• Nenhum resultado encontrado

6 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

6.3 Análise do modelo estrutural

O primeiro critério utilizado para avaliação do modelo estrutural é a verificação da colinearidade entre os constructos componentes do modelo proposto. Conforme pode ser observado na Tabela 5, não foi identificada colinearidade, tendo em vista a apuração de valores abaixo do ponto de referência de VIF (Variance Inflation Factor) menor ou igual a 5,000, proposto por Hair, Hult, Ringle e Sarstedt (2014).

O passo seguinte na avaliação do modelo estrutural é a análise dos coeficientes de caminho. Conforme pode ser observado na Tabela 5, quando considerado o período anterior à crise e os efeitos diretos, o Ambiente Competitivo não exerce influência estatisticamente significante, tanto nas Decisões de Investimento quanto no Desempenho da firma e na Posição Competitiva, resultado também apurado no mesmo período para as influências das Decisões de Investimento no Desempenho da firma e na Posição Competitiva. Ainda em relação ao período antes da crise, foi estimado efeito positivo e estatisticamente significante ( = 0,815; p < 0,001) da Posição Competitiva no Desempenho da firma, o qual é moderado pelo Ambiente Competitivo ( = - 0,097; p < 0,050) – Tabela 6, com efeito redutor da influência da Posição Competitiva no Desempenho da firma.

Quanto ao período depois da crise – Tabela 5, foram apuradas influências negativas e estatisticamente significantes do Ambiente Competitivo, tanto nas Decisões de Investimento ( = -0,231; p < 0,001) como no Desempenho da firma ( = -0,111; p < 0,001), assim como das Decisões de Investimento no Desempenho da firma e na Posição Competitiva ( = 0,121; p < 0,001) e  = 0,122; p < 0,001, respectivamente). Também neste período, foi apurado efeito positivo e estatisticamente significante da Posição Competitiva no Desempenho da firma ( = 0,772; p < 0,001), porém sem efeito moderador estatisticamente significante do Ambiente Competitivo em relação aos efeitos diretos da Posição Competitiva no Desempenho da firma – Tabela 6.

Ainda em relação à análise dos coeficientes de caminho, mas com foco nos efeitos totais apurados por meio da adição dos efeitos diretos aos efeitos indiretos – Tabela 7 –, o Ambiente Competitivo exerce influência negativa nas Decisões de Investimento nos dois períodos analisados ( = -0,271; p < 0,100, antes da crise, e  = -0,231; p < 0,001, depois da crise), assim como no Desempenho das firmas ( = -0,140; p < 0,050, antes da crise, e  = -0,213; p < 0,001, depois da crise) e na Posição Competitiva ( = -0,095; p < 0,100, antes da crise, e  = -0,096;

p < 0,050, depois da crise). Os efeitos moderadores exercidos pelo Ambiente Competitivo em relação aos efeitos totais são os mesmos exercidos por tal constructo em relação aos efeitos diretos, ou seja, o Ambiente Competitivo não exerce efeito moderador estatisticamente significante na relação entre Decisões de Investimento e Desempenho das firmas – Tabela 6 – tanto antes como depois da crise, mas exerce efeito moderador negativo e estatisticamente significante na relação entre Posição Competitiva e Desempenho das firmas antes da crise ( = -0,097; p < 0,050). Para o período depois da crise não foi apurado efeito moderador do Ambiente Competitivo na relação entre Posição Competitiva e Desempenho das firmas ( = - 0,087; p > 0,001).

Conforme pode ser observado na Tabela 7, os efeitos totais das Decisões de Investimento no Desempenho das firmas não apresentam significância estatística no período antes da crise ( = 0,176; p > 0,001), mas apresentam influência positiva, com significância estatística no período depois da crise ( = 0,215; p < 0,001). Resultados semelhantes foram estimados para os efeitos totais das Decisões de Investimento na Posição Competitiva ( = 0,154; p > 0,001, antes da crise, e  = 0,122; p < 0,001, depois da crise).

Tabela 5 - Modelo estrutural – Efeitos diretos.

CONSTRUCTOS PERÍODOS ANTES E DEPOIS DA DIFERENÇA ENTRE

CRISE

ORIGEM DESTINO ANTES DA CRISE VIFa DEPOIS DA CRISE VIFa

AMBIENTE COMPETITIVO

DECISÕES DE INVESTIMENTO -0,271 1,000 -0,231 *** 1,000 0,040

DESEMPENHO -0,049 1,083 -0,111 *** 1,061 0,062 *

POSIÇÃO COMPETITIVA -0,054 1,079 -0,068 1,056 0,014

DECISÕES DE INVESTIMENTO DESEMPENHO 0,050 1,119 0,121 *** 1,073 0,070

POSIÇÃO COMPETITIVA 0,154 1,079 0,122 *** 1,056 0,032

POSIÇÃO COMPETITIVA DESEMPENHO 0,815 *** 1,043 0,772 *** 1,029 0,043

a – Fator de inflação de variância – índice para teste de colinearidade que deve se situar abaixo de 5,000 conforme indicação de Hair, Ringle e Sarstedt (2014).

*** p < 0,010; ** p < 0,050; * p < 0,100

Tabela 6 - Modelo Estrutural - Efeitos Moderadores.

CONSTRUCTOS PERÍODOS ANTES E DEPOIS DA DIFERENÇA ENTRE

CRISE

MODERADOR MODERADO ANTES DA CRISE VIFa DEPOIS DA CRISE VIFa

AMBIENTE COMPETITIVO DECISÕES DE INVESTIMENTO -0,029 1,106 -0,067 1,007 0,038

POSIÇÃO COMPETITIVA -0,097 ** 1,110 -0,087 1,003 0,010

a – Fator de inflação de variância – índice para teste de colinearidade que deve se situar abaixo de 5,000 conforme indicação de Hair, Ringle e Sarstedt (2014).

