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ANÁLISE DO PROCESSO DE EVOLUÇÃO DA SOJICULTURA NO RIO GRANDE

De acordo com os dados do Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA), é possível verificar que a produção de soja avançou significativamente com relação a área total agropecuária (lavouras temporárias e lavouras permanentes) nos últimos anos no Rio Grande do Sul, conforme demonstra o gráfico a seguir.

Figura 21 – Área total agropecuária e área cultivada de soja no RS

- 1.000.000 2.000.000 3.000.000 4.000.000 5.000.000 6.000.000 7.000.000 8.000.000 9.000.000 10.000.000 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Soja (hectares) Total Agropecuária

De acordo com os dados pesquisados, no ano de 2004 a área cultivada de soja no RS foi de 3,9 milhões de hectares, e considerando a área total agropecuária de 8,3 milhões de hectares, isto significa que a soja representava 48% das lavouras no Rio Grande do Sul. Desde então este número vem aumentando ano após ano, chegando em 2017 a área cultivada de soja na casa dos 5,5 milhões de hectares, e o total da área agropecuária do estado em 9 milhões de hectares, representado um total de 61% das lavouras no RS.

Portanto, neste período entre os anos de 2004 e 2017 a área cultivada de soja no RS aumentou 39% (1,5 milhão de hectares), enquanto a área total agropecuária teve incremento de somente 8% (691 mil hectares), ficando evidente o avanço da área de cultivo da soja sobre as demais áreas e diferentes cultivos com por exemplo o arroz e a pecuária no RS.

4.3.1 Quociente Locacional (QL)

Considerando que o Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA), dispõe os dados obtidos referentes à área plantada ou destinada à colheita, área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção das lavouras temporárias e permanentes, referentes aos 497 municípios do Rio Grande do Sul, com relação ao Quociente Locacional no ano de 2017, os resultados obtidos foram os seguintes:

a) QL = 1 foram identificados 0 municípios, ou seja, a especialização desses

municípios em atividades do setor i é IDÊNTICA à especialização do conjunto do Rio Grande do Sul nas atividades desse setor (produção de soja);

b) QL < 1 foram identificados 303 municípios, ou seja, a especialização desses

municípios em atividades do setor i é INFERIOR à especialização do conjunto do Rio Grande do Sul nas atividades desse setor (produção de soja);

c) QL > 1 foram identificados 194 municípios, ou seja, a especialização desses

municípios em atividades do setor i é SUPERIOR à especialização do conjunto do Rio Grande do Sul nas atividades desse setor (produção de soja);

É possível verificar a evolução do Quociente Locacional (QL) de todos 497 municípios do Rio Grande do Sul, em três momentos, nos anos de 2004, 2010 e 2017, conforme os mapas abaixo.

Figura 22 - Quociente Locacional da Produção de Soja nos municípios do Rio Grande do Sul: 2004, 2010 e 2017

Fonte: Elaborado pelo autor.

especialização na produção de soja encontravam-se nas mesorregiões Noroeste e Nordeste do RS.

Conforme avança o tempo, chega-se no ano de 2010, tal realidade já dá sinais de mudanças, como pode ser notado no próximo mapa, onde a maioria dos municípios com QL>1 ainda se concentrando nas Mesorregiões 1 (Noroeste) e 2 (Nordeste), e alguns municípios como por exemplo em Hulha Negra e Candiota, localizados respectivamente nas mesorregiões 6 (Sudoeste) e 7 (Sudeste) demonstram evolução na especialização da produção de soja no Rio Grande do Sul.

No ano de 2017, este cenário continua se alterando, com a maioria dos municípios com QL>1 no estado do RS ainda residentes nas mesorregiões 1 (Noroeste) e 2 (Sudeste), porém é possível verificar que as mesorregiões 6 (Sudoeste) e 7 (Sudeste), principalmente a última, possuem uma quantidade significativa de municípios especializados na produção de soja no RS, evidenciando a alteração da configuração e o cenário dos principais produtores de soja no estado. Ou seja, áreas rurais que em outros tempos produziam diferentes culturas, atualmente perderam espaço para o avanço do cultivo da soja.

4.3.2 Índice de Hirschman-Herfindahl modificado (HHm)

O indicador HHm possibilita comparar o peso da atividade i da região j na atividade i do país com o peso da estrutura produtiva da região j na estrutura do país. Através dele é possível comparar o peso da produção de soja no município específico em relação à área de soja no Rio Grande do Sul, com o peso da agropecuária no município em relação ao peso da agropecuária do Rio Grande do Sul.

