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Análise das variáveis e comparação dos resultados

5. Análise e interpretação dos resultados

5.3 Análise das variáveis e comparação dos resultados

Uma vez elencados e agregados os dados em categorias específicas, trataremos, neste momento, de analisar as relações entre as variáveis e testar as duas hipóteses que enunciámos.

Segundo Quivy e Campenhoudt (1995: 218), as “variáveis a relacionar entre si são as que correspondem aos termos das hipóteses, isto é, os conceitos implicados nas hipóteses, as dimensões, ou os indicadores ou atributos que as definem”. Sendo assim, e partilhando este entendimento em relação às variáveis, analisaremos os dados obtidos de acordo com as hipóteses enunciadas.

Hipótese 1:

A imagem pretendida não corresponde à imagem percebida.

Nós queremos duas coisas do GAP: que nos informem acerca de

programas e projectos a que possamos concorrer e que nos dêem

assessoria em termos de elaboração desses mesmos projectos.

O GAP

poderia prestar um bom serviço se constituísse um grupo de assessoria à

candidatura a projectos.

(Investigador B: 15.03.2010)

Organizar o Gabinete. Fazer registo, fazer arquivo, ter a casa arrumada.

Criar uma estrutura de recursos humanos estável.

(Funcionário A: 12.04.2010)

Em termos do serviço no seu conjunto recomendaria o aumento do

número de funcionários. Serem mais solucionadores de problemas do

que a correcção de algo mal feito.

(Investigador E: 17.03.2010)

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A primeira hipótese a ser testada implica a existência de dois conceitos distintos: a imagem pretendida e a imagem percebida de uma instituição ou serviço. A primeira diz respeito à identidade e missão do

Gabinete

, enquanto que a segunda se reporta às percepções que os diferentes públicos formarão do mesmo a partir dos contactos efectuados e que confrontarão com as suas vivências, valores, crenças. Estas duas representações da empresa dificilmente serão idênticas, visto que a imagem percebida será sempre necessariamente diferente da imagem projectada, uma vez que há diversos factores que entram no processo de projecção da empresa e que não são controlados por esta.

É visível e facilmente comprovável que a imagem que o

Gabinete de Apoio a Projectos

tem junto do seu principal público-alvo não corresponde à imagem que o serviço pretende projectar. A própria direcção do

Gabinete

assume essa falta de correspondência entre imagem pretendida e imagem projectada, admitindo a “opinião não muito favorável” em relação ao serviço. As razões para esta discrepância foram adiantadas por alguns entrevistados. O nome escolhido para o gabinete –

Gabinete de Apoio a Projectos

– poderá induzir os investigadores em erro, já que “cria boas expectativas”, ou seja, o investigador e/ou professor que, numa primeira instância, se detém no nome, poderá pensar que o

Gabinete

presta serviços a nível de todo o processo de elaboração de projectos, o que, efectivamente, não acontece. Seria necessário, como argumenta um dos entrevistados, “repensar toda a lógica de missão e serviços” e elucidar os públicos prioritários acerca das funções e tarefas inerentes ao

GAP

. “É um problema de gestão de expectativas”, como refere a chefe de divisão do

Gabinete

.

Por outro lado, as instalações do

Gabinete

, não partilhando da modernidade da arquitectura das instalações da Universidade do Minho, podem, de igual modo, contribuir para a disparidade de representações. Quer interna quer externamente, as instalações do

Gabinete

comunicam e podem influenciar a imagem que os investigadores têm do serviço. O aspecto exterior, segundo alguns entrevistados, poderá contribuir para uma imagem de pouca credibilidade junto dos investigadores, enquanto que o aspecto interior poderá projectar uma imagem de desorganização e desarrumação, a qual não favorecerá o

Gabinete

.

Para muitos professores e/ou investigadores, a imagem pouco positiva que têm do

GAP

deve-se à desorganização e à quebra de expectativas. Por outro lado, referem a falta de apoio directo, argumentando que o

GAP

“é uma entidade burocrática pela qual passam os papéis”, não havendo “um apoio sistemático aos investigadores”.

