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5.2 ANÁLISE E RESULTADOS DO TESTE EFETIVO

5.2.2 Análise das Questões Discursivas

Para essa etapa de análise das respostas das questões politômicas, foram rea- lizadas análises exploratórias utilizando planilhas Excel. No teste efetivo, os itens classificados como politômicos são duas perguntas de caráter sociocientífico sobre transgênicos. Para a análise do primeiro item politômico, construímos um gabarito adotando a classificação de forma hierárquica por categorias/níveis para as respos- tas, no intuito de classificarmos o maior número de respostas possíveis.

Com o uso da análise exploratória, observamos nesse processo um número significativo de indivíduos que não responderam a essa primeira pergunta, como também obtivemos muitas respostas que não se classificavam dentro das possíveis respostas sugeridas pelo gabarito. Para atender a essa demanda de respostas, ado- tamos outros códigos para tratamento de todas as respostas dadas, como X para quem não respondeu, D quando indicavam a redução de doenças como a dengue, zika e chikungunya e A0, S0 e E0 para quando classificavam os impactos em ambi- entais, na saúde humana e econômicos, mas não identificavam causas ou efeitos.O quadro abaixo expõe a pergunta, as possíveis respostas e os níveis adotados para a correção da primeira questão aberta.

TABELA 7 – Gabarito da Q3 do Teste Efetivo

Q3 – PERGUNTA:

EXPLIQUE POR QUE A TÉCNICA DE PRODUÇÃO DE AEDES AEGYPTI MA- CHOS TRANSGÊNICOS SERIA UMA BOA OPÇÃO PARA O CONTROLE DAS DOEN- ÇAS CITADAS NO TEXTO.

POSSÍVEIS RESPOSTAS:

a- Indicação de genes de outras espécies pre- sentes no espermato- zoide;

b- Os ovos resultantes da cópula sobrevivem no máximo até a fase larval;

c- Isso reduz a popula- ção de mosquitos.

NÍVEIS:

X : Não respondeu Nível 0 : Resposta equivocada, sem sentido, não se re- mete a elementos relevantes. Nível 1 : c Nível 2: a ou b Nível 3: a e b Nível 4: a, b e c

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

O quadro abaixo expõe alguns exemplos de respostas dadas pelos estudantes à Q3, sua categorização e descrição.

RESPOSTA NÍVEL DESCRIÇÃO

Porque a produção irá reduzir a incidência dessas doenças.

D Limita-se apenas a indicar que as doenças transmitidas pelo mosquito diminuem.

Porque com mais mosquitos machos diminui a reprodução.

0 Errada. Não tem base em con- teúdo biológico.

Acredito eu que seja para redu- zir o número dos mosquitos, pois a fêmea é responsável pela reprodução.

1 Limita-se apenas a indicar que a população de mosquitos di- minue.

Um mosquito transgênico sofre uma modificação em seu DNA para não se tornar um potencial reprodutor. Logo, há queda na população e consequentemente um controle das doenças transmitidas.

2 Limita-se apenas a indicar que o mosquito é portador da modi- ficção genética. Não explica a transmissão dessa condição para controle das doenças a eles associadas.

Mosquitos transgênicos possu- em o gene modificado, defeitu- oso, que ao acasalar com a fêmea, passam o gene com defeito e os filhotes não che- gam na fase adulta.

3 Indica a presença da modifica- ção genética, a forma de transmissão à fêmea e o impe- dimento do surgimento de no- vos mosquitos. Porém, não informa a diminuição populaci- onal dos mesmos.

De acordo com as respostas dadas pela amostra para a Q3, obtivemos os se- guintes resultados:

TABELA 8 – Respostas à Questão 3

CÓDIGO/NÍVEL QUANTIDADE

X (NÃO RESPONDEU) 76

D (REDUÇÃO DAS DOENÇAS) 15

0 (RESPOSTA ERRADA) 158 1 91 2 15 3 1 4 0 TOTAL 356

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Analisando os dados da Q3, registramos um número alto de respostas erradas, equivocadas, sem sentido e que não se referem a nenhum elemento relevante, co- mo também um número considerável de indivíduos que não responderam a esta questão. Quanto àqueles que deram algum tipo de resposta, nenhuma delas conse- guiu apresentar os três aspectos considerados relevantes para responder ao cerne da questão: Por que a técnica da manipulação genética seria uma boa opção para o

controle das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti?

