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PARTE I – ESTADO DA ARTE

CAPÍTULO 4. O ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO DA EE (PORTUGAL E ESPANHA)

4.1. A EE em Portugal

4.1.3. Os serviços de apoio em Portugal

O Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, prevê uma intervenção circunscrita aos alunos que apresentam limitações significativas ao nível da atividade e da participação, num ou em vários domínios da vida, decorrentes de alterações funcionais e estruturais, de carácter permanente. Isto resulta em dificuldades na comunicação, aprendizagem, mobilidade, autonomia, relacionamento interpessoal e participação social.

Do ponto de vista legislativo, com a publicação deste decreto, criaram-se condições em Portugal, para que todos os alunos, sem exceção, possam frequentar a escola, incluindo os que têm problemáticas mais complexas. A criação de unidades integradas, preparadas com adaptações ao ambiente educativo dentro das escolas, permite receber alunos que anteriormente eram encaminhados para as instituições de EE, assenta no pressuposto de que os alunos com NEE devem frequentar turmas regulares e participar na vida da escola.

De seguida, irão ser apresentados alguns indicadores quantitativos dos resultados do Plano de Ação para a Educação Inclusiva 2005-2009 (DGIDC, 2009) e sobre os aspetos que esta legislação incide no panorama nacional.

Assim, em relação aos recursos humanos, em setembro de 2009, estavam colocados 4779 docentes de EE e 700 auxiliares de ação educativa, para uma população escolar com NEE próxima

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de 3% do total de alunos a frequentar a escolaridade obrigatória, tal como se pode constatar na Tabela 2.

Tabela 2 - Alunos em Educação Especial Fonte: DGIDC (2009)

Alunos em escolaridade obrigatória 1 235 464 100%

Alunos NEE e com PEI 31 776 2,6%

Alunos em Escolas Especiais 2392 0,2%

Alunos em unidades de apoio especializado nas Escolas Públicas 2115 0,2%

Como referimos anteriormente, esta normativa reconhece a especificidade do processo educativo e determina que as escolas ou agrupamentos de escolas possam desenvolver respostas específicas com a criação de unidades de ensino estruturado para a educação de alunos com Perturbações do Espetro do Autismo (PEA) e unidades de apoio especializado para a educação de alunos com multideficiência e surdocegueira congénita. Na sua generalidade, estas unidades são intervencionadas por técnicos da área da saúde e da reabilitação que atuam num campo interdisciplinar, cuja intervenção visa responder efetivamente a muitas situações nas quais a adaptação está comprometida, e onde é indispensável uma compreensão interligada do funcionamento do sujeito nos seus vários domínios comportamentais. Os técnicos são colocados a partir de projetos que algumas instituições fizeram com os agrupamentos de escolas, como é o caso dos Centros de Recursos para a Inclusão (CRI), que iniciou a sua atividade no ano letivo 2009/2010. O seu funcionamento assenta numa lógica de parceria através da prestação de serviços especializados dirigidos aos alunos que frequentam a escola regular, aos professores, às famílias e à comunidade educativa numa perspetiva de implementação de políticas e de práticas inclusivas. A escola passou a assegurar os apoios específicos ao nível de terapias, da psicologia e da orientação e mobilidade aos alunos que eventualmente dela possam necessitar. Na sequência de um processo de acreditação foi constituída uma rede nacional de 74 CRI e 1289 técnicos colocados no sistema (terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala, fisioterapeutas, psicólogos, intérpretes de Língua Gestual Portuguesa (LGP), etc.).

Em setembro de 2009 estavam em Portugal 2115 alunos, 0,2% do total de alunos em escolaridade obrigatória, a frequentar estas unidades de apoio especializado. Estas unidades constituem um recurso pedagógico dos agrupamentos e pretendem ser uma mais-valia no processo de inclusão. De seguida, a Tabela 3 mostra o número de unidades existentes em Portugal.

Tabela 3 – Unidades de Apoio Especializado em Portugal Fonte: DGIDC (2009)

Unidades de ensino estruturado a alunos com PEA 187

Unidades especializadas a alunos com multideficiência e surdocegueira congénita 292

A criação de escolas e agrupamentos de referência para a deficiência visual e auditiva tem como finalidade a concentração de recursos humanos e materiais. Os alunos cegos ou com baixa visão integram a turma regular e a escola coloca à sua disposição os apoios necessários para melhorar a sua atividade e participação. Os alunos surdos, por sua vez, têm a possibilidade de

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estarem junto dos pares que comunicam por Língua Gestual Portuguesa (LGP) no sentido de promover assim a sua aprendizagem. A Tabela 4 apresenta o número de escolas e agrupamentos de referência existentes.

Tabela 4 – Escolas de Referência Fonte: DGIDC (2009)

Agrupamentos de Referência para a Educação Bilingue de Alunos Surdos 10 Escolas Secundárias de Referência para a Educação Bilingue de Alunos Surdos 10 Agrupamentos de Referência para Apoio à Educação de Alunos Cegos e com Baixa Visão 25 Escolas Secundárias de Referência para Apoio à Educação de Alunos Cegos e com Baixa Visão

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De forma a melhorar a organização, coordenação e gestão de serviços e de recursos, foram criados agrupamentos de referência para a Intervenção Precoce, onde são colocados docentes de EE para pertencer às equipas locais de intervenção. Compete a estes agrupamentos, através da colocação dos docentes, a prestação de apoios no âmbito da Intervenção Precoce e a articulação com os serviços de saúde e de segurança social. As equipas de Intervenção Precoce são multidisciplinares e apoiam crianças com idades compreendidas entre os 0 e os 6 anos e respetivas famílias (Tabela 5).

Tabela 5 – Intervenção Precoce Fonte: DGIDC (2009)

Crianças em Intervenção Precoce 4335

Docentes colocados em Intervenção Precoce 500

Agrupamentos de Referência para a Intervenção Precoce 144

Foram criados 25 Centros de Recursos de Tecnologias de Informação e Comunicação (CRTIC) cujos objetivos são avaliar as necessidades específicas dos alunos, em termos de tecnologia de apoio, assessorar as escolas nesta área e informar profissionais e famílias. Os CRTIC estão equipados com hardware, software e periféricos específicos, digitalizadores de fala, robots, braços articulados, etc.