*** p < 0,010; ** p < 0,050; * p < 0,100

A significância estatística dos coeficientes de caminho foi apurada por meio da técnica de bootstrapping, com 5.000 amostras, com opção de não alteração dos sinais.

Tabela 7 - Modelo Estrutural - Efeitos totais

CONSTRUCTOS PERÍODOS DIFERENÇA ENTRE ANTES E DEPOIS DA CRISE

ORIGEM DESTINO ANTES DA CRISE DEPOIS DA CRISE

AMBIENTE COMPETITIVO

DECISÕES DE INVESTIMENTO -0,271 * -0,231 *** 0,040

DESEMPENHO -0,140 ** -0,213 *** 0,073

POSIÇÃO COMPETITIVA -0,095 * -0,096 ** 0,001

DECISÕES DE INVESTIMENTO DESEMPENHO 0,176 0,215 *** 0,039

POSIÇÃO COMPETITIVA 0,154 0,122 *** 0,032

POSIÇÃO COMPETITIVA DESEMPENHO 0,815 *** 0,772 *** 0,043

*** p < 0,010; ** p < 0,050; * p < 0,100

Tendo em vista a adequação do modelo ao estudo das influências do Ambiente Competitivo, das Decisões de Investimento e da Posição Competitiva no Desempenho das firmas que compõem as amostras referentes aos períodos antes e depois da crise, o próximo passo foi a análise da proporção da variância das variáveis latentes endógenas, explicada pelo modelo estrutural expresso pelo coeficiente de determinação (R2). De acordo com Hair et al. (2014),

um R2 até 0,250 representa reduzida capacidade explicativa, ao passo que R2 entre 0,250 e 0,500

representa capacidade explicativa média e R2 acima de 0,500, grande capacidade explicativa.

No caso desta pesquisa, conforme pode ser observado na Tabela 8, o modelo estrutural se mostrou capaz de explicar 7,30% (R2 = 0,073; p<0,050) e 5,30% (R2 = 0,053; p<0,050) da

variância da variável latente das Decisões de Investimento, antes e depois da crise, respectivamente, representando capacidade explicativa reduzida. Resultado semelhante foi apurado para a variável latente Posição Competitiva, com explicações de 3,10% (R2 = 0,031;

p>0,100) e de 2,30% (R2 = 0,023; p<0,100), antes e depois da crise, respectivamente. Quanto à

variável latente Desempenho foram apuradas elevadas capacidades explicativas antes e depois da crise - 70,60% (R2 = 0,706; p<0,001) e 68,90% (R2 = 0,689; p<0,001), respectivamente.

Tabela 8 - Capacidade explicativa do modelo

CONSTRUCTOS

R2

PERÍODOS ANTES DA

CRISE DEPOIS DA CRISE DECISÕES DE INVESTIMENTO 0,073 ** 0,053 **

DESEMPENHO 0,706 *** 0,689 ***

POSIÇÃO COMPETITIVA 0,031 0,023 * *** p < 0,010; ** p < 0,050; * p < 0,100

Em complementação à análise do coeficiente de determinação, Hair et al. (2014) indicam a análise da contribuição de cada constructo exógeno para a explicação da variância dos constructos endógenos por meio do tamanho do efeito (f2). Conforme sugerido pelos autores,

efeitos entre 0,020 e 0,150 são considerados pequenos, entre 0,150 e 0,350 são considerados médios e acima de 0,350 são considerados grandes. Efeitos abaixo de 0,020 podem ser considerados insignificantes. Conforme apresentado na Tabela 9, o Ambiente Competitivo apresenta pequena contribuição para a explicação da variância do constructo Decisões de

Investimento, nos períodos antes e depois da crise, assim como da variância do constructo Desempenho depois da crise. As Decisões de Investimento apresentam efeito pequeno no coeficiente de determinação do constructo Desempenho, no período depois da crise, resultado semelhante ao apurado em relação ao constructo Posição Competitiva antes da crise. Já a Posição Competitiva apresenta efeito de grande magnitude no coeficiente de determinação apurado para o Desempenho das firmas, em ambos os períodos, ao passo que a interação entre o Ambiente Competitivo e a Posição Competitiva, que representa o efeito moderador exercido pelo primeiro no segundo, apresenta efeito de pequena magnitude no coeficiente de determinação referente ao Desempenho das firmas no período depois da crise.

Tabela 9 - Tamanho do efeito – f2

CONSTRUCTOS PERÍODOS

ORIGEM DESTINO ANTES DA CRISE DEPOIS DA CRISE

AMBIENTE COMPETITIVO

DECISÕES DE INVESTIMENTO 0,079 ₤ 0,056 ₤

DESEMPENHO 0,007 0,037 ₤

POSIÇÃO COMPETITIVA 0,003 0,004

DECISÕES DE INVESTIMENTO DESEMPENHO 0,008 0,044 ₤

POSIÇÃO COMPETITIVA 0,023 ₤ 0,014

POSIÇÃO COMPETITIVA DESEMPENHO 2,163 † 1,863 †

INTERAÇÃO AMBIENTE x

DECISÃO DE INVESTIMENTO DESEMPENHO 0,003 0,011

INTERAÇÃO AMBIENTE x

POSIÇÃO COMPETITIVA DESEMPENHO 0,017 0,020 ₤

₤- efeito pequeno; µ - efeito médio; † - efeito grande

Documentos relacionados