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3.3 Análises dos dados

3.3.3 Análise de Correção Conceitual

Esta análise se baseia no trabalho de Novak (2002) que afirma que os mapas conceituais podem revelar a existência de estruturas proposicionais limitadas ou inapropriadas (Limited or Inappropriate Propositional Hierarchies, LIPHs). Para Novak, as proposições poderiam ser classificadas de três formas:

1. Limitada – A proposição estaria semanticamente incorreta, ou seja, se torna incompreensível o que o mapeador quer dizer. Isso poderia ocorrer pela inexistência do termo de ligação, falta do verbo no termo de ligação ou por problemas de concordância entre os elementos que compõem a proposição. Como não é possível estabelecer a comunicação entre mapeador e leitor, não é possível julgar a proposição como correta ou incorreta segundo o conhecimento de referência. Ex: Planetas − girando em torno do → Sol.

2. Inapropriada – A proposição está semanticamente correta, permitindo o entendimento da proposição por parte do leitor, porém ela está

conceitualmente incorreta, considerando o conhecimento de referência. Ex: Sol − é um → Planeta.

3. Apropriada – A proposição está semanticamente e conceitualmente correta. Ex: Sistema Solar − é formado por → Planetas.

A ideia básica da análise é: quanto maior o número de proposições apropriadas maior o conhecimento que aluno possui sobre o conteúdo. Proposições inapropriadas revelam concepções alternativas e até mesmo erros conceituais que o aluno possui. As proposições limitadas revelariam problemas de utilização da técnica de mapeamento conceitual (problemas de treinamento ou de demanda). A utilização das categorias Inapropriadas e Limitadas pode promover a Aprendizagem Significativa nos estudantes. A ideia é que a identificação dessas proposições ajuda ao professor em corrigir os problemas conceituais dos alunos em partes específicas do conteúdo. Essa interação mais precisa permitiria a aluno e professor chegar a um estado de entendimento mútuo mais rapidamente (Cicuto & Correia, 2013).

Entretanto devido a grande diversidade dos dados obtidos, decidimos por ampliar as categorias de análises em subcategorias:

1. Limitada tipo 1 (L1) – Proposições que não possui termo de ligação. Também considera os casos de proposições com mais de um conceito inicial ou conceito final. É a categoria que mostra se o aluno teve problemas de treinamento em compreender os constituintes básicos de uma proposição. Ex: Sol − ???? → Terra. Sol e Terra − são → Astros (sendo que Sol e Terra estão na mesma caixa de conceito);

2. Limitada tipo 2 (L2) – Proposições sem verbo no termo de ligação. Sem a presença deste fica impossível compreender que relação é feita entre os dois conceitos, comprometendo a comunicação do autor da proposição. Ex: Terra − através de → Planetas;

3. Limitada tipo 3 (L3) – Proposições que apresentam problemas de concordância verbal. Neste caso torna-se mais clara qual a relação entre os dois conceitos, porém não é totalmente compreensível, pois não se identifica em qual tempo verbal ou qual o sujeito de cada um dos casos. Ex: Sol − girando na → Via Láctea.

4. Limitada tipo 4 (L4) – Proposições que apresentam conectivos desnecessários, indicando a construção das proposições por meio de fragmentos de texto. Ex: Sol − que é uma → Estrela.

5. Limitada tipo 5 (L5) – Proposições com outros problemas de concordância. Específico para cada proposição. Ex: Planetas − são → Astro.

6. Proposições em dúvida (D) – Proposições que estão semanticamente corretas, mas que não permitem uma clara classificação delas como apropriadas e inapropriadas. Isso ocorre, pois elas podem fugir muito do que é discutido nos textos, apresentam uma opinião pessoal ou porque não é consenso no conhecimento científico que o embasa. Ex: Terra − é o mais belo → Planeta.

7. Proposições Inapropriadas (I) – Proposições semanticamente corretas, porém incorretas segundo o conhecimento científico de referência. Ex: Sol − é um → Planeta.

