SISTEMAS DE INFORMAÇÃO: UTILIZAÇÃO DE APLICAÇÕES DE
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
A análise das Fichas de Identificação e Caracterização da Empresa rececionadas permitiu contemplar 136 empresas do Norte de Portugal (79%) e 37 da Galiza (21%). Assim, através de uma análise descritiva, resultou que 53,8% são empresas do distrito do Porto, 16,8% de Braga, 12,7% de Pontevedra, 3,5% da Corunha, 2,9% de Vila Real e na mesma percentagem de Ourense, 1,7% de Viana do Castelo, 1,2% de Bragança e na mesma percentagem de Lugo, 0,6% de Aveiro e na mesma percentagem de Viseu. Registe-se que 4 empresas não mencionaram a sua localização.
Por outro lado, 57,8% são empresas do sector dos serviços, 21,4% do comércio, 19,1% da indústria e 0,6% de outros sectores. Três empresas não referiram o sector de atividade em que se inserem.
A forma jurídica predominante é a sociedade por quotas, com uma representatividade de 77,5%, seguida da outra forma, com 14,5%, forma esta que envolve as sociedade unipessoais e outras, e, em terceiro lugar, a sociedade anónima, representada por 7,5%. Apenas uma empresa não indicou a sua forma jurídica.
Tabela 5 – SI existente nas PME da Euro-Região Norte de Portugal-Galiza
SI Sim Não NS/NR Total
ERP Freq. 73 87 13 173
% 42,2 50,3 7,5 100
CRM Freq. 55 100 18 173
% 31,8 57,8 10,4 100
Software de Contabilidade Freq. 142 27 4 173
% 82,1 15,6 2,3 100
Gestão Comercial Freq. 128 40 5 173
% 74 23,1 2,9 100
Gestão Documental e
Workflow Freq. 71 90 12 173
% 41 52 6,9 100
Gestão de Recursos Humanos Freq. 82 83 8 173
% 47,4 48 4,6 100
Gestão da Produção Freq. 80 83 10 173
% 46,2 48 5,8 100
Gestão de Stocks Freq. 92 71 10 173
% 53,2 41 5,8 100
Servidor Próprio Freq. 90 82 1 173
% 52 47,4 o,6 100
Rede Wireless Freq. 96 72 5 173
% 55,5 41,6 2,9 100
Software Anti-Vírus Freq. 165 7 1 173
% 95,4 4 0,6 100
Configuração e manutenção
de uma firewall Freq. 150 18 5 173
% 86,7 10,4 2,9 100
Backups e agendamento de
cópias de segurança Freq. 154 16 2 173
% 89 9,2 1,2 100
No universo das empresas respondentes, verificou-se que 131 empresas são empresas individuais, ou seja, não estão integradas num
grupo económico. 40 empresas estão inseridas em grupos de empresas. Desconhece-se a realidade apenas de 2 empresas, que não revelaram dados a este propósito .
Importa, também, referir que 38,2% das empresas respondentes são pequenas empresas (11-50 trabalhadores), 36,4% micro-empresas (1-10 trabalhadores) e 19,7% médias empresas (51- 250 trabalhadores).
As respostas dadas pelas 173 PME permitem fazer uma caracterização dos SI existentes nas empresas. Conforme a Tabela 5, a
maioria das empresas usa aplicações standard como software de
contabilidade, gestão comercial e gestão de stocks e não aplicações
integradas, sendo que neste domínio há uma maior utilização do ERP
Software do que do CRM Software. No entanto, uma parte significativa das empresas não recorre ao uso de outras aplicações standard
disponíveis no mercado, como os softwares de gestão documental e
workflow, de recursos humanos e de produção.
Por outro lado, no domínio Internet, a maioria das PME possui
servidor, domínio próprio e rede wireless. Ao nível da segurança, as
PME também revelam reunir as melhores condições, porque possuem
software anti-vírus e firewall e costumam fazer backups e agendamento de cópias de segurança.
Constata-se que estes dados suportam a H1 (Tabela 4), que
postula haver nas empresas um SI caracterizado, na sua maioria, pela
utilização de aplicações standard (específicas para cada área).
