• Nenhum resultado encontrado

Análise de dados

No documento 20 20 20 (páginas 122-128)

4.4. M ETODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

4.4.2. Análise de dados

A etapa de análise de dados constitui uma tarefa crucial e problemática, pois os dados recolhidos podem ser muito diversificados e o investigador obtém uma grande quantidade de informação descritiva que deve ser organizada e reduzida (Coutinho, 2013). Deste modo, uma das estratégias de análise de dados é a definição de categorias de análise.

As categorias de análise definem-se como “rubricas ou classes que reúnem um grupo de elementos (unidades de registo) em razão de características comuns” (Coutinho, 2013, p. 221). Assim, ao definir as categorias, o investigador reúne e relaciona as informações recolhidas, ordenando-os segundo classes de acontecimento (Coutinho, 2013). Segundo diversos autores (Bardin, 2011;

Esteves, 2006; citados por Coutinho, 2013), as categorias devem obedecer às seguintes qualidades: exclusão mútua, em que uma informação não pode ser inserida em duas ou mais categorias; homogeneidade, que defende a definição de diferentes categorias para diferentes níveis de análise; pertinência, pois as categorias devem corresponder às intenções do investigador e aos objetivos da pesquisa; objetividade e fidelidade, evidenciando clareza e produtividade,

103

verificável a partir das inferências e dados exatos que as categorias permitem recolher.

Para o presente estudo, foi elaborada uma categoria de análise – competência de escrita – e vários indicadores de análise. A cada indicador de análise é possível fazer corresponder uma das etapas do processo de escrita14, como se pode verificar no Quadro abaixo.

Quadro 5- Categorias e indicadores de análise

Optou-se por elaborar uma categoria de análise definida como “Competência de escrita”, pois, ao organizar e reduzir os dados, observou-se que todos aqueles que se pretendem analisar convergem para o desenvolvimento da competência de escrita. Através da análise dos vários indicadores, é possível relacionar os objetivos de investigação com os dados obtidos.

O primeiro indicador de análise (I1) desenvolveu-se na etapa de pré-escrita e diz respeito à ativação dos conhecimentos prévios quanto ao tema e tipo de texto e através da construção de redes semânticas. Deste modo, é possível retirar inferências sobre os objetivos de investigação que pretendem verificar se as estratégias de pré-escrita desenvolvidas são aplicadas pelos estudantes e analisar a mobilização dos conhecimentos relativos ao género dos contos etiológicos do PLO em atividades de expressão escrita. Para isso, serão

14 O presente projeto de investigação centra-se nas etapas de pré-escrita e planificação da escrita. A correlação entre os indicadores de análise e as restantes etapas da escrita justificam-se pela relação dessas atividades com as etapas da escrita em estudo. Ou seja, através da análise dos indicadores, cujas atividades se desenvolveram nos momentos de textualização e revisão da escrita, podem-se retirar inferências sobre a pré-escrita e planificação da escrita.

Competência de escrita Indicadores de análise

Etapas da escrita Pré-escrita I1 – Ativação dos conhecimentos prévios: tema e tipo de texto (contos etiológicos) e redes

semânticas.

Planificação

I2 – Identificação geral do tema, função e características do texto (contos etiológicos) I3 – Organização e seleção das informações da planificação

Textualização I4 – Utilização da planificação I5 – Grau de referencialidade

104

analisados os registos de observação e as gravações áudio das sessões implementadas, as produções dos estudantes e os questionários inicial e final.

Quanto ao I1, no que diz respeito à ativação de conhecimentos prévios sobre o tipo de texto a escrever, observou-se que os estudantes conseguiram mencionar quais as características, conceito e função dos contos etiológicos, quando questionados oralmente pela professora. Importa referir que, inicialmente, quando questionados acerca do grau de dificuldade sentido conforme o tipo de texto a escrever, a maior parte dos estudantes pertencentes ao 2.º ano de escolaridade responderam “Nada difícil” (catorze estudantes, que corresponde a 70%). Uma percentagem de quatro estudantes (20%) respondeu que consideravam “Pouco difícil” e dois estudantes (10%) “Difícil” (Anexo 14 – Gráfico 1). Quanto aos estudantes que frequentam o 5.º ano de escolaridade, as respostas foram mais heterogéneas: cinco (36%) responderam “Nada difícil”;

seis (43%) consideram “Pouco difícil”, dois (14%) responderam “Difícil”; e um (7%) considera “Muito difícil” (Anexo 14 – Gráfico 1).

