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ANÁLISE DO PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA PREVIDÊNCIA

INSS BENEF

3.1. ANÁLISE DO PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA PREVIDÊNCIA

Ao fazermos uma análise da inserção do Serviço Social previdenciário nos deparamos, como vimos no capitulo anterior, com o fato de que a atuação profissional do assistente social por um longo tempo se fundamentou em modelos

conceituais que não expressaram mudanças e, sobretudo, não apresentavam uma visão crítica da política previdenciária, isso foi evidenciado pela sua não inicial vinculação ao Movimento de Reconceituação da profissão, porque, enquanto esse movimento se espalhou pelo Brasil, o Serviço Social da previdência não se articulou a esse processo, o que foi de certo modo, impulsionado pela construção dos Planos Básicos de Ação (PBA’s), de 1972 e 1978 que preconizava um fazer profissional respaldado por uma visão, predominantemente, funcionalista, baseada numa racionalidade formal, como sinalizamos anteriormente.

Então, por essa trajetória histórica completamente permeada por modelos conceituais que não se direcionavam pela busca de um fazer profissional articulado com as mudanças, com as constantes transformações pelas quais passava o Brasil, pelas determinações conjunturais que vivia a sociedade brasileira a partir da sua realidade de dependência e subordinação é que presenciamos que o Serviço Social previdenciário durante muito tempo não construiu um referencial teórico- metodológico crítico em face da realidade, particularmente, institucional. Diferentemente da Matriz de 1994, os PBA’s não se articularam as “noções históricas, sociais, econômicas, políticas, partindo-se de uma realidade ao tratar-se de questões objetivas, históricas e de políticas do trabalhador” (MATRIZ/1995).

Nesse contexto, não se sentia a necessidade do estabelecimento de um novo fazer profissional que respaldasse a atuação profissional numa perspectiva de totalidade, que conduzisse o profissional a reflexão e apreensão do contexto institucional, fazendo as mediações que eram necessárias para o rompimento de práticas rotineiras e burocratizadas desenvolvidas e introduzidas pelos Planos Básicos de Ação.

Entretanto, com o passar do tempo, sentiu-se a necessidade de discutir possibilidades de elaborar respostas profissionais que transparecessem o compromisso com a previdência pública, como também com os usuários dessa política, tendo em vista, que com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e em 1991 através da publicação da Lei 8.213, e principalmente, pela publicação do Artigo 88 dessa Lei, que favoreceu importantes avanços a categoria rumo a consolidação de um novo fazer profissional.

Foram vários elementos que impulsionaram a articulação dos profissionais do Serviço Social previdenciário e que foram cruciais para a materialização, por todo o Brasil, de discussões através de reuniões e oficinas, que motivou a construção da

atual Matriz Teórico-Metodológica do Serviço Social na Previdência. Em outras palavras, o Serviço Social, buscando a construção de um novo fazer profissional, respaldado em um referencial teórico-metodológico crítico, sentiu a necessidade de responder as demandas postas pela população usuária, de forma consciente, fundamentada numa leitura de totalidade.

Essa mudança de rumo no fazer profissional, muito embora não tenha se dado de forma homogênea, ganhou força através do posicionamento coletivo por parte de alguns profissionais que começaram a questionar essa prática rotineira, sem sistematização e a identificar que as suas diretrizes e principais ações precisavam de redefinições, já que eram baseadas nos PBA’s através de uma perspectiva a-crítica e a-histórica da realidade social, e que não respondiam as necessidades reais dos usuários dessa política. Em virtude disso, como forma de romper com uma perspectiva funcionalista, no sentido de construir um novo fazer profissional, dessa vez, crítico e reflexivo, é que foi elaborada a nova Matriz.

Em face da atual configuração da previdência social é o momento de busca pela afirmação do Projeto Ético-Político do Serviço Social articulado a Matriz do Serviço Social no espaço sócio-profissional previdenciário, momento em que as assistentes sociais do INSS se empenham em busca do reconhecimento profissional, em face dos desafios postos a profissão, particularmente, o desafio diante da espera pela regulamentação das atribuições do Serviço Social previdenciário o que vai possibilitar avanços para a categoria profissional do INSS, o constante desafio da busca e garantia das condições de trabalho compatíveis com o atendimento de qualidade e a garantia da autonomia profissional e técnica, dentre outros elementos que contribuem para a qualidade do exercício profissional para que seja materializada a proposta do PEPSS.

