PARTE II – METODOLOGIA EMPÍRICA
CAPÍTULO 6. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
6.1. Os dados da escala revista de Conners (1997)
6.1.1. Análise dos dados da criança A
Após o preenchimento dos questionários de Conners (1997) realizados à mãe e à educadora da criança A, que representa o nosso S.E., os resultados obtidos foram sujeitos a uma análise comparativa. Os valores expostos na Tabela 11 correspondem aos resultados normativos da Escala de Conners (1997) nos questionários realizados pela mãe e educadora antes e após a nossa intervenção.
Tabela 11 – Resultados normativos da Escala de Conners do S.E.
Mãe Educadora
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
Escala de Comportamentos de Oposição -- -- 52 52
Escala de Problemas Cognitivos/Desatenção 81 75 82 82
Escala de Excesso de Atividade Motora 87 82 59 57
Índice de Défice de Atenção e Hiperatividade 78 73 66 63
Tendo em conta que o valor 70 no índice de PHDA da escala de Conners remete para um problema significativo marcadamente atípico, todos os resultados normativos obtidos pelo questionário da mãe, são superiores a esse valor. No que respeita aos resultados obtidos pelo questionário realizado à educadora, todos os valores apresentados, à exceção da escala que
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avalia os problemas cognitivos e desatenção, são inferiores a 70, porém ainda são considerados elevados.
Analisando comparativamente os resultados apresentados na Tabela 11 destacam-se dois resultados no questionário da educadora que não sofreram nenhuma alteração, tanto em pré- teste como em pós-teste, nomeadamente os comportamentos de oposição e os problemas cognitivos/desatenção. O valor correspondente à escala de comportamentos de oposição em não levanta preocupações, encontrando-se dentro da média, comparando com a sua faixa etária. Não obstante, o outro valor que se manteve constante é indicativo de um problema significativo ao nível da atenção. Este valor tão elevado também se deve ao facto de a criança ter uma DID ligeira, portanto está relacionado com as suas dificuldades escolares e aos problemas ao nível da concentração em tarefas que requerem um esforço prolongado.
Analisando comparativamente os resultados dos dois questionários realizados pela mãe, pode-se observar um decréscimo de todos os valores. No entanto, os valores obtidos nas escalas analisadas continuam a ser considerados marcadamente atípicos e são indicativos de problemas significativos em qualquer dos domínios, destacando-se o excesso de atividade motora.
Os valores obtidos em pré-teste apresentam concordância na Escala de Problemas Cognitivos/Desatenção. Os resultados da escala que avalia a atividade motora e o índice de PHDA, a mãe e educadora não são coincidentes, como se pode constatar no Gráfico 3.
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Gráfico 3 – Perfil de avaliação da Escala de Conners em pré-teste do S.E
De um modo geral, os resultados da mãe em pré-teste são mais elevados do que os obtidos pela educadora e destaca-se o valor obtido na escala de atividade motora, que é muito significativo no contexto familiar, mais que qualquer outra escala.
Analisando os valores na Escala de Conners em pós-teste, verificamos que os valores sofreram uma ligeira descida e acentuou-se a diferença do resultado normativo da escala de problemas cognitivos/desatenção, entre a mãe e a educadora, como se pode constatar no Gráfico 4.
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Gráfico 4 – Perfil de avaliação da Escala de Conners em pós-teste do S.E.
O resultado encontrado na escala de excesso de atividade motora pode-se considerar ligeiramente atípico, indiciando a apresentação de comportamentos de irrequietude motora e impulsividade em contexto escolar e marcadamente atípico em contexto familiar.
A escala D que nos indica o índice de PHDA observa-se uma diminuição no resultado normativo no pós-teste pela educadora e pela mãe (Gráfico 3 e 4). Este decréscimo na maioria dos resultados deve-se ao facto de que houve uma melhoria no comportamento do sujeito nos dois contextos naturais. Analisando comparativamente o questionário nos dois momentos de avaliação, deparamo-nos que houve itens em que se registaram melhorias no comportamento em contexto escolar, que iremos apresentar no Gráfico 5.
Gráfico 5 – Análise dos itens da Escala de Conners preenchido pela educadora
Comparando os 28 itens que constituem o questionário de Conners para professores, não se registou nenhuma resposta em que o sujeito tivesse tido um valor superior em pós-teste. Porém, registou-se uma diminuição de intensidade do comportamento em 6 itens como apresentámos anteriormente. Os itens 1, 14 e 16 avaliam o índice de PHDA e os itens 21 e 24 a atividade motora. O item 27 é comum aos dois.
Tendo em conta o registo das respostas “1. Desatento, distrai-se facilmente”, “14. Tem
um tempo curto de atenção”, “16. Dá apenas atenção a coisas em que está realmente interessada” e “24. Tem dificuldade em empenhar-se em jogos ou atividades de lazer, de forma sossegada” anteriormente a docente tinha respondido “muito frequente” e em pós-teste
“frequentemente”. Apesar destes resultados serem preocupantes, evidenciam um ligeiro decréscimo dos mesmos. O item 21 “Corre em volta do espaço ou trepa de forma excessiva em
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situações em que esses comportamentos não são adequados” e o item 27 “Excitável e impulsivo”, presentemente é apenas “um pouco”, o que retrata que em contexto escolar o
comportamento do sujeito não revela grande preocupação.
Em relação à avaliação realizada pela mãe antes e após a nossa intervenção, constatámos que também se registou uma melhoria no comportamento da criança junto da família, como se pode observar no Gráfico 6.
Gráfico 6 – Análise dos itens da Escala de Conners preenchida pela mãe
A análise dos 27 itens que constituem o questionário de Conners para pais, não se registou nenhuma resposta em que o sujeito tivesse tido um valor superior em pós-teste, mas verifica-se uma melhoria em 6 itens. Os itens 11 e 16 avaliam comportamentos de oposição, os itens 3 e 17 avaliam os problemas cognitivos/desatenção, o item 25 é comum à atividade motora e ao índice de PHDA e o item 26 apenas avalia a atividade motora.
Analisando os dados dos dois questionários respondidos pela mãe, destacamos os itens “3.
Dificuldade em fazer ou acabar os trabalhos de casa”, “11. Perde o controlo” e “17. Evita, tem relutância ou tem dificuldade em empreender tarefas que exigem um esforço continuado” que,
segundo a progenitora, os comportamentos diminuíram de intensidade/duração, passando de “muito frequente” para “frequentemente”. Estas respostas refletem uma melhoria ao nível da capacidade de atenção. Os restantes itens “16. Irritável”, “25. Não segue instruções e não acaba
os trabalhos no lugar” e “26. Não segue instruções que lhe foram dadas e não termina o trabalho escolar”, atualmente a mãe respondeu “um pouco” e estão relacionados com a
melhoria na interação com os pares e família.
Em suma, o S.E. apresentou uma evolução positiva na maioria das escalas avaliadas, entre os resultados da avaliação inicial e os resultados obtidos depois da intervenção, porém os valores obtidos junto da família continuam a ser preocupantes e mais graves que no contexto escolar.