Em relação à ativação de conhecimentos prévios através da construção de redes semânticas, analisando as produções dos alunos pertencentes ao 2.º ano, na última sessão (ou seja, na atividade de escrita sem orientação), tem-se que 7 alunos (35%) realizaram redes semânticas, enquanto que 13 (65%) não realizaram (Anexo 14 – Gráfico 2). Quanto ao grupo pertencente ao 5.º ano, nenhum estudante realizou redes semânticas. Importa referir que, quando questionados no início da sessão sobre a função das redes semânticas, todos os estudantes concordaram que permitia ativar conhecimentos relativos ao tema sobre o qual se pretende escrever.

No questionário final, quanto ao grau de importância atribuído à ativação dos conhecimentos prévios, as respostas do grupo de sujeitos pertencentes ao 2.º ano convergem para o grau de “Muito importante” (75%) e “Importante”

(25%). Contudo, relativamente ao registo desses conhecimentos em redes semânticas, observa-se uma maior diversidade de repostas, sendo que 45%

consideram “Muito importante” e “Importante” e 5% “Pouco importante” e

“Nada importante” (Anexo 14 – Gráfico 3). Por sua vez, o grupo de sujeitos pertencentes ao 5.º ano considera a ativação dos conhecimentos prévios “Muito importante” (36%), “Importante” (50%) e “Pouco importante” (14%) e o registo

“Muito importante” (29%), “Importante” (64%) e “Pouco importante” (7%) (Anexo 14 – Gráfico 4). Em ambos os grupos, é possível concluir que a

105

percentagem de sujeitos que apontam a ativação de conhecimentos prévios

“Muito Importante” atribuem um menor grau de importância ao registo desses conhecimentos.

Quando questionados sobre o grau de dificuldade que sentiram nas atividades de ativação de conhecimentos prévios com registo, os estudantes inquiridos que frequentam o 2.º ano responderam, maioritariamente, “Nada difícil” (65%) e os que frequentam o 5.º ano consideram “Pouco difícil” (57%) (Anexo 14 – Gráfico 5).

Os dois indicadores seguintes (I2 e I3) desenvolveram-se na etapa de planificação da escrita. O segundo indicador diz respeito à identificação geral do tema, função e características do texto, remetendo para o género dos contos etiológicos (I2). A este indicador correspondem os objetivos de investigação que pretendem analisar a mobilização dos conhecimentos relativos ao género dos contos etiológicos do PLO em atividades de expressão escrita, verificar se o estudo dos contos etiológicos do PLO contribui para o desenvolvimento da escrita de intenção literária e verificar se as estratégias de pré-escrita e planificação de escrita desenvolvidas são aplicadas pelos estudantes. Para caracterizar este indicador, irá recorrer-se aos dados obtidos através dos registos de observação, da gravação áudio das sessões, das produções dos estudantes e do questionário final.

Na segunda sessão (ou seja, na atividade de escrita orientada), os estudantes tinham de identificar o tema, função e características do texto, na planificação da escrita. Os estudantes que frequentam o 2.º ano realizaram esta atividade, na maioria (75%, que corresponde a 15 alunos). Quanto ao grupo do 5.º ano, 10 alunos (72%) responderam ao pretendido. Os alunos que não conseguiram, após orientações da professora, realizaram a atividade com sucesso. Aquando da planificação individual e sem orientação, realizada na atividade de escrita da última sessão, nenhum aluno dos dois grupos contemplou, na planificação, essas informações.

Quando questionados sobre o grau de dificuldade sentido no cumprimento das características do conto etiológico, 45% dos estudantes que frequentam o 2.º ano considerou “Nada difícil”, 30% “Pouco difícil”, 20% “Difícil” e 5% “Muito difícil” (Anexo 14 – Gráfico 6). Por sua vez, os alunos do 5.º ano, 21%

consideram “Nada difícil”, 36% “Pouco difícil” e 43% “Difícil” (Anexo 14 – Gráfico 6). Ao analisar as produções dos estudantes, observa-se que, na última

106

sessão, na produção escrita individual, 17 estudantes (85%), que frequentam o 2.º ano, respeitaram as características do conto etiológico. Por sua vez, quanto aos estudantes que frequentam o 5.º ano, 13 (93%) respeitaram as características do conto etiológico na produção escrita individual.

O terceiro indicador – organização e seleção das informações da planificação (I3) – permite verificar se as estratégias de pré-escrita e planificação de escrita desenvolvidas são aplicadas pelos estudantes. O indicador referido será caracterizado através dos dados obtidos pelos registos de observação e a gravação áudio das sessões, as produções dos estudantes e os questionários inicial e final.