Uma parcela de estudantes indica apenas que haveria redução do número des- tes mosquitos no meio ambiente, mas não conectam essa redução com a manipula- ção genética e, consequentemente, com a morte dos mosquitos ainda na fase larval. Apenas um estudante chega a apontar essa conexão.

O gráfico abaixo representa os valores obtidos a partir das respostas analisa- das, indicando-nos que independentemente do grau do nível de ensino da amostra, o nível de conhecimento sobre a biotecnologia dos transgênicos é muito baixo, nos levando a refletir que o número significativo dos que não responderam a questão, também pode indicar a falta desse conhecimento.

FIGURA 8 – Respostas à Q3

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Para a questão aberta Q8, também realizamos a análise exploratória e, para melhor analisar as respostas desse item, construímos o quadro abaixo, onde apre- sentamos as possibilidades de respostas. Pelo próprio conteúdo da questão, dessa vez, levamos em conta o número de vezes que as respostas apareciam nos testes, podendo o estudante citar todos os impactos e todos os aspectos dos mesmos em suas respostas fato que registramos em pequeno número.

Para auxiliar nessa análise, utilizamos a letra maiúscula corresponde ao tipo de impacto e a letra minúscula para indicar o efeito a ele associado, como mostra o quadro a seguir.

159

91 15 76

TABELA 9 – Gabarito da Q8 do Teste Efetivo

Q8 – PERGUNTA

Quais impactos os transgênicos podem causar na sociedade? Descreva. POSSÍVEIS RESPOSTAS: IMPACTOS AMBIENTAIS a- Empobrecimento da biodiversidade/ dese- quilíbrio ecológico, b- Aumento do uso de agrotóxicos, c- Aparecimento de su- perpragas, d- contaminação do solo/ lençóis de água (uso intensivo de agrotóxi- cos)

IMPACTOS NA SAÚDE HUMANA a- Surgimento de alergias, b- Resistência a antibióticos, c- Surgimento de novas doen-

ças com vírus engenheira- dos.

IMPACTOS ECONÔMICOS POSITIVOS

a- Novos medicamentos, b- Produtividade agrícola / er-

radicação da fome no mun- do,

c- Minimização da contamina- ção ambiental.

NEGATIVO

a- Diminuição da agricultura dos pequenos produtores.

NÍVEIS: Aa Ab Ac Ad A0 (NENHUM DESTES) Sa Sb Sc S0 (NENHUM DESTES) EPa EPb EPc ENa E0 (NENHUM DESTES)

Fonte: Elabora pela autora (2019).

As respostas apresentadas pelos estudantes sobre os impactos ambientais, econômicos e na saúde humana foram bastante variadas, porém o número de indi- víduos que apresentaram respostas desconectadas de qualquer um dos impactos citados no gabarito foi bem significativo. Dentre a amostra total, 51,1%, não indica- ram nenhum dos impactos dos transgênicos em seus diversos meios. Os impactos mais indicados pelos estudantes foram os que se referem à saúde, 27,5%, seguido pelos impactos ambientais, 22,8%, e por último os impactos econômicos, 11,9%.

Abaixo, a tabela 8 apresenta esses valores:

TABELA 10 – Respostas da Q8 sobre os impactos dos transgênicos

Impactos ambientais Impactos na saúde humana Impactos econômicos Nenhum

82 99 43 184

22,8 % 27,5 % 11,9 % 51,1 %

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

O gráfico abaixo amplia a apresentação desses valores, obtidos a partir das respostas dos estudantes respondentes.

FIGURA 9 – Respostas da Q8 Sobre os Impactos dos Transgênicos

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Como foi apresentado no gabarito, cada tipo de impacto se desdobra em cau- sas ou efeitos, o que foi também analisado a partir de tabelas e gráficos.

Vejamos o que os estudantes apresentaram como principais efeitos dos impac- tos ambientais dos transgênicos:

22,8 27,5 11,9 51,1 Ambiental Saúde Econômico Nenhum

FIGURA 10 – Resultado das respostas dos estudantes sobre os principais efeitos dos im-

pactos ambientais dos transgênicos

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

A causa mais citada entre os respondentes do teste efetivo, com relação aos impactos ambientais, foi o empobrecimento da biodiversidade e o desequilíbrio eco- lógico. Sendo pouco citados os aspectos que tratam do aumento do uso de agrotóxi- co, aparecimento de superpragas e contaminação dos solos e lençóis de água. Esse resultado nos dá indicativos que o foco maior dos respondentes está na preocupa- ção com a preservação da biodiversidade. Para os impactos na saúde humana, as respostas obtidas foram assim classificadas:

FIGURA 11 – Resultado das respostas dos estudantes sobre os impactos dos transgênicos

na saúde humana

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

0% 500% 1000% 1500% 2000% 2500%

AMBIENTAL A AMBIENTAL B AMBIENTAL C AMBIENTAL D

0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00

Dentre as respostas consideradas válidas, as que se referiram aos aspectos do surgimento de novas doenças provocadas por vírus engenheirados foram as que apareceram em maior número, seguida do aspecto do surgimento de alergias. Destacamos aqui que muitas respostas, que não foram consideradas corretas, traziam frases confusas e deturpadas sobre a questão da sáude humana e os trasngênicos.

As respostas relativas aos impactos econômicos apresentou um domínio dos aspectos positivos em relação aos negativos. Grande parte da amostra demonstra ter conhecimento principalmente, no que se refere ao aumento da produção agrícola, como parte da solução da erradicação da fome no mundo. O gráfico abaixo confirma essa análise.

FIGURA 12 – Resultado das respostas dos estudantes sobre os impactos dos trans-

gênicos na economia

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

A coluna 2 representa o impacto econômico positivo mais citado pelos es- tudantes, demonstrando que a produção agrícola em grande escala é o grande de- safio da humanidade, uma vez que a população humana está em linha ascendente de crescimento e é preciso garantir a alimento para todos. A transgenia nos vegetais é, então, quase que de forma unânime, aceita para este fim. Em seguida, aparecem os impactos positivos na produção de medicamentos e minimização da contamina-

0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00

ECONOMIA P. A ECONOMIA P B ECONOMIA P C

ção do solo. No aspecto negativo, alguns estudantes se mostraram preocupados com o fechamento do grande mercado agrícola para os pequenos produtores, que por questões econômicas e estruturais, ficarão à margem desse processo. Um nú- mero menor de respostas, indica o impacto econômico, porém não especifica seus aspectos.

6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A primeira etapa desta pesquisa apresentou resultados que se referiam a uma indispensável e importante fase desta investigação: validar o instrumento de coleta de dados que seria utilizado na pesquisa efetiva, apontando para a validade e a con- fiabilidade do mesmo, a partir das inferências obtidas em sua análise (WRIGHT; STONE, 1999; RAYMUNDO, 2009).

155 estudantes da 3ª série do Ensino Médio de um colégio público estadual participaram dessa fase e os resultados dos testes aplicados foram obtidos por aná- lises estatísticas pela Modelagem Rash, através do uso do software WINSTEPS®, e análise exploratória, com o uso do Excel. Como consequência dessas análises, rea- lizou-se um refinamento do banco de itens e estruturamos um único teste de conhe- cimento que foi aplicado na segunda etapa da pesquisa.

A segunda etapa teve como base a coleta dos dados, a partir da aplicação do teste de conhecimento efetivo, a outro universo de estudantes. Os resultados foram obtidos a partir das análises das respostas de 337 estudantes (foram retirados os de baixo escore geral e os outliers), que compuseram a amostra dos itens objetivos e de 360 estudantes que compuseram a amostra dos itens discursivos. Foram realiza- dos dois tipos de análises: Os itens objetivos foram analisados estatisticamente, com o suporte do software SPSS® 2.0, e os itens discursivos passaram por uma análise exploratória com o uso do Excel.

Através das análises dos itens objetivos, investigamos a compreensão dos es- tudantes sobre os transgênicos, observando os escores das médias ranqueadas do teste geral e das dimensões dos conteúdos conceitual, procedimental e a análise de itens baseados em questões sociocientíficas. Além de identificarmos as variáveis independentes que influenciam na compreensão dos transgênicos (sexo, nível e ins- tituição). Os itens discursivos nos permitiram analisar o nível de compreensão dos estudantes sobre o processo de transgenia, tomando como exemplo a produção de

Aedes aegypti transgênicos, e verificar a compreensão desses estudantes sobre os

impactos causados pelos transgênicos, utilizando, para isso, a classificação das res- postas em níveis hierárquicos de complexidade do entendimento.

Como primeiro resultado, obtivemos a média do escore total, que se refere à compreensão geral que os estudantes que formaram a amostra analisada apresen- taram sobre transgênicos. A partir da aplicação do teste de média normatizada do software SSPS 2.0, eles apresentaram um conhecimento médio de 0,66, com desvio padrão de 0,13. Esse resultado indica que as pessoas que responderam ao teste efetivo apresentam uma compreensão sobre esse tema um pouco acima de 50%.