Pelas estatísticas do teste de Cochran´s (Tabela 6), Cochran´s (3)=15,828, p=0,001, confirma-se que existem diferenças estatísticas significativas quando comparamos as aplicações integradas e as
aplicações standard.
Tabela 6 – Teste do Cochran’s para as aplicações informáticas
Por outro lado, a H2 é suportada pelos resultados porque há 90 empresas que possuem servidor próprio, apesar de haver mais empresas que alojam os seus sítios em servidores externos, conforme foi possível confirmar pela análise de dados.
N 108
Cochran's Q 15,828(a)
df 3
No que diz respeito à segurança da informação, a H3, segundo
a qual as PME têm software anti-virus, firewalls e fazem backups e
agendamento de cópias de segurança, também é confirmada pelos resultados. Pela leitura da Tabela 5 confirma-se que há muito mais
“sins” para as três variáveis em análise.
Pelas estatísticas do teste do Qui-quadrado (Tabela 7), confirma-se que existem diferenças estatísticas significativas quando
comparamos as várias medidas de segurança informática: o software
anti-vírus, Qui-quadrado (1)=145,140, p=0,000, configuração e
manutenção de uma firewall, Qui-quadrado (1)=103,714, p=0,000,
backups e agendamento de cópias de segurança, Qui-quadrado (5)=112,024, p=0,000.
Tabela 7 – Teste do Qui-quadrado para as medidas de segurança informática
Teste Anti-vírus Firewall Backups e
Cópias de segurança
Chi-Square 145,140 103,714 112,024
df 1 1 1
Asymp. Sig. ,000 ,000 ,000
5. CONCLUSÕES
Nesta última secção, apresentam-se os resultados de todas as hipóteses de investigação apresentadas na secção 1, com a indicação do respetivo número. Descrevem-se as limitações que envolvem esta investigação e apontam-se os seus contributos para esta área de investigação. Finalmente, apresentam-se sugestões para investigações futuras.
A H1, segundo a qual as PME possuem sistemas de informação
baseados apenas na utilização de aplicações standard, foi validada pela
investigação, à semelhança da H2, que apontava para que as PME
dispusessem de servidores próprios e redes wireless. Também a H3 foi
confirmada pela presente investigação, hipótese que postulava a
existência de software anti-virus, firewalls, backups e agendamento de
cópias de segurança nas PME.
Apesar das evidências empíricas obtidas com a investigação, pode-se afirmar que a amostra de empresas que preencheu o
questionário disponibilizado on-line de certo modo pode configurar-se
de empresas da Galiza ser inferior à do Norte de Portugal pode eventualmente tornar a análise estatística feita em torno da realidade da Galiza mais subjetiva. Entretanto, nesta investigação não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos no Norte de Portugal e na Galiza.
Mas este estudo não deixa de ser relevante porque os sistemas de informação, enquanto área do conhecimento, constituem uma área atual em Portugal. Nesse sentido, a redação deste artigo constitui uma contribuição importante para esta área de investigação. Primeiro pela sua objetividade, o que torna o artigo percetível. Em segundo lugar, porque é específico sobre um domínio: Sistemas de Informação, nomeadamente aplicações de ERP e CRM, e segurança da informação.
Há duas sugestões que parecem ter viabilidade de execução em futuros trabalhos de investigação. A primeira consiste na possibilidade de replicar este estudo na Galiza, uma vez que uma das limitações desta investigação prende-se com o facto de a amostra de empresas respondentes desta parte da Euro-Região Norte de Portugal- Galiza ter sido inferior à esperada inicialmente. A segunda sugestão prende-se com o interesse em aprofundar esta investigação junto de áreas de negócio mais específicas, por forma a tirar conclusões sobre a realidade concreta de determinadas áreas de negócio no comércio, serviços e/ou indústria. Em termos comparativos, não foram identificadas diferenças significativas entre os referidos sectores, mas afigura-se oportuno aprofundar a investigação junto de segmentos mais particulares do tecido empresarial. O estudo das novas tecnologias, em particular dos sistemas de informação, e a sua relação com a comunicação e os recursos humanos, necessita de um contínuo e aprofundado estudo, pois este processo é talvez o mais dinâmico no mundo empresarial dos nossos dias.
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