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ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

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3. METODOLOGIA

3.3 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

Como mencionando anteriormente, foram coletadas informações através de três instrumentos: o questionário diagnóstico aplicado na etapa A, e o teste da matriz de repertório e as gravações dos consensos dos grupos durante as discussões em sala, aplicados na etapa B da intervenção didática. O fluxograma apresentado na figura 9 explicita as fases do Ciclo da experiência (etapa B) nas quais esses instrumentos foram aplicados, bem como seu objetivo em cada momento.

Análise dos pré- testes

Considerações finais

Fig.09: Fluxograma que apresenta as fases da coleta e análise de dados Análise dos

pós-testes Fase 05

Análise da evolução do discurso dos grupos ao longo da intervenção Matriz de

repertório

Gravações dos consensos dos grupos Fase 01 Fase 03

Matriz de repertório

Conclusões

Nesta seção serão ainda apresentadas as metodologias adotadas para a análise destes dois instrumentos de coleta de dados: as gravações dos grupos e a Técnica da Matriz de Repertório. A partir da análise das informações coletadas, foram feitas as considerações finais sobre o processo de aprendizagem das propriedades da matéria e o papel da intervenção didática nas mudanças ocorridas nos sistemas de construção dos alunos participantes deste processo.

3.3.1 Gravações dos Consensos

Os consensos dos grupos formados durante as três abordagens da intervenção (uma para cada classe de propriedades) foram transcritos e analisados tendo em vista a sua evolução ao longo do processo. A pertinência dos aspectos estruturais citados, a coerência das relações levantadas entre as propriedades e estes aspectos, bem como a validade das terminologias utilizadas, foram pontos observados nas respostas dos grupos.

A análise destes consensos foi orientada de forma a monitorar a evolução das posturas adotadas pelos grupos ao longo das três abordagens e verificar possíveis alterações na maneira como as propriedades eram relacionadas aos aspectos estruturais relevantes em seu estudo. O fato destas três abordagens terem sido concebidas baseadas em um mesmo roteiro possibilitou uma análise mais integrada dos consensos obtidos nestes três momentos, e conseqüentemente um diagnóstico mais preciso acerca da evolução das posturas adotadas pelos grupos.

3.3.2 Matrizes de Repertório

Nesta pesquisa a análise dos testes de matriz de repertório constitui a principal fonte de informações sobre a estrutura cognitiva dos alunos em relação às propriedades da matéria e as eventuais alterações que tenham ocorrido nestas estruturas altamente complexas.

A análise qualitativa destes testes buscou identificar os construtos explicitados a partir dos pólos construídos pelo aluno, o grau de diferenciação usado para classificar os materiais em cada construto, assim como a faixa de conveniência de cada construto. Foram analisados também os pólos utilizados para construir as dicotomias referentes a cada construto, bem como os termos utilizados pelos alunos durante o processo.

A análise quantitativa foi feita a partir do cálculo de fatores de correlação entre os construtos propostos por cada aluno. Tal análise teve como objetivo inferir até que ponto cada aluno conseguiu articular tais elementos para fazer referência aos materiais. Para efetuar este cálculo considerou-se a escala numerada de 01 (um) a 05 (cinco), utilizada pelo aluno para classificar cada material em relação aos pólos definidos para cada construto. Foi necessário,

entretanto, levar em conta quais os pólos de cada construto e sua disposição na matriz. Foram trabalhadas, desta forma, duas situações distintas no cálculo de correlação.

Um primeiro caso é aquele em que os pólos A definidos para os dois construtos estão diretamente relacionados. Desta forma, quanto menor a diferença entre as pontuações dadas para um mesmo material, maior o percentual de coincidência entre os dois construtos em questão. Em nível de exemplo, podemos considerar a matriz ilustrada na Tabela 6, construída a partir de 04 (quatro) materiais diferentes e sobre para quais foram propostos 03 (três) construtos.

Tabela 6: Exemplo de matriz de repertório

Alumínio Tijolo Ferro Madeira

(A) (B) (C) (D)

C1 isolante elétrico 4 1 5 3 condutor elétrico

Construtos C2 isolante térmico 5 1 5 1 condutor térmico

C3 ligações metálicas 1 5 1 4 ligações não metálicas

Eleme ntos

Pólo A (01) Pólo B (05)

Tais construtos podem ser tratados como condutividade elétrica (C1), condutividade térmica (C2) e caráter metálico das ligações químicas (C3). Para calcular a correlação entre os construtos C1 e C2, deve-se observar que os dois pólos definidos como A (isolante elétrico e isolante térmico) estão diretamente relacionados, do mesmo modo que os pólos definidos como B (condutor elétrico e condutor térmico).

