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6 CONCLUSÕES 245 REFERÊNCIAS

4.7 ANÁLISE DO RISCO DE INUNDAÇÃO

A determinação de risco consiste em um nível analítico da dinâmica espaço- temporal das inundações. Nessa etapa são integradas de forma qualitativa e quantitativa as dinâmicas físicas e sociais dos processos, que se distribuem no tempo e no espaço, configurando diferentes cenários de risco. Diante deste pressuposto, a metodologia de mapeamento das áreas de risco associadas a inundações parte da análise da dinâmica temporal e da magnitude dos processos em função dos danos esperados.

Quando identificadas ocupações nas áreas denominadas suscetíveis e estabelecidos tempos de retorno, foi possível estimar quais áreas afetadas e

diferencia-las conforme graus de perigo. A integração do perigo com os condicionantes de vulnerabilidade da área afetada permitiram a hierarquização de riscos. Assim, a identificação e avaliação de risco (R) se deu a partir da análise dos perigos (P) em função do estudo da vulnerabilidade (V), sendo esta relação expressa por:

R = P x V

A compilação sistemática de diferentes frequências e abrangência espacial dos processos hidrológicos associados ao rio Ibirapuitã, hierarquizados a partir de diferentes tempos de retorno e severidade, estabeleceram graus de perigo que, colocados em função de elementos de vulnerabilidade indicado por variáveis de renda e tipologias de uso, propiciaram um índice de risco de inundação, estimado em valores com peso de 0 a 1. Este valor, escalonado, resultou na estimativa de danos potenciais para uma dada probabilidade de ocorrência de inundação. A partir das interações possíveis entre valores de perigo e vulnerabilidade, foi estabelecida uma matriz de risco de inundação, sendo que quanto mais elevado o índice resultante da combinação de variáveis, maior o risco. O índice é apresentado em valores agrupados em classes. Desta forma, para a área urbana de Alegrete foram estabelecidos os seguintes graus de risco: Risco baixo (R1 < 0.05), Risco moderado (R2 0,05 - 0,10), Risco médio (R3 0,10 - 0,30), Risco alto (R4 0,30 - 0,60) e Risco muito alto (R5 > 0,60), conforme o Quadro 6:

Quadro 6 - Graus de risco de inundação em função do perigo e vulnerabilidade.

Vulnerabilidade Perigo a partir de diferentes tempos de retorno - TR

+alta TR 2 (0,918) TR 5 (0,045) TR 20 (0,185) TR 50 (0,101) TR >50 (0,073) 0,96 0,877 0,433 0,178 0,097 0,070 0,91 0,763 0,376 0,154 0,084 0,061 0,86 0,648 0,320 0,131 0,071 0,052 0,81 0,803 0,397 0,163 0,088 0,064 0,76 0,689 0,340 0,139 0,076 0,055 0,71 0,574 0,283 0,116 0,063 0,046 0,66 0,689 0,340 0,139 0,076 0,055 0,61 0,574 0,283 0,116 0,063 0,046 0,56 0,459 0,227 0,093 0,051 0,037 0,51 0,606 0,299 0,123 0,067 0,048

0,46 0,491 0,242 0,099 0,054 0,039

0,41 0,376 0,186 0,076 0,041 0,030

+baixa +alto Perigo +baixo Graus de Risco

MUITO ALTO ALTO MÉDIO MODERADO BAIXO

Org.: Menezes (2018).

Para cada grau de perigo se estabeleceu um cenário de inundação, com variabilidade na área afetada e consequentes danos. Assim, para cada tempo de retorno, existirão variações na estimativa da área e do número de residências

afetadas, com características distintas de vulnerabilidade, acarretando,

consequentemente em distintos cenários de risco de inundação na área urbana de Alegrete.

A estruturação destas informações em um banco de dados espacialmente organizado, permitiu a configuração de um cadastro, sendo possível verificar pontualmente situações de risco, por edificações. A espacialização do número de residências, tendo em vista o risco, permitiu estimar o contingente atingido por inundações, considerando o setor censitário que contém cada moradia.

Esta informação foi obtida a partir do arquivo Basico_UF.xls do Censo demográfico que contém os códigos e nomes das subdivisões geográficas e a informação básica do cadastro de áreas (totais, médias e variâncias). Foram utilizadas as variáveis “número de moradores por setor” e ainda a “média de moradores por domicílio”, permitindo estimar a população atingida em diferentes

graus de risco. Nesta etapa considerou-se definição genérica de domicilio, a partir do IBGE (2010), sendo considerado domicílio o local estruturalmente separado e independente que se destina a servir de habitação a uma ou mais pessoas, ou que estejam sendo utilizado como tal.

Esta rotina, que permite estimar o contingente por classe de risco, foi calculada a partir de um banco de dados georreferenciado, onde a cada uma das residências foram atribuídas colunas na tabela de atributos contendo o grau de perigo de inundação e critérios analisados na vulnerabilidade, além da população estimada por residência, conforme o setor censitário. Foi utilizada a ferramenta Field

Calculator, disponível no ArcGIS® 10.1 (ESRI, 2012), que permite operações com valores das variáveis disponíveis na tabela de atributos de arquivos vetoriais.

A avaliação da metodologia proposta para a análise de risco foi realizada tendo em vista observações de campo, sendo verificadas as respostas de critérios ou ponderações utilizados, em observância com a área de estudo e hipóteses iniciais a respeito da espacialização do risco e seus componentes relacionados à dinâmica das inundações e elementos expostos.

Este capítulo integra as análises realizadas em caráter exploratório, como as rotinas para espacialização das inundações e a ocupação de áreas sujeitas a estes processos, os levantamentos de dados e as hipóteses prévias realizadas a respeito das áreas inundáveis na área urbana de Alegrete. São apresentados os produtos e suas respectivas sínteses, oriundas do uso de técnicas estatísticas, a sua integração com geotecnologias e demais técnicas e procedimentos que subsidiam a análise espaço-temporal da dinâmica das inundações, em abordagem confirmatória destas aproximações iniciais.

Aqui são estabelecidas contribuições inicialmente descritivas, que vão avançando em um primeiro momento ao encontro da compressão da dinâmica temporal das inundações na área de estudo e se estendem para sua quantificação, discretização, e finalmente, inferências quanto à intensidade e frequências dos processos sob contexto da sua distribuição probabilística. Logo, nos aproximamos da compreensão do “quando” ocorrem inundações.

Este caminho de síntese passa pela inserção da compreensão da dinâmica espacial dos processos, onde os valores estabelecidos juntos a serie temporal e, modelados estatisticamente, passam a figurar como abrangência e extensão das inundações. É estabelecida a distinção básica entre os eventos e o quanto estes são perigosos, em função do tempo de retorno. Por sua vez, a análise espacial da vulnerabilidade, expressa o arranjo das estruturas físicas e contexto socioeconômicos na exposição a estes processos.

Deste modo, a determinação de risco consiste em um nível analítico da dinâmica espaço-temporal das inundações. As percepções a respeito do risco associados às inundações figuram, portanto, relações entre elementos externos à população, como a probabilidade de ocorrência e, internos, intrínsecos da ocupação do espaço e de seu padrão socioeconômico. Por fim, é caracterizada uma visão geral a respeito dos riscos, seguida de um detalhamento das áreas, de modo a fornecer entendimento do risco sob a ótica da distribuição dos processos de inundação no sítio urbano de Alegrete.