8. Proposições Apropriadas (A) – Proposições semanticamente e conceitualmente corretas. Ex: Terra − é um → Planeta.

Todas as proposições do tipo Limitada revelam problemas de treinamento, porém estes diferem bastante entre si, sendo que os primeiros impedem um mínima compreensão da relação do que está sendo estabelecida enquanto que as últimas estão mais relacionadas a detalhes técnicos. A criação da categoria das proposições em dúvida (D) tornou-se necessário depois do trabalho feito pelos analisadores que não conseguiram estabelecer claramente algumas como corretas e incorretas, pois as proposições se afastavam muito do discutido em aula ou revelavam algum juízo de valor.

A análise foi feita por dois analisadores independentes para que se diminuísse o caráter subjetivo da análise. O sistema de classificação desenvolvido seguia um protocolo padrão (Figura 3.7). A análise foi feita para cada proposição independentemente e de forma aleatória. Ao final, os resultados das análises eram agrupados por mapas conceituais. Construiu-se assim uma tabela de 10 colunas na qual a primeira referiu-se ao código do aluno, a segunda a situação de elaboração do mapa conceitual (1. MC-PREP; 2. MC-AVAL de alunos que fizeram MC-PREP; 3. MC-AVAL de alunos que não fizeram MC-PREP) e as 8 últimas a cada uma das

subcategorias de análise. Foram obtidas 226 linhas, 1 para cada mapa conceitual, lembrando que a análise foi feita por dois analisadores.

Ao final, os mapas conceituais foram agrupados conforme os grupos de interesses e foram calculados os valores médios e o desvio-padrão para cada uma das categorias. Com esses valores foi feito o teste-t para verificação de semelhanças e diferenças estatisticamente relevantes entre os grupos (Tabela 3.8).

Tabela 3.8 Tabela construída com valores de média, desvio-padrão e t do teste-t para Análise de

Correção Conceitual. Os grupos de interesse nesse caso podem ser MC-PREP x MC-AVAL ou MC- AVAL de alunos que fizeram MC-PREP x MC-AVAL de alunos que não fizeram MC-PREP.

Grupo de Interesse A Grupo de Interesse B Teste-t Limitadas: Ausência/Excesso de

Conceitos (L1) Média (desvio-padrão) Média (desvio-padrão) Valor t

Limitadas: Ausência de verbo (L2)

Média (desvio-padrão) Média (desvio-padrão) Valor t

Limitadas: Problemas de

conjugação dos verbos (L3) Média (desvio-padrão) Média (desvio-padrão) Valor t

Limitadas: Presença de

conectivos desnecessários (L4)

Média (desvio-padrão) Média (desvio-padrão) Valor t Limitadas: Outros problemas de

concordância (L5) Média (desvio-padrão) Média (desvio-padrão) Valor t

Dúvida: Limitação da situação em julgar a proposição como correta ou incorreta (D)

Média (desvio-padrão) Média (desvio-padrão) Valor t

Inapropriada: Semanticamente

compreensível, conceitualmente incorreta (I)

Média (desvio-padrão) Média (desvio-padrão) Valor t

Apropriada: Semanticamente

compreensível, conceitualmente correta (A)

Média (desvio-padrão) Média (desvio-padrão) Valor t

Posteriormente foi utilizado os valores relativos de cada uma das categorias, os quais foram obtidos pela divisão dos valores absolutos pelo número total de proposições em cada um dos mapas conceituais. Com os valores relativos são feitos as médias e os desvios-padrão dos grupos de interesse para a realização do teste-t. O teste-t foi feito utilizando o software SPSS versão 22 (IBM, New York, EUA).

Figura 3.7 Fluxograma utilizado para realização da Análise de Correção Conceitual. A utilização de perguntas apenas com respostas do tipo S/N ajudam a

diminuir o caráter subjetivo da análise. O fluxograma atuava apenas como recomendação para o analisador, a decisão final cabia a ele considerando a definição de cada uma das categorias.