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CAPÍTULO 2 PERCURSOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

2.3 A análise dos dados

Para analisar os nossos dados obtidos por meio dos documentos e transcrições das entrevistas e dos grupos focais, utilizamos as estratégias técnicas oriundas do método de análise de conteúdo proposto por Bardin (2011). Este procedimento é definido pela autora como sendo

[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens (BARDIN, 2011, p.48).

69 Realizamos o grupo focal com os bolsistas do PIBID de Ciências Biológicas no dia 01/07/2016 às 10:00 horas; já com os bolsistas do PIBID de Química desenvolvemos o grupo no dia 09/08/2016 às 14:00 horas.

70 Desenvolvemos os dois grupos focais na sala de Laboratório de Ensino do Departamento de Educação da UFV. Optamos por essa sala por ser um local espaçoso, confortável, tranquilo, possibilitando, ainda, a organização das cadeiras em formato de um círculo, em torno de uma mesa, conforme nos orienta Bernadete Gatti (2005). Isso possibilitou uma maior interação entre os sujeitos.

Nesse sentido, a fase exploratória dos dados – a pré-análise – consistiu na leitura flutuante71 do material e na sua organização. No caso das entrevistas e dos grupos focais, transcrevemos72 (Apêndice H) todo o conteúdo manifesto e explícito pelos participantes do estudo.

No processo mais analítico, buscamos codificar, classificar e categorizar os conteúdos do nosso material empírico. Sendo assim, a exploração do material constituiu a segunda fase da análise, a qual envolveu a transformação dos dados brutos do texto em recortes (codificação) e a identificação das unidades de registro (UR) e de contexto (UC)73, cujas mensagens foram agrupadas a partir da recorrência semântica dos dados obtidos. Como optamos por trabalhar com o tema74 como unidade de registro, procuramos buscar o significado e o sentido dos conteúdos. Esta fase abarcou, portanto, uma leitura exaustiva de todo o material coletado, o qual foi submetido a um estudo aprofundado, conduzido pelo nosso referencial teórico.

Definidas as unidades de análise, estabelecemos, assim, as nossas categorias temáticas. A categorização fundamenta-se em

[...] uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, em seguida, por reagrupamento segundo o gênero (analogia), com os critérios previamente definidos. As categorias, são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos ... sob um título genérico, agrupamento esse efectuado

em razão dos caracteres comuns destes elementos” (BARDIN, 2011, p. 147).

Assim sendo, a análise de conteúdo dos documentos foi realizada por meio da seleção dos segmentos do texto, os quais foram demarcados75 em unidades de registro – fragmentos do texto que foram objetos de recorte – e de contexto – segmentos do texto que servem de compreensão da unidade de registro.

Em se tratando das entrevistas, construímos, primeiramente, um quadro com todas as respostas de um mesmo entrevistado, contendo a sua fala na íntegra; em seguida, criamos quadros onde compilamos as respostas de todos os entrevistados a uma mesma pergunta. O

71 A leitura flutuante consiste no estabelecimento de contatos com os materiais empíricos a serem analisados, na intenção de conhecer os textos e as mensagens neles contidos (FRANCO, 2005; BARDIN, 2011).

72 Para transcrever as entrevistas utilizamos as orientações sugeridas por Manzini, por meio das contribuições de Marcuschi (1986), o qual apresenta normas a serem utilizadas na transcrição de entrevistas. Recorremos ainda a alguns códigos utilizados por Neves (2014) na sua dissertação de mestrado.

73 Cabe esclarecer que, de acordo com Bardin (2011), a unidade de registro (UR) corresponde ao segmento da mensagem a considerar como unidade de base; já a unidade de contexto (UC) serve de unidade de compreensão para codificar a unidade de registro.

74 A análise temática ou categorial é considerada por Franco (2005) como uma das mais úteis unidades de registro em análise de conteúdo.

75 Construímos um quadro que ilustra a demarcação da unidade de registro e de contexto dos documentos. Este quadro está situado no capítulo 3 deste estudo, especificamente no item 3.1 – “Ações dos supervisores: o que os

processo de análise envolveu o recorte e o agrupamento das falas dos entrevistados em temas correlatos, os quais foram desmembrados em categorias e subcategorias, conforme nos ensina Franco (2005) (Quadro 2).

Quadro 2 – Categorização das entrevistas: tema, categoria e subcategoria Tema

Concepções dos supervisores sobre o PIBID e a sua atuação

Categoria Subcategoria

Motivações

Contexto escolar;

Dimensão prática como formativa; Interesse pela bolsa

Relação supervisor, escola e universidade Acolhimento do PIBID e do papel atribuído ao supervisor;

Lugar ocupado pelo supervisor (relações de força e poder)

Atuação do supervisor Desempenho de diferentes ações de formação; Adoção (ou não) de estratégias formativas;

Dimensão prática da formação Percepção do supervisor sobre o seu papel Conhecimento do papel a ser desempenhado

(deveres);

Favorecimento de saberes ligados a situações práticas de ensino;

Obstáculos e desafios para exercer o papel de supervisor

Aprendizagem adquirida Aprendizagem da docência; Situações que fomentam o desenvolvimento

profissional;

Condições necessárias para alcançar um desenvolvimento profissional mais efetivo Fonte: Dados da entrevista da pesquisa. 2016.

Quanto aos dois grupos focais, buscamos, inicialmente, transcrevê-los de modo separado. Depois de transcritos, realizamos a análise específica de cada grupo. No processo de análise, buscamos destacar e agrupar, em diferentes temáticas, as falas majoritárias como as que ficaram em minoria, realçando-as por meio de cores diferenciadas, utilizando, para isso, a ferramenta do Word – cor do realce do texto –, a qual nos permitiu uma melhor visualização das opiniões dos entrevistados. Em um segundo momento, criamos as nossas categorias e subcategorias, por meio de uma análise comparativa dos dois grupos realizados (Quadro 3), evidenciando as suas semelhanças e especificidades.

Quadro 3 – Categorização dos grupos focais: tema, categoria e subcategoria Tema

Concepções dos bolsistas sobre a atuação dos supervisores no PIBID

Categoria Subcategoria

Relações entre bolsista, supervisor e escola Acolhimento do bolsista na escola

Papel do supervisor Ações de formação;

Contribuições para a formação do bolsista; Ausência de estratégias formativas; Lugar ocupado na formação dos bolsistas Fonte: Dados do grupo focal da pesquisa. 2016.

É importante destacar que esta etapa de categorização não foi um processo fácil, pelo contrário, pois envolveu “[...] constantes idas e vindas da teoria ao material de análise, do material de análise à teoria”, tornando o processo longo e, ao mesmo tempo, desafiante (FRANCO, 2005, p. 58).

A última etapa da análise abarcou as nossas inferências76 e interpretações das mensagens, em que buscamos dialogar os dados com as teorias que fundamentaram o nosso estudo. Foram as inferências que conferiram a este procedimento importância teórica, na medida em que nos permitiu estabelecer relações e conexões entre os conteúdos e o referencial teórico, produzindo, portanto, sentido as nossas interpretações, já que a informação puramente descritiva possui pouco valor (BARDIN, 2011).

76 Franco (2005, p. 26) define o processo de inferências como sendo “[...] o procedimento intermediário que vai permitir a passagem, explícita e controlada, da descrição à interpretação” dos dados. Deste modo, pressupõe a comparação das mensagens com os pressupostos teóricos do estudo.

CAPÍTULO 3 - OS SUPERVISORES E A FORMAÇÃO DOS BOLSISTAS DE