Neste sentido, quando o HHm apresentar um valor positivo indica que o setor i da região

j está mais concentrado, exercendo um poder de atração maior, dado sua especialização. Valores

negativos indicam um baixo poder de atração em comparação a região de referência (ALVES, 2012).

Considerando estes parâmetros para o índice HHm, de acordo com os dados obtidos junto ao SIDRA (2017), é possível verificar a evolução deste indicador desde o ano em 3 diferentes anos (2004,2010 e 2017) no Rio Grande do Sul, conforme os mapas que seguem.

Figura 23 – Índice de Hirschman-Herfindahl modificado (HHm) nos municípios do Rio Grande do Sul: 2004, 2010 e 2017

Fonte: Elaborado pelo autor.

Como pode ser notado no mapa acima, o índice HHm, no ano de 2004 apresentou 182 municípios (destacados em vermelho) com valores positivos, na sua maioria nas mesorregiões 1 (noroeste) e 2 (Nordeste) do Rio Grande do Sul, o que demonstra que estas duas mesorregiões exerciam maior atratividade para o cultivo da soja, devido a sua especialização. Assim como, apresentou no mesmo ano 315 municípios com HHm negativo (destacados em laranja),

Ao avançar no tempo até o ano de 2010, pode-se notar no mapa a seguir que, o número total de municípios com HHm positivo, sobe para 187, o que representa um acréscimo de 5 municípios que exercem maior atratividade para o cultivo da soja, devido a sua especialização. Pode-se notar que no mapa do Rio Grande do Sul, estes municípios estão localizados nas mesorregiões 6 (Sudoeste) e 7 (Sudeste), além das tradicionais mesorregiões 1 (Noroeste) e 2 (Nordeste). Os demais 310 municípios do RS estão destacados em amarelo, possuem HHm negativo e não exercem atratividade para o cultivo da soja, devido a sua não especialização.

Chegando no ano de 2017, o índice HHm apresentou resultados positivos em 196 municípios do RS, destacados em vermelho no mapa a seguir, o que representa um incremento de 9 municípios comparando-se ao período anterior (2010), evidenciando que de acordo com este indicador as mesorregiões 1 (Noroeste), 2 (Noroeste), 6 Sudoeste e 7 (Sudeste) são as que mais exercem atratividade para o cultivo da soja no RS, acompanhando o movimento de avanço demonstrado anteriormente pelo Quociente Locacional (QL).

4.3.3 Participação Relativa (PR)

O terceiro indicador utilizado para captar a importância da atividade da região em nível estadual, ou seja, a participação relativa da atividade no emprego total do setor no Rio Grande do Sul, ou seja, o PR. Esse indicador PR permite captar a importância da área de soja colhida em relação à área agropecuária dos municípios.

Considerando isto, no ano de 2004, a Participação Relativa dos municípios do Rio Grande do Sul era a seguinte, de acordo com o mapa a seguir.

Figura 24 –Participação Relativa nos municípios do Rio Grande do Sul: 2004, 2010 e 2017

Fonte Elaborado pelo autor.

No mapa cima, 461 os municípios destacados em azul claro correspondem até 0,073% de Participação Relativa do total da área cultivada de soja no Rio Grande do Sul, o que corresponde à 92,76% do total de municípios no estado. Em seguida, na escala em tom de azul mais escuro representam 29 municípios com Participação Relativa de até 1,5% da área de soja cultivada no RS, o que corresponde à 5,84% do total de municípios nesta segunda faixa. No terceiro grupo na escala de azul mais escuro estão 6 municípios com Participação Relativa de

municípios no RS. No último grupo estão 2 municípios (Palmeira das Missões e Tupanciretã) e cada um representa até 3,6% de participação Relativa na área total de soja cultivada no RS, isso corresponde à 0,40% do total de municípios no estado.

No ano de 2010, conforme o mapa a seguir, os municípios na primeira faixa, tem até 0,73% de Participação Relativa na área de soja do RS aumenta para 464, ou seja 3 a mais que o período anterior, representando 93,36% do total de municípios no estado. O segundo grupo que representa até 1,5% de Participação Relativa na área de soja cultivada no RS diminui para 27 municípios, representando 5,43% do total de municípios do RS. No terceiro grupo, de até 2,2% de Participação Relativa na área de soja cultivada no RS diminui para 5 municípios, o que representa 1,01% do total de municípios do RS. Por fim, no quarto grupo continuam somente Tupanciretã e Palmeira das Missões, com até 3,6% de Participação Relativa na área de soja cultivada no RS, representando 0,40% do total de municípios do estado.

