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Análise dos aspectos em que incidiu a revisão textual na reescrita

CAPÍTULO 4: Metodologia

4.2. Descrição das etapas de registo e análise

4.2.1. Análise dos aspectos em que incidiu a revisão textual na reescrita

Após o primeiro e o segundo momentos de cada sessão, foram analisadas todas as estratégias activadas pelos membros de cada par para a reescrita de um só texto a partir das suas duas versões individuais.

Do trabalho de reescrita foram registadas e analisadas as operações apuradas do confronto entre a versão individual e a versão do par. As operações resultantes da análise estão apresentadas no anexo 2.

O trabalho prévio ao registo em tabela foi a comparação minuciosa do texto individual e de pares nos quais foram destacadas, com códigos específicos, todas as operações efectuadas. Foi também tida em conta a extensão dos textos, contabilizando-se o número de palavras e a sua configuração gráfica, contabilizando-se o número de períodos e parágrafos, estabelecendo-se a comparação entre os textos individuais e o texto do par.

A nomenclatura das operações foi baseada nos estudos de vários autores (Fabre, 1987; Barbeiro, 1999; Chanquoy, 2001; Santana, 2003; Aleixo, 2005). Foram consideradas as Supressões, as Adições, as Substituições e as Deslocações.

Dadas as características do nosso trabalho, em que o texto do par partia da existência prévia de textos individualizados, com base na nomenclatura dos autores referidos, subdividimos duas operações: a Adição e a Substituição, considerando-se de forma específica os casos em que as Adições e as Substituições se fazem por Incorporação do texto 1 ou 2, ou seja, dos textos individuais prévios e não por consideração de novas possibilidades.

Apresentamos de seguida exemplos ilustrativos, organizados da seguinte forma: o primeiro excerto refere-se sempre ao texto individual e o segundo ao texto do par

Supressão – operação que consiste na eliminação de uma ou mais palavras que não foram transcritas no texto do par.

O código das supressões é o rasurado e o realce cinzento. Exemplos:

“Começamos por fazer os coletes com sacos amarelos e depois colamos duas fitas com papel reflector. No dia 17 de Fevereiro continuamos a fazer os coletes e” (Joana 02/03)

“Ás 17:15 h tinha começado o jogo “durante e depois do jogo não aconteceu nada,” (Victor 25/05) “O tema da Área de projecto é a Segurança” (Ivone 02/03)

Deslocação – operação que consiste na modificação sequencial das unidades linguísticas. Incluem-se as deslocações de uma ou mais palavras ou um excerto que muda de lugar na frase ou no texto.

O código da deslocação é o sublinhado em espinha. Exemplos:

“...brincar e também dançamos” (Joana 02/03) “...dançar e também brincar (texto do par 06/03)

“...ver um jogo de futebor e as equipas eram a Ucrânia V. S. Holanda. Os participantes de cada escola levava uma camisola” (Victor 25/05) “...ver o jogo de futebol do sub - 21.

E as equipas eram: Ucrânia – Holanda.” (texto do par 29/05) “...e o que mais gostei foi de ver o jogo” (Marco 25/05)

“O que eu gostei mais foi ver o jogo” (texto do par 29/05)

Substituição – operação que consiste na troca de palavra(s) por outra(s), ausente(s) em qualquer um dos textos individuais, numa determinada estrutura: por sinónimo(s) ou expressão equivalente ou alteração de formas verbais exigida

por estarem a escrever um texto do par. Consideram-se também todas as correcções ortográficas efectuadas.

O código é o sublinhado tracejado. Exemplos:

“...o que eu achei mais engraçado foi a professora deles ir de galinha” (Joana 02/03)

“O que nós achamos mais engraçado foi a professora do 2º ano ir de galinha” (Texto do par 06/03) “...e as lubas é para apanhar matrial” (Luís 02/03)

“...e as luvas servem para agarrarem vários materiais” (Texto do par 06/03) “...a Ucrânia marcou um golo ficou 1-0 foi o intervalo” (Raquel 25/05) “até ao intervalo a Ucrânia estava a ganhar 1-0” (Texto do par 29/05)

Substituição por Incorporação do texto do colega – operação com as mesmas características das substituições explicitadas acima, com a particularidade de que é uma substituição por palavra(s) presente(s) no texto do colega.

O código utilizado é o realce de cor rosa para a aluna, azul para o aluno. Exemplos:

“Comesamos a fazer os fatos” (Luís 02/03)

“Começamos por fazer os coletes” (Texto do par 06/03)

“o 2º ano foi de Desparasitadores” (Raquel 02/03) “2º ano Desinfectadores” (Texto do par 06/03) “2º desinfectadores” (Marco 02/03)

“segundo foi de desinfectadores” (Texto do par 06/03)

Adição – operação que consiste na adição de novas palavras ou ideias que não estão presentes em nenhuma das versões individuais.

Exemplos:

“...no dia 18 já começamos a fazer os capacetes” (Joana 02/03)

“No dia 18 de Fevereiro começamos a fazer os capacetes” (Texto do par 06/03) “O que eu não gostei foi de ter perdido” (Raquel 25/05)

“E o que menos gostámos foi de termos perdido, mas o que foi importante foi que tenha sido divertido.” (Texto do par 29/05)

“...e continuámos á andar.” (Ivone 25/05)

“Continuámos andar até ao estádio” (Texto do par 29/05)

Adição por Incorporação do texto do colega – operação com as mesmas características das adições explicitadas acima, com a particularidade de que é uma adição de palavra(s) ou orações presentes no texto do colega.

Exemplos:

“...foi ao Estádio Munincipal de Águeda ver um jogo de futebor e as equipas eram a Ucrânia V. S. Holanda.” (Victor 25/05)

“...foi ao estádio Municipal de Águeda ver o jogo de futebol do sub - 21. E as equipas eram: Ucrânia – Holanda.” (Texto do par 29/05)

“Comesamos a fazer os fatos no dia 16 de Ferveiro que é uma semans...” (Luís 02/03)

“No dia 16 de Fevereiro, nós começamos os preparativos para o Carnaval” (Texto do par 06/03) “As equipas que jogaram foram a Ucrânia V.S. Holanda.

O que eu gostei mais foi de ver o jogo.” (Ivone 25/05)

“...as equipas que jogaram foram a Ucrânia V.S. Holanda o jogo começou ás 17 h 15 m.” (Texto do par 29/05)

Após o registo das operações na grelha 1, anteriormente explicitadas, procedeu- se à análise das operações tendo em conta uma perspectiva baseada na Gramática Sistémico-Funcional de Halliday (1994), quanto ao sistema de representatividade.

Segundo este sistema, a língua representa a realidade através da expressão de processos por meio da frase/oração.

Cada processo caracteriza-se por fazer intervir um ou vários participantes, correspondentes a funções desempenhadas. Estas funções correspondem aos papéis semânticos activados por cada processo: Actor, Meta, Beneficiário, Experienciador, Portador, etc.. Para além dos Participantes, devemos ainda considerar, ao nível das funções, as Circunstâncias, as quais estabelecem, designadamente, a localização de um acontecimento no tempo ou no espaço, indicam o seu modo, ou a sua causa.

A consideração desta perspectiva permitiu-nos efectuar a análise das operações segundo três níveis:

Nível 1 – referente ao processo ou conjunto de processos; Nível 2 – referente às funções presentes nas orações;

Nível 3 – referente aos elementos internos dos constituintes que desempenham as funções.

Assim, qualquer uma das operações pode ocorrer a um destes três níveis.