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Ambos os projetos tinham como objetivo principal o armazenamento dos títulos num sistema público, verificável e imutável, com vista a reduzir a fraude e a corrupção. Um dos objetivos da empresa é legalizar toda a informação que é colocada no sistema para que depois, de forma legal, possa ser utilizada, por exemplo, em tribunal quando existirem processos de disputa.

Num futuro próximo a Chromaway tenciona enriquecer a informação dos terrenos através da adição de coordenadas, fotos e ainda verificação de terceiros (vizinhos por exemplo) [59].

3.11

Filantropia e Ajuda Humanitária

A falta de transparência é um dos motivos que dificulta a doação e a ajuda, uma vez que provoca nos doadores uma grande falta de confiança sobre a aplicação dos fundos.

De acordo com um estudo realizado pela Fidelity Charitable, 41% dos doadores afirmam que mudaram as suas doações devido ao feliz aumento de informação sobre a aplicabilidade e a efi- cácia dos mesmos [60]. A blockchain tem o potencial de transformar as doações de caridade e a distribuição de ajuda humanitária [61] [62] :

• aumentando a transparência;

• reduzindo custos por meio da desintermediação;

• possibilitando novos mecanismos de monitorização e rastreabilidade do impacto.

Uma das principais vantagens na utilização desta tecnologia para a filantropia ou ajuda huma- nitária é que a mesma permite que uma doação seja rastreada em cada etapa, do doador para o destinatário, e registar cada ação realizada por cada intermediário.

Ixo Fundation

O controlo e a validação dos financiamentos atribuídos a projetos e/ou a instituições é um processo muito caro e trabalhoso para os doadores, sejam estes os governos ou empresas privadas. A Ixo Foundation é uma organização sem fins lucrativos sediada na Suíça que, desde a sua criação, trabalha na construção de um protocolo blockchain de código aberto para a economia de impacto. Um dos primeiros projetos coordenados pela Ixo Fundation, financiado pelo Fundo de Inovação da UNICEF e pelo Innovation Edge, foi a Amply. A Amply permite aos educadores do ensino pré-escolar, através de uma aplicação móvel, registar de forma segura a frequência e

o aproveitamento escolar das crianças que o frequentam. Com estes dados de participação, o governo decide a dimensão e as escolas que podem receber subsídios.

Até à data, a Amply já foi testada em 77 centros com 2700 crianças cadastradas e já digitalizou mais de 55000 registos de frequência [63].

Neste momento o projeto que está a receber maior atenção por parte da Ixo e por parte do público em geral consiste em usar sensores IoT para originar créditos de carbono como tokens de carbono provenientes de fogões de queima limpa, ao mesmo tempo que analisa os benefícios e os efeitos prejudiciais relacionados com a saúde.

O objetivo da Ixo passa agora por aplicar esta tecnologia a muitas outras áreas de impacto ambiental e padronizar os dados desse impacto criando depois um Global Impact Ledger (GIL) [64]. Este protocolo permitirá que todos os projetos, grandes ou pequenos, auto certifiquem os seus impactos ambientais e se candidatem a capitais globais para financiamento social.

Disberse

Ano após ano são doados largos milhões de dólares para os países em desenvolvimento. Uma das grandes dúvidas e, ao mesmo tempo, um dos grandes desafios que os doadores enfrentam é o de assegurar a transferência e a eficácia da sua utilização. Durante o processo de transação, cerca de 10% dos fundos são perdidos em taxas de transação e em taxas de câmbio flutuantes, isto sem mencionar as perdas de intermediários e a corrupção. Combinando estas ineficiências com a falta de transparência em todo o processo, o risco de uso indevido aumenta, o que faz elevar a falta de confiança por parte das organizações doadoras [65].

O desafio principal da Disberse é resolver esse problema através da sua plataforma de gestão de fundos, que gere os mesmos de forma transparente, eficaz e, segundo afirma a empresa, de modo eficiente. Esta plataforma permite aos doadores singulares, governos e ONGs transferir e localizar os fundos em toda a cadeia, desde o doador ao beneficiário [66].

O primeiro projeto a ter como base esta plataforma foi a Positive Woman que a usou para reduzir as taxas de transferência de fundos monetários para projetos educacionais na Suazilândia (África) em 2,5%. Com esta poupança a instituição garantiu a ajuda a mais 3 estudantes num ano [67].

O projeto piloto bem sucedido e a prova de conceito são uma indicação encorajadora de que o Disberse será capaz de se expandir para outras organizações sem fins lucrativos e, por meio de custos reduzidos, garantir que os fundos chegam ao destino e no tempo certo.

Capítulo 4

Processos de Negócios

Um processo de negócio (business process) é composto por uma ou mais atividades que, no fim, podem resultar no atingir, de uma meta organizacional, como, por exemplo, um serviço ou um produto para um cliente. Por norma, um processo apresenta as entradas sempre bem definidas e apenas uma saída possível. São consideradas entradas todos os processos que, de certa forma, contribuem para o valor agregado de um serviço/produto.

Estes processos podem ser categorizados em processos de gestão (Management Processes), processos de suporte (Supporting Processes) e em processos operacionais (Operational Proces- ses), ou também chamados de processos primários.

As entradas de dados podem ser executadas manualmente por funcionários ou de forma auto- mática por sistemas informáticos. A possibilidade de realizar os processos de forma automática será abordada mais à frente, onde serão dados vários exemplos de aplicações e os seus benefícios.

Diversas definições de um processo de negócio foram encontradas na literatura: • “A set of logically related tasks performed to achieve a defined business outcome

for a particular customer or market.” , Davenport [68].

• “Business process is a collection of activities that take one or more kinds of input and create an output that is of value to the customer.”, Hammer & Champy [68].

Analisando as definições dadas por Davenport e Hammer & Champy, pode-se definir um business processcomo um conjunto de atividades executadas por trabalhadores e pelas suas interações, que tem como objetivo final atingir uma meta antes definida e criar valor.

4.1

Ciclo de Vida dos Processos de Negócio

O ciclo de vida do processo de negócios é mostrado na Figura 4.1 e consiste em 4 fases organizadas de maneira cíclica com as suas devidas dependências lógicas. Embora esta estrutura cíclica esteja conectada por setas, isso não implica uma ordem temporal direta de execução.

Figura 4.1: Ciclo de Vida de Gestão de Processos

Design & Análise (Design & Analysis)

É a fase em que são realizadas múltiplas análises para identificar, rever, validar e representar os processos de negócio. Nesta fase são também utilizadas técnicas de modelação e simulação de processos de negócio, algo que corresponde mais à componente do "Design".

Configuração (Configuration)

Depois de o processo de negócio ser projetado e verificado o mesmo deve ser implementado de acordo com um conjunto de políticas e procedimentos. Existem duas maneiras para que tal aconteça: usando apenas os trabalhadores ou usando um sistema de gestão de processos.

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