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As mudanças e reformas previdenciárias levam em consideração as alterações demográficas. Isso porque a população idosa tem crescido, e opostamente a população jovem diminuído, o que obviamente afeta diretamente a Seguridade Social brasileira, uma vez que é caráter solidário e fundo de cotização mútuo.

Apesar da nova legislação, qual instituiu o novo sistema de pontos, entrar em vigor apenas no ano de 2015 sua discussão já decorre de tempos passados. Onde já no ano de 2008 o Senado havia aprovado um projeto de lei que dava fim ao fator previdenciário. De um lado visava dar a vantagem da retirada do então temido fator e de outro manter o segurado por mais contribuindo para o sistema.

Observa-se que a ideia de uma reforma previdenciária, leva em consideração o aumento da população idosa. Dados estatísticos trazidos no texto Reformas e o caixa da Previdência, do Caderno FUNPREV de Previdência Social do ano de 2008, da autora Rafaela Domingos Lirôa, conforme segue:

Segundo a Síntese de Indicadores Sociais de 2008, divulgada pelo IBGE, houve um crescimento de 47,8% da população idosa nos últimos dez anos, atingindo 20 milhões de pessoas com mais de 60 anos. No mesmo período, a população jovem, com menos de 14 anos, caiu de 30,8% para 25,4%.

Para uma melhor exemplificação dessa alteração do número de contribuintes e de beneficiários, cabe o gráfico retirado do site do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, conforme abaixo:

Pelo gráfico exposto, fica visível a redução da população que labora e contribui para o fundo mútuo da Previdência Social, e mais notório ainda são as faixas acima dos 60 anos, mostrando que há uma sobrecarga do sistema, no sentido de taxa de natalidade e envelhecimento populacional.

Entretanto não se pode apenas analisar a alteração demográfica, mas também levar em consideração o tempo que cada um contribui e utiliza do sistema previdenciário.

Lembrando que a aplicação do fator previdenciário leva em consideração a expetativa de vida, é de extrema importância demonstrar algumas faixas da tabela que é utilizada para o cálculo. Para um melhor entendimento, abaixo segue tabela retirada do Anuário Estatístico da Previdência Social, do ano de 2014.

A respeito dos números de expectativa de vida, é importante exemplificar que no caso daquele que obtêm a aposentadoria com a idade de, por exemplo, 51 anos, teria uma expectativa de vida, no caso dos homens, em média de 26 anos. Importante destacar que o homem que se aposenta com a idade de 51 anos, teria contribuído por 30 anos. Assim o tempo que ficaria em benefício de aposentadoria é menor que o tempo que contribuiu para o sistema, dessa forma a lógica seria que ainda haveria um saldo positivo de suas contribuições.

Obviamente o sistema previdenciário brasileiro não funciona de uma maneira privada, onde cada um usufrui daquilo que contribuiu. Mas o exemplo acima exposto serve para demonstrar que na imensa maioria dos casos de aposentadoria por tempo de contribuição o segurado sempre deixou um saldo positivo para o sistema, além daquele que utilizou em seu benefício.

Quando se fala em déficit previdenciário, logo se pensa no cálculo entre o que entra de contribuição e o que se paga de benefício. Usando essa matemática, sempre irá parecer que o sistema está insustentável. Ocorre que deve ser levando em consideração o princípio da base tríplice de custeio do sistema, onde não só entram os valores arrecadados com contribuição dos empregados, mas também dos empregadores e principalmente do Poder Público.

Com isso vem à necessidade de demonstrar a contabilidade total do INSS, conforme abaixo:

Fonte: INSS (ÓRGÃO 37904, GESTÃO 57904), Coordenação de Contabilidade, SIAFI.

Obviamente os saldos são todos positivos nos anos apresentados, principalmente no ano de 2014 onde houve um saldo positivo de R$ 51.104.611,00 (cinquenta e um milhões cento e quatro mil seiscentos e onze reais), o que corrobora totalmente com a ideia de que a justificativa de um déficit da Previdência Social não existe de modo fático.

Para demonstrar melhor os valores, unindo receitas e despesas não só do INSS, mas também do FRGPS (Fundo do Regime Geral da Previdência Social), retirado trecho do Anuário Estatístico da Previdência Social, do ano de 2014, explicitando as principais rubricas:

O valor acumulado da receita total do INSS e do FRGPS, em 2014, foi de R$ 495,6 bilhões, o que correspondeu a um aumento

de 28,1% em relação ao ano anterior. Analisando, segundo as principais rubricas do INSS, a participação do repasse da União foi de 99,6% do total da receita. As principais rubricas de receita foram: INSS/Setorial Orçamentária, Contribuição para FINSOCIAL e Recursos Ordinários, cujas participações atingiram, respectivamente, 34,8%, 18,0% e 17,0% da receita total. Analisando, segundo as principais rubricas do FRGPS, a participação da receita de contribuições e do repasse da União foi, respectivamente, de 79,8% e 13,9% do total da receita. As principais rubricas de receita foram: Contrib. Prev. Segurado Obrig. Contri. Individual, Contribuição de Segurados - Assalariado e SIMPLES, cujas participações atingiram, respectivamente, 27,2%, 15,5% e 7,5% da receita total.

Em 2014, o valor da despesa total do INSS e FRGPS foi de R$ 444,5 bilhões, o que significou um aumento de 11,7% em relação ao

ano anterior. As rubricas do INSS com maior participação nas despesas foram Benefício ao Deficiente, Benefício ao Idoso e Pessoal e Encargos Sociais, cujas participações foram de 36,8%, 34,1% e 21,0%, respectivamente. As rubricas do FRGPS com maior participação nas despesas foram a Aposentadoria por Tempo de Contribuição, Aposentadoria por Idade e Pensão Previdenciária,

cujas participações foram de 26,7%, 25,3% e 24,1%,

Depois de demonstrado o saldo positivo do INSS, ainda há o questionamento de porque as aposentadorias sempre são o alvo das reformas previdenciárias, mesmo que não sejam o benefício mais utilizado nem o que retira maiores valores do sistema previdenciário.

Nota-se abaixo o gráfico de gastos e concessões de benefícios, retirado do Boletim Estatístico da Previdência Social – BEPS, sendo uma publicação mensal da Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda, e elaborado pela Coordenação- Geral de Estatística, Demografia e Atuária da SP.

Restando cada vez mais comprovado que o saldo é sim positivo, como também o benefício de aposentadoria não é a maior despesa do INSS. O gráfico deixa claro que o maior gasto se dá com benefício de auxílio-doença, acima de 40%, sendo que aposentadoria por tempo de contribuição fica em média de 15%.

Sendo assim, não há justificativa para as modificações nas legislações previdenciárias pesarem tanto sobre o benefício de aposentadoria. Trazendo toda sobrecarga para o segurado.

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