No ano de 2017, conforme o mapa abaixo, os dois primeiros grupos de municípios com Participação Relativa de até 0,73% (464 municípios) e até 1,5% (25 municípios) permanecem inalterados. O terceiro grupo com até 2,2% de Participação Relativa da área de soja cultivada no RS diminui para 4 municípios, que representam 0,80% do total de municípios do estado. No quarto grupo com a maior Participação Relativa de até 3,6% da área de soja cultivada no RS estão 2 municípios (Tupanciretã e Cachoeira do Sul), correspondentes a 0,40% do total de municípios no estado.

A partir da análise destes três indicadores Quociente Locacional (QL), Hirschman- Herfindahl modificado (HHm) e Participação Relativa (PR) fica evidente que nos anos pesquisados entre 2004 até 2017, houve um avanço significativo da área cultivada de soja no Rio Grande do Sul, em especial nas mesorregiões Sudoeste e Sudeste, transformando municípios especialistas neste cultivo, tornando estes locais mais atrativos para este tipo de atividade e aumentando a sua participação em relação a produção de soja como um todo no estado, tal como demonstram os indicadores utilizados para delimitar quais são os locais de maior interesse para aprofundamento da pesquisa, através de entrevistas e questionários que foram feitos in loco na fase seguinte deste trabalho científico, que irá buscar detectar quais são as causas e as consequências desta transformação que estas mesorregiões estão passando.

Roteiro de pesquisa dos municípios selecionados para a coleta dos do presente estudo:

Tabela 7 – Roteiro de pesquisa

Município Indicador Mesorregião

Tupanciretã QL 1

Júlio de Castilhos HHm 1

Palmeira das Missões PR 1

Cacique Doble QL 2 Barracão HHm 2 Vacaria PR 2 Santa Maria QL 3 São Sepé HHm 3 Santa Maria PR 3 Cachoeira do Sul QL 4 Rio Pardo HHm 4 Cachoeira do Sul PR 4 Butiá QL 5 Minas do Leão HHm 5

Arroio dos Ratos PR 5

Hulha Negra QL 6 Bagé HHm 6 São Gabriel PR 6 Candiota QL 7 Pedras Altas HHm 7 Jaguarão PR 7

Fonte: Elaborado pelo autor.

As seguintes organizações que representam nos seus municípios os pequenos produtores rurais, através do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), assim como a representação dos grandes produtores rurais, pelo Sindicato Rural (SR), e também a EMATER/RS-ASCAR representante do serviço de extensão rural do Estado, e por fim, Banco do Brasil e Sicredi também participaram da pesquisa, a fim de buscar uma maior amplitude de olhares e profundidade de análise sobre o avanço da produção de soja no Rio Grande do Sul, através de entrevistas abertas semiestruturada, realizadas no processo de coleta dos dados.

A seguir consta a lista destas organizações representantes dos produtores de soja nos municípios pesquisados que farão parte do estudo através de entrevistas realizadas in loco para

1) Tupanciretã

• Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tupanciretã e Jari • Sindicato Rural de Tupanciretã

2) Júlio de Castilhos

• Sindicato dos Trabalhadores Rurais • Sindicato Rural de Júlio de Castilhos 3) Santa Maria

• Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Maria • Sindicato Rural de Santa Maria

• EMATER

4) São Sepé

• Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Sepé • Sindicato Rural de São Sepé

• EMATER

5) São Gabriel

• Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Gabriel • Sindicato Rural de São Gabriel

6) Bagé

• Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bagé • Sindicato Rural de Bagé

• EMATER

7) Jaguarão

• Sindicato dos Trabalhadores Rurais Jaguarão • Sindicato Rural de Jaguarão

• EMATER

8) Cachoeira do Sul

• Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cachoeira do Sul • Sindicato Rural de Cachoeira do Sul

• EMATER

9) Rio Pardo

• Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Pardo • Sindicato Rural de Rio Pardo

10) Minas do Leão

• Sindicato Rural de Butiá e Minas do Leão 11) Butiá

• Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Butiá

• EMATER

12) Arroio dos Ratos

• Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arroio dos Ratos • Sindicato Rural de Arroio dos Ratos

13) Vacaria

• Sindicato Dos Trabalhadores Rurais De Vacaria • Sindicato Rural de Vacaria

• EMATER

14) Cacique Doble

• Sindicato Trabalhadores Rurais Cacique Doble

• EMATER

15) Barracão

• Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Barracão

• EMATER

16) Palmeira das Missões

• Sindicato dos Trabalhadores Rurais • Sindicato Rural de Palmeira das Missões 17) Hulha Negra

• Ver Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Sindicato Rural de Bagé 18) Candiota

• Ver Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Sindicato Rural de Jaguarão 19) Pedras Altas

4.4 POSSÍVEIS IMPACTOS DA EXPANSÃO DA PRODUÇÃO DE SOJA NO

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