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Quando uma pessoa contribui com determinada quantia à Previdência Social ela espera poder contar com o valor sob o qual contribuiu caso venha necessitar. Nos benefícios que não tem a incidência do fator previdenciário existe uma reciprocidade entre contribuição e prestação recebida em forma de benefício.

Para a Previdência Social é fundamental que haja efetiva fonte de custeio antes de se assumir qualquer prestação previdenciária, para que assim haja um equilíbrio atuarial e financeiro. Nada mais justo que o segurado veja respeitada a reciprocidade entre os valores de contribuição e de parcela de benefício no caso da concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, a fim de que o mesmo preserve sua dignidade e o sustento de sua família.

Ocorre que há muito tempo se fala nos gastos previdenciários, porém com uma justificativa muito contrária a realidade dos fluxos de caixa do INSS. Assim lecionam os autores Castro e Lazzari (2012, p. 117):

[...] ou seja, é importante salientar que grande parte das dificuldades financeiras da Previdência é causada pela má administração do fundo pelo Poder Público. E esta dívida interna não é assumida pelo Governo nas discussões sobre a questão da sustentabilidade do regime, acarretando um ônus desnecessário aos atuais contribuintes.

Claramente, ainda não se chegou a um modelo ideal de aposentadoria. Porém, a nova Lei 13.183 de 2015 tem um grande avanço, retirando a incidência do fator previdenciário, que o maior responsável pelo achatamento das parcelas recebidas como aposentadoria.

Por óbvio, manter o segurando em atividade laborativa por maior tempo, já que a nova legislação traz também a contagem da idade para requisito de concessão do benefício de aposentadoria, não é algo que a população brasileira desejava. Porém é um mal necessário para manter o sistema.

A Previdência Social necessita ter condições de conceder as prestações previstas, sob pena de, em curto espaço de tempo, estarem os segurados sujeitos à privatização, em face da incapacidade do Poder Público em gerar mais receita.

Consoante todo explanado, a justificativa do déficit previdenciário é contrária aos princípios constitucionais e análises estatísticas. Sendo que foi transferida a responsabilidade para os contribuintes.

Contudo, atualmente, o segurado tem a opção de escolha entre duas aplicações para a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, sendo uma a incidência do fator previdenciário e a outra o novo sistema de pontos. Ficando assim evidenciada, que apesar do tempo maior em labor, a nova legislação da aplicação do sistema de pontos é sim a mais benéfica ao segurado, que verá uma relação melhor entre suas contribuições e seu valor de benefício de aposentadoria a ser recebido.

CONCLUSÃO

Esse trabalho teve como escopo principal identificar dentro do Regime Geral da Previdência Social, qual modalidade para concessão de aposentadoria por tempo de contribuição é mais benéfica: se a incidência do fator previdenciário ou o novo sistema de pontos introduzido pela Lei nº 13.183/2015.

Considerando que a solidariedade social é o principal princípio do Direito Previdenciário, sendo caracterizado pela cotização coletiva em benefício daqueles que em um futuro incerto necessitarão de prestação retirada desse fundo comum, torna-se preocupante que se tenha um sistema sustentável.

Atualmente diversos países estão reavaliando seus modelos previdenciários, devido ao aumento da expectativa e qualidade de vida, como também da rápida transição demográfica que estão vivendo. A população está vivendo mais tempo, e assim recebendo os benefícios de aposentadoria por um período maior, o que gera um custo maior para a Previdência.

Frente a essas mudanças, diversos países nos seus regimes previdenciários adotaram um novo sistema de capitalização de recursos, extinguindo a concepção de Previdência Social, deixando de lado a visão da sociedade como um todo, que presta solidariedade a cada um dos indivíduos que a compõe. A partir do momento que se obriga cada trabalhador fazer uma cotização para si próprio, e não mais para um fundo mútuo, perde-se a noção de solidariedade social.

A atual realidade brasileira clama por uma mudança nos regramentos para concessão de benefícios previdenciários, não apenas para um melhor custeio do

sistema, mas sim para que haja garantido os direitos fundamentais da população atual e futura.

O sistema previdenciário brasileiro é muito oneroso para o contribuinte e consequentemente, para toda a sociedade. Porém, apesar de ser caro, é ineficiente para quem necessita do sistema para garantir meio de subsistência.

Reformar é formar de novo, reconstruir, dar melhor forma. Implica mudança, dar nova forma, e baseando-se na pesquisa realiza é notório que como tantas outras políticas brasileiras o sistema previdenciário também se encontra necessitado de reformulações.

Ocorre que todas as reformas realizadas sempre caminham em um mesmo sentido com uma mesma justificativa. Não tendo o cumprimento dos princípios constitucionais, o que faz a não credibilidade no proposto.

Os orçamentos da Seguridade Social não provem somente das contribuições mensais dos segurados. No custeio da Seguridade social incluem-se bilhões de reais vindos da previdência líquida, Confins, Contribuição Social sobre o Lucro, PIS/PASEP, FAT, orçamento fiscal da União e outras receitas. Além das contribuições de empregados, empregadores e autônomos, foram incluídos a tributação sobre faturamento e lucro. Portanto, a Previdência não é só sustentada pelo empregador, empregado e União. Como são vários os contribuintes da Seguridade Social, e se essa estivesse em crise, os demais setores estariam também.

Na realidade, não existe o alardeado “déficit” da Previdência. Ele resulta de conta distorcida que considera apenas as contribuições sobre a folha de salários, como se esta fosse à única fonte de financiamento da Previdência, ignorando-se as demais fontes previstas na Constituição. Conforme os dados estatísticos trazidos na pesquisa, ficou notável que a Previdência Social está tendo um superávit, com isso fica comprovado que não existe o déficit no sistema.

E mesmo que existisse déficit no sistema, ele acabaria sendo pago pelo Estado, mediante os impostos arrecadados de toda a coletividade. E não da maneira que está acontecendo, jogando a responsabilidade para o contribuinte e também o penalizando com diminuição do valor de seu benefício e aumento de requisitos para a concessão.

Contudo o novo sistema de pontos como requisito para aposentadoria no Regime Geral da Previdência Social vem para ter uma adequação gradual do sistema, tentando beneficiar os trabalhadores, apesar de alongar o tempo de labor, trata de forma mais segura seus direitos garantidos futuramente, sem haver prejuízo em relação a valores recebidos a título de aposentadoria. Como também contribui para o sustento do próprio sistema, pois com o novo regramento tende a manter a classe contribuinte mais tempo em exercício.

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atualizar o rol de dependentes, estabelecer regra de não incidência do fator previdenciário, regras de pensão por morte e de empréstimo consignado, a Lei nº 10.779, de 25 de novembro de 2003, para assegurar pagamento do seguro- defeso para familiar que exerça atividade de apoio à pesca, a Lei nº 12.618, de 30 de abril de 2012, para estabelecer regra de inscrição no regime de previdência complementar dos servidores públicos federais titulares de cargo efetivo, a Lei nº 10.820, de 17 de dezembro de 2003, para dispor sobre o pagamento de empréstimos realizados por participantes e assistidos com entidades fechadas e abertas de previdência complementar e a Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990; e dá outras providências. Disponível em

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