São complexos desafios, que não envolvem somente as novas assistentes sociais da previdência, são desafios de toda a categoria profissional, a qual se encontra insatisfeita, sendo compreensível, visto que as mesmas vêm encontrando limitações para atuação profissional.

Em algumas APS’s e GEX’s não existe sala para realizar atendimentos, por

exemplo, a avaliação social24, e essa falta de um espaço físico para realização dos

24

Essa avaliação social é realizada pelos assistentes sociais do INSS. É expressa pela Portaria MDS/INSS (Portaria Conjunta MDS/INSS nº 1, de 29 de maio de 2009 dou 01.06.2009, republic. em 02.06.2009) que institui instrumentos para avaliação da deficiência e do

atendimentos, inclusive da avaliação social, não vem garantindo o sigilo profissional, requisito fundamental para avaliação social dos usuários do BPC, muito embora como expresso no Capítulo V, do Código de Ética de 1993, nas situações em que envolve o usuário, constitui direito do assistente social manter o sigilo profissional. Outro agravante é que os gerentes executivos não querem admitir e reconhecer as regulamentações profissionais, principalmente, a Lei que regulamenta a profissão, a Resolução que trata da regulamentação das condições éticas e técnicas do exercício profissional do assistente social e, sobretudo, o Código de Ética Profissional.

Outra situação desrespeitosa para a categoria profissional – a qual contribuiu para aumentar a insatisfação dos assistentes sociais e de certo modo, motivo de intensificação do processo de lutas por parte das entidades representativas da categoria, de outros sujeitos individuais e coletivos e pela própria categoria dos assistentes sociais do INSS – foi a exoneração da assistente social Ermelinda Anunciação, que esteve a frente da Divisão de Serviço Social do INSS, uma vez que

essa profissional participou ativamente do processo25 que culminou com a realização

do concurso público para os assistentes sociais em 2008 para 900 (novecentas) vagas, contudo, só havendo a nomeação de 886 (oitocentos e oitenta e seis)

profissionais em todo Brasil no ano de 200926.

São diversas lutas travadas pelo Serviço Social, juntamente com o conjunto CFESS/CRESS, a ABEPSS e outras entidades governamentais e da sociedade civil. Essas que são para a categoria de modo geral, porém algumas específicas de cada espaço sócio-ocupacional.

No âmbito geral, existem os Projetos de Leis (PL’s) sobre a carga horária de trabalho para o assistente social (PL 152/2008); com relação ao piso salarial (PL 4022/08); adicional de insalubridade (PL 3150/08), regras de contratação (PL 3145/08), dentre outros Projetos de Lei sobre a profissão de Serviço Social.

grau de incapacidade de pessoas com deficiência requerentes ao Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social - BPC, conforme estabelece o art. 16, § 3º, do Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007, alterado pelo Decreto nº 6.564, de 12 de setembro de 2008. Discutiremos, especificamente, sobre esse Decreto no Capitulo 4.

25

O CFESS reconheceu o trabalho da assistente social Ermelinda de Paula e por isso emitiu nota de reconhecimento a qual se encontra no site do CFESS.

26

O Diretor de Benefícios do INSS, Benedito Adalberto Brunca, respondendo ao questionamento do CFESS sobre a nomeação das 886 profissionais, já que o edital do concurso previa as 900 vagas, ressaltou que esse fato ocorreu em virtude de que em algumas cidades não houve candidato aprovado.

Diante desse contexto, é um tempo oportuno para discutir e reafirmar a Matriz Teórico-Metodológica do Serviço Social na Previdência Social, como também apreender os desafios contemporâneos e as potencialidades apresentadas no sentido de reafirmar o compromisso com os usuários em defesa da afirmação e ampliação de direitos, e desse modo, reafirmar a proposta do nosso Projeto Profissional.

3.2. A MATRIZ TEÓRICO-METODOLÓGICA E SUA VINCULAÇÃO COM O