: Nesta categoria são identificados e calculados os potenciais risos presentes na supply chain. Para além disso são também realizados planos para mitigar estas ameaças ao funcionamento da cadeia.

5.4 Análise de processos seguindo o modelo SCOR 69

sE10 - Manage Supply Chain Procurement: O "procurement cycle"(ciclo de aquisições) é o processo cíclico dos principais passos ao adquirir bens ou serviços. Os conceitos nesta categoria foram desenvolvidos em conjunto com os padrões de aquisição delineados pelo Chartered Institute of Procurement & Supply (CIPS).

sE11- Manage Supply Chain Technology: Engloba todos os processos responsáveis por definir, implementar e gerir a ativação da tecnologia envolvida no planeamento, execução e gestão de desempenho da supply chain.

Conseguirá a tecnologia blockchain satisfazer as necessidades e eliminar ou atenuar as dificuldades dos processos presentes na SCM?

A seleção das dificuldades e/ou necessidades de cada processo foi feita com base nas propri- edades do blockchain discutidas na subsecção2.3para que, após uma análise profunda sobre os processos existentes em cada categoria, desde os seus intervenientes, das suas métricas até as suas atividades, fosse possível, de uma maneira quase direta, fazer a ligação e entender o potencial que a utilização da tecnologia pode ter.

Observando as tabelas anteriores facilmente se compreende que cada processo apresenta ca- racterísticas diferentes e que por sua vez levam a dificuldades e/ou necessidades díspares. Por exemplo, qualquer categoria presente no nível de planeamento (plan) não apresenta qualquer grau de importância perante a transparência, algo que é compreensível visto que os processos envolven- tes apenas trabalham com informação interna à supply chain e não há a necessidade nem permissão para que alguém externo consiga aceder ou acrescentar informação.

Através da Figura 5.5 é possível ver que diferentes níveis de processos atribuem diferentes importâncias a cada fator. Por exemplo, a privacidade foi sempre um dos fatores com mais impor- tância e a redundância um dos que apresentou menos.

O total de pontos possíveis caso a importância de cada fator em cada categoria fosse o máximo ("XX") seria de 448 e foram atingidos os 246 pontos (Tabela5.7), o que resulta numa nota média geral de importância de 1,1 (de 0 a 2) que indica um bom potencial para a utilização da tecnologia neste caso de análise (Tabela5.8).

Node Categorias 5 3 3 4 6 11 32

Plan Source Make Deliver Return Enable Total

Verificabilidade Pública 10 3 0 4 6 7 30 Integridade 5 6 4 4 6 15 40 Imutabilidade 5 6 4 4 8 17 44 Redundância 5 0 0 0 0 9 14 Hierarquia 5 3 3 5 6 12 34 Transparência 0 3 4 5 8 7 27 Privacidade 10 3 5 7 10 22 57

Total de Pontos Concedidos 40 24 20 29 44 89 246

Total de Pontos Possíveis 70 42 42 56 84 154 448

Percentagem de Pontos Concedidos

sobre Pontos Possíveis 57.14% 57.14% 47.62% 51.79% 52.38% 57.79%

Nota Geral (0 a 2) 1.14 1.14 0.95 1.04 1.05 1.16

Tabela 5.7: Tabela de geral de análise

Total de Pontos Concedidos 246 Total Pontos Possíveis 448 Percentagem Pontos Conseguidos 55% Nota Média Geral (0/2) 1.10 Tabela 5.8: Cálculo da nota média geral

Tendo em conta que o fator da redundância apresentou em 21% das categorias uma importân- cia de 0, e se retirarmos este mesmo fator para as contas da nota média geral, a mesma sobe para 1,21 (Tabela5.9).

Total de Pontos Concedidos na Redundância 14

Total Pontos Possíveis 64

Percentagem de Pontos Concedidos 21.88%

Total de Pontos Concedidos 232

Total Pontos Possíveis 384

Nota Média Geral (0 a 2) 1.21

Tabela 5.9: Cálculo da nota média geral sem o parâmetro da redundância

Analisando a percentagem de pontos concedidos sobre pontos possíveis e a nota geral para cada nível observa-se que o potencial de utilização para o nível make é o baixo comparativamente com os outros níveis. Isto deve-se ao facto de ser responsável por cuidar "de todos os assuntos relacionados com a transformação da matéria-prima no fabrico do produto final", subsecção4.3.1.

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