Desta forma, quanto menor a diferença entre as pontuações dadas para dois materiais diferentes, maior será o percentual de coincidência entre estes dois construtos (RODRIGUES, 2005). Na Tabela 7 estão listados os valores de percentuais de coincidência adotados, em função da diferença entre as pontuações atribuídas para um mesmo material.

Tabela 7: Percentuais de Coincidência para cálculo da correlação. Diferença entre as pontuações dadas

para determinado material 0 1 2 3 4

Percentual de coincidência para este

material 100 % 75 % 50 % 25 % 0 %

Esta relação pode ser matematicamente expressa pela equação representada a seguir, onde D é o módulo da diferença entre as duas pontuações e F é o fator de coincidência correspondente (0 ≤ F ≤ 1) (RODRIGUES, 2005).

Para efetuar o cálculo do fator de correlação entre os dois construtos citados anteriormente (C1 e C2) na matriz exemplo, as pontuações correspondentes são transferidas para uma

planilha Excel, onde serão calculadas as diferenças entre as pontuações dadas para cada material e os respectivos fatores de coincidência, através da relação apresentada (F=1- 0,25.D). O fator de correlação será adotado como sendo a média aritmética dos fatores de coincidência calculados desta forma (RODRIGUES, 2005). A Tabela 8 ilustra o procedimento do cálculo do fator de correlação entre os dois construtos usados como primeiro exemplo.

Tabela 8: Cálculo do fator de correlação entre C1 e C2 da matriz exemplo.

Elementos (A) (B) (C) (D) C1 4 1 5 3 Pontuações C2 5 1 5 1 Diferenças (D) 1 0 0 2 Fatores de Coincidência (F) 0,75 1,00 1,00 0,50 Fator de Correlação entre C1 e C2

(Média dos valores de F) 0,8125 (81,25%) F =1 - 0,25.D

Como pode ser visto ainda na Tabela 8, os construtos condutividade elétrica (C1) e

condutividade térmica (C2) foram bem articulados na matriz de repertório exemplo,

apresentando um fator de correlação de 81,25%. Isto seria um indício de que o aluno exemplo apresentaria em sua estrutura cognitiva um nível razoável de articulação entre estes dois construtos, percebendo que em geral os corpos que são bons condutores elétricos também conduzem calor com certa facilidade.

Voltando à Tabela 6, é possível ainda calcular o fator de correlação entre os construtos C1 e

C3. Neste segundo caso, entretanto, o procedimento adotado para o cálculo dos fatores de

coincidência deverá levar em conta que o pólo B do construto C1 (condutor elétrico) está

diretamente relacionado com o pólo A do construto C3 (ligações metálicas). Desta forma,

quanto maior for a diferença entre as pontuações originalmente dadas para um certo material, maior será o fator de coincidência entre estes dois construtos para o material em questão.

Com o intuito de manter o procedimento apresentado para o cálculo dos fatores de coincidência (e conseqüentemente do fator de correlação) entre dois construtos, é possível permutar os pólos de um dos construtos. Nesta permuta, as pontuações dadas a cada material serão substituídas por seus valores complementares (em relação à pontuação cinco) como mostrado na Tabela 9, apresentada a seguir.

Tabela 9: Modificação das pontuações para cada material por ocasião da permuta entre os pólos de determinado construto .

Pontuação original 1 2 3 4 5

Pontuação complementar 5 4 3 2 1

Desta forma, para o cálculo do fator de correlação entre C1 e C3, os pólos deste último

construto serão permutados com o intuito de que os pólos A de cada construto fiquem diretamente relacionados. Após a permuta dos pólos de C3, o procedimento é similar ao

realizado anteriormente; transportam-se os dados para o Excel, calculam-se os percentuais de coincidência pela expressão F = 1 –0,25.D e por fim o fator de correlação, pela média aritmética destes percentuais.

A Tabela 10 exemplifica o procedimento para cálculo do fator de correlação entre estes construtos na matriz exemplo. Nesta tabela, as pontuações referentes ao construto C3, que

teve seus pólos permutados, são referidas por C3.

Tabela 10: Cálculo do fator de correlação entre C1 e C3 da matriz exemplo.

Elementos (A) (B) (C) (D) 1 C 4 1 5 3 Pontuações 3 C 5 1 5 2 Diferenças (D) 1 0 0 1 Fatores de Coincidência (F) 0,75 1,00 1,00 0,75 Fator de Correlação entre C1 e C2

(Média dos valores de F) 0,875 (87,5%)

Após o cálculo dos fatores de correlação entre os construtos propostos pelos alunos em suas matrizes, foram selecionados aqueles mais significativos. Sobre este procedimento, serão fornecidos mais detalhes na próxima seção.

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