Esse resultado pode ser interpretado como uma questão problemática no ensi- no de ciências, pois se faz necessário alcançarmos uma educação científica trans- formadora, que possibilite ao estudante conceber o conteúdo de forma integral, ado- tando estratégias de ensino que conduza-o a mobilizar esses conhecimentos com a sua nova visão de mundo, permitindo que intervenha nas questões sociais, ambien- tais, tecnológicas e científicas de forma crítica e consciente.

Com relação às dimensões dos conteúdos mais compreendidas pelos estu- dantes pesquisados, os resultados dos itens objetivos nos indicaram que a dimen- são procedimental foi a que apresentou maior escore de média ranqueada no Teste Geral. Sendo assim distribuídos os escores na análise geral do teste: dimensão con- ceitual 2,04, itens sociocientíficos 2,22 e dimensão procedimental 3,34. Esse resul- tado nos leva a refletir sobre a ampliação do conhecimento a partir da ação. Para Coll (2004) a ação é condição sine qua non para a aprendizagem, entre outras eta- pas que são: o exercício contínuo, a reflexão sobre a ação e a aplicação da ação em situações diversas. Portanto, a dimensão procedimental tomou uma proporção signi- ficativa, nesta pesquisa, em itens que exigiam do estudante relacionar a ação dos transgênicos em diversas situações e contextos.

Para as análises das variáveis independentes, ou seja, o que pode influenciar na compreensão dos estudantes sobre transgênicos, analisamos sexo, nível de en- sino e instituição. Verificamos que a variável SEXO não influencia na compreensão sobre transgênicos, nem em termos gerais, nem em termos de dimensões dos con- teúdos. As variáveis nível e instituição se apresentaram como possíveis fatores de influência na compreensão dos transgênicos. Na variável NÍVEL DE ENSINO, ocor- reu um domínio do nível 2, ou seja, o nível superior, sobre o nível 1, ensino médio, destacando a compreensão sobre itens baseados em questões sociocientíficas co- mo o que apresentou um valor de média ranqueada maior dentre todas as concep-

ções de conteúdos. Isso indica que no ensino médio há uma defasagem na compre- ensão de conteúdos considerados básicos no ensino de ciências. Nesta pesquisa, fica evidente o baixo rendimento dos estudantes do ensino médio. Há, portanto, uma grande necessidade de que os docentes e as instituições de ensino promovam o uso de métodos que colaborem para uma aprendizagem mais significativa.

Os métodos podem variar, desde atividades comuns como parafrasear e suma- rizar, até ações mais complexas de criação de analogias, de esquemas e de notas, além do uso do raciocínio inferencial, analítico e sintético. Nessa lista, encontram-se importantes ferramentas que podem se tornar objetos de estudo, pois estão relacio- nados ao desempenho acadêmico e sucesso escolar (SILVA, 2017). É desejável que esses métodos sejam adotados nos dois níveis aqui citados, médio e superior, pois o nível de conhecimentos dos estudantes de nível superior chega a ser conside- rado raso e incipiente – notadamente, nas respostas obtidas nas questões desta pesquisa.

Para a variável INSTITUIÇÃO, ocorreu um domínio daquelas que oferecem en- sino superior. A instituição 7, representada por uma universidade pública federal de Salvador, apresentou os maiores escores de médias ranqueadas por duas vezes (dimensões dos conteúdos procedimentais e itens baseados em questões sociocien- tíficas), seguida pela instituição 3, uma instituição federal também de ensino superi- or. Entre as instituições de ensino médio, destacaram-se as instituições 2 e 4 (insti- tutos técnicos federais de Juazeiro e Camaçari), que apareceram com algumas mé- dias ranqueadas aproximadas às médias das instituições de nível superior.

A compreensão dos estudantes sobre transgênicos, portanto, sofre influência do nível de ensino e, consequentemente, das instituições de ensino em que eles se encontram, entendendo-se que quanto maior o nível de ensino, maior a compreen- são sobre o tema. Cabe aqui a reflexão sobre a superioridade do ensino em institui- ções federais, sejam de nível médio ou superior, não apenas ao que se refere às estruturas físicas, como também às diversas possibilidades de um ensino baseado na práxis social transformadora. Segundo Thierren (2006, p. 8), essa prática envolve o educador e o aprendiz na busca de elaboração de saberes, técnicas, atitudes, va- lores e de significados em torno de conteúdos de aprendizagem, o que “caracteriza

e direciona a comunicação, a dialogicidade e o entendimento entre ambos na dire- ção de uma emancipação fundada no ser social.”

