• Nenhum resultado encontrado

Análise e Interpretação dos Dados

No documento Download/Open (páginas 92-95)

Neste trabalho, a coleta, a análise e a interpretação dos dados foram integradas e produzidas mediante a interação da pesquisadora com os protagonistas do processo apreciativo, em suas diferentes formas de narrativas e expressão. Vale salientar que Cooperrider, Whitney e Stavros (2009) recomendam a execução da análise dos dados simultaneamente ao processo de coleta destes, cujo sequenciamento está associado ao modelo cíclico de 5-D. Os autores ainda destacam que a busca pelo método perfeito para extração de sentido dos dados não é importante, posto que não existe apenas uma maneira correta de análise. “Os dados podem ser reduzidos e exibidos em diagramas, cartazes, tabelas, figuras, livros de histórias, boletins

informativos e outros recursos visuais” (COOPERRIDER; WHITNEY; STAVROS, 2009, p. 132).

A interpretação de dados é a essência do procedimento empírico e tem a função de desenvolver a teoria, ao mesmo tempo em que serve de base para a decisão sobre a necessidade de coleta de mais informações e sobre quais dados adicionais deve-se coletar. Assim sendo, abandona-se o processo linear de coletar os dados primeiro para depois interpretá-los, favorecendo-se de um procedimento entrelaçado (FLICK, 2004). Portanto, buscou-se verificar as ações e interações dos participantes durante o lançamento e discussão dos temas abordados, fazendo-se as respectivas análises.

Utilizou-se a análise de conteúdo, prescrita por Bardin (1977), para extrair significado dos dados textuais coletados e transcritos, em estreita conversação com os oito participantes do GCP da UAST/UFRPE. No caso desta pesquisa, em que se obteve falas nas entrevistas e oficinas, foi assegurado aos participantes das etapas do ciclo apreciativo que seria preservado o anonimato das fontes, com o uso de codificação alfanumérica dos autores.

Deve ser dito que cada “D” do ciclo apreciativo constitui uma unidade temática, com suas peculiaridades, limites e potencialidades construídas ao longo do processo, incluindo a própria forma de envolvimento na coleta e na validação dos dados pelos participantes, que podem estabelecer os sentidos a serem alcançados por meio da linguagem. A categorização dos resultados, por unidade temática associada aos “Ds” expressa as particularidades de cada um, como será visto mais adiante.

Assim, deve-se levar em conta o que dizem Barret e Fry (2005) a respeito do poder das palavras na pesquisa apreciativa. Para os autores, no contexto interpretativo, as palavras identificam e validam certos tipos de ações, sobretudo as que são desenvolvidas no trabalho em equipe e na cooperação, posto que seus participantes estão em sinergia com o que se traduz em uma rede completa de categorias, metáforas e histórias que dão significado ao que está sendo tratado em um determinado processo.

A validação depende do contexto de trocas interpessoais, dos compromissos que são forjados, dos relacionamentos e dos tópicos que se tornam o foco da conversa (BARRET; FRY, 2005). A este processo linguístico corresponde o que se faz na análise de conteúdo, que segundo Bardin (1977), decorre de um conjunto de técnicas metodológicas em constante aperfeiçoamento, que se aplicam à análise de discursos diversificados e utiliza procedimentos sistemáticos de descrição do conteúdo das mensagens estudadas, visando descrevê-las, inferir algo sobre elas e interpretá-las. Para a autora, essa metodologia consiste em uma análise dos “significados”, como a análise temática, ou dos “significantes”, como uma análise léxica, de

procedimentos, etc., que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção ou recepção da comunicação.

Na realização da análise de conteúdo, à medida que as informações obtidas são confrontadas com conhecimentos já existentes, pode-se chegar a vastas generalizações, o que a torna uma das mais importantes ferramentas para a análise das comunicações de massa (GIL, 2008). Esta técnica é um procedimento clássico de verificação de material textual, não importando a origem desse material; além disso, auxilia a interpretação dos dados referentes à questão de pesquisa, respondendo, validando e gerando seus resultados (FLICK, 2004).

Em paralelo com a análise de conteúdo, consonante com o escopo da pesquisa, a interpretação dos dados deste trabalho, especificamente, refletiu-se na produção de um tipo peculiar de análise do discurso, ou seja, o discurso positivo, como proposto por Cooperrider, Whitney e Stavros (2009) e utilizado por Cabral (2015), propiciando que se obtivesse evidências identificadas com os valores positivos na organização para entender seus processos de mudança, sobretudo no caso em estudo.

Para a validação da avaliação apreciativa dos resultados fez-se uso da triangulação teórico-empírica dos dados, de modo a evitar o enviesamento de uma única metodologia e obter definições mais ricas e detalhadas do assunto estudado (AZEVEDO et al., 2013). Assim, buscou-se não apenas a convergência de dados oriundos de uma única fonte, mas também a correspondência com outros elementos, pois a triangulação deve expandir as atividades de pesquisa empregando mais de um método e/ou fonte de dados (ZAPPELLINI; FEUERSCHÜTTE, 2015).

Segundo Azevedo et al. (2013, p. 4), “informações advindas de diferentes ângulos podem ser usadas para corroborar, elaborar ou iluminar o problema de pesquisa”. Para eles,

a triangulação metodológica refere-se ao uso de múltiplos métodos para obter os dados mais completos e detalhados possíveis sobre o fenômeno. Este tipo de triangulação é a mais estudada e aplicada. Envolve a combinação de diversos métodos, geralmente observação e entrevista, de modo a compreender melhor os diferentes aspectos de uma realidade (AZEVEDO et al., 2013, p. 5).

Desse modo, tornou-se imprescindível realçar as múltiplas fontes de evidências da temática estudada, em meio à revisão do referencial teórico e documental e à construção do quadro de conhecimento construído por parte do grupo de colaboradores da pesquisa (OLIVEIRA; AMORIM, 2017). O foco naquilo que é útil em cada situação avaliada, decorre da escolha intencional de estimar essas ações, ainda que esse método também leve em conta as descrições sobre os problemas percebidos ou enfrentados, caso venham à tona (COOPERRIDER; WHITNEY, 2006).

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

No presente capítulo, expõe-se a análise e a discussão dos resultados obtidos na pesquisa. Inicia-se com a caracterização da instituição foco de estudo para, em continuidade, apresentar-se a contextualização das experiências de Bancos de Talentos no setor público, por meio de benchmarkings, e a aplicação detalhada da abordagem de Investigação Apreciativa (IA) à Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

No documento Download/Open (páginas 92-95)