Os estudantes que frequentam o 2.º ano, na segunda sessão, realizaram as atividades propostas, na maioria (80%, que corresponde a 16 alunos). Quanto ao grupo do 5.º ano, 12 alunos (86%) responderam ao pretendido, na segunda sessão. Os alunos que não conseguiram, após orientações da professora conseguiram realizar a atividade com sucesso. No grupo que frequenta o 2.º ano, na última sessão, apenas 3 (15%) sujeitos contemplaram algumas estratégias de seleção e organização da informação (como, por exemplo, informações referentes às personagens, ao espaço e do lugar da ação). Na última sessão, sem orientação, nenhum aluno do grupo que frequenta o 5.º ano realizou planificação da escrita. Importa referir que, no grupo do 2.º ano, em diálogo com os estudantes, previamente à realização da atividade de escrita individual, estes enfatizaram a importância da planificação da escrita e enunciaram os aspetos que a devem constituir. Contudo, aquando da realização da atividade, foi frequente, ao questionar os estudantes, ouvir as seguintes intervenções: “Eu não preciso de fazer planificação, já sei o que vou escrever.”,

“Vou escrever logo o texto.” e “Não vou fazer planificação porque não gosto.”, entre outras. Quanto aos alunos do 5.º ano, no momento da entrega da folha em branco, mais dois estudantes referiram, em voz alta, que “A folha é para fazermos aquele esquema que fizemos na última aula”. Contudo, todos os estudantes entregaram a folha em branco.

Quanto ao grau de dificuldade da organização e seleção das ideias, os estudantes foram questionados em dois momentos distintos: no questionário inicial e no questionário final. Dos estudantes que frequentam o 2.º ano, no momento inicial, 14 sujeitos (70%) consideraram “Nada difícil”, 5 (25%) “Pouco difícil” e 1 (5%) “Muito difícil” (Anexo 14 – Gráfico 7). No questionário final, a

107

percentagem de estudantes que consideraram “Nada difícil” baixou, correspondendo a 12 sujeitos (60%), sendo que 4 estudantes (20%) responderam “Pouco difícil”, 3 (15%) “Difícil” e 1 (5%) “Muito difícil” (Anexo 14 – Gráfico 7). As respostas do grupo da amostra que frequenta o 5.º ano foram coincidentes nos dois questionários. Deste modo, 4 sujeitos (29%) consideram

“Nada difícil”, 8 (57%) “Pouco difícil” e 2 (14%) “Difícil” (Anexo 14 – Gráfico 7).

No questionário final, o grupo de sujeitos pertencentes ao 2.º ano, considerou a organização e seleção da informação, na maioria, “Muito importante” (45%) e “Importante” (35%). Quanto aos sujeitos que frequentam o 5.º ano, 50% considerou “Muito importante”, 36% “Importante” e 14% “Pouco importante” (Anexo 14 – Gráfico 8).

O quarto e o quinto indicador (I4 e I5) desenvolveram-se na etapa de textualização. O quarto indicador – utilização da planificação (I4) – permite verificar a influência das estratégias de pré-escrita e planificação na escrita.

Assim, recorreu-se aos registos de observação, à gravação áudio das sessões e às produções dos estudantes.

Com o I4 pretende-se verificar se as textualizações realizadas pelos estudantes estão de acordo com a planificação realizada previamente. Na segunda sessão, 95% das produções escritas dos estudantes que frequentam o 2.º ano coincidiram com a planificação realizada. Por sua vez, todas as informações contempladas nas planificações dos sujeitos que frequentam o 5.º ano coincidiram com o conteúdo da textualização. Na última sessão, os 3 alunos que frequentam o 2.º ano e que realizaram planificação da escrita, fizeram corresponder as informações planificadas com a textualização.

Através do quinto indicador – grau de referencialidade (I5) – torna-se possível verificar se o estudo dos contos etiológicos do PLO contribui para o desenvolvimento da escrita de intenção literária. Os dados a analisar foram recolhidos através das produções dos estudantes.

Importa referir que quanto maior é o grau de referencialidade, menor é o grau ficcional. Deste modo, ao analisar as produções escritas dos estudantes que frequentam o 2.º ano, observa-se que apresentam um maior grau ficcional que os contos escritos pelos estudantes do 5.º ano. Os estudantes do 5.º ano demonstraram maior preocupação em criar textos que apresentassem um maior número de referências ao mundo empírico.

108

No documento 20 20 20 (páginas 122-128)