Para as questões discursivas, realizamos análise exploratória para levantarmos o conhecimento dos estudantes (i) sobre a técnica de produção dos Aedes aegypti transgênicos para o controle das doenças dengue, zika e chikungunya e (ii) sobre como eles descrevem os impactos que os transgênicos podem causar na sociedade. Vale destacar que dos 360 estudantes que faziam parte da amostra efetiva, 159 (44,1%) responderam incorretamente e 76 (21,1%) não responderam a primeira questão discursiva que trata da produção de Aedes transgênicos. Na segunda ques- tão discursiva, 120 estudantes (33%) não responderam e 64 (17,7%) deles respon- deram errada a questão que trata dos impactos causados pelos transgênicos. São números expressivos, que refletem o não conhecimento ou insegurança do estudan- te sobre o tema transgênicos.

As respostas dadas pelos 107 estudantes que responderam as questões dis- cursivas foram analisadas a partir de suas classificações em níveis hierárquicos de complexidade do entendimento. Os dados obtidos nos mostram que 91 desses es- tudantes apontam apenas o resultado final da produção dos Aedes aegypti transgê- nicos, que é a redução da população desse mosquito; 15 estudantes conseguem indicar uma das etapas do processo de manipulação genética na produção desses

A. aegypti transgênicos e 1 estudante consegue apontar duas etapas dessa produ-

ção genética, numa sequência do processo. Nenhum deles consegue atingir o maior nível de complexidade da resposta, em que o estudante deve citar os processos e a consequência dessa manipulação genética.

Interpretando esse resultado na perspectiva de compreensão geral sobre transgenia, temos indícios de que os sujeitos apresentam pouco domínio do aspecto sociocientífico. Há de se discutir que as instruções formais primam pouco pelo ensi- no nessa perspectiva, concentrando-se, sobretudo, nas definições conceituais e nos aspectos procedimentais do tema. A perspectiva sociocientífica fica relegada às mí- dias, que, muitas vezes, reportam conhecimentos superficiais e/ou equivocados, além de demonstrarem certo julgamento de valor. Interpretamos, portanto, que esse resultado ressalta a necessidade de tratarmos institucionalmente desse tema com

abordagens que primem por discussões sociocientíficas, a fim de que possamos de- senvolver maior conhecimento e espírito crítico.

Com um número de 240 estudantes respondentes, a segunda questão discur- siva que trata dos impactos causados pelos transgênicos, obteve os seguintes resul- tados quanto ao tipo de impacto mais citado pelos mesmos: mais de 50% da amos- tra respondente não indicou nenhum dos impactos sugeridos pela correção (51,1%), enquanto que os impactos na saúde humana (27,5%) aparecem como os mais indi- cados, seguidos pelos impactos ambientais (22,8%) e os econômicos (11,9%). Para ampliar a análise dessas respostas, utilizamos a classificação por nível hierárquico de entendimento, pareando com cada tipo indicado de impacto com os conceitos utilizados pelos estudantes para os descrever.

Conseguimos observar que os estudantes apresentam uma compreensão mai- or dos impactos dos transgênicos na saúde humana, comparado aos outros tipos de impactos (ambientais e econômicos). Esse fato deve ser considerado como resulta- do da ação que os meios de comunicação e a mídia em geral têm sobre as informa- ções que chegam mais fácil à população, quando apresentam os efeitos dos trans- gênicos, sejam positivos ou negativos, de forma exagerada e/ou, até mesmo, fanta- siosa.

Para os impactos na saúde humana, a amostra de estudantes respondentes apresentou muitas informações que não se encaixaram na correção sugerida, ex- pressando-se muitas vezes com frases e palavras dúbias ou desconexas. Em segui- da, aparecem as descrições que se referem às doenças, como as alergias e outras doenças ligadas aos organismos engenheirados na manipulação genética. Para os impactos ambientais, os estudantes dão um destaque muito grande para o desequi- líbrio ambiental e a perda da biodiversidade, enquanto os outros possíveis agrupa- mentos de respostas são praticamente anulados como possibilidade de descrever esses impactos.

Nas respostas dos estudantes participantes da amostra, poucos indicaram os impactos econômicos e, quando o fizeram, destacaram os impactos positivos que os transgênicos podem apresentar, citando todas as possíveis categorias de respostas

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