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Estes dados foram retirados das entrevistas efectuadas a professores e/ou investigadores, bem como a colaboradores do próprio

Gabinete

. Os argumentos apresentados pelos entrevistados permitem-nos validar a primeira hipótese exposta, pelo que concluímos que a imagem que o

GAP

pretende incutir na mente do seu público prioritário não corresponde à imagem percepcionada pelos mesmos.

Hipótese 2:

A comunicação de produtos e serviços do GAP para o exterior é insuficiente

e não corresponde às necessidades dos públicos.

Comunicar é, hoje em dia, essencial para qualquer tipo de empresa ou instituição. Comunicar bem será o factor que fará a diferenciação entre as diversas empresas e as posicionará no mercado como confiáveis, próximas e interessadas.

O

Gabinete de Apoio a Projectos

pretende promover e divulgar a sua oferta de serviços e produtos, bem como melhorar a sua imagem junto dos seus públicos mais importantes. A hipótese colocada visa estabelecer a relação entre a comunicação, ou falta dela, e as necessidades de informação dos professores e/ou investigadores. Será que a comunicação de bolsas, programas e projectos de investigação é suficiente e corresponde às expectativas e necessidades dos públicos prioritários?

O

GAP

divulga a maioria da informação através de correio electrónico. Segundo os entrevistados, é um meio útil, mas deveria ser complementado com outros meios. Além de continuar a divulgar informação via

mail

, seria importante criar uma

newsletter

, a qual poderia ser convertida em formato papel ou electrónico, fazer reuniões com os directores dos centros de investigação, promover acções de divulgação pontuais. Estas sugestões foram dadas pelos entrevistados, que admitem a importância da correspondência via

e-mail

, mas que exigem que o

GAP

comunique mais, “para que as pessoas percebam o que faz”.

“Quem não se divulga não é lembrado”, afirma um dos entrevistados. Por conseguinte, além dos complementos já mencionados, foi sugerido, também, dotar o

GAP

de um responsável pela recolha, tratamento e divulgação de informação pertinente. “Falta uma actividade proactiva ao

GAP

”, sendo que todos os entrevistados reclamam essa característica para o serviço: o

Gabinete

tem que ser proactivo, fazer divulgação constante, pertinente e trabalhada sobre todas as suas actividades e contactar directa e frequentemente os públicos que entende mais importantes.

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Um dos meios de divulgação mais importantes e mais utilizados por todos os serviços da Universidade do Minho é o sítio na internet. A uniformização de linhas, cores e grafismo é uma característica intrínseca a todos os sítios de todos os serviços. Contudo, o

GAP

não partilha dessa uniformização. O desleixo na actualização de conteúdos e a aparência muito pouco apelativa da página são elementos notados pelos entrevistados que acediam ou já acederam à mesma. A maioria dos investigadores refere, portanto, a inutilidade do sítio, sendo que há outros que nunca acederam à página. Esta situação assume-se como grave e, portanto, é sugerida a construção de um sítio actualizado, útil e, principalmente, informativo e interactivo.

“Se não comunicarmos não conseguimos retirar a imagem que eles têm de nós”, sintetiza um entrevistado, referindo-se à importância e imprescindibilidade da comunicação. Neste sentido, poderemos concluir, mediante as declarações obtidas, que a comunicação sempre foi um sector desvalorizado e não prioritário: “Nunca foi prioridade, nunca ninguém deu importância”. Investigadores e/ou professores sentem esta desvalorização em relação à comunicação e reclamam mais comunicação, uma “comunicação integrada e não numa base diária”, pois excesso de informação não será, de igual modo, a melhor solução para aquilo que os entrevistados acreditam ser um problema de extrema importância.

Poderemos concluir, a partir de todos os argumentos apresentados, que a comunicação efectuada pelo

GAP

não é suficiente e não responde às expectativas e necessidades do seu principal público-alvo, os professores e investigadores da Universidade do Minho.

Sendo assim, a segunda hipótese formulada é válida e foi devidamente testada, argumentada e justificada.

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